Maeda

Após cumprir diligentemente com a entrega do relatório referente à primeira etapa de minha ronda diária aos superiores no posto de atribuição de missões, iniciei o trajeto rumo à periferia da aldeia da Névoa. A segunda parte de minha tarefa diária me esperava, um desafio ampliado pela densa névoa que o inverno trazia consigo, tornando a vigilância um exercício de observação e atenção redobrada. Embrenhei-me na zona limítrofe da aldeia, uma área que havia sido cuidadosamente verificada na semana anterior. Essas rondas externas eram rotineiras, parte da responsabilidade de todos os shinobi, independente de seu nível ou posição na hierarquia da aldeia. Apesar da frequência dessas missões, ainda me encontrava em um processo de adaptação à essa rotina, muitas vezes procrastinando até o último momento possível antes de resignar-me a completar a tarefa. Contrastando com as rondas internas, onde o encontro ocasional com os moradores ou a observação das ruas movimentadas inseria um elemento de variabilidade, a vigilância na zona externa se caracterizava por sua tranquilidade quase monótona. À exceção da vida selvagem, pouco movimento era notado, tornando a experiência mais isolada e introspectiva. A essência dessa missão residia na observação e na documentação precisa do tempo empregado na preparação meticulosa do relatório subsequente. Tudo isso antecedia meu retorno ao posto de atribuição de missões, onde me reportaria mais uma vez, fechando o ciclo de minhas obrigações diárias. Em um momento de anseio silencioso, quase como se meu ser interior rogasse por um desvio na rotina que me circundava, fui bruscamente tirado do torpor pela audição de um grito agudo clamando por auxílio. De supetão, meus sentidos buscaram se aguçar, impulsionando-me em direção à origem daquela súplica. O que encontrei foi uma visão que imediatamente despertou minha compaixão: uma garota, perdida, sua tenra idade rondando os sete anos, isolada na vastidão que separava a aldeia da natureza selvagem — O que você está fazendo aqui, mocinha? — indaguei, reduzindo a distância entre nós com passos cuidadosos, a fim de não intimidá-la ainda mais — Eu me perdi dos meus amigos, moço. Eu quero voltar para a minha mamãe — Sua resposta, entremeada de soluços, tocou meu coração com uma mistura de tristeza e uma doçura involuntária que me envolveu em uma onda de afeto protetor. Sem hesitar, ergui-a em meus braços, prometendo-lhe segurança — Vou levar você de volta para sua mãe — assegurei, antes de me apressar em cumprir minha palavra. A agilidade com que a conduzi pelo caminho de volta à aldeia era movida pelo dever e por uma sensação inerente de responsabilidade para com aquela jovem alma. Após garantir que a pequena fosse reencontrada pelos braços acolhedores de sua mãe, voltei à tarefa de documentar o ocorrido. O relatório, embora rotineiro em sua essência, carregava agora a marca de um interlúdio humano profundamente tocante.