Na costa Oeste do País do Fogo...

Um gigante de gelo tem aterrorizado essas pessoas por semanas. Ele comeu três cabras, quatro cachorros e duas crianças. As mães da aldeia oraram pela ajuda dos deuses e pela ajuda que receberam. Eu liderei um grupo de vinte shinobis, seguindo o gigante ao seu covil nos planaltos, ele batalhou conosco por horas, balançando árvores e atirando pedregulhos. Muitos shinobis encontraram seu caminho para os céus, até meu martelo ter esmagado as tripas em lama sangrenta e por fim decepando a cabeça daquela abominação com minha espada.

Isso foi a quatro dias atrás, desde então, eu comi mais cabras que o gigante de gelo, bebi hidromel suficiente para afundar uma dúzia de marinheiros e fiz amor com metade das mulheres daquele pequeno vilarejo, quem me conheceste no passado e me viste hoje, poderia ser irreconhecível, mas seria difícil diante da minha alcunha como líder da nação. Eu sou Takeshi Hikari, Nidaime Hokage e médico experiente do centro hospitalar de Konoha, com certeza hoje, eu amo minha vida.

— AAARRGHHH!!! - escuto um grito na noite e torço para que seja outro gigante.

Estava com duas lindas donzelas nua, debruçadas nos meus braços musculosos e duros como um aço, assim elas diziam ao menos. Me levanto rapidamente, me visto e pego meus martelos, antes de seguir para fora da hospedaria, onde dou de encontro com alguns rapazes armados e com algumas tochas.

— Tem alguém na água! Um demônio! Eu vi sua face! - bradou uma miniatura de mulher, apontando a direção.

— A garota diz a verdade. Há alguém lá, com certeza... - uma senhora horrenda, calva e com o resto de cabelos grisalhos que lhe restava, apontando para os lados opostos, com um olho apontando para o leste e o outro apontando para o norte, só de olhar para ela me deixava confuso para onde estava olhando, sorte que a jovem havia apontado o lado e nos mostrado o caminho, pois se fosse por aquela senhora, eu me sentiria embriagado. — ou pelo menos... o que restou dele. Parte vermelha estava se lavando há horas ao longo de toda a costa. - terminou a velhote assim que chegamos - eu os demais homens - na encosta de um rio lamacento em uma região enevoada.

— O pobre coitado deve ter caído de um navio e sido despedaçado nas rochas. Ele é de nossa aldeia? - disse um dos homens da expedição recém montada, barbudo e cabelos longos.

— Ele poderia ser meu pai pelo que sei. Não restou o bastante do idiota que dê pra contar a história. - um rapaizote parecia triste, ainda que seu linguajar não demonstrasse o mesmo.

— Não muito. De uma coisa eu tenho certeza... - diz um rapaz de estatura pequena, de aproximadamente um metro e trinta - um anão praticamente - sem camisa, usando apenas calças e uma bota de couro, cabelos longos ruivos e com um rabo de cavalo, que adentra o rio e ao se ajoelhar e fincar sua a ponta da sua espada na lama, para se apoiar, retira um cabeça com a outra mão — Ele não era de nossa aldeia. - disse após examinar a cabeça brevemente, a jogando como se fosse lixo em terra firme, onde se encontra os demais homens, em um círculo iluminado pelas tochas.

— Eu ouvi falar de homens com penas como este. De nórdicos que afirmaram terem navegado do outro lado do mar em direção à beira do mundo. - o barbudo diz olhando com desdém para a cabeça.

— Você está meio certo, Akira, filho de Kotaro. Nosso visitante é de fato do outro lado da água, mas não acredito que ele seja um homem de qualquer modo. - a velha dizia surpresa e confusa — Senhor Takeshi, diga-me... o que vê quando olha nestes olhos!? - ela me questiona e assim fixo meu olhar para aquela cabeça.

A cabeça de um homem branco, aparentemente magro, com olhos avermelhados e com pupilas dilatadas, abaixo de seus olhos há marcas lineares de tinta preta, uma pequena que a ponta chega até a altura do nariz e outra maior que chega até altura do queixo. Sua boca aberta era possível notar seus dentes, o que trazia um semblante desesperador e ao mesmo tempo medo. Seus longos cabelos negros estão enfeitados por penas e alguns apetrechos proprios para o cabelo, realmente, diferente dos aspectos dos moradores daquele vilarejo. Mas conforme mais tempo permaneço olhando para os olhos daquela cabeça, algo começa a me incomodar, não sei dizer o que era ao certo, mas já senti aquela presença antes. Quando me recordo daquele sentimento, me espanto a ponto de recuar caminhando cerca de dois a três passos, eu já havia sentido aquilo a dois anos atrás, quando estive exatamente na presença do deus Jashin. Os demais notam meu espanto e parecem esperar algo de mim, então lhes digo o que acho sem filtro.

— Ele era um deus

— Um deus? Pela barba de Raijin. Mas... o que poderia ter feito isso a um deus? Mesmo um pagão do outro do lado do mar? - o anão questionava com uma pergunta atrás da outra, entendo a sua preocupação diante do seu rosto amedrontado — Deve ter sido uma onça pintada. Só pode ter sido isso.

— Olhe esse corpo, não há mordidade nele. Ele não foi comido, ele foi massacrado. - outro tentava refutar a dedução "lucida" do anão.

— O que em todas as cinco nações... poderia massacrar um deus? - um grandalhão parece acreditar na minha dedução, não só ele, como a grande maioria.

— O que quer que tenha sido, eu vos garanto, seu crânio não está à altura do aço dos meus martelos! - disse em um tom convicto, o que parece ter sido o suficiente para acalmá-los, ainda que o medo e aquele sentimento nostálgico percorre meu interior — Agora venham, porque ficarmos aqui com os mortos, quando temos uma maloca cheia de hidromel gelado e mulheres quentes? Takeshi, pelo menos, ainda tem que beber pra se encher de algum! - todos gargalharam, além de se acalmarem pelo visto.


Enquanto os rapazes seguem em direção a taverna, aproveito para fazer um pedido a garota que havia anunciado a péssima notícia.

— Garota. Busque um pouco de lenha, o bastante para construir uma pira funerária. - a pequena concorda sorridente e dispara em direção à floresta, enquanto isso eu aproveito para pegar a cabeça, quando sou abordado pela senhora.

— Um deus massacrado. Me diga meu senhor, já viu algo assim? - ela me questiona.

— Eu vi guerras na terra. Vi pessoas dizendo serem deuses sofrerem e sangrarem. Vi pais imortais submeterem seus próprios filhos a tormentos que você nunca poderia imaginar. Eu vi o próprio mal. Mas não... eu nunca vi nada como o horror nos olhos deste deus, se é que ele seja. - dizia enquanto pegava a cabeça e novamente olhava os olhos daquele ser.

A mulher começou a fazer uma espécie de ritual e ditar palavras em uma língua desconhecida para mim.

— A que deuses tu oras, anciã? - perguntei para ela.

— A todos eles. - ela me respondeu.

CONSIDERAÇÕES:

Player: @sinhorelli.
Situação: Aprovado.
Recompensa: Filler de Status.