"The Hand of God"

Alguns dias se passaram desde a forja primordial de Nnoitra, a Pecadora Solitária. Sabia que apesar das dificuldades para completar aquela singularidade bélica, havia valido a pena. Adquirindo ainda mais conhecimentos e a experiência necessária para conseguir efetivamente forjar itens de qualidade superiores com menos adversidades do que o normal, minha próxima ideia já estava começando a tomar sua forma. Desta vez, ao invés de uma arma de formato e tamanhos incomuns como a própria Nnoitra, iria para o meu lado mais sabido: Uma espada. Trabalharia em cima de um modelo único cujo maior objetivo seria servir como a lâmina suprema, a qual não poderia ser impedida nem mesmo por intervenções divinas. Carregando consigo a coloração negra do abismo, seu nome seria Hyorinmaru. Seria como um Réquiem, expurgando pecados e colocando os incapazes em seu verdadeiro estado de paz. Uma outra arma com propósito assassino, que cortaria tudo em seu caminho sem distinção. Não sabia ao certo se deveria inferir uma filosofia em sua lâmina obscura, mas aquilo já significava algo: Uma lâmina obscura, que não permitiria a reflexão de luz. Seu único propósito é ceifar vidas, bem como será o propósito daquele que a empunhar. Era uma descrição adequada para Hyorinmaru, mas ninguém além de mim mesmo conseguiria decifrar os enigmas e significados de cada um dos armamentos que eu fosse forjar, então decidi não me aprofundar tanto como fiz em Nnoitra, onde foi meu ponto de partida para a forja destes poderosíssimos itens. Assim como no caso da arma anterior, tive que arcar com uma incrível despesa que chegava até mesmo a centenas de milhares - Não, exatamente um milhão de ryos, apenas para que este único aparato ofensivo pudesse ser criado. Procurar os metais, equipamentos, ferramentas e diversos outros itens de forjaria para criar esta singularidade em específico era algo muito trabalhoso e exaustivo, que me custou muito tempo e dinheiro. Eu tinha de sobra, mas mesmo assim não poderia ficar dando meus fundos a toa apenas para a confecção de armas, pois eu tinha uma vida, surpreendentemente. Quando fui até a forja caseira que havia montado, retirei o molde danificado de Nnoitra de cima da mesa especial e a personalizei para conseguir fixar o de Hyorinmaru, afinal de contas eu não aceitava erros em minhas criações. Não sabia quanto aos demais ferreiros, mas aos meus olhos a única maneira de criar um item aceitável era primeiramente certificar de que sua qualidade, estrutura - Em geral, estivesse em perfeitas condições com qualidade impecável. Escolhi a dedo os melhores metais e minerais para forjar a arma, e por conta da composição dos mesmos a arma seria bastante pesada e muitos talvez não conseguissem nem mesmo empunhá-la, mas como um mestre da espada, eu sabia muito bem o que estava fazendo. Nem todos são dignos de utilizar da katana, cada um nasce com um dom único. Então, após diversos minutos de pura preparação e verificando os materiais, tabelas e rascunhos/desenhos que havia feito para a confecção e passo-a-passo da criação da enorme espada, derramei os materiais derretidos que rapidamente começaram a se fundir. O martelo não era o mesmo, havia comprado dois que serviriam para propósitos diferentes, além de seus tamanhos diferentes e possuírem um peso acima da média. Para conseguir comprimir tudo o que havia sido posto no molde, tive que comprar um martelo principal que fixaria todos os materiais e um secundário para reparar quaisquer erros e também para dar firmeza à lâmina que seria forjada. Este processo seria um pouco mais rápido que o de Nnoitra que exigiu também a fundição da corrente e da incisão de diversos aparatos para fazê-la ser uma arma funcional em combate e não só um pedaço de ferro grande. Mas Hyorinmaru teria também uma habilidade singular - A capacidade de não só alterar sua forma para uma belíssima e longa/fina katana japonesa em contraste com sua forma original, como também teria a capacidade do corte supremo, sendo capaz de cortar tudo em seu caminho a fim de impossibilitar que os oponentes consigam enfrentar o usuário a curtas distâncias com segurança, afinal de contas, bastaria apenas um corte para terminar tudo. Meu objetivo com a criação desta espada era fazer dela a mais afiada lâmina da história do mundo ninja, que fosse capaz de perfurar qualquer defesa e quebrar qualquer arma com apenas um movimento, mas isso seria um objetivo bastante difícil de ser alcançado, a julgar pelas circunstâncias e níveis de poder diversos que existem neste mundo. A forja continuou durante várias horas, com direito a pausas, afinal de contas aquela era uma atividade extremamente exaustiva e que exigia bastante de meu corpo e boa vontade.

— "Mas que desgraça, isso é um verdadeiro inferno. Bem, ao menos não será tão complicado quanto foi forjar Nnoitra, mas isto não deixa de ser uma grande chatice. Mesmo assim, estou orgulhoso do que consigo fazer com minhas habilidades e conhecimentos atuais. Porém, de qualquer forma eu ainda tenho medo do que estou criando. Em meus olhos, aquilo não é uma espada, e sim algum tipo de demônio ceifador, que apenas existe com o propósito de derramar sangue e devastar sonhos por onde passa. Seria esse um outro reflexo de minha alma, além de Nnoitra? Não tenho certeza, mas sinto que devo carregá-las comigo em qualquer situação. Bom, vejo que agora é hora de voltarmos ao trabalho...Parece que o aço já esfriou, preciso aplicar as correções antes que as coisas saiam de controle e eu acabe danificando a lâmina." — Pensei, logo me levantando.

Passei mais algumas boas horas finalizando os detalhes e pontos cruciais de Hyorinmaru para que alcançasse um nível de excelência, afinal de contas eu não aceitaria nada que estivesse abaixo do nível verificado de altíssima qualidade e refino. Colocava minha própria alma em cada uma daquelas criações, e não poderia simplesmente fazê-las de qualquer jeito, seria como ferir a mim mesmo em um ato de traição. Atentei-me a todos os detalhes e apliquei tanto as ferramentas de correção como o martelo secundário, finalizando por completo o molde principal da enorme espada que se estendia para até 1,7 metros de comprimento. Apliquei então algumas imperceptíveis aberturas em alguns pontos de sua estrutura e inseri certas quantidades de chakra combinadas com mecanismos minúsculos que poderiam permitir a transmutação de forma e também a aplicação do corte supremo, passando mais de três dias a partir daquele ponto realizando procedimentos diversos e inscrevendo cuidadosamente inscrições e também forjando uma faixa de chakra especial que envolveria o corpo da espada por completo, que após liberadas, seguiriam amarradas á mesma pela ponta de sua empunhadura, que era desprovida de uma guarda. A transformação estava funcional e a estrutura impecável, em ambas as formas. Assim como em Nnoitra, aquilo se trataria da Ressurreción de Hyorinmaru, sua verdadeira natureza, que após libertada, demonstraria seu verdadeiro significado e revelaria suas presas.

— "Isso foi trabalhoso, mas não tanto quanto eu pensava que seria. Que diabos, eu realmente queria que demorasse menos de um dia para finalizar todas essas coisas, mas já se fazem três dias desde que iniciei o processo de forja desta arma e só agora pude terminá-la. Bom, ao menos o resultado foi excelente. Consigo sentir seu poder daqui, mesmo enrolada naquele monte de faixas de chakra. Heh...É realmente incrível, eu acho que sou bastante talentoso pra esse tipo de coisa, afinal de contas. Tsc...Isso cansa pra caralho, acho que vou guardá-la por enquanto e testá-la em uma missão aleatória, sei que posso fazer deveres de níveis bem mais altos, mas não preciso me cansar para a realização dessas coisas inúteis quanto eu posso usar o corpo de outros vagabundos para cumprir esses deveres sujos." — Exclamei, sorrindo.

Após isso, gargalhei por algumas vezes e andei até Hyonrimaru, lentamente e observando cada detalhe. Me dei o direito de agarrar sua empunhadura e a coloquei atrás de meus ombros, carregando-a somente com o braço direito. Era uma lâmina muito pesada, mas meus atributos físicos me permitiam manuseá-la sem muitas dificuldades, em ambas as suas formas. Abri um grande sorriso em meu rosto e andejei para dentro de casa com a lâmina em mãos, já sabendo o que iria fazer no próximo dia. Tanto ela quanto Nnoitra apresentavam um desejo em comum: Rasgar a carne, e isto eu estava sentindo falta também. Qual a graça de ser um shinobi, quando nada se faz além de ficar em casa, aguardando ordens? Desta vez, eu iria atrás de meus objetivos, e se fosse necessário, criaria um mesmo sem conhecimento da vila.

— "Consigo ouví-los, estão famintos. Que pena, a vila parece que está ficando cada vez mais pacífica, e isso é um grande problema. Como poderia evoluir minhas habilidades em meio a um bando de pacifistas medrosos que nada almejam além de uma falsa esperança? Um pouco de paz...Que de nada serve." — Pensei.

Subi até o segundo andar, jogando olhares finais tanto para Nnoitra quanto para Hyorinmaru, que estavam no canto direito superior da sala principal da casa. Suspirie, e então finalmente dei as costas, para descansar em meu quarto.

Informações:

Palavras: 1539