Ren havia voltado da missão e ainda tinha o gosto amargo na boca. Olhava em volta e parecia que a Vila da pedra continuava a mesma, mas ela... Ren não se sentia a mesma. As coisas pareciam não ser mais alegres como eram antes. As pessoas andavam pela rua como se não houvesse uma guerra quase estourando.

Suspirou. Andou até o local da missão e parou, esperando a senhorinha da casa sair lentamente pela porta.

Ren suspirou de novo, pensando que ela jamais conseguiria fugir do Carniceiro.

A velhinha andava com a ajuda de uma bengala que parecia ser menor do que o tamanho necessário. Logo, a senhorinha estava mais curvada que o normal.

Assim que chegou até a porta, a velhinha entregou um pacote para Ren.

-Por favor, minha filha, entregue isso para a minha nora. Ela mora daqui a uns 20 minutos caminhando, mas como você pode ver... – ela deu uma batidinha na própria lombar. – Eu não consigo andar muito.

Sem sorrir, Ren olhou para a senhorinha e arqueou uma sobrancelha:

- Mas por que você não comprar outra bengala? Essa tá pequena.

-Porque essa bengala era do meu falecido marido. Quero uma lembrança dele.

Ren não disse nada diante desta afirmação. Ela pegou o pacote e ergueu a mão para a senhorinha, como forma de despedida.

Diferente do que costumava fazer, Ren não foi correndo até o destino. Ela andava e olhava para a Vila da Pedra e para as pessoas. Pensava se alguma delas perdeu alguém durante a grande carnificina que havia ocorrido. Será que a maioria delas sabia o que havia se passado?

Ren olhou o pacote em suas mãos e ficou pensativa enquanto andava. Se ela fosse mais forte.... Não deveria ter ido naquela missão. Deveria apenas entregar pacotes, que é o que uma kunoichi sem talento deveria fazer.

Suspirou e engoliu o choro. Quando deu por si, já estava na porta da casa da moça para quem deveria entregar aquele pacote. A mesma abrira a porta e estava olhando Ren, curiosa e preocupada com a pequena menina.

Ren apenas balançou a cabeça e entregou o pacote.

- Sua sogra mandou.

Assim que a moça pegou o pacote de suas mãos, Ren a cumprimentou com a cabeça e virou-se para ir embora. Suspirou. Talvez essa fosse sua vida daqui pra frente.

Observações:

E mais uma manhã se iniciava na Vila da Pedra! Ren acordara um pouco mais disposta e foi andando até a academia ninja para pegar alguma missão que pudesse completar.

Após examinar o quadro, viu uma que chamou sua atenção e a menina partiu para o local indicado.

Ao chegar em uma pequena praça que possuía algumas mesinhas, Ren sentou-se em uma que havia um jovem de aparentes 9 anos de idade. Ele fez uma careta quando viu a menina:

-Eca, meninas são estranhas!

Ren fez a mesma careta e repetiu, debochada:

-Eca, meninos são estranhos!

O menino pareceu ficar irritado e deu uma bufada.

-Vamos logo começar isso para você ir embora.

Ren deu um meio sorriso:

-Concordo! Eu sou as peças negras!

Antes que o menino pudesse dizer alguma coisa, Ren já havia movimentado a primeira peça de xadrez.

Ambos ficaram pelo menos uma hora jogando, completamente absortos nas estratégias que cada um utilizava. O menino, antes confiante de uma vitória fácil, começava a não ver saída diante das estratégias de Ren.

Quando passava do meio-dia, Ren tinha uma grande quantidade de peças brancas de seu lado, roubadas de seu adversário.

Emburrado, o menino tentou mais uma jogada. Por alguns segundos, Ren ficou olhando o tabuleiro, estudando as jogadas que poderia fazer. Por fim, deu um sorriso felino e movimentou a Torre:

-Xeque mate!

Um berro foi ouvido pelos transeuntes: o menino ajoelhou-se no chão e e escondeu a cabeça nas mãos. Ficou alguns minutos chorando e reclamando da vida. Ren levantou-se e tentou cutuca-lo, mas ele logo afastou a menina.

-Você deveria ter deixado eu ganhar!! – ele esbravejou, irritado.

- Mas foi você que pediu uma boa partida de xadrez! Tava escrito no seu papel! Nada de deixar ganhar!

Ren cruzou os braços. Esperou o menino recompor-se. Assim que ele o fez, o mesmo acabou por agradecer a partida e Ren foi embora para a casa, enquanto ouvia seu estômago roncar.

- Quem é que pede um shinobi pra jogar xadrez?

Deu os ombros. Pelo menos tinha sido divertido.  

Observações: