Oficina

Aos que resolverem percorrer as vielas e becos do centro comercial de Kirigakure, verão, através dos domínios da névoa espessa que percorre toda a aldeia, a sombra de uma grande construção. Aproximando-se, a forma oculta na neblina tomará os contornos de um edifício robusto, uma obra sustida por paredes de pedras polidas e brilhantes na turvação insular, localizado ao lado de algumas lojas e atrás de um pequeno poço artesiano. Uma única e grande porta separa o ambiente externo do interno; passagem esta que costuma permanecer aberta e que frequentemente atrai a atenção de transeuntes curiosos. Aqueles que, por alguma razão, se aproximarem ainda mais, verão uma luz incidir do interior – superando as trevas e a bruma incessante. O brilho ameno se torna vívido: e a cor alaranjada torna-se nítida aos olhos alheios. Cada passo que dão ao seu encontro, mais poderão ver o que lhe esperam; até que, finalmente, contemplarão uma grande fornalha. Embutido na parede empedrada, a fornalha faz com que suas brasas ardentes resplandeçam com vigor, o que permite uma luz calorosa e aconchegante recair sob aquele salão de proporções homéricas. Uma grande távola de pedra cercada por banquinhos acolchoados encontra-se próximo do forno mencionado, ao passo que uma maciça bigorna negra é vista à frente, ainda mais próximo do fogo. A poeira e a fuligem são como uma só coisa, se juntando não apenas nas arestas da construção, nos pilares, nas concavidades das paredes e no chão; mas também nas grandes estantes de madeira e na infinidade de instrumentos que elas comportam. Passando brevemente os olhos, os visitantes poderão enxergar martelos, tenazes, alicates, cinzéis, serrotes, pedaços de tamahagane, pedras de polimento, pinças e diversos outros apetrechos. Se prestarem mais atenção, também poderão visualizar, nos cantos do salão, baldes d’água e tonéis recheados de materiais simples, como lenha, carvão, gusa e outros minérios ordinários. Há, por fim, um grande fole em um espaço reservado ao lado da fornalha de tijolos; além de um pequeno cofre e uma grande escada de madeira que leva os visitantes ao nível superior, onde se encontram as armas em exposição. Quando aberta, a forjaria costuma estar frequentada pelo único ferreiro e proprietário: um jovem de cabelos ruivos com alguns fios descoloridos que dizem ter vindo de uma terra distante no deserto. Representação.

Armazém de Matérias Primas escreveu:▸ Minérios Básicos: 7un.
▸ Minérios Avançados: 1un.
▸ Minérios Especiais: 6un.
▸ Minérios Lendários: 2un.
Slots: 17/50un.

Minérios:

Diagramas Fabricados:

Empório

Se for permitido, os visitantes interessados no trabalho do proprietário poderão subir a pequena escadaria que garante acesso ao segundo andar. Galgando os degraus cuidadosamente, eles conseguirão chegar intactos à um corredor estreito e abafado, iluminado apenas pela luz provinda da fornalha localizada no térreo. Percorrendo-o, se depararão com uma porta de madeira que, depois de empurrá-la, se abrirá e revelará a sala destinada às negociações dos equipamentos forjados pelo jovem ferreiro de cabelos ruivos. Apesar de ser um espaço reservado para a exibição do ofício do proprietário, a primeira visão dos visitantes costuma ser o teto do salão, que em sua área central possui uma bela janela de vidro transparente, permitindo que a luz do sol – ou da lua – ilumine o interior do recinto com encanto. Para além disso, há aos fundos do cenário um extenso balcão de carvalho, onde em suas extremidades repousam lamparinas acesas e, por vezes, panos cobertos por algum produto de limpeza. Por trás da bancada, há fixado na parede empedrada um grande mostruário de armas, com prateleiras feitas de um metal reforçado para sustentar todo o peso dos equipamentos. Há, no decorrer da sala, uma pequena e simples mesa de madeira com duas cadeiras; além de uma roda de polimentos que costuma ficar isolada no canto, aparato exclusivo para ajustes finos nas lâminas das armas que outrora foram fabricadas.

Preço de Venda escreveu:▸ Item fabricado com Minérios Básicos: 500.000 ryōs;
▸ Item fabricado com Minérios Avançados: 1.500.000 ryōs;
▸ Item fabricado com Minérios Especiais: 5.000.000 ryōs;
▸ Item fabricado com Minérios Lendários: 10.000.000 ryōs.

Compra de Itens:

Forja comandada pelo personagem Emiya (@Zireael). As compras devem ser feitas em on-game pelos jogadores do vilarejo, ou seja, necessitam de interação. Aos que desejarem fazer uma encomenda de arma, é necessário que seja feita uma interação prévia com o ferreiro através deste mesmo tópico ou em uma outra situação em on-game, desde que devidamente comprovada no momento que o item for fabricado.

[1] Sistema de Oficinas & Lojas;
[2] Sistema de Matérias Primas;
[3] Sistema de Profissões;
[4] Criação de Itens;
[5] Forja Anterior.

Depois de esperar a vinda de Yohma por algumas horas, tive a leve impressão de que ele não chegaria tão cedo. Bufando, subi as escadas em direção ao empório, deixando a espada que havia acabado de forjar sob a bancada. Depois, descendo novamente a escadaria, retornaria ao andar principal, sentindo o calor da fornalha incidir sobre meu corpo. Guardaria meus instrumentos que estavam em desordem, apagaria as chamas da fornalha, e depois limparia o suor que escorria do meu rosto com um pano encardido. Com o apagar do fogo, o calor gradualmente se dissipou, deixando um ambiente mais frio e tranquilo. Um suspiro escapou de meus lábios, como se o fogo extinto carregasse consigo parte da tensão que eu carregava. Limpei minhas mãos sujas de fuligem e suor, observando o pano absorver as evidências do trabalho árduo. Depois, dirigindo-me para o canto do salão, fui até o cofre de minérios e deixei-o prontamente trancado com a senha adequada. Em seguida, deixaria o espaço, abrindo a porta em um rangido estridente que ressoaria para além da cortina de bruma lá fora. Desenrolaria meus passos através das calçadas em direção ao centro, para então me dirigir até o quartel, onde deveriam ter algumas diligências a serem realizadas.

Considerações:

Descrições:

A passos lentos, a Leoa atravessou toda a névoa, observando os civis e saudando-os enquanto passava. Alguns a respondiam, outros fingiam que a mulher não existia. Era uma situação complicada, até mesmo tensa, mas a loira sabia contorná-la; mantinha o semblante calmo e o sorriso gentil nos lábios, independente da situação. Aquilo era incômodo, mas não havia nada para se fazer, e o que estava ao seu alcance, a mulher já o fazia. Por isso, seguiu seu caminho, até encontrar a forja de seu amigo. Como de costume, bateu três vezes na porta antes de abri-la, adentrando o local. O lugar estava como todas as outras vezes que entrou lá: mal iluminado e com cheiro de fuligem no ar. Quiçá Emiya estivesse trabalhando, ou recém acabara um trabalho. Era difícil dizer. De qualquer forma, a mulher deslizou pelo salão e encostou num dos pilares que sustentavam o prédio, levando ambas as mãos à boca.

—— Emiyaaaaaa! —— Gritou a primeira vez. A mulher aguardou mais alguns segundos e tornou a gritar o nome do amigo. —— Emiyaaaaaaaaaaaaaaaaa! —— Dessa vez, mais alto e por um tempo maior. A criatura no íntimo da loira bufou, reclamando da gritaria – foi acordada pela mesma, afinal. Altria suspirou, cruzou os braços e aguardou a chegada de seu amigo.

Considerações:

Técnicas:

Habilidades:

Itens:

— Que gritaria é essa? —  Exclamei em voz alta, minha atenção presa ao grito que ecoou do interior da forja. Acabara de retornar de minhas obrigações, e mesmo a certa distância do meu local de trabalho, a exclamação reverberou claramente em meus ouvidos, embora suas palavras permanecessem ininteligíveis. Assim, continuaria a avançar pela névoa e seguiria com firmeza até a porta de madeira. Logo antes de abri-la, ouvi outro grito, este ainda mais forte que o anterior. Chamava pelo meu nome. — Altria? — A voz, então reconhecível como a de minha mais antiga amiga, ressoou para mim. Mas por que o alvoroço? Estaria ela enfrentando algum problema? Com esse pensamento, forcei a porta, dispersando a fuligem que se acumulava com o impacto. A névoa serpenteou para dentro, e o contraste de ar quente da oficina e frio do inverno chocou-se no ambiente. Na penumbra da forja, avistei a figura envolta em trajes sombrios, recostada em uma das pilastras. O temor que muitos dos habitantes de Kirigakure nutriam por ela era fundamentado; um receio lógico para qualquer um que se deparasse com uma pessoa trajada daquela maneira. Talvez sentissem ainda mais apreensão se soubessem da fera que residia em seu interior: a notória Kyūbi no Yōko. — Estou aqui. O que aconteceu? — Indaguei, aproximando-me de Altria. Eu, por outro lado, não experimentava medo. Conhecia aquela mulher desde os dias em que residi em Sunagakure, um passado remoto que agora apenas perdurava em minhas memórias mais profundas.

Consid.:

Usados:

Armas:

O ranger da porta roubou a atenção da loira que sorriu ao ver a figura de cabelos claros e pele morena. A feição no rosto do homem trazia um reconforto para a loira, além de que o próprio ainda a reconhecia uma vez que parou para analisá-la de cima abaixo. —— Hoje é meu aniversário. Estou fazendo vinte e nove anos! Mas não vim aqui para comemorar. Recentemente adquiri a habilidade do Iryōinjutsu, e agora, posso realizar nosso transplante. —— O alertou, caminhando para uma das cadeiras ali próximas, puxando-a para se sentar. —— Me diga, o que tem feito nesse meio tempo? Como você está? —— O questionou, movimentando a destra como se o ordenasse a sentar à sua frente. Fazia um bom tempo que ambos não batiam um papo. Muito tempo.

—— Não esqueça do motivo de estar aqui. E parabéns, Altria. —— A criatura falou no âmago da Uchiha, parabenizando-a logo em sequência.
—— Eu sei, eu sei. Mas faz tempo desde que conversamos, ou nos vimos… tanta coisa aconteceu. E obrigada. —— Falou à besta, suspirando em seguida. Lembrou-se da morte de Zorojuro, seu mestre, além de Nichirin, que a fez cumprir com o último pedido de seu antigo mestre.

Considerações:

Técnicas:

Habilidades:

Itens:

— Meus parabéns. — Prontamente comuniquei, agora ciente de que a amiga completava seus vinte e nove anos. E pensando nisso, por um momento, me perguntei quantos anos eu já havia completado. Vinte... e seis? Sim, acho que é isso. O caminho que percorri nos últimos anos foi repleto de conflitos. Não houve tempo para pensar em celebrações, tampouco para refletir sobre meu próprio envelhecimento. A casca escura que agora eu carregava sobre minha pele não foi um resultado da minha idade avançada; mas sim uma representações dos ideais que eu resolvi perseguir durante a juventude. — Você está ficando velha, Altria. Embora esteja nítido que envelheci mais do que você. — Ironizei a minha própria condição, brincando com um leve riso na face.

A mulher continuava sua fala, dizendo sobre uma nova aquisição ao seu arsenal de habilidades: o Iryōninjutsu. Ao meu ver, esse foi um capricho fútil, mas que, ao mesmo tempo, revelava a preocupação da kunoichi comigo. — Depois da missão que estivemos juntos, forjei algumas armas e fui escalado para algumas rondas. Nada fora do padrão. — A minha voz tornava-se mais austera agora, olhando a amiga em seus olhos dourados e meio acinzentados. — Você tem certeza que deseja fazer isso? O transplante de nossos olhos? Devo lembrá-la da conversa que tivemos aqui, nesta mesma forja, cinco anos atrás? — Fiz uma pausa, suspirando e recobrando o fôlego. Minha intenção nunca havia sido me exceder nas palavras. — O que quero dizer é que esse parece ser um procedimento arriscado. Mesmo não sendo um médico, algo me diz que existe o risco de nós dois ficarmos cegos com isso. — Momentaneamente, lembrei-me de Yohma e de sua confirmação acerca do transplante. “Essa é a melhor forma de subjugar a cegueira”, as palavras ditas pelo chefe dos Uchiha ecoava nos pensamentos. No entanto, certamente haveriam riscos. Estaríamos dispostos a assumi-los?

Consid.:

Usados:

Armas:

O agradecimento do homem fizera a loira menear a cabeça, além da destra, de forma que o fizesse a não se preocupar com tais trivialidades. Sua idade pouco importava, estava no mundo ninja há tanto tempo que nunca acabara por celebrar os anos que estivera viva, contudo, sempre aproveitou as companhias que fez durante sua vida. Kurama estava consigo há quase dez anos, e parando para pensar, fazia muito tempo desde que havia deixado o país do vento. Muito tempo mesmo, tempo demais para não ir ver como estava o local – além do que ouvia por aí, é claro. Emiya continuou, a fala do rapaz ao chamar a Uchiha de velha fizera a mesma arquear a sobrancelha, mas desabar num riso um tanto quanto acanhado. —— Estamos velhos. Vinte e seis anos, não é? Lembro como se fosse ontem quando o conheci, entrando no gabinete do deserto após uma convocação. —— Falou, interrompendo-o por um momento antes de fechar os olhos e pensar nos bons momentos que tivera em casa.

O homem continuou sua fala. A sua vida, apesar de tudo, era a mesma de sempre. Missões, armas, rondas para Kirigakure, de fato, nada anormal ou diferente do cotidiano. Todavia, o tom do rapaz mudou quando o assunto voltou-se para o transplante, falando acerca da conversa que ambos tiveram anos atrás. Os olhos permaneciam fechados, mas a mente buscava tal conversa. “Tudo não passa de especulação” lembrou-se, mas recentemente tivera a confirmação do próprio líder do clã, aquele cujos olhos se assemelhavam aos da Deusa Coelho.

—— Temos de tomar esse risco. Yohma falou que é um dos métodos para anular a cegueira, e bom, após aquela missão, eu mesma fiquei cega por duas semanas. É melhor tentarmos do que sucumbirmos sem nada o fazer. E além disso, confio que tudo dará certo, assim como Kurama. —— Concluiu, estampando um sorriso na face. —— Aliás. Como está sua capacidade como ferreiro? Estou em busca de um armamento diferente. Uma espécie de bastão, mas segmentado em três partes distintas conectadas por grilhões metálicos, e que o mesmo aumente sua força consideravelmente a depender de quem o utiliza. —— Finalizou, desta vez, olhando para o teto, imaginando como seria o item em questão.

Considerações:

Técnicas:

Habilidades:

Itens:

De início, ignorei as falas da amiga sobre nosso tempo de Sunagakure. Não tinha intenção de reviver essas memórias. Depois disso, finalmente sentei-me à frente da mulher, deixando que os cotovelos descansassem sobre as bancadas. Ela parecia otimista com o procedimento, uma esperança brilhante que destoava de sua aparência aterrorizante. Mas... isso seria fruto de uma preocupação legítima para comigo; ou seria apenas um ímpeto egoísta de querer se safar da iminente cegueira? Conhecendo-a bem, não haviam dúvidas que ela buscava pelas duas coisas. — Duas semanas? Parece que não temos opção, então. — Pondero, ainda com os olhos voltados para a mulher. — Vou tentar aceitar um pouco do seu otimismo.

— Minha proficiência na forja melhorou um pouco, mas sei que ainda não o bastante para eu ser reconhecido como um mestre ferreiro. — Fui sincero, afinal, sabia que precisava melhorar ainda mais, sobretudo na questão de oferecer habilidades e mecanismos para os meus projetos. — Se não me falha a memória, a arma que você busca é chamada de “sansetsukon”. — Completei as palavras da amiga, mostrando um pouco do meu conhecimento enquanto armeiro e forjador. — Nunca forjei nada parecido, mas não me parece ser uma tarefa difícil. — Faço uma pausa, me erguendo da bancada. — Posso tentar forjá-la para você. Sem problemas. — Termino minhas palavras e me dirijo para a saída. Abro a porta, esperando que Altria viesse em sequência. Mais uma vez, o calor e o frio entrariam em confronto, trazendo a bruma para dentro do ambiente. — Vamos? — A pergunta seria rápida e simples, na expectativa que a amiga tomasse a frente e me guiasse para o local onde poderíamos dar início ao transplante dos nossos olhos.

Consid.:

Usados:

Armas:

Era notório que Emiya não gostava daquelas lembranças longínquas. Fazia tanto tempo que Altria se deixou levar por um instante, mas logo retomou a compostura mantendo o sorriso nos lábios finos. Emiya continuou, calmo e com seu semblante impassível, falando acerca da cegueira que havia acometido a Uchiha há pouco tempo. “Duas longas semanas” pensou consigo mesma. Havia se acostumado, mas não queria aquilo para si. A sua ainda era temporária, a de seu companheiro… eterna. —— Agradeço. —— O respondeu, desta vez, voltando os olhos para o rapaz. Emiya havia mudado, mas a loira permanecia a mesma mulher, com os mesmos sonhos de anos atrás. Claro, havia sossegado, mas ainda almejava muita coisa.

Emiya continuou com as palavras, desta vez, sobre seu ofício. Falou da arma que há pouco a jovem citou, chamando-na de “sansetsukon”; a Pendragon não sabia que havia um nome específico, mas se animou de qualquer forma. —— Agradeço, Emiya-san. Mas quero essa arma em suas máximas capacidades, por isso, irei aguardá-lo tornar-se um mestre ferreiro de fato. Quando o fizer, por favor, lembre-se do meu pedido. —— Comunicou ao rapaz, notando-o se levantar e ir para porta. Estava na hora, realmente, não podia tomar mais tempo do que o necessário. Por isso, levantou-se, perpassando a porta aberta pelo homem e o chamando para caminhar ao seu lado.

—— Para o hospital. Realizaremos nosso transplante lá, e de lá, iremos para minha casa. —— Avisou, caminhando para o edifício em questão.

Considerações:

Técnicas:

Habilidades:

Itens:

Depois de caminhar por algum tempo, finalmente pude alcançar a minha forja. A abertura da porta de entrada foi feita junto à uma lufada de ar, um vento forte que soprou parte da névoa para o interior do recinto vazio. Senti um leve calafrio correr pela minha pele quando adentrei, imergindo nas sombras que consumiam o lugar e olhando ao meu redor, inspecionando o perímetro. Deparei-me com um ambiente sujo, desorganizado e desolado. Não seria diferente, afinal, depois de minha últimas fabricações, não tirei um tempo para arrumar a bagunça. Por falar nas minhas armas forjadas, a espada de Yohma — parte de uma promessa antiga — ainda estava guardada na oficina, e esperava que, algum dia, ele viesse buscá-la. Além dela, outras armas encomendadas também estavam guardadas à espera de seus donos; bastava apenas que eles viessem até mim — e pagassem um valor justo para tê-las. Deixando isso de lado, sentei-me na bancada, deixando que o corpo descansasse de bruços na távola de madeira encardida. As minhas últimas semanas haviam sido tediosas, dia após dia realizando rondas em prol do vilarejo. Suspirei fundo, e então, me permiti um leve descanso, ainda que a porta estivesse entreaberta, convidando qualquer um que estivesse me buscando a entrar. Em pouco tempo, eu fecharia meus olhos e dormiria.

Consid.:

Usados:

Armas:

Fui despertado por um solavanco na porta, uma batida forte que me fez pular. Olhei surpreso para a luz que inundava o ambiente, piscando algumas vezes para ajustar a visão. — Pois não? — Pronunciei a mesma saudação que costumava oferecer aos clientes. No entanto, à medida que minha visão se adaptava à luminosidade pulsante, percebi que não se tratava de um cliente comum. Diante de mim, estava um homem vestido de preto. Oculto sob uma máscara animalesca, apenas conseguia ver seus pequenos olhos brilhando por entre os orifícios, como se ele carregasse algum segredo. Engoli seco e me levantei da bancada no mesmo instante, me dirigindo até ele. — Pegue. — Ele não disse muito, apenas fez um movimento rápido com um dos braços e me lançou um objeto. No ímpeto, alcancei a coisa com a mão direita, tomando-a para mim. “Um pergaminho?”, pensei, imediatamente abrindo-o e desviando a atenção para a leitura do manuscrito. O homem mascarado, então, se afastou para trás da porta num salto. — Seja rápido. — Disse, antes de desaparecer na luz do luar.

[...]

— “Investigação do Castelo da Lua”.
— “País do Vento”.
— “Missão de cunho internacional”.
— “O líder”... “Karma”...
— “Ruínas da Lua”.
— “Levar o criminoso vivo ou morto para Sunagakure”.

O conteúdo era lido em voz alta, letra por letra, palavra por palavra, frase por frase; um processo que durou poucos segundos. Feito isso, suspirei fundo e olhei uma última vez para o recinto ao meu redor, tentando buscar algum sentido em deixar tudo aquilo para voltar novamente ao vilarejo que um dia eu deixei. “Se é isso que precisa ser feito, que assim seja”, pensei, fechando os olhos por um breve momento. “Mas não irei atribuir algum grande significado a essa missão... estou apenas cumprindo um papel”, a voz nos meus pensamentos era nítida e repleta de certeza. De fato, eu era apenas mais um peão em um jogo que eu pouco conhecia; da mesma forma como naquela vez em Otogakure. Antes de sair da forja, conferi as minhas bolsas de armas e reservei um espaço para o pergaminho recebido na bolsa na direita, ciente de que o mapa ainda podia ser útil — afinal, já haviam muito anos desde que estive pela última vez no País do Vento. Assim, deixaria a forja, rumando pelas ruas escuras do vilarejo em direção ao portão.

Consid.:

Usados:

Armas:

As ordens de Mei ressoavam na cabeça do Nara conforme este andava pelas vielas enegrecidas do vilarejo, em busca do centro comercial. Agora, como um novo Espadachim, nomeado a pouco, fazia sentido buscar por uma espada de tamanha importância, tão quanto a nova graduação e só conhecia um homem capaz de criar uma obra prima nesse sentido. Portanto, buscou a cada viela superada, a forja de Emiya, torcendo para que o ferreiro estivesse trabalhando, ou ao menos em seu estabelecimento, apesar do horário inapropriado para uma visita à negócios. Aproveitou para passar no maior mercador da região, garantindo um minério especial para a forja de sua arma, assim como algumas especiarias necessárias na produção de novas comidas.

A grande construção se fez presente ao horizonte, cercada pela névoa espessa da noite. Com um sorriso entre os lábios, Rekken não segurou seus passos, indo logo de encontro à forja, mas, antes de entrar, buscou ver se estava fechada. Não encontrando qualquer indício disso, forçou a porta, que se abriu para dentro, rangendo um pouco as tábuas que a cercam. Estava um breu, muito pelo horário e, logicamente, por não ter nenhuma luz ligada dentro da forja. — Emiya! — não hesitou em chamar por seu amigo. Por sua ótica e dedução, não era de se estranhar considerar que ele não estava lá, mas, conhecendo o Uchiha, que vivia dentro de sua Forja, permaneceu esperando com esperança de que ele aparecesse.

Havia saído por um tempo, uma tentativa por buscar ar fresco. Como era de costume, o denso nevoeiro envolvia a vila, uma tipicidade do inverno que havia chegado há poucas semanas. O frio era reforçado pelos fortes ventos da noite, que por vezes irrompiam contra minha pele me faziam tremer. O meu descanso foi breve, e logo tornei a caminhar pelas ruas, observando as poucas pessoas que passavam nas mediações próximas à minha forja. Pelo horário, certamente ninguém entraria, e por isso, segui com firmeza. No entanto, uma sombra se esgueirou para o interior, sumindo na escuridão que consumia a oficina. “Um cliente? Nessa horário?”, me perguntei, apressando meu andar para ir de encontro ao visitante. Enfim, alcancei a porta, abrindo-a com jeito e clamando para quem quer que estivesse dentro do recinto. — Posso ajudá-lo? Já estou encerrando os serviços. — Foi quando minhas palavras saltaram de minha boca que percebi que se tratava de Rekken. — Ah, é você, Rekken. Como vai? Fique à vontade. — Dizia, relaxando e trazendo a canhota por detrás da cabeça. Não teria problemas de receber um amigo, mesmo nesse horário. Me aproximei, enfim, da fornalha, acendendo-a com os equipamentos necessários para afastar o breu que tragava cada canto da oficina. No fim, me perguntei qual seria o motivo da visita, e me lembrei das soqueiras que havia forjado anos atrás, uma encomenda do próprio Nara. — Finalmente veio buscar sua encomenda? — Perguntava, agora com o ambiente iluminado, perguntando-o com os olhos fixos em sua face.

Consid.:

Usados:

Armas:

— Encomenda? — se surpreendeu ao ser abordado por Emiya, que por sua vez estava do lado de fora da Forja. Parecia que os hábitos de seu amigo haviam mudado. Levou a destra ao queixo, tentando lembrar-se de uma encomenda feita anos atrás e, depois de se esforçar um pouco, chegou a conclusão do que se tratava. — Ah, as soqueiras, né? Bom… as coisas mudaram e, pra ser sincero, não tenho mais interesse nelas. Se não se importar, poderia tentar vendê-las? — disse abertamente, esperando não se desfazer dos serviços dele. — E não é nada sobre a arma em si, não me entenda mal, mas, para ir direto ao ponto, estive no Gabinete da Rokudaime à pouco. Ela me convocou lá para me indagar sobre os acontecimentos no país do Vento. — conforme explicava, levou os olhos ao solo, lembrando-se da amizade entre Emiya e Altria, repensando se seria justo fazê-lo relembrar-se da morte da loira. — Bom… vamos falar de coisas boas. Fui nomeado como um dos sete Espadachins da Névoa pela própria Mão de Deus. Legal, não? — não conteve seu sorriso, buscando sentar-se sobre uma das banquetas próximas. — E como só tenho essa espada aqui, pensei que você pudesse criar algo pra mim… uma arma portada por um Espadachim da Névoa deve trazer bastante notoriedade à sua Forja e seu nome nos quatro cantos do mundo, não acha? — gargalhou, levando um cigarro à boca. Naturalmente perguntaria se poderia fumar, entretanto, por já serem amigos de longa data, não se apegou aos pequenos detalhes, tragando o cigarro recém acendido por um isqueiro metálico, sentindo a nicotina percorrer seu corpo. — Pensei em algo semelhante à essa adaga… ela foi-me emprestada por Altria naquele maldito castelo. — retiraria, com a mão livre, a Kurai Tenchō da hip-pouch, mostrando a arma ao ferreiro.

Aguardava por uma resposta do amigo, mas, antes que pudesse se esquecer, guardou a adaga e levou a mão até uma das sacolas, retirando um minério que acabara de comprar. — Estive com um dos mercadores que me vendem especiarias de outros lugares do mundo. Ele disse que esse minério é bom e na mão de um ótimo ferreiro pode tornar-se em uma arma primorosa. — disse, estendendo a mão para que Emiya pegasse o minério.        

— Não esquenta. Vou tentar fazer algo com elas. — Anunciava em voz alta, agora com o discernimento de que Rekken não precisava mais das soqueiras que eu havia forjado anos atrás. Por mais que eu tenha gastado alguns materiais para fabricá-las, eu não podia forçar o Nara a pagar pelas armas. Eu tinha que ser justo: se ele não iria usar, não havia motivos para ele comprá-las. Ao menos, eu poderia deixá-las no mostruário do empório, à vista de qualquer visitante que desejasse ter uma prova de minhas aptidões com a forja. Quem sabe em um futuro próximo elas fossem compradas.

[...]

Rekken, então, continuou a falar. Sua visita não era pelas soqueiras, que sequer haviam despertado seu interesse. Ele havia sido convocado ao gabinete da Rokudaime para discutir sobre os acontecimentos no Castelo da Lua, nos arredores de Sunagakure. Ao relembrar os mortos na batalha, especialmente Altria, um arrepio percorreu meu corpo. Um breve silêncio pairou no ar, até Rekken compartilhar sua conquista. — Um dos sete espadachins da névoa? — Surpreendi-me, fazendo um leve aceno de cabeça em reconhecimento. — Parece que foi ontem que você era apenas Genins, indo para o exame de graduação em um barco sujo, eu te acompanhando na viagem. Meus parabéns, mas lembre-se de não descansar sobre seus louros. — Aconselhei. Em seguida, como uma bomba, ele compartilhou o motivo de sua vinda: a tarefa de forjar a arma que seria sua assinatura no esquadrão, uma responsabilidade que poderia trazer notoriedade à minha forja e ao meu nome em todo o mundo. Ele me mostrou uma de minhas antigas criações, a Kurai Tenchō, pedindo para que replicasse sua habilidade inata de selamento. — Posso tentar fazer algo semelhante. — Declamo, ajeitando a postura com entusiasmo no desafio, por mais que não me importasse tanto com a ideia de ter meu nome difundido pelos quatro cantos do mundo.

O Nara prontamente guardou a adaga que anteriormente pertencia à Altria, e em seguida levou sua mão até a sacola que carregava, tirando um minério brilhante e me entregando. — Hyōrinmaru. — Disse o nome da pedra brilhante, meus olhos refletidos na superfície cristalina. — Isso vai ser o suficiente para forjar a sua arma. Também é o bastante pelo seu pagamento. — Afirmava, imediatamente levando o minério até o cofre, deixando guardado junto aos demais. Enfim, me voltando para Rekken, deixei-me pensar por alguns segundos. O que eu iria forjar? Fazia tempo que não colocava minhas capacidades criativas à prova, e por causa disso, precisei de um tempo. Quando a luz se acendeu em meus pensamentos, declarei: — O que acha de espadas duplas? Espadas gêmeas com a capacidade de aplicar selamentos? — Retruquei, levando a mão no queixo e fixando o olhar em Rekken.

Consid.:

Usados:

Armas:

— Espadas gêmeas? Parecem suficientes. — concordou com a ideia do ferreiro. Para Rekken não importava muito a ideia de ser uma ou duas espadas, mas sim que elas conseguissem aplicar os efeitos de seus selamentos através das lâminas, assim, conseguindo fazer com que a nova arma seja uma extensão de suas técnicas de imobilização. — Se precisar de um pagamento melhor do que só o minério, basta falar, Emiya. — disse, dando mais um trago no cigarro. — Essas tais espadas gêmeas me acompanharão pro resto da vida, então capriche, amigo. — gargalhou mais uma vez, vendo que o semblante do Uchiha havia mudado brevemente quando relembrou sobre os acontecidos no Castelo da Lua. Apesar de também estar lidando com seu próprio luto, tentou animá-lo.

— Bom, acho que é só isso. Vou deixar você descansar, também estou precisando tirar um tempo pra mim. Caso queira experimentar algum prato novo, por favor, vá até a Zettai Ryouri. Adorarei lhe receber lá, podemos beber algo e jogar conversa fora. — reuniu suas coisas, pegando as sacolas com as especiarias e levantou da banqueta de madeira, agradecendo seu amigo com um leve tapa nas costas, enquanto dava mais um trago no cigarro. — Ah, antes que me esqueça. A Rokudaime falou sobre uma criatura advinda de uma mulher que vocês mataram na torre em que não fui. Hakari acha que essa tal criatura é mais um do clã de chifrudos, então, vamos nos manter focados e treinando para vingar Altria e acabar com eles de uma vez por todas, sem comodismo. — alertou, ainda que fosse desnecessário lembrar o Herói de Suna de algo tão crucial na vida ninja.

Ademais, caso Emiya não tivesse outro assunto para tratar com Rekken, este deixaria a forja pela porta da frente.        

Depois de trazer a minha ideia, Rekken pareceu concordar, mostrando-se até disposto a pagar um valor mais generoso pelas espadas que eu viria a fabricar. Sua expressão indicava confiança no meu trabalho, o que me deixou satisfeito e motivado a entregar o melhor resultado possível, uma vez que essas armas o acompanhariam pelo resto de sua vida, como o próprio havia mencionado. — Combinado. Vamos discutir os detalhes assim que as espadas estiverem prontas — Declarei, enquanto observava-o dar uma tragada no cigarro, o fumo misturando-se com a poeira que pairava no ar da forja. Não me incomodava com o gesto, afinal, o ambiente já estava impregnado com o odor característico de fumaça e carvão, ambos oriundos do meu ofício como ferreiro. O Nara, então, reuniu suas coisas, deu um tapa em minhas costas e autorizou que eu passasse em seu restaurante, Zettai Ryouri, quando assim eu desejasse. Sacolejei a cabeça de cima para baixo em afirmativa, e ouvi suas últimas palavras acerca de vingar a morte de Altria, relembrando o estranho inimigo encontrado na torre do Castelo da Lua. — O clã Ōtsutsuki, não é? Interessante. — Disse, acendendo uma chama de vontade em meu peito, mesmo que fraca, arrefecida pelo luto. — Sim, eu sei disso. — Proferi sobre manter-me focado em me tornar mais forte, ao passo que Rekken se distanciava. Sem mais nada a dizer, o de cabelos pretos deixa a forja, deixando-me novamente sozinho em meus próprios pensamentos.

Consid.:

Usados:

Armas:

Dias se arrastaram desde a visita de Rekken, e durante esse período, dediquei-me inteiramente aos afazeres na forja. Ainda não havia iniciado a fabricação de novos armamentos, uma vez que os primeiros dias foram destinados à árdua tarefa de limpar e organizar o meu espaço de trabalho. Os cantos da oficina exigiam toda a minha atenção, desde o chão coberto de sujeira até as teias de aranha que adornavam o teto. — Finalmente acabou. — Exclamei, sentindo um alívio profundo ao ver a forja livre da imundície que a assolava. Respirei fundo e, no momento em que me preparava para descansar, percebi uma sombra se projetando pela soleira da porta. A figura parou por alguns segundos antes de deixar cair algo no chão, produzindo um som que ecoou pela oficina. Em seguida, afastou-se lentamente. Após esperar alguns minutos, corri até a entrada e, com um movimento rápido, abri a porta. Apanhei o objeto que havia sido deixado ali: um jornal; e, ao retornar para dentro da forja, sentei-me na bancada para ler o conteúdo.

O jornal trazia, inicialmente, um alerta crucial sobre Konoha. Após uma empreitada visando encontrar o responsável pela invasão da Conferência Internacional de Medicina e pelos experimentos desumanos que resultaram na transformação de pessoas em criaturas vampíricas, a vila enfrentou uma perda irreparável: o Sandaime Hokage, Chokorabu. Sim, eu estava presente no momento de sua morte, testemunhando o trágico fim da Sombra do Fogo. Além disso, o jornal destacava que a vila estava enfrentando uma série de mudanças militares e que uma crise diplomática interna parecia iminente. A ausência de um novo líder para as terras outrora controladas pelo clã Senju também gerava certa instabilidade, não apenas devido à sua rica história, mas também ao seu significativo valor econômico para o País do Fogo.

Posteriormente, o jornal trazia relatos sobre Suna, descrevendo a situação caótica que a vila enfrentava internamente. Muitos médicos expressavam preocupação com a negligência do País do Vento, especialmente por parte das forças militares com relação aos cuidados com a medicina. Questionavam a pertinência do título de “Nação da Medicina” para o local e, além disso, surgiram especulações em torno do paradeiro do Senhor Feudal Ishtar desde a conferência, levantando suspeitas sobre seu estado de saúde e alimentando teorias de conspiração. Vilarejos próximos ao local da missão, particularmente nas proximidades do maldito Castelo da Lua, lamentavam a presença de um enorme buraco no deserto, que parecia se fechar lentamente, sem qualquer intervenção por parte da vila.

Kirigakure, assim como Iwagakure, tinham poucas informações. Acerca da primeira vila, falavam sobre a perda de dois ex-líderes, notavelmente Altria e Jyu, e ainda, sobre a morte de Nezuko, a Godaime. Nesse instante, senti um aperto em meu peito, mas que foi se tranquilizando aos poucos. Assim, li sobre a notícia da ascensão de Mei ao cargo de Rokudaime. Quanto à Iwa, o jornal trouxe informações que a Resistência está em busca de jovens que querem “revolucionar o mundo”, soando mais como um anúncio, uma divulgação, do que propriamente uma manchete jornalística. Enfim, haviam também notícia de Kumogakure, ou melhor, dos Filhos da Nuvem, como são chamados. Parecia uma mensagem de vingança, destinada àqueles que haviam destruído o País do Relâmpago, trazendo indícios de que estão prestes a concluir a primeira etapa de reformulação do vilarejo. Não sabia muito o que pensar sobre isso, e então, fechei o jornal, me levantando da bancada. Feito isso, voltaria em direção à porta, saindo da forja para pegar um ar fresco.

Consid.:

Usados:

Armas:

Com o sol despontando no horizonte, iniciei minha jornada rumo à forja, ansioso para começar a criação das espadas gêmeas que havia prometido a Rekken. Já havia algum tempo desde que o pedido chegara até mim, então não haviam motivos para deixá-lo de lado ou esquecê-lo. Devia fazer aquilo que pregava o meu ofício: forjar. O caminho até a oficina foi tranquilo, com o frescor da manhã envolvendo cada passo e, ao adentrar a forja, o calor abrasador das chamas me recebeu de braços abertos. Dirigi-me à bancada principal, contornando-a, e imediatamente fui até a fornalha. Como dito, ainda estava quente, contudo, o fogo estava escasso. Nesse sentido, primeiramente, preparei o fogo, alimentando as chamas até atingirem a temperatura ideal para que a minha arte pudesse ser feita.

Num ato contínuo, fui em direção ao cofre e selecionei cuidadosamente o metal adequado para as lâminas das espadas. Apesar de Rekken ter me entregado um hyōrinmaru como pagamento antecipado pelas espadas, preferi escolher um minério do tipo meitō, uma vez que sabia de sua natureza para conceber lâminas com habilidades de selamento. Assim, retornando à fornalha, lancei a peça metálica nas chamas, observando-a fundir-se até se transformar em uma massa incandescente. Com uma pinça resistente, retirei o metal derretido e o coloquei sobre a bigorna, pronto para ser moldado. Com martelo em punho, comecei a dar forma ao metal, batendo com precisão para, inicialmente, separar a peça em duas. Apesar de fortes concussões, os golpes eram calculado, os movimentos realizados com cautela para garantir que o material não se perdesse por descuido. À medida que trabalhava, os músculos dos meus braços e ombros queimavam com o esforço, mas eu me mantinha focado em meu objetivo. Sendo eu um mestre na arte da forja, já estava acostumado com isso, afinal de contas.

Enfim, consegui separar a peça metálica em duas partes homogêneas. Limpando o suor do rosto com as costas das mãos, tornei ambas as partes ao fogo incandescente, agora, no entanto, cada um deles em um cadinho reservado, alocando mais algumas barras de metais brutos para garantir uma maior consistência ao metal. Para que meu tempo pudesse ser aproveitado ao máximo, ambos os meus braços seguraram os cadinhos em frente as chamas, deixando que as partes de meitō, junto aos lingotes metálicos em cada cadinho, pudessem, simultaneamente, serem consumidos no processo de fundição. Fiquei estático na posição por alguns minutos, até o ponto de meus ombros começarem a doer. Ainda assim, resisti. Não podia dar para trás um segundo sequer. Com o tempo cronometrado apenas nos meus pensamentos, suspirei quando finalmente acabou, agora deixando que os dois cadinhos repousassem com seu fundo no balde d'água ao lado da fornalha. O vapor quente subiu no átimo, junto a um chiado forte, semelhante a um gêiser em atividade. Para mim, era uma melodia, um sinal de que havia dado um passo certeiro em direção à fabricação das armas.

Feito isso, agora as partes do meitō estavam aglutinadas ao metal bruto dos lingotes de antes. Seria a hora de, mais uma vez, retornar ao trabalho braçal. Primeiramente, depositei na bigorna a peça que estava no lingote no cadinha da minha mão direita, deixando de canto o outro cadinho. Rapidamente, com uma pinça segurando o material, comecei novamente a dar fortes batidas, dessa vez na tentativa de moldar o minério em uma forma longilínea, como uma espada. Faíscas subiam em grande intensidade, quase chegando ao ponto de invadirem o espaço do meu rosto. No entanto, depois de cerca de meia hora, a lâmina estava praticamente pronta, embora ainda sem gume, e sem nenhum polimento. Depois, retornaria para o minério que estava no outro cadinho, repetindo o mesmo processo, inclusive com a mesma intensidade. Com efeito, o cansaço apoderou-se de meu corpo, embora eu soubesse que tinha que continuar, não podia simplesmente parar para descansar e deixar que o minério se acomodasse na forma que estava. Enfim, com a última faísca iluminando a oficina, vi as duas lâminas diante de mim.

Após a moldagem, concentrei-me nos detalhes, esculpindo as lascas ao longo das bordas das espadas. Com um cinzel afiado, criei cortes profundos que dariam às espadas sua característica distintiva de dilacerar a carne do inimigo. Parecia algo burro, afinal, espadas geralmente possuem um gume longo e inabalável. Fazendo isso, eu estaria contrariando quaisquer ensinamentos sobre a arte de criação de espadas, embora, na minha visão, fosse algo adequado para um shinobi como Rekken. Cautelosamente, os cortes com o cinzel eram feitos com precisão cirúrgica, garantindo que as espadas fossem tão letais quanto belas. A primeira espada ficou pronta em mais meia hora, e a segunda levou um tempo um pouco menor, uma vez que eu já havia me acostumado com o trabalho manual. E assim, após horas de trabalho árduo, as espadas começaram a tomar forma diante de mim. Seus contornos curvos e afiados brilhavam à luz das chamas, prometendo poder e destruição para qualquer inimigo que cruzasse seus caminhos. Embora não fosse nítido a olhos nus, era claro que haviam habilidades de selamento contidas em suas lâminas, semelhante às armas que anteriormente eu havia forjado. Com um sorriso de satisfação, retirei as espadas da bigorna e as examinei cuidadosamente, apreciando o resultado do meu trabalho.

Ainda não estavam completas, é claro. Havia mais trabalho a ser feito - as empunhaduras precisavam ser finalizadas, e as lâminas requeriam afiação e polimento. Primeiro, pensei em criar as empunhaduras e arranjar duas bainhas para contê-las, mas imediatamente pensei outra vez. Sem as bainhas e a empunhadura, as lâminas adquiriam um aspecto selvagem, bestial, tornando-as adequadas para aquele que iria portá-las. Nessas circunstâncias, peguei um pano de tiras sujas, dividi-o em dois com a força das mãos e, em seguida, amarrei no lugar onde ficaria a empunhadura, para que assim a mão do espadachim não entrasse em contato direto com a lâmina. Para mim, era desconfortável, mas talvez Rekken gostaria dessa característica individual. No mais, também não haveria necessidade de bainhas, uma vez que o próprio pano seria o suficiente para que as lâminas ficassem amarradas na cintura. Inclusive, eu teria feito o mesmo, deixando as espadas amarradas em minha cintura, cada uma delas em um lado do meu corpo, na intenção de que, assim que pudesse, eu pudesse levá-las até Rekken, uma vez que sabia onde encontrá-lo. Agora, por fim, restava escolher um nome para as espadas gêmeas. — Ferimentos. Kizuguchi. — A resposta chegou rapidamente em mim, assim que me inclinei para verificar novamente o aspecto de sua lâmina, cheio de lascas que certamente seriam um problema à carne dos inimigos. Assim, tendo finalmente terminado o meu trabalho, descansaria na bancada, me sentando e apoiando o peso do meu corpo para frente, deixando-me debruçar sobre a távola de madeira.

Consid.:

Usados:

Armas:

Com a finalização do árduo trabalho para a fabricação das espadas gêmeas, que agora jaziam nos lados da minha cintura, entreguei-me ao merecido descanso, permitindo-me relaxar enquanto me sentava na bancada de madeira. O calor das chamas não era um incômodo, dado que lentamente o fogo da fornalha se extinguia, tornando o recinto vagarosamente mal iluminado. No entanto, meu momento de paz durou pouco. Com um som oco, fui interrompido quando a porta da forja se abriu repentinamente, revelando uma figura encapuzada. Tinha uma presença enigmática, uma vez que sua face permanecia oculta por uma máscara com aspectos animalescos, bem como todo o seu corpo era contornado por uma longa túnica negra, que impossibilitava de distinguir seus contornos.

De supetão, levantei-me da távola, endireitei minha postura e aguardei sua abordagem. Com passos firmes, o homem se aproximou, segurando um pergaminho selado com o emblema em suas mãos enluvadas. “Temos uma missão de urgência. Arrume suas coisas e vá até o portão da vila.”, disse ele, sua voz fria e impessoal ecoando pela forja. Aceitando o pergaminho com um movimento suave das mãos, desfiz o selo com cuidado, mas não abrindo-o para ler seu conteúdo — deixaria para fazê-lo no percurso até o portão, para assim organizar tudo o quanto antes pudesse. — Entendi. Obrigado. — Disse em resposta, minha voz firme e decidida. O agente assentiu antes de se retirar da forja em um piscar de olhos, deixando-me sozinho para me preparar para a missão. Com um suspiro rápido, coloquei-me em movimento, ajeitando minhas vestimentas habituais, incluindo minha armadura, minhas armas básicas e, ainda, as duas espadas gêmeas que havia forjado para Rekken, na esperança de encontrá-lo na mesma missão. Ele havia alçado o posto de Espadachim da Névoa, portanto, não seria um exagero dizer que ele também seria convocado para a mesma empreitada. No fim, deixaria a forja, indo em direção ao portão de Kirigakure.

Consid.:

Usados:

Armas: