Já fazia muito tempo que o Mizukage não ia até o laboratório da vila, fosse pela falta de tempo, fosse por não ter motivos para ir até lá. Só que naquele dia havia um motivo, diferente de todos os outros. Dentre as informações que recebeu quando retornou de Kumogakure, uma delas era um pedido de seu tutor para ir até ali. Koujaku era um homem de extrema confiança para o Mizukage, desde que este era apenas um Tokubetsu Jounin, pois ele havia sido o responsável por ensinar ao imortal como utilizar o Fushi Tensei, como entender a complicada arte da reencarnação, a como a usar o senjutsu e a como decifrar a arte dos selos amaldiçoados. Se Noboru era forte atualmente, isso era graças àquele homem. A última vez que haviam se visto, fora em uma situação parecida, onde Koujaku convidou o Mizukage ao laboratório da aldeia e lhe entregou o par de Mangekyou Sharingan que agora estavam transplantados em Yohma.

— Acha que ele te chamou aqui por um motivo similar? — Cubellios indagou para o Mizukage enquanto este adentrava as instalações que ficavam junto ao hospital da aldeia. Ele seguiria a passos lentos pelos corredores daquele espaço, sentindo a nostalgia de quando visitava o lugar para a confecção de seus primeiros medicamentos. Sobre a pergunta da serpente, era inevitável que Noboru achasse que sim. — Se fosse por qualquer outro assunto, Koujaku teria me chamado no laboratório pessoal dele, que fica fora do centro da vila. Se ele me chamou aqui, é porque quer me ver como Mizukage… então sim. — constatou. Alguns shinobis que transitavam pelo ambiente cumprimentavam o homem de olhos amarelos, que retribuía com um aceno ou movendo ligeiramente o chapéu.

Ele parou de andar quando chegou em frente ao laboratório de número 19, que tinha o nome de Koujaku gravado na porta. Ele deu algumas batidas e, ao entrar após receber a autorização, se deparou com o homem removendo um par de globos oculares de um corpo sem vida. Com seu conhecimento sobre aquele tipo de operação, Noboru identificou que ele já estava terminando o processo. O par de olhos foi posto em um recipiente esterilizado e que foi coberto com uma tampa de vidro; só então o olhar do homem recaiu sobre Noboru enquanto esboçava um sorriso de canto. — Chegou bem na hora. — disse a figura de jaleco branco, olhos carmesim e cabelos castanhos.

— Suponho que foi por isso que me chamou. — o herói disse, observando os olhos no recipiente. — O que é isso dessa vez? — questionou, se aproximando após fechar a porta do lugar. Os olhos eram diferentes do comum, aparentemente, mas não eram como os dos membros do clã Uchiha, pelo que Noboru estava notando, então as particularidades daquele par eram um mistério. Não iria se dar ao trabalho de perguntar a Koujaku o motivo de ele estar entregando aquilo para o Mizukage e não ficando com eles; assim como para Noboru, qualquer tipo de transplante era inútil e seria perdido quando trocasse de corpo. — Eu não posso te falar muita coisa, só te garanto que são olhos muito especiais e poderosos. Minha orientação é que dê para alguém que confie para proteger a aldeia, assim como eu sugeri quando lhe dei aquele outro par. Fez bom uso dele? — questionou.

— Fiz um excelente uso. Ele foi essencial para um dos meus alunos. — constatou, observando o recipiente e pegando sem muita cerimônia. — Obrigado por isso, Koujaku. Vou garantir que fiquem em boas mãos. — disse, recebendo um sorriso do homem como resposta.

O Mizukage não tinha mais o que fazer ali. A nova aquisição era um presente para a vila, que mais uma vez se tornaria mais forte. Ele só tinha que pensar muito bem e com muita calma para quem iria entregar aqueles olhos e, provavelmente, em quem transplantaria. Não deixaria que outra pessoa fizesse aquilo, afinal era uma grande responsabilidade. Se despedindo de seu mestre, o homem de olhos amarelos seguiu para fora daquela sala e, consequentemente, do laboratório da vila.

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