Estava de volta no vilarejo, lendo o jornal enquanto escorada em alguma morada qualquer. Seus olhos vermelhos percorriam cada tópico descrito no papiro. Viu os guerreiros que venceram Kaguya, assim como os títulos que ganharam, arqueando a sobrancelha. Reparou que o Senju ganhou espaço e reconhecimento, nada mais que merecido graças ao destaque que o mancebo tivera naquela luta, contudo, a ascensão ao posto de líder trouxe descontentamento à população, mas por Altria não ser uma Kiri-nin de fato, não sabia os motivos para tal. Pôde ver, também, o menino Torū ascender ao posto de líder do trovão, posto que outrora foi liderado por um conhecido da Uchiha, o mesmo que cedeu as colônias à ela de bom grado. Houve, porém, um tópico que captou a atenção da mulher, e por envolver seu vilarejo de nascença, Sunagakure. Aparentemente, o vilarejo passava por certos percalços e, Kirigakure e Yohma, se mostravam indiferentes à situação. Isso foi algo que fez a loira ponderar se a aliança com a névoa ainda era válida, e era um assunto de extrema importância a ser discutido com o líder do país.

O papiro foi posto de lado enquanto Altria absorvia as informações recém-obtidas. Contudo, antes da loira processar tudo, Musashi chegou ao seu encontro, demonstrando um claro sinal de preocupação. —— O que aconteceu? —— A Pendragon perguntou, pondo o papiro de lado e fitando sua companheira, levando a canhota ao ombro desta. Musashi respirou fundo, fitou os olhos de sua antiga líder e amiga, e explicou a situação. Me enviaram aqui para lhe alertar que Zorojuro está sumido há dois dias. Ele saiu para uma “missão” num templo próximo ao vilarejo e não retornou até agora. Explicou. Eu não posso ir com você pois tenho meus afazeres, mas me enviaram para te avisar. Vá atrás dele, Altria. Suplicou a amiga, desaparecendo em fumo em seguida. Concomitantemente ao desaparecimento de Musashi, Altria disparou como um raio portão afora, já envolta no manto dourado de Kurama.

—— Mantenha a calma. —— Kurama alertou, sentindo o desespero de sua companheira.
—— Se algo acontecer… —— Altria respondeu, engolindo a seco.
—— Ache-o primeiro. —— Instruiu a besta, tentando fazer com que sua amiga não perdesse o controle.

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Apesar de Altria estar desesperada, a mulher seguiu o conselho de Kurama, se acalmando enquanto corria; respirava fundo, focava e seguia adiante. O sensoriamento advindo da besta expandiu-se em sua totalidade, procurando por pessoas com ódio próximas na região. Não tardou para achá-las, e disparou para lá em seguida, para saber se de fato era quem estava procurando; para sua felicidade, era. Mas, ao mesmo tempo que estava feliz por ter encontrado seu mestre e querido amigo, pôde notar que ele não estava só desaparecido, mas que havia sido capturado por outros shinobis.

Os orbes vermelhos fitaram o templo, assim como os inimigos à porta deste. Não agiu de imediato, pelo contrário, permaneceu em silêncio por alguns segundos, observando a movimentação alheia. Kurama estava concentrada, assim como sua jinchūriki. —— Sutileza. —— A criatura instruiu, focada. Altria continuou agachada, indo pelas sombras enquanto dava a volta nos inimigos; pegaria-os por trás e cortaria suas gargantas com o zênite negro. Teria sido um ótimo plano se não fosse pega por um terceiro, que estava escondido no topo do local.

Inimiga às onze! Gritou o homem, fazendo os demais se virarem e encararem a Pendragon. Os orbes agiram; quem os olhasse, seriam pegos numa ilusão, enquanto isso, o zênite faria o trabalho de ceifar a vida dos demais, perfurando seus corações e jogando seus corpos no chão. —— Você não está concentrada. Foco, Altria! —— A criatura reclamou, pois, graças à kiri-nin, os inimigos sabiam que ela estava ali, e por isso, podiam matar o seu mestre. —— Não temos tempo. —— Ela respondeu, afoita. Claramente não pensava direito, e por isso, a situação tendia a piorar. De seu apêndice, uma gigantesca mão de energia surgiu, indo contra o inimigo no ar, esmagando-o contra o concreto.

A passos rápidos, a mulher atravessou os corpos caídos e seguiu para dentro do templo. Focou, fechou os olhos e tentou sentir a energia de seu mestre, mas o que ouviu foi o eco de sua voz através dos corredores. “Esquerda!” Falou para si mesma, disparando naquela direção. Não havia guardas. Não havia armadilhas. Mas quando chegou no corredor, viu seu amigo e mestre, pendurado por correntes, com o corpo completamente coberto por machucados, e em carne viva. —— O QUE VOCÊS FIZERAM?! —— Irrompeu, furiosa. Zorojuro continuou imóvel, sem esboçar quaisquer reações.

Peguem-na! Bradou um dos homens. Ao todo, haviam sete dentro do templo, e dois deles estavam próximos de Zorojuro, com lâminas em mão, prontos para matá-lo se achassem necessário. Os cinco antagonistas avançaram contra a loira, furiosos. Eram hábeis o suficiente para fazerem frente à ela, e todos portavam objetos cortantes. Altria estava acuada, recuou, defendendo-se com dificuldade. Alguns cortes em seu rosto, outros, eram repelidos pela armadura negra recém-refeita graças à Emiya. O choque dos objetos metálicos um contra o outro irrompeu em faíscas no ar, mas foi graças a isso que ela achou uma abertura.

Arremessou o zênite negro na coxa de um dos inimigos, fazendo-o cambalear para trás. Um dos homens saltou para a frente deste, fazendo-o sua defesa. Os outros três continuaram a ofensiva, mirando suas armas no rosto da Uchiha. A canhota foi erguida, defendendo-a dos ataques que sucediam em sua direção; a destra, ágil, foi ao encontro da kusanagi na bainha, sacando-a rapidamente enquanto a loira se defendia. Um movimento foi feito, um singular corte na direção da barriga dos três homens, pegando apenas dois no processo. Recuou com um salto, pôs ambas as mãos no cabo da lâmina e a ergueu para próximo do rosto. Os orbes rubros-negros a auxiliavam, fitando o tensionar dos músculos inimigos. O homem avançou, mas cometeu o erro de olhar nos olhos da mulher: foi posto numa ilusão, e teve o coração perfurado. O homem que defendia seu companheiro ficou paralisado graças à intenção assassina que a loira exalava. Sua morte e a de seu companheiro foram rápidas, restando apenas os outros dois próximos ao mestre de Altria.

Não dê mais um passo. Disse, pressionando o armamento contra o peito de Zoro. Altria mordeu o lábio inferior, observou ao redor e não viu nada de diferente, sequer inimigos se aproximando; poderia acabar com aquilo num piscar de olhos, ao menos, pensava assim. Deu um passo à frente. Uma atitude imprudente. A lâmina atravessou o peito do homem, e nenhum sangue escorreu. A loira observou a cena em silêncio, imóvel. Ele já está morto há dois dias.. Você chegou atrasada. BWAAHAHAHAHA. Falou o homem, irrompendo numa risada junto de seu companheiro.

A lâmina em suas mãos caiu no chão, fazendo um som ensurdecedor para ela. O tinido metálico permaneceu em seus tímpanos, e todo o resto tornou-se abafado, inexistente. Sua mente parou de funcionar. Deu outro passo à frente, com ambas mãos rente ao corpo, e um semblante completamente diferente do habitual, em desespero. Os homens recuaram, com as armas erguidas, observando a cena à sua frente. Um passo atrás do outro, e então, a loira chegou próximo o suficiente do corpo de seu querido amigo, quebrando as correntes com a mão, “resgatando-o”.

—— Eu sinto muito. —— Disse a fera. Altria, porém, sequer a ouviu, ainda estava atordoada com o acontecimento. Seus sentimentos misturavam-se, sentia raiva, dor, medo, mas principalmente culpa. Culpa por não tê-lo protegido. Mas principalmente por chegar atrasada. Lágrimas verteram de seus olhos, mas ela continuou em silêncio, era possível notar o movimento de seus ombros tremendo a cada gota que escorria dos orbes. Estava atônita. Não sabia o que fazer, ou se sequer faria algo. Sentiu o ódio percorrer cada célula do seu corpo, cada fibra, cada músculo, cada parte de seu ser. O mundo estava parado. Uma dor de cabeça irrompeu, latejante, e o coração pareceu que ia explodir de seu peito, mas mesmo assim, permaneceu inerte, observando o corpo sem vida de seu mestre. Zorojuro estava morto. Era um fato incontestável. Seu melhor amigo e mestre havia perecido na mão de seus captores, e ela não foi forte ou rápida o suficiente para salvá-lo.

Falhou ao proteger em Otogakure.
Fracassou ao manter Rekken e a si mesma viva contra a Deusa.
Deixou seu mestre morrer nas mãos inimigas.

Virou o rosto para os captores. Os orbes outrora com três vírgulas agora detinham um novo padrão. A habilidade ocular havia mutado, evoluído, e através da perda, tornado-se mais forte. A Uchiha havia perdido seu amigo mais querido, e eles pagariam por isso. A paralisia ocorreu, e seus corpos estavam à mercê de Altria.

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—— Por quê? —— A voz embargada cortou o silêncio predominante, e o murmúrio dos homens foi a resposta. Altria levantou-se, os olhos intensos mirando os inimigos. Naquele momento, desejou que ambos fizessem um com o outro o que fizeram à Zorojuro, até morrerem, e continuar o fazendo mesmo depois da morte. A espada outrora erguida pelos adversários foi movimentada, mas o alvo não foi Altria, e sim um ao outro. Ambos perfuravam-se um ao outro com as lâminas, sem qualquer resistência. A princípio, a mulher não entendeu o por quê, e sequer queria entender, estava tão extasiada que apenas ignorou os gritos inimigos, implorando para ela parar. Os minutos passaram, e o silêncio retornou.

—— Vamos enterrá-lo. —— Kurama ordenou.
—— Vamos. —— A Uchiha respondeu, ainda desnorteada com o acontecido.

Altria pegou o corpo de seu mestre e o colocou no ombro, assim como seus itens no chão, guardando-os novamente. A passos lentos, dirigiu-se para fora do templo, carregando o amigo consigo. Dirigiu-se para um local próximo, um riacho, e enterrou o corpo do amigo, usando dos apêndices de chakra para cavar. Quando terminou, sentou-se numa pedra e desabou em um choro silencioso, fitando o próprio reflexo na água – e vendo os “novos” olhos. Kurama em seu íntimo permaneceu silenciosa. Sentia a dor de sua companheira graças aos laços que possuíam, e sabia que era melhor deixá-la só por enquanto.

[...]

Agora, de volta no vilarejo, Altria descansava numa pousada qualquer. Os olhos inchados e o corpo cansado demonstravam o quão impactada a loira estava. Sentiu o peito apertar, e o ar fugir de seus pulmões. Zoro estava morto. Droga… Lamentou, enfiando o rosto nos travesseiros e derramando ainda mais lágrimas. A amizade entre mestre e aluna havia chego ao fim.

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