Quando se está distante de si mesmo, dizem os livros, você é capaz de ver a si próprio andando e sente-se como um morto-vivo. Dissociação é o termo cunhado. Há vários motivos, como traumas e disfunções cerebrais. Uma vez que isso ocorre, é muito complicado de conviver. É como se fosse apenas um espectador de sua própria vida, nunca o personagem principal. E, naquele momento, era assim que Ayako estava se sentindo. Um mero espectador, incapaz de viver. Seus conhecimentos sobre juinjutsu beirava o nulo — sabia, em tese, que existiam e nada mais. Receber uma marca de propriedades tão incríveis teria sido mais proveitoso se ele tivesse mantido algum, qualquer controle sobre o corpo. Mas não tinha. Tornara-se uma marionete guiada pelas mãos invisíveis de uma criatura maligna. Via-se como um fantasma devia assistir seu corpo sendo enterrado: distante da realidade.

A chuva caía onde eles foram. Geograficamente falando, Ayako conhecia o lugar. Julgando todo o trajeto, eles estavam dentro do país formado após uma grande colonização. Amegakure no Sato, assim chamavam o lugar. Uma vila que poucos estudavam na academia, a não ser pelos detalhes mínimos, mas que havia se transformado em uma grande potência nos últimos anos, chamando atenção de todos os shinoibis e kunoichis do mundo. E então, a primeira morte. Uma morte rápida, aparentemente indolor, com uma técnica que teria feito Ayako, mesmo com toda sua nova postura, ficar assustado. Um corpo foi simplesmente desintegrado, quase como se a vida humana não fosse nada diante daquela criatura. As coisas foram se desenrolando e ele, apenas assistiu. Não tinha nenhum controle de nada, e de certo modo até preferia assim. Estar plenamente consciente naquele momento soava... aterrorizador.

Hattori Shion surgiu na cena, tornando tudo ainda mais divino — e apavorante. Era mais uma das situações onde o garoto se via cercado de figuras com poderes suficientes para arrasar os céus e romper os portões do inferno. Ele não tinha utilidade alguma em momentos assim, por mais que treinasse. Lilith ergueu a mão e uma força avassaladora assaltou o corpo do ninja. Ele sentiu a dor, quis gritar, mas não estava controlando-se ainda. Não, ele era apenas uma marionete. Hattori Shion revelou os motivos de estarem atrás dele e da irmã. Os danos ficaram ainda mais graves, e até mesmo sendo controlado, seu corpo gritou. Sem aguentar assistir aquilo calado, Shion entregou-se para o bem-estar dos filhos.

Não..., o garoto pensou percebendo que o pai estava desistindo, mais uma vez, da vida. Ele não queria vê-lo se entregar, assim como tinha certeza que Angell também não. Um ritual teve inicio e, mesmo sem ter um Sharingan, ele podia ver que as coisas acabariam mal. Envolvendo sangue e um chakra sinistro, não havia como alguma coisa assim terminar bem. Tudo se tornou nada na visão dele, enquanto seu pai era abraçado pelos poderes de Lilith. Não..., ele continuava tentando falar, de alguma maneira.

E então, o grande Hattori Shion... caiu.

— Não! — Ayako gritou retomando o controle mínimo do corpo. Estava pronto para correr em sua direção, mas viu o disparo contra sua irmã e o sacrifício de mais uma pessoa; Light. Desgraça..., ele se conteve, deixando seus pensamentos fluírem de maneira racional e eficiente. Aguardou a reação de Angell e a acompanhou o mais perto possível, buscando cobrir sua guarda com sua atenção — e usaria os poderes de gelo se fosse necessário. Fez isso, pois, se alguém podia fazer a diferença naquela situação era ela; e era para isso que ele vivia. Assim que chegaram perto de Shion, ele manteve-se à frente dos dois encarando a inimiga, pronto para usar suas técnicas de gelo se fosse necessário.

Observou, por cima do ombro, todo o esforço da irmã e nenhum sinal de Shion. Manteve-se calmo, focado, mas os pensamentos numerosos de caos e tragédias ficaram rondando sua consciência. Então, após tanto tentar... ela também caiu. Assustando o irmão, que virou-se rapidamente e correu tomando seu corpo do chão imundo de sangue e dor. — Não, até você, não — ele disse, segurando-a nos braços, olhando o rosto sereno de um Shion esvaindo a vida, e uma Angell desgastada demais para manter-se em pé. Faça alguma coisa, sua besta estúpida, ele xingou mentalmente a criatura em seu interior. — Mais respeito. — a criatura mandou. — Por favor, faça alguma coisa, eu não posso perdê-la também! — ele gritou, lágrimas caindo de seus olhos; de um lado, puras, do outro, vermelhas. — Não. — disse a Gobi. — Eu não ligo o suficiente para você e seus dramas familiares tão constantes.

Ayako fez um selo com a mão esquerda e ambas as mãos brilharam em verde esmeralda, numa tentativa de, pelo menos, fazê-la continuar respirando. As lágrimas jorravam com força, pois, mais uma vez, ele estava completamente... inútil.

Hattori Ayako: HP: 2300/2300 | CH: 2375/2475 | ST: 00/10 | V: 00ms/18ms | F: 00/03.
Gobi: CH: 3500/3500

Consid.:

Jutsus Usados:

Com ordens recebidas A Filhar do Mar tinha coisas a fazer, ela olhou para o corpo de Shaka e pensou em terminar o que o pai começou, mas ao se aproximar ela sentiu uma quantidade de chakra absurda crescendo. – Essa força? – Angell sabia, isso seria o fim de Ame, ela levantou seu cajado para o alto. – IRMÃOS! – Ayako o mais velho puxou Shaka para perto de si, Angell bateu o cajado no chão criando um portal gigantesco. Usando sua força ela conseguiu retirar todos os moradores de Ame com segurança dali, porem ela não teve poder para salvar a vila, Ame enfim parou de chover, a força de Lilith foi o suficiente para subjugar a vila por inteira.

A vista embaçada de apenas um olho não teve a descência de acreditar nas asas vermelhas e flamejantes saindo de sua irmã, mostrando mais poder do que ele poderia imaginar vindo dela. Mesmo assim, ela não aguentou. Hattori Shion retornava do mundo dos mortos, mas a pequena — e ao mesmo tempo tão grande — Angell continuava derrubada, manchada pelas lágrimas do irmão. Ayako olhou diretamente para o rosto do pai, querendo muito pedir que ele desse um jeito de verdade naquilo; que ele trouxesse a irmã de volta. Entregue a ele, o homem procurou todas as maneiras de trazê-la de volta, mas nada adiantava.

Ayako cambaleou alguns passos para trás, limpando as lágrimas, e olhou para o outro irmão: Shaka. A parte superior de seus lábios ficaram selvagens, a raiva começava a fluir em seu corpo, mas não descontroladamente. Não, agora ele sabia muito bem como canalizar toda aquela fúria. Era tudo culpa de Shaka, que ainda respirava mesmo depois de tudo. Recebendo a ordem de seu pai, ele apenas assentiu de costas para ele. Encarando firme o irmão que tanto desgraçava não apenas o nome da família, mas todos nela.

Não adianta continuar essa bobagem, ele pensou ameaçando dar o primeiro passo na direção de Shaka, quando Angell Grey ergueu o cajado chamando seus irmãos. O mais novo viu sua contraparte mais velha resgatando até mesmo Shaka, ao que ele mordiscou o canto esquerdo do lábio com força, evitando perder o controle daqueles sentimentos caóticos. Angell bateu o cajado abrindo um enorme portal; todos entraram, mas nada estava terminado.

Hattori Ayako: HP: 2300/2300 | CH: 2375/2475 | ST: 00/10 | V: 00ms/18ms | F: 00/03.
Gobi: CH: 3500/3500

Consid.:

Jutsus Usados: