Passaram-se dois anos desde que o mundo tinha sofrido com a noite mais escura e mesmo que tanto tempo tenha se passado, o clima de luto permanecia pairando por entre as ruas das muitas vilas espalhadas por aquela vasta terra. Muitos ainda sofriam com a perda de deus entes queridos e aqueles que não mais sofriam, apenas viviam suas vidas tentando sempre lembrar das melhores memórias daqueles que se foram.

Nezuko felizmente não tinha perdido ninguém de sua família, mas ter visto todas aquelas pessoas morrerem não tinha feito muito bem a ela. Passou os dois anos tentando seguir a vida, fazendo missões e mais missões, uma atrás da outra, treinamentos ainda mais pesados do que já fazia, mas nada disso supria aquele vazio que insistia em permanecer dentro dela. Decidiu então que precisava de novos ares, talvez ver que muitas pessoas ainda estavam vivas e que davam continuidade a suas vidas a ajudaria a melhorar, além de poder conhecer coisas novas e até jutsus novos.

Conversou com seus tutores e após concordarem foi até o Raikage pedir para que pudesse ser liberada para fazer uma viagem por algumas vilas mais próximas, explicando o porquê de seu pedido e caso fosse liberada partiria no mesmo dia. O caminho era longo, mas a menina também não se importava de ir rápido, afinal não estava em nenhuma missão e não tinha pressa de chegar seja onde fosse que estava indo.

Os dias foram se passando e a Hyuga continuava a viajar enquanto observava as pessoas à sua volta, muitas ainda demonstravam tristeza, mas outras já pareciam levar a vida normalmente como se metade do mundo não tivesse morrido. A primeira vila a visitar foi Shimogakure, uma vila onde os moradores tiveram que evacuar para Konoha na quarta grande guerra ninja para que o local pudesse servir de campo de batalha.

Quando saía do local se deparou com um senhor que parecia beirar os setenta anos. Repentinamente ele a parou e permaneceu a encarando por alguns segundos antes de finalmente começar a falar.

-Menina, não se deixe levar por aqueles que foram. Os que se foram eram importantes, afinal toda vida importa, mas lembre-se que ainda temos que lutar por aqueles que ficaram. Treine e busque ficar cada vez mais forte para poder proteger os que ficaram, não deixe que a metade do mundo tenha perdido a vida em vão, use isso como combustível e se torne mais forte - e do mesmo jeito que a parou, voltou a andar. Mesmo que a menina insistisse, ele não parava de andar e logo desapareceu por entre as árvores da floresta.

Nezuko continuou sua viagem, com as palavras do velho ecoando por sua mente e quanto mais via as pessoas que tinham permanecido, mais aquelas palavras faziam sentido. O que iria adiantar ela ficar choramingando por ter sido fraca e não melhorar isso para salvar a humanidade que ainda restava? A Chunin passou mais algumas semanas viajando, aprendendo coisas novas e observando como a vida seguia.

Depois de quatro semanas passadas ela estava no caminho de volta a vila, mesmo que não tivesse passado por muitos lugares, tinha visto que todos faziam um grande esforço para que a vida continuasse, não normalmente, mas o menos anormal possível. Ver aqueles que perderam grande parte de seus familiares recomeçando a vida só a fazia entender que ela era sortuda e sua família continuava viva, ela tinha que seguir por isso e por aqueles que faziam esforço em seguir a vida. Poucos dias se passaram e finalmente ela entrava pelos portões de Kumo novamente, indo em direção a sua casa.

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