Através de um barco o Hattori chegou nas floretas dos elfos, ali ele começou a se sentir mais em casa, mas tudo ali estava diferente, não era assim que ele se lembrava de Silvermoon.
- O que aconteceu com esse lugar? – Murmurava para si mesmo.

Resolver avançar para mais ao centro das terras dos Greys, mas ao se aproximar da entrada da praça principal foi abordado por Greys de armaduras.
- Parado aí jovem Hattori, o que faz aqui nas terras dos Greys? –
Shion erguia em sua mão um selo, era um símbolo da família real.
- Vocês não me reconhecem? Eu sou filho de Daelin Grey e Azs- Katarina Grey –
Os guardas confirmaram a veracidade do selo.
- Quem é você e como um Hattori conseguiu essa marca? –
Shion insistia. – Eu sou um de vocês, eu cresci entre vocês. –
Os guardas se olhavam confusos, enviavam um sinal para a central.
- Senhor, tem um Hattori aqui na porta, ele tem um símbolo legitimo da família real. –
Da central uma voz falou. – Escolte ele até aqui, não deixe ele se aproximar da população. –
Os guardas se aproximaram de Shion e o alertou. – Você poderá entrar, vamos precisar de sua cooperação para não interagir com os Greys, não é comum recebermos estrangeiros aqui. -

Shion os acompanhou mas estava mais confuso do que antes.

Acompanhado de Greys ele foi levado até uma sala cheia de autoridades, posto sentado em uma cadeira de frente a membros do alto escalão do elfos.
- Você... – Murmurava um dos oligarcas. – Como um criminoso de nível S tem acesso a essa marca? –
Shion mexias as mãos um pouco incomodado com o tal interrogatório. – Porque eu sou da família. – Disse ele em um tom mais confiante. – É confuso, mas quando garoto eu fui adotado pelos Greys, minha amiga... Katsura Grey, ela me encontrou ferido a beira da morte e me salvou com o seu sangue. –
Um alto som de suspiro e surpresa, mas um deles se levantou irritado. – Heresia! - Seu tom autoritário chamou a atenção de todos inclusive de Shion, mas o Grey continuava.
- Um Grey jamais lhe darei seu bem mais precioso a um... a um... a alguém da sua espécie. –
Shion se levantou irritado. – Como assim da minha espécie!? – Todos os guardas se levantaram tomando a frente, ele se acalmou e tentou explicar.
- Hoje eu sou sangue do seu sangue, e só quero uma coisa, eu quero uma audiência com a água da verdade, após isso eu prometo partir e nunca mais me verão novamente. – Dito na língua nativa élfica.

Um Hattori mestiço que dominava os dialetos Greys era algo impossível, o selo que ele possuía não poderia ser roubado, o sangue dos Greys que corria entre as veias dele não pode ser tomado e sim dado de boa vontade, os Greys não poderiam ir contra isso, eles não poderiam negar um pedido para alguém da família.

Mais calmos um dos oligarcas perguntou curioso. – O que busca encontra nas águas da verdade? –
Shion sorriu como uma criança inocente. – Saber se eu estou ficando louco ou o mundo está, eu só quero saber quem eu sou, o que eu estou fazendo aqui, porque a pessoa que eu mais amava me machucou tanto, eu só quero saber o meu lugar. -

Ele teve seu pedido atendido, acompanhado dos Greys e mais alguns curiosos ele seria levado ao local das águas da verdade, no caminho ele não deixou de notar a divisão de casas, um lado representados os Elfos da Luz e o outro os Elfos da Escuridão, ele sorriu de lado e seguiu o caminho.

Uma grande porta foi aberta e a sua frente estava as sagradas águas da verdade, ele se aproximou um pouco mais dela, mas foi advertido.
- Jovem Grey, Hattori ou sei lá como você prefere ser chamado, as águas exigem que você entre nelas como veio ao mundo, nenhuma veste mortal deve ser usada. –

Shion retirou suas roupas até ficar com o seu corpo completamente despido, caminhou com seus pés descalços e humildes de frente a aquela nascente, se ajoelhou perante elas e conjurou.
- Eu suplico, me diga quem eu sou... –
Ele abriu os braços olhando para cima, e sentiu o local tremer, a água veio em sua direção o puxando para dentro, seu corpo foi lançado ao mais profundo sono, até atingir um local longe do plano terreno. Ao acordar ele via vários pedaços de sua alma espalhada, como se ela tivesse sido desfragmentada, a frente vários espelhos mostrando-o em várias vidas diferentes. Uma voz doce sussurrou. – Bem-vindo. -
Ele olhou buscando a pessoa responsável pela voz, mas não encontrou nada, então ele gritou.
- QUEM ESTÁ AI!? –
A voz o advertiu. – Meu rosto não é o mais agradável de ser visto por mortais, então eu sugiro ficarmos assim. –
Shion insistiu. – Não me assusta, revele-se –
A voz pertencia a uma criatura grotesca, seu rosto deformado, com parte dele em carne viva e a outra apenas ossos, outras partes queimaduras fortes pelo corpo, cortes e correntes o atravessando, Shion teve uma rápida reação de nojo, mas conseguiu manter a postura.
- Você é um demônio eu presumo... –
A criatura assumiu uma forma mais amigável. – Está na terra dos Greys, tudo aqui é obra do demônio, só não espalha é ruim para o marketing. –
- Admito que você não era bem o que eu esperava. –
- E o que você esperava? – Questionou a criatura.
- Deixa, eu queria entender, o que é essa coisa em pedaços, o que são esses nexus? –
- Sem preliminares...? – Provocava a criatura. – Esses pedaços são a sua alma, alguém ou alguma coisa muito poderosa, mais poderosa do que eu inclusive separou a sua alma em vários pedaços. –
- O que foi? – Perguntou o Hattori assustado.
- Não sei exatamente, mas tenho um palpite, e pode ser facilmente explicado pelos nexus a frente. –

Os nexus eram representados como espelhos que mostrava imagens, elas mostravam grandes períodos da vida de Shion, a primeira sua infância entre os Hattoris, um excluído, a segunda estava repartida em duas metades, a inferior era Azshara sussurrando em seu ouvido, ele colocando uma máscara e indo à caça, a superior era ele sentado sobre uma plataforma de água, ao seu lado direito Katsura sentada com sua mão em seu ombro, a superior ele parecia feliz, a inferior ele parecia triste. O próximo nexus ele estava vestido como um líder, o grande lobo em suas costas e ao seu lado os Hattoris, ele tinha uma imagem heroica, transmitia esperança, mas em um canto isolado dela existia um pai triste por está perdendo seu filho para a escuridão. A proxima eram uma sequência de imagens, mas era como se o mundo estivesse quebrado, uma hora ele se via lutando ao lado de pessoas, as vezes tudo se quebrava e ele estava lutando contra essas pessoas.
- O que significa tudo isso? – Ele gritou.
- Huuummm, se eu posso arriscar eu diria que você foi um rapaz muito confuso, teve uma infância humilde, sua adolescência você se dividiu em um amor de duas mulheres, quando escolheu a mulher certa conquistou o mundo, alcançou o topo, mas o topo te afastou de seu filho tornando ele um inimigo, mas essa última, ela se divide em dois períodos, isso é raro, coisas assim só acontecem quando alguém tenta mudar algo que não deveria ser mudado, e julgando o quanto a sua alma foi repartida, eu acho que você deixou alguém bem irritado. –

- O que significa isso, quais deles eu sou, qual eu deveria ser? Eu... – Ele olhava para suas mãos. – Eu sinto uma raiva, sinto uma tristeza em meu peito, eu olho para o mundo, mas o mundo não se parece com o que deveria ser, o que eu fiz? Quem eu irritei para fazer algo assim? –

A criatura ria das perguntas do Hattori. – Vocês são humanos são patéticos mesmo, quem é você, você é tudo isso, você foi um filho, foi um amante, foi um marido, foi um pai, foi um líder, você se tornou o norte de algumas pessoas uma vez, se sentia responsável por elas e quando se viu fracassar, surtou e jogou tudo pro buraco, quem brinca com o tempo o tempo desconta. – A criatura dava um tapinha nas costas de Shion. – Você soltou a criatura que futuramente você e seus amigos mataram e soltou a criatura que destruiu o mundo, mas relaxa, não se culpe por ser o cara que destruiu o mundo, isso acontece diariamente. –
A criatura mostrou pequenos fragmentos de vários mundos aos Hattoris.
- Todo dia algum espertalhão comete um erro em algum lugar nas infinitas terras e isso acaba desencadeando a destruição do mundo deles, é da natureza dos mortais, se o mundo permanecer destruído, otimo, o chefão cria um novo e tenta novamente, mas vez ou outra aparece uns caras metidos a sabichão e tenta brincar de Deus, esses caras que incomoda o cara lá de cima. –
- Deus! – disse Shion assustado.
- Xiii, cala a boca, não falamos o nome dele aqui. – A criatura tampou a boca dele. – Mas sim, você meu amigo irritou o cara lá de cima e como punição ele pegou seu bem mais precioso, sua alma e a repartiu em vários pedaços. –
- Como eu arrumo isso? –
- Ah é muito simples, primeiro você precisa sacrificar trinta virgens, beber o sangue de um coelho que vive na montanha dos sapos em seguida se banhar em um vulcão ativo. –
- Sério isso? –
- Não, eu to tirando com a sua cara, somente celestiais podem curar uma alma, entenda a alma humana pode ser destroçada, repartida em vários pedaços, mas nunca destruída, nem mesmo ele consegue, mas eu vou te dar uma dica. –
Todos os nexus desapareceram ficando somente um.
- Essa senhora aí que você chama de mãe, acho que você precisa saber um pouco mais dela. –
A criatura acessou as memorias de Shion, ele viu Azshara várias e várias vezes o agredindo, o humilhando, mas em sua mente ele via aquilo como carinho, abraços.
- Olha, as pessoas costumam dizer que nos demônios não temos alma ou coração e somos seres malignos, mas nenhum demônio consegue ser tão cruel quanto aquela mulher, a forma que ela pegou sua cabeça e fritou várias e várias vezes e você ainda fazia tudo por ela para no fim ela simplesmente te descartar, sem falar dos abusos, dos estupros, você era um otimo brinquedo em. –
Shion via aquilo horrorizado, ele finalmente enxergou Azshara como ela realmente era, ele se prendia em misto de raiva, de dor, de tristeza, ele socava o chão, buscava respostas, tentava entender como ele foi tão burro, como ele deixou essas coisas acontecerem com ele, mas antes de terminar de sofrer a criatura deu o gatilho final.
- Esqueci da melhor parte, sua família, exceto seu mais velho Shaka, todos os demais estão vivos. –
Em lagrimas ele olhou para a criatura confuso.
- ME MOSTRA, EU PRECISO VER! –
O nexus acessou o outro mundo, ele viu sua filha Hope e ao rever ele se lembrou, se lembrou de ver Opus a matando, mas ela estava ali viva, ele viu seu bastardo Ayako, ele viu Angell, viu ela em Konoha, preocupada, olhando um colar, viu a pequena lobinha brincando com um rapaz que ele não lembrava o nome e por ultimo ele se emocionava vendo seus garotos mais jovens, eram gêmeos, mas algo ele buscou, tentou ver Katsura em tudo isso.
- KATSURA? Onde está Katsura? –
- Estranho, ela está viva, mas eu não consigo encontrá-la, é como se ela estivesse se escondendo de mim, mas eu tenho uma última memoria dela. –

Katsura conversava com Hope Hattori, ela parecia se preparar para algo.
- Eu ouvi a voz de seu pai, eu não sei como, mas eu ouvir. –
Hope tentava conversar com sua mãe. – Mãe... faz tanto tempo, você mesmo diz que buscou ele e nunca encontrou nada, o papai morreu. –
- Eu preciso ter certeza, Shion já enganou a morte antes, se existe uma chance mínima de ele está vivo eu preciso tentar... –
- Ir para a outra terra, a gente prometeu, o papai fez de tudo para limpar a mente deles de nós, se as pessoas verem você la, você pode colocar tudo a perder. –
- Não vão, eu vou me esconder. –

- Essa foi a última coisa que tenho dela, estranho, achei que só celestiais pudessem se esconder de nós. -
Shion se sentava no chão, olhando para cada um dos seus filhos, se emocionava com sua família, mas olhar para Azshara trazia a raiva de volta.
- Onde eu encontro Azshara Grey? –
A criatura curiosa o perguntou. – O que vai fazer se a encontrar? –
- Eu vou esfolar os ossos dela. –
- Posso te ajudar com isso. -
Ensandecido de raiva ele deixou claro o que queria. – Eu quero vingança, sem leis, sem regras, me bota na direção certa e saia do meu caminho. –
- Meu garoto. – Provocava a criatura. – Ela está em uma cidade submersa, conhecida como Nazjatar. –

Antes de partir Shion perguntou. – O que te devo? –
A criatura sorriu. – Relaxa, você já me pagou. –
- Como assim? –
- A cada segundo que você passa aqui eu ganho um dia de sua vida, enquanto conversamos por alguns minutos, lá fora se passaram dias ou até meses. –
Shion sorriu. – Foi bom fazer negócios com você -