A noite de Togyuu, apesar do calor intenso, estava relativamente agradável. Havia recebido uma importante missão diretamente das mãos do Hokage, ou melhor, quase que diretamente. Carregava consigo a esperança de ganhar um belo jantar com a bela assistente da Sombra do Fogo. Sua mãe, e mais importante dos motivos, mantinha o quadro de saúde estável. Tudo corria bem ao seu favor para que pudesse finalizar aquele trabalho com sucesso.

Próximo à fronteira com Tonika Mura, o Yuki pegou o pergaminho dado pela Nara e o abriu calmamente. Com atenção, analisou todo o mapa da vila e as demais informações. Após a análise inicial, guardou o papiro novamente em suas vestes e caminhou tranquilamente em direção à entrada do vilarejo. Conhecendo o tipo de pessoa que seu líder era e o pedido da kunoichi, tentaria abordar a situação de forma que não houvessem conflitos e, muito menos, mortes.

“Ótimo, acho que eles podem me ajudar”, pensou no momento em que avistou três rapazes próximos ao portão da vila. Todavia, durante a tentativa de se aproximar, foi surpreendido pelo surgimento repentino de outros dois. O primeiro, parou à sua frente com uma kunai apontada em direção ao pescoço do platinado. Já o segundo, deixava a lâmina de sua katana encostada nas costas do Yuki, impedindo-o de fazer qualquer movimento brusco. Imediatamente, percebendo o estranho movimento, os outros três, armados com kunais e shirikens, juntaram-se ao grupo e formaram um círculo ao redor deles.

— Quem é você? — Questionaram.

“Eles me parecem bem treinados”, refletiu ao observar a formação dos defensores. — Venho em nome do Hokage para transmitir uma mensagem à seu líder. É uma conversa pacífica, não estamos interessados em confusão. — Informou-os.

— Não temos nada a tratar com Konoha. — Disse o homem que estava atrás de Togyuu. Imediatamente após sua fala, o mesmo iniciou um movimento para trás com o braço afim de golpear o invasor com sua katana. Entretanto, a lâmina foi barrada por um círculo de gelo que surgiu exatamente no local do impacto (Manipulação 1/2 – Rank C). Sem entender muito bem o que estava acontecendo, o guarda não teve agilidade o suficiente para reagir ao gelo que rapidamente avançou pelo chão e congelou seus pés (Ice Release: Frozen Capturing Field). Do mesmo modo, os outros quatro homens também ficaram presos.

— Me desculpem, mas não posso deixar que vocês atrapalhem. — Indagou, iniciando uma investida contra o primeiro adversário e o golpeando fortemente da nuca de forma que pudesse deixá-lo desacordado. Os demais foram eliminados com o mesmo golpe.

Seguindo para o interior do vilarejo, o Yuki pode perceber um pouco de como andava a vida daquele povo. As construções pareciam antigas e que estavam abandonadas; a iluminação era precária, tendo raros postes do luz; o odor do bueiro era extremamente desconfortável; ratos corriam por cima dos muros e reviravam os lixos espalhados pelas ruas. Era um cenário caótico e um prato cheio para uma série de doenças. “Eles precisam de ajuda”, afirmou.

Mais para o centro da vila, onde as condições pareciam um pouco melhores que as anteriores, Togyuu avistou uma taverna na qual o fluxo de pessoas era grande. Devido ao movimento, o jovem resolveu adentrar o estabelecimento à procura de mais informações que o levassem ao seu objetivo.

Tentando não parecer um completo estranho, sentou-se ao balcão e solicitou uma bebida. Ao receber o caneco, pediu pela atenção do atendente e, em tom de voz baixo, perguntou sobre a procedência do líder da vila. No mesmo instante, toda a taverna se calou e dois homens, um pouco mais velhos que o próprio Yuki, se aproximaram e ficaram em pé atrás do jovem. — O que f… — Antes que pudesse completar sua fala, porém, Togyuu foi golpeado por um soco no rosto, caindo rente à mesa ao lado. “De novo isso! Esse povo não sabe mesmo conversar…”, reclamou enquanto se levantava. O adversário, querendo não dar chances para o platinado se levantar, avançou novamente. Porém, dessa vez, o shinobi conseguiu desviar do golpe com um hábil rolamento para a esquerda, completando o movimento com dois salto para trás de forma que ganhasse um pouco de distância dos inimigos.

— Tenham um pouco mais de respeito por elas lindas damas que estão aqui, vocês podem acabar as machucando. — Disse.

O outro homem, após uma breve sequência de selos, praticamente saiu do campo de visão do Yuki e apareceu, instantes depois, a poucos metros dele, pronto para golpeá-lo com um chute. “Conheço essa…”, pensou. Rapidamente, o shinobi criou um espelho de gelo atrás de si e pulou para dentro dele. Aparecendo novamente, através de um outro espelho, atrás do primeiro adversário (Makyō Hyōshō). Durante o movimento, aproveitou para infundir o seu chakra especial com gelo no chão e o trouxe-se para superfície, aprisionando o inimigo dentro dele (Hyōrō no Jutsu).

— M-meu irmão! — O outro gritou, apavorado. — O que você fez, desgraçado?

— Irmão? Espera. — Togyuu inclinou o corpo para frente, observando o rosto do rapaz preso em seu gelo. Após alguns segundos de análise, o jovem caiu na gargalhada. — É realmente igualzinho a você.

— Eu vou fazer você pagar por isso, desgraçado!

— Você só sabe falar essa palavra? — Provocou. — Mas se eu fosse você, não tentaria mais nada. Se ele gelo for quebrado, seu querido irmão será partido em pedacinhos. Não vai querer isso, não é? — O Yuki dava pequenos tapas na escultura formada, para desespero do outro homem. — Eu não quero levar isso para frente, só quero falar com seu líder. Leve-me até ele e eu irei liberar seu irmão, não estou aqui para executá-los. — Sem muitas opções, o homem apenas acatou ao pedido de Togyuu. Cuidadosamente, ele pegou a escultura de gelo do irmão e, à passos lentos, caminhou até o pequeno quartel general onde o líder da vila estava hospedado.

Ao chegarem, o líder estava sentado em uma cadeira no centro de uma sala, curtindo alguma saborosa bebida alcoólica. Entretanto, ao reparar na presença dos dois rapazes e do corpo congelado, se levantou às pressas e furioso.

— Mas que merda é essa? — Questionou.

— S-se-senhor m…

— Vocês precisam aprender a tratar as visitas com um pouco mais de respeito. Não vai nem me convidar para beber contigo? — Respondeu, despreocupado. — Me chamo Togyuu Yuki e sou um shinobi de Konohagakure no Sato. Acredito que você deve ser o líder desta vila, correto? Estou à mando do Hokage para tratarmos da possibilidade de anexar  Tonika Mura às terras de Konoha.

— Você está perdendo o seu tempo, nunca iremos servir à alguém. Meus homens foram orientados a tratarem qualquer viajante das grandes vilas como invasores, justamente por não queremos conversa.

— Sou apenas um e todos os seus homens falharam miseravelmente. Imagina se uma das vilas decide vir com um exército? Vocês seriam dizimados. — Respondeu, aproximando-se da mesa do líder e puxando uma cadeira para se sentar. — Posso me servir? — O homem nada disse, porém não impediu o Yuki. — O Hokage me mandou sozinho justamente para que não houvesse guerra, estamos interessados em uma negociação pacífica. Seus homens me atacaram em duas oportunidades desde que eu cheguei em sua terra, porém eu apenas me defendi. Sequer feri gravemente algum deles. Precisa de uma prova? — Levantou-se e caminhou até o congelado. Após colocar a mão sobre ele, rapidamente o gelo foi extinto e o corpo do rapaz liberado. — Viu? Enfim, em poucos metros que andei aqui dentro, eu pude perceber que sua vila vai de mal a pior. Seu povo vai ficar doente muito em breve e, sem pessoas qualificadas, todos irão acabar morrendo. Konoha pode evitar isso. Se concordarem com as condições, poderemos oferecer investimentos, trabalhos, proteção, cuidados médicos e muitos outros benefícios. Mas, se recusarem ou se algo acontecer comigo, certamente irão optar por utilizar a força. O que me diz? — Finalizou, pegando o pergaminho em seu bolso e entregando ao homem.

Após refletir por alguns minutos, o líder pegou uma caneta que estava sobre sua mesa e assinou o documento. Porém, antes de entregá-lo à Togyuu, abriu um grande sorriso maléfico. — HOMENS! — Gritou.

“Que pena!”, lamentou. Antes que os dois defensores conseguissem alcançá-lo, estacas de gelo surgiram violentamente do chão e os atingiram diretamente no coração (Hissatsu Hyōsō), ceifando suas vidas quase que instantaneamente .O proclamado líder teve o mesmo triste fim, ao ser travessado por um grande espinho na altura do peito enquanto ainda estava sentado. “Vocês poderiam ter evitado isso, era só me entregar o maldito papel”, pensou.

Ainda abalado pelo triste fim que aquela conversa levou, Togyuu levantou-se e pegou o papel assinado pelo ex-líder, colocando-o cuidadosamente em suas vestes. Durante o restante da noite, iria se preocupar em enterrar os corpos dos falecidos e esperaria pelo amanhecer. Pela manhã, direcionar-se-ia ao centro do vilarejo e chamaria pela atenção de todos, anunciando que a partir daquele dia  Tonika Mura estaria se tornando uma colônia de Konohagakure no Sato.

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