Oficina

Aos que resolverem percorrer as vielas e becos do centro comercial de Kirigakure, verão, através dos domínios da névoa espessa que percorre toda a aldeia, a sombra de uma grande construção. Aproximando-se, a forma oculta na neblina tomará os contornos de um edifício robusto, uma obra sustida por paredes de pedras polidas e brilhantes na turvação insular, localizado ao lado de algumas lojas e atrás de um pequeno poço artesiano. Uma única e grande porta separa o ambiente externo do interno; passagem esta que costuma permanecer aberta e que frequentemente atrai a atenção de transeuntes curiosos. Aqueles que, por alguma razão, se aproximarem ainda mais, verão uma luz incidir do interior – superando as trevas e a bruma incessante. O brilho ameno se torna vívido: e a cor alaranjada torna-se nítida aos olhos alheios. Cada passo que dão ao seu encontro, mais poderão ver o que lhe esperam; até que, finalmente, contemplarão uma grande fornalha. Embutido na parede empedrada, a fornalha faz com que suas brasas ardentes resplandeçam com vigor, o que permite uma luz calorosa e aconchegante recair sob aquele salão de proporções homéricas. Uma grande távola de pedra cercada por banquinhos acolchoados encontra-se próximo do forno mencionado, ao passo que uma maciça bigorna negra é vista à frente, ainda mais próximo do fogo. A poeira e a fuligem são como uma só coisa, se juntando não apenas nas arestas da construção, nos pilares, nas concavidades das paredes e no chão; mas também nas grandes estantes de madeira e na infinidade de instrumentos que elas comportam. Passando brevemente os olhos, os visitantes poderão enxergar martelos, tenazes, alicates, cinzéis, serrotes, pedaços de tamahagane, pedras de polimento, pinças e diversos outros apetrechos. Se prestarem mais atenção, também poderão visualizar, nos cantos do salão, baldes d’água e tonéis recheados de materiais simples, como lenha, carvão, gusa e outros minérios ordinários. Há, por fim, um grande fole em um espaço reservado ao lado da fornalha de tijolos; além de um pequeno cofre e uma grande escada de madeira que leva os visitantes ao nível superior, onde se encontram as armas em exposição. Quando aberta, a forjaria costuma estar frequentada pelo único ferreiro e proprietário: um jovem de cabelos ruivos com alguns fios descoloridos que dizem ter vindo de uma terra distante no deserto. Representação.

Armazém de Matérias Primas escreveu:▸ Minérios Básicos: 7un.
▸ Minérios Avançados: 1un.
▸ Minérios Especiais: 6un.
▸ Minérios Lendários: 2un.
Slots: 17/50un.

Minérios:

Diagramas Fabricados:

Empório

Se for permitido, os visitantes interessados no trabalho do proprietário poderão subir a pequena escadaria que garante acesso ao segundo andar. Galgando os degraus cuidadosamente, eles conseguirão chegar intactos à um corredor estreito e abafado, iluminado apenas pela luz provinda da fornalha localizada no térreo. Percorrendo-o, se depararão com uma porta de madeira que, depois de empurrá-la, se abrirá e revelará a sala destinada às negociações dos equipamentos forjados pelo jovem ferreiro de cabelos ruivos. Apesar de ser um espaço reservado para a exibição do ofício do proprietário, a primeira visão dos visitantes costuma ser o teto do salão, que em sua área central possui uma bela janela de vidro transparente, permitindo que a luz do sol – ou da lua – ilumine o interior do recinto com encanto. Para além disso, há aos fundos do cenário um extenso balcão de carvalho, onde em suas extremidades repousam lamparinas acesas e, por vezes, panos cobertos por algum produto de limpeza. Por trás da bancada, há fixado na parede empedrada um grande mostruário de armas, com prateleiras feitas de um metal reforçado para sustentar todo o peso dos equipamentos. Há, no decorrer da sala, uma pequena e simples mesa de madeira com duas cadeiras; além de uma roda de polimentos que costuma ficar isolada no canto, aparato exclusivo para ajustes finos nas lâminas das armas que outrora foram fabricadas.

Preço de Venda escreveu:▸ Item fabricado com Minérios Básicos: 500.000 ryōs;
▸ Item fabricado com Minérios Avançados: 1.500.000 ryōs;
▸ Item fabricado com Minérios Especiais: 5.000.000 ryōs;
▸ Item fabricado com Minérios Lendários: 10.000.000 ryōs.

Compra de Itens:

Forja comandada pelo personagem Emiya (@Zireael). As compras devem ser feitas em on-game pelos jogadores do vilarejo, ou seja, necessitam de interação. Aos que desejarem fazer uma encomenda de arma, é necessário que seja feita uma interação prévia com o ferreiro através deste mesmo tópico ou em uma outra situação em on-game, desde que devidamente comprovada no momento que o item for fabricado.

[1] Sistema de Oficinas & Lojas;
[2] Sistema de Matérias Primas;
[3] Sistema de Profissões;
[4] Criação de Itens;
[5] Forja Anterior.

— Não sei ao certo, a pedra apenas diz que o irmão concedeu seus olhos garoto rebelde. Um sacrifício, talvez? Mas, quem sabe, se eles tivessem trocado seus olhos... — Coloco a mão no queixo, voltando o olhar para a Pendragon. A teoria da mulher parecia correta, mas não era nada mais do que isso: uma singela teoria. No entanto, a mulher estava certa em chamar aquele novo dōjutsu de “evolução”, afinal, supostamente era isso que ele representava: a evolução do poder do Mangekyō Sharingan, uma forma de voltar a enxergar o mundo sem nenhuma das dores de antes e sem os grilhões da escuridão. Sinto um misto de sentimentos me invadir, um turbilhão de emoções. As trevas que avançam sobre meus olhos são um lembrete de que eu preciso fazer escolhas, tomar decisões difíceis, mesmo que isso signifique prosseguir na angústia, nesse martírio sem sentido. Aquele novo poder poderia ser a resposta para minha cegueira, mas como eu poderia obtê-lo?

A minha reflexão momentânea seria interrompida por um som rápido, leves golpes de ar que adentraram pela porta recém aberta. Entre a névoa densa, apareceu uma silhueta escura que logo se traduziu numa figura conhecida: Rekken Hyūga. — Não se preocupe, pode entrar. — Respondo com sinceridade, acenando para a pessoa se aproximar. Estava feliz em encontrá-lo novamente, uma vez que havíamos lutado juntos durante a incursão em Otogakure — e desde então, não havia o reencontrado. — Estávamos apenas conversando, nada que não possa esperar. — Deixo claro ao jovem, cortando qualquer interpretação enviesada. — Então, é isso, Altria. — Encerro a conversa com a Uchiha, voltando-me agora para Rekken. — No que posso ajudá-lo, Rekken? Alguma encomenda, talvez? — Fiz a suposição, levantando a hipótese de que ele não estava ali apenas para me ver depois daquele fatídico evento em que fui derrotado.

Considerações:

Descrições:

A loira divagava conforme os pensamentos fluíam em sua mente. Não havia uma resposta concreta, na realidade, sequer sabia do potencial de seu clã, ou os segredos que este escondia, principalmente sobre sua habilidade ocular. Possuía um enorme potencial, mas também causava um enorme sofrimento, não só por perder alguém amado, mas também pela cegueira que trazia com seu uso. Emiya estava claramente sofrendo com isso, mas os meios justificavam o fim. “Eu o entendo.” Pensou consigo mesma, e Kurama em seu íntimo concordou – olha onde ela estava, e o que ela fez, não por si mesma, mas também por toda a população de Sunagakure. Suspirou, abaixou a cabeça, ouvindo a resposta de sua pergunta. —— Espero que nossa teoria esteja correta. —— Falou, fitando-o.

De súbito, uma voz conhecida captou sua atenção, assim como a de Emiya. Era Rekken. O hyūga estava vivo e bem. Emiya foi ligeiro, pondo um ponto final no assunto e atendendo o rapaz prontamente. —— Não, e eu já estava de saída. É um prazer vê-lo bem, Rekken-san. —— Comentou, pegando a armadura da bancada e dirigindo-se para fora da forja. —— Até mais pessoal. —— Despediu-se, e sumiu nas ruas da névoa, carregando a armadura consigo rumo a um novo treinamento.

Considerações:

Técnicas:

Habilidades:

Itens:

Eles pareciam esconder algo, entretanto, o assunto dos dois não era da minha conta. O ruivo prontamente explicou e, como um bom anfitrião, conduziu as coisas. Altria, por outro lado, quando Emiya colocou um ponto final em sua conversa com ela, prontamente se despediu, sendo abraçada pela névoa ao abrir a porta.

—— Eh… sim, uma encomenda. Isso mesmo. —— disse ao ruivo, buscando uma das Chakura Tō recentemente adquiridas. Coloquei a arma sobre a bancada, deixando que o ruivo a analisasse, se assim quisesse.

—— Sabe, durante a luta contra Kaguya, Altria me emprestou um par de soqueiras douradas. Apesar de não ter conseguido encaixar grandes danos à deusa, vi a necessidade em ter algo parecido, por isso, aqui no centro comercial, consegui achar essa arma. O vendedor me jurou que era uma arma rara e bla bla bla. Resumindo, gostei dela, mas imagino que você consiga criar algo tão bom quanto, às vezes, até melhor do que essas daqui. —— tentei explicar a ele da forma mais sucinta possível.
—— Será que você consegue fazer algo parecido, com base nas explicações? Aliás, gostaria de um par de soqueiras. —— finalizei, aguardando uma resposta dele e, quem sabe, alguma ideia. Enquanto isso, levei uma folha de coca a boca, saciando meu vício, enquanto me controlava para não perguntar a ele sobre seu relacionamento com Altria, buscando não ser invasivo.

Altria despediu-se, sumindo na névoa espessa e deixando-me a sós com Rekken. As brasas na fornalha continuavam acesas, crepitando em labaredas tênues que precisavam ser realimentadas caso eu tornasse a utilizá-la. E de fato, eu precisaria fazer isso, afinal, o Hyūga assentiu quando falei sobre uma “encomenda”. Em suas mãos, logo passaram a repousar duas soqueiras metálicas com lâminas fixadas à base, algo como uma espécie de faca de punho. Colocadas sobre a bancada, pude analisar as peças em minhas mãos, tateando-as com cuidado para que não me cortasse no processo. — São boas armas. — Balbucio, ainda me atentando ao restante das palavras de Rekken. Ele contou sobre um par de soqueiras douradas que haviam sido entregadas à ele por Altria, ainda que por um breve momento durante a batalha contra Kaguya, em Otogakure. Ele queria algo nesse gênero, afinal, como eu havia visto com meus próprios olhos, ele era um combatente de curto alcance, um exímio praticante da arte do taijutsu. — Acho que sim, na verdade, tenho certeza que consigo. — Fui tão sucinto quanto o jovem, devolvendo-lhe ambas as facas de punho e encarando-o no fundo de seus olhos que brilhavam em um tonalidade avermelhada. Não tinha motivos para ser modesto; eu já tinha feito armas mais difíceis e, quiçá, eu ainda poderia me aventurar com outros materiais em vista de minhas habilidades de forjador. — Só vou precisar de um tempo para isso, então seja paciente. — Articulo, ainda que com boas intenções. Por fim, vejo ele levar um folha até a sua boca para mascá-la, um ato impulsivo que ele cultivava desde os tempos em que o conheci ainda como Genin.

Considerações:

Descrições:

Mostrei o entusiasmo sobre minha face ao escutar as palavras do ruivo. Pela primeira vez conseguia ver uma personalidade mais confiante vinda dele. Reparei também, com meus olhos vermelhos, no quão cansada estava a fisionomia dele, assim como seu próprio corpo.

—— Claro, não se preocupe quanto ao prazo, vejo que está bem cansado. Tirar uns dias para descansar, deve te fazer bem, Emiya. —— disse a ele, enquanto pegava o par de facas de punho, guardando-as dentro dos bolsos da calça militar.

Com um sorriso sobre os lábios, mostrando estar em euforia por saber que teria uma arma tão boa quanto as de Altria, se realmente a fama do ferreiro fosse verdade.

—— Vou indo então, não quero que perca mais tempo comigo. A propósito, qual será o valor das soqueiras? —— indaguei a ele e, assim que respondido, sairia, ainda mascando os resquícios da folha de coca.

— Nem esquenta, Rekken. Acho que esse prazo é mais do que suficiente... — Olhava para o semblante alegre do jovem, notando, encrustado em seus lábios, uma pitada de entusiasmo. — Mas se estiver de bobeira, pode passar aqui alguns dias antes, sem problemas. — Continuo, sorrindo de forma a compartilhar a empolgação. Rekken, então, pergunta sobre o preço das armas, e eu suspiro profundamente em resposta. — Podemos acertar isso quando eu entregar a encomenda, está bem? — Respondo, genuinamente interessado na satisfação do cliente. — Quero que você esteja completamente satisfeito com o resultado antes de qualquer pagamento. O valor justo será combinado quando você estiver em posse das soqueiras. — Claro, é importante ser recompensado por meu trabalho, mas meu ofício de ferreiro não se limita apenas a isso. Assim feito, seria a vez de Rekken abandonar a forja, tal qual Altria havia feito, sumindo na névoa espessa para deixar-me sozinho no meu ambiente de trabalho. Com a partida de Rekken, a forja voltou a ficar mergulhada no silêncio, rompido apenas pelo estalido das chamas e o rangido metálico das ferramentas. Tão logo, deveria começar a manusear novamente a fornalha, o martelo e a bigorna para dar vida às soqueiras encomendadas pelo meu cliente.

Considerações:

Descrições:

Decidido a tomar um breve momento de ar fresco, eu deixo os limites da oficina para me aventurar mais uma vez naquele mundo de névoa. No interior, as chamas continuariam a crepitar nas fornalhas. Não as apagaria de forma alguma, afinal, logo retornaria. Em meus pensamentos, tenho uma ideia ortodoxa quanto ao meu ofício; mas não o meu ofício de forjador, mas sim quanto ao meu ofício de shinobi. Assim, seguiria pelas ruas de Kirigakure, já ciente do que eu deveria fazer e em qual lugar eu deveria estar.

Considerações:

Descrições:

Os filetes dourados perpassaram as frestes da persiana e incidiram sobre o rosto da loira, acordando-na. Na noite anterior, havia lido a pedra dos Uchihas no centro de Kirigakure, descobrindo um novo poder ocular, uma nova evolução dos olhos que agora possuía. Espreguiçou-se, sentiu a fadiga causada pelo uso dos orbes e sentou-se na cama por mais uns minutos, olhando para o chão do quarto, sem qualquer vontade de se levantar. —— Vai logo. —— A fera falou, impaciente. Altria se levantou e foi tomar seu banho. Quando terminou, vestiu-se, pôs a armadura por cima das vestimentas e pegou seus armamentos, guardando-os consigo. Quando concluiu seus afazeres, saiu, rumo à forja do amigo. Agora, possuía os mesmos olhos que ele, e talvez tivesse a solução para seu problema atual – e o problema futuro de si mesma.

Diferente da noite anterior, desta vez, a loira caminhou rapidamente até o local, girando a maçaneta da porta da loja quando chegou. A forja estava vazia, pela primeira vez, não havia nenhum barulho ou qualquer coisa do tipo – com exceção de Kōji que estava presente, também buscando pelo ferreiro. Estaria Emiya dormindo? Era uma possibilidade, ou talvez o rapaz só tivesse saído e largado a porta aberta. —— Emiya? —— Chamou, dirigindo-se até a bancada e puxando uma cadeira para sentar. Não teve resposta, portanto, julgou que o ruivo não estava presente; a mulher pôs ambas as mãos na mesa, e deitou a cabeça por cima destas, fechando os olhos. —— Sente-se aqui, Kōji-san. Ele deve chegar a qualquer momento. —— Avisou ao rapaz, por fim.

Considerações:

Técnicas:

Habilidades:

Itens:

Tomaria meu rumo sem grandes preocupações em minha mente, afinal, meu tinha colhido bons frutos do meu último treinamento, o que seria o suficiente para me fazer esquecer um pouco de minhas obrigações. Ainda assim, eu deveria retornar à minha oficina o quanto antes, mesmo que, no fundo dos pensamentos, eu ansiasse por não haver nenhum cliente me esperando. No entanto, mesmo estando a vários metros da entrada da forja, eu renunciei esses mesmos pensamentos ao perceber que a porta estava escancarada, um sinal certo de que alguém havia adentrado. Expeli um suspiro na forma de um resmungo, mas não deixei de seguir na direção da oficina e de reconstruir a expressão de minha face, passando de uma seriedade obtusa para um sorriso singelo e receptivo. — Estou de volta. — Foi a primeira coisa que disse, antes mesmo de ver quem estava à minha espera. A fornalha acesa, as sombras, os instrumentos; tudo continuava lá. Então, acostumando meus olhos ao ambiente, pude ver a imagem de Altria, escorada sobre a bancada, e de Kōji, contemplativo quanto ao cenário. — Kōji, seja bem vindo. — Surpreso pela vinda do garoto, me restava acolhê-lo de bom grado. — No que posso ajudá-lo? Em busca de uma arma? — Perguntaria, me aproximando e olhando em seus olhos. Há pouco tempo, o pequeno Yuki havia se tornado uma figura notável em Kirigakure, tendo em vista a sua presença no desfecho da batalha em Otogakure. Queria parabenizá-lo ali, mas preferi conter-me e me concentrar apenas na minha função como prestador de serviços. Quanto à Altria, deixaria que continuasse deitada; não sabia o motivo de estar ali, afinal, havíamos nos encontrado há poucos dias. Contudo, uma dúvida restava em minha mente: ela teria alguma coisa importante a dizer?

Considerações:

Descrições:

O infanto não aceitou o convite, preferindo manter-se de pé como um sentinela. Altria deu de ombros, e deixou-o estar; sabia que o garoto aguardava o ferreiro, assim como a própria. Quando este entrou, dirigiu-se até o Yuki primeiro, pois tê-lo ali era uma surpresa. O ruivo questionou o motivo do rapaz estar ali, e este logo o respondeu: queria contratar sua habilidade na forja. Um item exclusivo, único, similar ao zênite que a Uchiha possuía. Atenta, ouviu os detalhes do armamento descrito por Kōji. “Uma boa lâmina.” Pensou consigo mesma, ainda deitada na bancada. Altria suspirou, ergueu o rosto e limpou a garganta, numa tentativa ríspida de chamar atenção – se o conseguisse, seria breve em sua fala.

—— Meu mestre morreu. —— Disse sem quaisquer rodeios. —— Meus olhos evoluíram, e agora, estão iguais aos seus, Emiya. —— Fez uma pausa, ativando seu dōjutsu, mostrando-o. —— Ontem à noite eu encontrei a mesma rocha que tínhamos em Sunagakure, e continuei a leitura da história daqueles dois. —— Explicou alto o suficiente para ambos ouvirem de onde estivessem, desativando a habilidade ocular. Altria respirou fundo, virou para seu amigo e o fitou intensamente. —— O que eu faço? —— O questionou, por fim.

Considerações:

Técnicas:

Habilidades:

Itens:

“Uma modificação na lâmina? Ele está me desafiando, ou então questionando as minhas habilidades como ferreiro?”, as perguntas ressoariam em minha cabeça, mas não deixaria de continuar a esboçar aquele mesmo sorriso de canto. Como um artífice, era bom que eu recebesse pedidos ousados de meus clientes; por alguma razão isso me incentiva a fabricar uma arma que supere qualquer expectativa. Assim, o pequeno Yuki continuaria seu requerimento, e a forma da espada já começava a se desenhar em meu íntimo. “Uma espada de aparência alva como a neve... é, talvez isso combine com o garoto”, continuava a pensar, lembrando-me dos poderes de gelo outrora apresentados por Kōji. Ele, por sua vez, ergueria suas miúdas mãos para me entregar objetos brilhantes retirados de seu traje. — Guarde os minérios, garoto, não será necessário. — Recusaria a entrega prontamente assim que olhasse para os materiais, uma vez que ainda haviam alguns em meu estoque. Não havia motivos para extorqui-lo; e nem era de minha índole fazê-lo. — Acho que já tenho em mente o que devo fabricar. Considere feito, Kōji. Mas só peço um pequeno período de tempo para que eu possa forjar a espada... tenho outros pedidos na sua frente. —  Finalmente, abri o sorriso ainda mais e cruzei os braços. Há tempos eu não forjava uma espada; e por isso, daria meu melhor para forjar esta.

[...]

De súbito, voltaria meu olhar para Altria, que se manifestava através de um ríspido arranhar de sua garganta. Sem pausa alguma, a fala da mulher soaria pesada, e eu não tinha ideia de que ela se encontrava afogada em tamanha melancolia. Arregalei os olhos e voltei a minha atenção completamente à ela, incapaz de me preocupar com qualquer outra coisa. Seu mestre havia morrido, isso foi o que ela declamou soturnamente, embora de maneira direta. Eu não o conhecia, mas aparentemente era uma figura importante para a mulher. “Assim como Gin era para mim“, as palavras cortariam meu âmago, abrindo uma de minhas mais dolorosas cicatrizes. — Não me diga que agora você detém o poder do Mangekyō... — Abaixaria minha cabeça, encarando o chão. O sorriso se desvencilharia de meu rosto. Agora, tudo o que restava era uma expressão de ressentimento e medo, medo de Altria ter despertado o poder do ódio. Segundo suas palavras, ela ainda havia lido a estela próxima do gabinete, a pedra que conta a história do passado distante sobre o garoto enraivado e seu irmão. Ela sabia do Mangekyō, e também sobre o Mangekyō Eterno. Mas, mesmo assim, mesmo que ela soubesse de várias coisas, mesmo que já tivesse passado por inúmeros eventos, atravessado inúmeros campos de batalha, lutado em inúmeras guerras e conhecido todo o mundo... ela parecia perdida. Como? — O que você faz? — Eu repetiria a pergunta, atônito. Nunca havia visto a amiga daquela forma.

— Como o seu mais antigo amigo, direi que a única coisa que você não pode fazer é utilizar esse seu novo poder — Me referia propriamente ao Mangekyō. — Mas eu sei que isso não vai acontecer. Eu sei que você vai continuar atrás desse poder, mesmo que isso lhe custe a luz de seus olhos. — Continuaria, enfim deixando de olhar o chão para encará-la, fitando-a como se atravessasse o espelho de sua alma. Seus olhos, antes cinzentos, agora brilhavam na cor do sangue, o vermelho da raiva. Não haviam vírgulas, mas sim um padrão difuso e, ao mesmo tempo, conciso. Era um caleidoscópio. — Droga, Altria! Eu sinto pelo seu mestre, mas você não pode se entregar ao ódio! Você deveria renegar esse poder! — Me estressaria; não com a mulher, mas com a situação em que ela se encontrava. Estava tudo bem para mim sofrer pelos meus olhos, mas ver a amiga passar pela mesma situação... seria impossível para mim. — Droga, droga, droga... — Perderia a cabeça, tentando buscar uma solução, por pior que ela parecesse. Então, como uma luz fraca que ilumina um quarto escuro, uma ideia seria alcançada em desespero. — Eu vou entregar meus olhos a você. Você não precisa passar por essa dor. — Diria de maneira direta, sem rodeios, decididamente. Esta era uma expressão de martírio, um manifestação de um sacrifício amável para preservar a saúde de Altria? Talvez. Mas era, acima de tudo, era exteriorizar aquilo que eu havia prometido ao meu pai anos atrás, quando havia prometido me tornar um herói da justiça, um “super herói” que salvará todos, independentemente do que acontecer à sua própria vida.

Considerações:

Descrições:

Apesar de todo o esforço para não soar desesperada, isso ocorreu. Altria não tinha ideia do que fazer, o ódio já a consumia, assim como a raiva e o luto pela perda de seu mestre, mas graças à Kurama, não havia se entregue por inteiro, uma parte dela ainda estava ali, sendo protegida pela criatura – a mesma que outrora a desejou imersa no ódio. As palavras do ruivo foram como um calmante, saber que ele estava disposto a ceder tanto por ela foi algo que a deixou em paz, mas o sentimento era recíproco. —— Está tudo bem. Minha companheira está me ajudando a tolerar toda a dor da perda. E quanto ao novo poder… bem, eu já o usei, e senti o peso que você carrega; eu o admiro por não voltar atrás de seus ideais, Emiya-san. —— Fez uma pausa, suspirando enquanto fitava o mancebo. —— Se você pretende ser minha nova luz, eu serei a sua. Como outrora falamos, é uma possibilidade. —— Concluiu, agora, voltando-se para Kōji Yuki, para aliviar a preocupação do rapaz.

—— Eu e Emiya compartilhamos a perda de alguém importante, e isso reflete em nossos olhos, nos concedendo poder. Mas o uso desse poder… nos leva à cegueira. Nossa luz se apaga, e o único método de a reaver é através do transplante ocular de alguém que possua os mesmos olhos. —— Explicou. —— Neste caso, Emiya pode ser minha nova luz. E eu, a dele. Teoricamente, pelo menos. —— Finalizou.

Considerações:

Técnicas:

Habilidades:

Itens:

Em meio ao rebuliço que irradiava no interior do recinto, uma voz talhou a minha manifestação genuína de raiva e preocupação. Era Kōji. Me surpreendi, pois estava tão centrado no problema de Altria que havia esquecido completamente do pequeno Yuki próximo de mim. Sua pergunta havia sido clara e certa: “o que estava acontecendo”? Altria encarregaria-se de responder, mas antes, me dirigiria palavras de consolação, falando sobre o auxílio de sua companheira, supostamente a besta de nove caudas, e sobre já ter sentido o poder oferecido pelos novos olhos. Ela estava enlutada, mas mesmo assim, estava de pé, com as mãos apontadas em direção ao poder, buscando agarrá-lo de qualquer maneira. “Ela nunca muda”, penso, e vejo-a suspirar. Ela então projetaria palavras bonitas mas, de certa forma, tão melancólicas quanto àquelas que eu havia dito. Ela pretendia se tornar a minha luz, assim como eu estava disposto a fazer o mesmo por ela. — Tem razão. É uma possibilidade. — Assinto com a voz mansa, me lembrando de nossa última conversa na oficina. — É arriscado. Como deve ter lido, a pedra nada diz sobre a troca de olhos entre os vivos. Talvez somente um de nós de fato consiga recuperar a luz... — Me acalmaria, suspirando o ar quente da fornalha. Tínhamos que levar em conta todas as hipóteses. Altria tão logo terminaria sua explicação para Kōji, e assim, eu me voltaria para ela. — Eu não me importo de perder a visão se isso significar que você ficará bem. Mas, se você quiser levar adiante essa teoria sobre a troca de olhos, então precisamos achar um bom médico para realizar o procedimento.

Considerações:

Descrições:

Emiya continuava implacável em sua decisão, mesmo com a loira o alertando estar disposta a entregar seus olhos para ele. Estava obstinado, e mesmo aceitando a teoria, deixou claro que se apenas um dos dois sobrevivessem, que fosse a garota. Ela sorriu, coisa que não fazia há alguns dias, enquanto olhava para o rapaz. —— Sim… Mas se somente um de nós dois conseguir recuperar a luz, que seja você. Como sua antiga líder e mais velha amiga, eu o proíbo de morrer. —— Foi sucinta, elevando o tom de voz e agindo como a líder que outrora foi. —— Se por um acaso eu falecer, Kyūbi estará incubida de cuidar de você daqui pra frente. —— Concluiu, avisando até a própria criatura em seu âmago acerca disso. Em resposta, a criatura bufou e arqueou a sobrancelha; a ideia de trocar de hospedeiro não a apetecia nem um pouco.

O Yuki, por outro lado, demonstrou curiosidade acerca do transplante teórico. Era uma possibilidade, e se desse certo, teríamos novas luzes, do contrário… a morte. Felizmente, Kōji era versado no Iryoninjutsu, e aparentemente era capaz de ajudar a dupla com sua ideia, mas em um lugar mais propício a isso. —— Para o hospital, então? —— Indagou ao jovem, levantando-se da cadeira e aguardando a resposta dos demais; para onde fossem, seguiria-os, até a realização da operação.

Considerações:

Técnicas:

Habilidades:

Itens:

Altria sorriu, deixando transparecer um pouco a esperança em meio à dor do luto. Falou sobre nossa amizade, e proibiu-me de morrer em prol dela mesma. Mas como eu poderia fazer isso? Como eu poderia largá-la à sua própria sorte. Mordisquei o lábio em uma feição de irritação, mas preferi me manter calado e aceitar as palavras. Por alguma razão, vi em sua face a mesma mulher que um dia foi a minha líder, uma deusa da guerra encarnada, e por isso, não podia retrucar. Ela aproveitou para também dizer sobre deixar a raposa demoníaca para me cuidar, caso algo de ruim acontecesse com ela. — Nada de ruim acontecerá. Por favor, não pense besteiras. — Disse, expelindo o ar quente da raiva concentrado nos pulmões. Tinha que manter calmo. Kōji, por sua vez, pareceu intrigado quanto a todos os conhecimentos revelados naquele recinto; inclusive, deu seu parecer sobre a teoria que Altria e eu havíamos pensado. No entanto, como já havia me expressado, isso não era nada mais nada menos do que uma relés teoria, uma hipótese que, caso se provasse errada, poderia trazer consequências irreversíveis tanto para mim, quanto para a amiga. Sendo assim, num átimo, o pequeno Yuki se manifestaria, dizendo não ser um médico, mas sim um iryō-nin, um shinobi especializado em técnicas medicinais. Ao que parecia, ele havia oferecido de bom grado a sua ajuda para a realização da troca de olhos, e não havia melhor pessoa para se confiar do que um companheiro de longa data, um amigo que já havia compartilhado campos de batalha conosco. — Você tem razão, Kōji. O lugar não é apropriado. — Diria, revirando os olhares para os entornos, notando a sujeira preta encrustada nas paredes de pedra. — Sim, para o hospital ou para onde você preferir, garoto. — Acataria as palavras de Altria, mas também preferiria deixar a decisão nas mãos daquele que melhor conhece o procedimento a ser realizado. Assim, seguiria o pequeno Yuki para o lugar onde melhor o atenderia. Deixaria a forja com a porta entreaberta, a fornalha ainda acesa com a ondulação das chamas. Esperava tão logo retornar; cego ou não.

Considerações:

Descrições:

Adentrava na forja de fininho, atravessando a névoa e o mar de pessoas que se amontoavam nos arredores. No mesmo instante, sentia o ar ao meu redor mudar; antes, estava imerso num mundo que explodia em palavras e conversas desvairadas, agora, me via num mundo silencioso, acomodado apenas no som fraco dos ventos que impulsionavam a porta entreaberta. Contudo, o sopro parou quando a porta se fechou, gerando um pequeno choque que afugentou o tácito momento. Respirei o ar empoeirado, já me movendo pelo salão de pedras caliginosas. A távola a minha frente se mostrou um refúgio para um breve descanso, mas sustentei a vontade de me render ao ócio, voltando-me para o armazém de minérios, o cofre onde ficam guardadas as matérias-primas que utilizo em minhas criações. De frente para ele, minhas mãos começaram a vasculhar as bolsas que carrego na cintura, logo para me fazer tomar posse de duas pequenas pedras brilhantes trazidas do País da Terra e a mim cedidas por um mercador itinerante. Uma delas foi colocada no cofre, conservada com as demais, enquanto a outra permaneceu em minha destra, pronta para ser utilizada em meu futuro trabalho. Sim, estava na hora de voltar ao meu ofício.

— Cinco anos... cinco longos anos... — Soltava as palavras num único suspiro, me lembrando do dia em que tive com Rekken, quando o jovem Hyūga encomendou um par de soqueiras para utilizar em combate. Sim, fui displicente quanto a minha profissão, mas havia um motivo para isso. Foi preciso que eu me afastasse do meu antigo “eu”, um mal necessário que repercutiu até mesmo na minha função como armeiro. Tudo isso foi para que eu pudesse acabar com meus inimigos. Tudo isso para galgar um ideal que, no fim, se provou inalcançável. Suspirando fundo mais uma vez, vou até a távola no centro do salão, deixando de lado as incertezas e limpando minha mente dos conflitos passados — não havia motivos para pensar nisso agora. Separo o minério meitō acima dessa, e em seguida, vou até a estante, pegando alguns dos instrumentos que eu iria utilizar na fabricação das soqueiras. Alguns pequenos lingotes, uma pinça, um alicate, um martelo e uma lixadeira. Tudo isso foi organizado, e em seguida, levado até próximo da bigorna, que por sua vez, se encontrava próxima da fornalha. Tomando mais uma vez o minério em mãos, deixei-o seguro nos dentes da pinça. Feito isso, foi a vez de acender a fornalha, que esbravejou em línguas de fogo vermelhas e alaranjadas. O calor subiu, e junto a ele, as brasas vieram.

Com a fornalha rugindo e o calor envolvendo o ambiente, mergulhei profundamente na arte da forja. A pinça, firme em minha mão, mantinha o minério à beira da incandescência, que resmungava em um bravo chiado. O metal brilhava com intensidade sob o calor abrasador, e eu o observava atentamente, aguardando o momento certo para moldá-lo. Prestes à desfazer-se em pequenos fragmentos, decidi levá-lo até o cadinho, onde foi colocado junto aos dois lingotes que eu havia trazido. O calor aumentou, e com isso, passaram-se bons minutos até a fusão de ambos os materiais. Felizmente, houve liga, e estranhamente, a pasta metálica que se fabricou brilhava em uma tonalidade amarelada, provavelmente em virtude de algum atributo especial contido naquele minério. Deixei, por fim, que aquele composto multifacetado descansasse longe do fogo, endurecendo o bastante para que fosse levado até o balde e submergido na água fria. Instantaneamente, o vapor subiu em um intenso chiado, fazendo o ar quente se chocar contra meu rosto e me lembrar brevemente do passado. “Quantas vezes já passei por isso?”, me perguntava, apesar de, sequer, esboçar um sorriso.

Antes, haviam um minério e dois lingotes; agora, haviam duas pedras separadas idênticas entre si, amareladas e brilhantes. Resfriadas, seria a vez de levar ambas até a bigorna. Felizmente, essa era grande o bastante para comportar ambas; e assim, tomando em mãos o martelo, foi a vez de dar início ao processo de modelagem. Meus dedos se moviam com habilidade, ajustando a forma dos metais enquanto ele começava a tomar os contornos de uma soqueira. As batidas eram fortes e, ao mesmo tempo, tinham uma precisão milimétrica para garantir que cada detalhe fosse cuidadosamente trabalhado. O suor escorria pelo meu rosto enquanto eu continuava a forjar. O som metálico do martelo atingindo o metal ecoava pelo salão, criando uma melodia peculiar. Era um processo que exigia paciência e concentração. As imperfeições eram prontamente separadas das peças com o uso do alicate, o que me demandava um tempo ainda maior. O calor da fornalha ao meu redor era quase sufocante, mas eu não me importava; ou melhor, eu havia sido acostumado, durante toda a minha jornada, a não me preocupar com esse percalço.

Depois de rapidamente voltar-me para a estante para pegar uma lâmina serrilhada, começo a esculpir o espaço interno das soqueiras, garantindo que as arestas não fossem ásperas e que a ergonomia fosse impecável. Isso exigia uma destreza cirúrgica, pois qualquer erro poderia resultar em desconforto e lesões para o usuário que viesse a utilizá-las. Os encaixes para os dedos precisavam ser perfeitos, apropriados para que qualquer pessoa, homem, mulher, adulto ou criança, pudesse usar a arma. Feito isso, com a lixadeira, seria a vez de garantir que a arma tivesse uma borda afiada, desenhada em ornamentos dracônicos que também me demandaram um grande período de trabalho. A medida que eu me movia, a luz das chamas da fornalha lançava sombras dançantes sobre o metal, criando uma atmosfera mágica. — Está quase lá. — Pensava, sentindo a dor aumentar nos meus calos, fazendo-os latejarem. Então, depois de algumas horas, quando o sol ameaçava se pôr, as duas soqueiras se mostravam prontas, brilhando em um dourado reluzente. Esfriadas pela passagem do tempo, segurei-a em meus próprios punhos, sentindo o seu poder e entendendo que sua estrutura se adequava a qualquer mão. — Perfeito. — Sussurro, deixando ambas acima da bancada. Agora, bastava que Rekken retornasse até a forja para que déssemos prosseguimento  à transação; um acordo que levou cinco longos anos para se concretizar.

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O calor na forja aumentou, ao passo que sentia o suor escorrendo pelas laterais do meu rosto. Suspirava fundo, tomando fôlego naquele ambiente inóspito, envolto em um mormaço desolador. Apesar do incômodo, isso me lembrava do passado, me lembrava do meu antigo “eu”, do garoto que um dia perseguiu um ideal inalcançável de salvar a todos. No instante que esses pensamentos cobrem a minha mente, fecho os olhos, meditando em busca de esquecê-los. Escorado em uma das pilastras de pedra, descanso brevemente com os braços cruzados, sentindo a cabeça se clarear aos poucos. Por mais que eu quisesse esquecer do passado, ainda havia pendências que eu carregava comigo. Uma delas era a promessa feita à Yuki Kōji, que assim como Rekken, também havia encomendado uma arma há cinco anos. — Era uma espada, não era? Ou melhor, uma espada especial. — Balbucio, por fim abrindo os olhos cinzentos e encarando o reflexo bruxuleante das chamas da fornalha que incidiam contra as paredes lustrosas de pedra. Meu descanso momentâneo acaba, e num impulso, deixo para trás a posição de relaxamento, espreguiçando-me e seguindo até o cofre. “Um, dois, três”, contava quantos minérios ainda haviam lá — era um estoque abastado, o suficiente para mais algumas criações. Uma das pedras meitō rapidamente encontra seu lugar em minha palma direita, carregada por mim até a bancada principal e deixada acima dela. Assim, seguiria para a estante de instrumentos.

Seriam separados alguns apetrechos, entre eles: um martelo, uma lima, uma pedra tamahagane e uma pedra de polimento. Seria o bastante para a estruturação da katana. Com tudo isso em mãos, colocaria todos próximos da bigorna, exceto a tamahagane, que seria deixada em um cadinho junto ao minério meitō que eu havia separado anteriormente. As chamas na fornalha continuavam a dançar, balançando de lá para cá e criando grandes sombras. O carvão, para a minha surpresa, não estava escasso — pelo contrário, o meu último trabalho havia consumido pouco do material. O balde d'água para o resfriamento também estava em bom estado, sem muitas impurezas correndo pelo líquido, ainda que estivesse um pouco viscoso. Com o cadinho em mãos, sustentado pelos dentes de uma pinça, foi a vez de finalmente levar a pedra de aço tamahagane e o minério meitō até o fogo infernal. O recipiente começou a esquentar, lentamente deixando a coloração negra encardida para um vermelho saturado. As brasas subiam e desciam, enquanto minhas mãos começavam a suar pelo contato indireto com o metal que se aquecia. Um bom tempo foi gasto nessa etapa, até que, no fim, foi concluído com êxito a fundição de ambos.

Quando meus olhos esbarraram no metal que havia se formado, lembrei-me das orientações do meu cliente. “Uma espada com uma aparência alva que beire a transparência”, ele havia dito algo nesse sentido. Mas como eu poderia transformar a cor daquele metal? Talvez, se eu aplicasse grande pressão. Sem muito tempo a perder, querendo aproveitar a maleabilidade da quentura do aço, levei o pedaço até a bigorna, rapidamente tomando posse do martelo. Então, com o máximo de minha força, desferi um poderoso golpe na estrutura, fazendo abalar o chão em um baque estrondoso. Como repetidos trovões, reuni mais de minha força e continuei a desferir os golpes com ímpeto, aos poucos vendo aquele metal negro avermelhado mudar para uma cor branca como um carvão recém-apagado. E eu continuei. Continuei a aplicar os golpes; tudo isso, para no final, o pedaço metálico ficar em uma coloração quase cristalina, semelhante a um espelho novo. Era um metal de uma cor tão branca que parecia pura, uma pedra brilhante que me fazia me questionar se eu deveria mesmo utilizá-la naquele trabalho. — “Translúcida”, esse será o seu nome. — Antes mesmo de concluir a arma, já havia a batizado.

Com o passar das horas, continuei a modelagem da lâmina. Dessa vez, as batidas no metal eram mais controladas, comedidas e minuciosas. Com a lima, conseguia criar a curvatura e o alargamento da ponta, fazendo-a não ficar desleixada, mas sim fina e delicada como o seu metal solicitava. Por vezes, levava a peça até o balde para esfriar no procedimento de têmpera, o que fazia o característico vapor subir em um chiado interminável. As mãos continuavam a suar, e o calor aumentava na mesma intensidade. O suor também escorria, em grandes gotas, pela minha testa, vindo a se chocar contra minhas vestimentas ou, ainda, contra o chão empoeirado da forja. Dessa forma, a lâmina às vésperas de ser acabada era novamente levada ao fogo, dessa vez em uma temperatura mais baixa e num menor tempo, para que assim pudesse reduzir a dureza excessiva e aumentar sua durabilidade. A pedra de amolar seria feita logo após isso, esperados alguns minutos para que toda a peça se esfriasse e eu pudesse manuseá-la com minhas mãos. A lâmina, no fim, estaria afiada, e agora bastava que fosse criado o seu acabamento e, então, sua bainha.

Agora com sua forma definitiva, a lâmina reluzia em um branco límpido que parecia absorver a própria luz. Assim, selecionei com cuidado uma peça de madeira nobre, polida até que brilhasse com um brilho natural. O cabo foi esculpido com curvas suaves para se encaixar perfeitamente na mão, garantindo o máximo de controle durante o combate. A guarda, não menos importante, foi moldada a partir de um pedaço de aço temperado, também incluído um botão para que funcionasse um mecanismo especial, como solicitado por Kōji. Seu desenho intricado não apenas adicionava beleza à espada, mas também servia para proteger a mão do usuário durante os confrontos. Por fim, a bainha. Escolhi uma madeira escura e nobre para complementar a lâmina branca como a neve. A bainha deslizava perfeitamente sobre a espada, mantendo-a segura e pronta para o combate; um estojo perfeitamente adequado a ela. Com a katana agora completa, coloquei-a sobre a távola, olhando para a obra que havia criado com uma sensação de satisfação. Bastava agora que Kōji chegasse para que finalizássemos o acordo — mas será que ele se lembraria dessa encomenda, mesmo depois do passar de cinco anos? A pergunta era válida, contudo, nada eu podia fazer se não esperar pela sua provável vinda.

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Uma leve batida soou na porta, e me apressei para abri-la. Esperava encontrar Rekken, ou então Kōji, mas o que me esperava foi um vazio sem fim envolto em névoa, apenas com um pequeno rolo de papel deixado no chão ao relento para quem resolvesse pegar. Sem demora, me abaixei para pegar o exemplar, tomando-o em mãos e levando-o para dentro, para o calor. As sombras continuavam a dançar em favor do fogo, que, porventura, continuavam a queimar os restos de carvão na fornalha. Sentado na bancada, resolvi tirar um tempo de descanso, lendo as notícias, uma prática que poucas vezes havia feito em minha vida. A primeira manchete trazia menções à Folha, e a publicação um estreitamento de laços entre Konoha e suas colônias. Contudo, não era somente isso. A Sombra do Fogo também se preocupou em reunir-se com líderes de linhagens e lideres de pequenas vilas para a “discussão de necessidades” e “novas maneiras de se unirem” — era exatamente o que dizia a gazeta. No mais, tudo isso se traduzia numa única palavra: diplomacia. Um decreto foi emitido que permitia o livre tráfego entre os residentes da Folha e suas colônias, o que facilitava incursões militares nas colônias.

A próxima manchete, por outro lado, trazia um sentimento ruim: “Areias Perdidas”. Sim, dessa vez não havia como não me lembrar do meu passado, do tempo em que estive junto à Sunagakure como um shinobi, ou ainda, como um forjador. A notícia trazia o desespero, um relatório emitido que citava os desaparecidos nas terras do Vento. Houve um pronunciamento do Senhor Feudal, trazendo à tona que a Névoa é a verdadeira culpada de tais atos. Mas como poderia? Emiti um longo suspiro, demonstrando impaciência na leitura. “Não é estranho que tantos sumiços ocorram nas proximidades das suas colônias infestadas de criminosos?”, essa foi o questionamento feito pelo daimyō; a meu ver, um questionamento raso e pouco crível. Para mim, era como se ele quisesse jogar a culpa para Kirigakure de todas as formas, afinal, ele sequer cogitou esperar as autoridades militares do vilarejo da Areia para que fosse feita uma apuração dos fatos. — Tempos difíceis — Foi o que consegui dizer depois da breve leitura. Meus olhos rapidamente terminaram de percorrer a notícia, e então, pularam para a manchete final.

“O Raikage está morto”, dizia a notícia. De início, assustei-me com a frase, mas resolvi continuar a lê-la cautelosamente. Falava sobre os Filhos da Nuvem, uma organização terrorista-religiosa que crescia nos arredores de Kumogakure. Eles finalmente conseguiram terminar o que há muito vinham tentando: assassinar a Sombra do Relâmpago. Vitoriosos, eles conseguiram completar um golpe de estado, liderados por um sujeito chamado de “Pai das Nuvens” — ao menos era o que a notícia dizia. Tudo isso foi só o início de uma revolução naquele país, afinal, houve uma expulsão massiva de repórteres e o exílio de shinobis, além de oficializarem a posse de colônias e demais pertences do vilarejo. Segundo o que eu lia, a organização disse que iria cuidar do povo para que ele não caísse “nas artimanhas dos ninjas”, apesar de que, agora, toda aquela terra estivesse instaurada numa crise que parecia irreversível. As fronteiras estavam fechadas com técnicas poderosas, e as colônias com “máxima guarnição”. Findada a leitura, mais um suspiro. Num balanço, lancei as folhas do jornal até a fornalha, fazendo-as de combustível para as chamas fracas que continuavam a queimar. Resolvi partir, mas antes, deixei armazenado no cofre mais duas pedras meitō que continuavam em meus bolsos, aumentando o meu estoque com isso. Deixei a forja segundos depois, pronto para cumprir minhas obrigações como shinobi da Névoa.

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