Depois de fazer um discurso para os moradores de Otogakure no Sato, como combinado com aqueles que queriam colocá-lo na linha, Nathaniel pediu autorização para fazer uma viagem bem rápida para Konoha, para ir ao enterro de seu irmão, sendo concedido a ele como um gesto de boa vontade pelos donos da vila. Seria uma única viagem de trem, e depois retornaria sozinho para o País do Som. Todos seguiram para a vila, onde o funeral era preparado, sendo que o corpo de Abraham foi levado antes para a vila, enquanto os de Azarian e Kamaitachi foram levados aos seus entes queridos. Dentro do cemitério, havia uma sala onde o corpo do Grey da Luz era exposto em um caixão, enquanto sua foto ficava pendurada em um quadro. Nathaniel olhava para o quadro, com o semblante fechado, ao lado de B.A e Kiara. ── Como isso pode ter acontecido? Por um momento, estávamos por cima, desafiando as regras, conquistando as massas. Agora estamos separados, divididos. Talvez ter separado os Garotos tenha sido um erro. ── falou baixo para o amigo, que encarou-o com seriedade. ── Não faça isso consigo mesmo, garoto. Não fique se culpando por algo que não tem a ver com você. ── os dois ficaram se encarando por alguns segundos, mas o Sannin não conseguia dizer muita coisa. ── Tudo isso foi por causa das coisas que eu disse, das pessoas que eu afrontei. Talvez eu devesse ficar na minha, cumprir minha penitência e, quem sabe um dia, voltar para cá. ── falou para o Akimichi, com pesar.

── O B.A tem razão, Nathaniel. ── Ravenna apareceu atrás dele, usando roupas violetas e um véu na cabeça, simbolizando o estado de luto. Ela se vestia igual sua mãe e sua irmã, com a diferença que elas usavam roupas escarlate. B.A olhou para os dois e pediu licença, deixando os dois a sós, assim como Kiara, que caminhou até a mãe e irmã do seu mestre. O carteiro agradecia por ela estar usando véu, pois não conseguia olhar em seus olhos. ── Eu… Eu sinto muito. Isso foi tudo culpa minha… ── pediu perdão bem baixinho, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Ravenna lhe deu um tapa no rosto que estalou sobre a sala, chamando a atenção de todos. O Sannin não entendeu nada, até que a viúva levantou o véu sobre o seu rosto. ── Seu irmão pediu que eu fizesse isso com você, antes dele partir. Ele disse que você se culparia, que abaixaria a cabeça e renderia-se aos nossos inimigos. Antes dele morrer, ele disse que me amava, e pediu que eu dissesse a mesma coisa para os seus irmãos e a sua mãe. ── enquanto ela falava, podia-se ouvir o choro de Elleanor e Rachel no fundo da sala. ── Mas ele disse que tinha um recado só para você, Nathaniel, que se resumia em duas palavras: “Continue lutando.” Ele não queria que você parasse de lutar por causa do que houve, então NÃO PARE! ── ela disse as últimas palavras em lágrimas, sendo abraçada pelo cunhado, que afagou a sua nuca e as suas costas, em um gesto de carinho.


“Boa noite a todos. Primeiramente, eu gostaria de pedir perdão pelo incidente ocorrido na tarde de hoje, onde eu acabei perdendo o controle da criatura que reside dentro de mim e deixei que ela assumisse o meu corpo. Quero dizer que estou em treinamento constante para mantê-la sobre meu jugo, e que eventos como esse não irão se repetir. Venho aqui agradecer aos que me escolheram para liderar esse vilarejo rico em histórias e recursos, e prometo fazer a decisão deles valer a pena, não interferindo em seus negócios e garantindo que haja prosperidade e trabalho para todos aqueles que buscam ganhar a vida pelo suor do seu trabalho. Também agradeço o meu antecessor por ter feito um ótimo trabalho na manutenção desta vila, e desde já eu prometo continuar o seu legado, fazendo a lei se cumprida e a vila operando. Obrigado a todos.”

Enquanto caminhava em direção a um grande campo aberto, carregando o caixão de Abraham junto com Ezekiel e antigos colegas de Abraham, o Yonin lembrava-se do discurso feito em Otogakure no Sato, um dia antes de partir para Konoha. Podia ver os olhares vazios da população conforme repetia as palavras escritas por outras pessoas, pessoas com grande poder e com muita influência, pessoas que não queriam que os seus negócios fossem afetados pelos votos de revolução de Nathaniel. O caixão de Abraham era colocado dentro de uma carroça fúnebre, enquanto palhas e pedaços de madeira em colocados embaixo dela, servindo como combustível. Dentro da carroça, diversos pertences do falecido, como roupas, acessórios e até a sua bandana de Konoha. Uma tocha foi acesa, e Elleanor a segurava por alguns segundos. Ela então caminhou em direção ao filho Nathaniel, segurando em sua mão, tirando o véu do rosto e a olhando com um misto de amor e tristeza, fazendo carinho em seu rosto.

── Você é o mais velho agora, meu filho. Você deve fazer isso. ── colocou a tocha em sua mão. Ele respirou fundo, caminhando lentamente em direção a carroça, olhando uma última vez lá para dentro, acendendo a palha e a madeira embaixo dela, incinerando-a aos poucos. Todos ficaram observando a carroça começar a pegar fogo, enquanto o Grey ficou alguns segundos ali, longe de todos, um pouco mais próximo da grande fogueira que se formava. Não haviam lágrimas em seus olhos, mas o seu sofrimento era visível. ── Abraham, um dia eu prometi que mataria você pela morte do Goji, mas nossos caminhos se entrelaçaram novamente, e voltamos a ser irmãos. Então, como seu irmão mais novo, eu faço uma promessa a você: eu matarei todos os que foram responsáveis pela sua morte. ── disse em voz baixa, para que ninguém pudesse ouvir. Foi a última coisa que fez ali, antes de retornar para Otogakure no Sato, não ficando para as celebrações que seriam feitas ao seu irmão após o seu funeral, nem ao menos visitando o Hokage. Não poderia ficar muito tempo em Konoha, pois tinha que cuidar de Oto, que agora era o seu novo lar.