"I curse you forever in death"

Os últimos dias foram no mínimo incomuns, tanto para mim como para os cidadãos de Uzushiogakure que puderam presenciar atividades estranhas de minha pessoa. Tinha ideias diversas de como poderia prosseguir em minha carreira como ferreiro, uma vez que sempre utilizar as mesmas armas e artifícios estava se tornando algo maçante. Durante alguns dias, pensei em diversos modelos diferentes de armas e armaduras, mas o que verdadeiramente chamou-me a atenção fora um modelo que já havia proposto a mim mesmo antes que eu me tornasse um mestre da forjaria - Nnoitra. Era uma enorme arma com 2,5 metros de comprimento que já possuía rascunho e descrições completas, além de ter a ideia de esconder sua forma verdadeira através de sistemas de chakra que teria que montar para a realização de tal. Li e reli por diversas vezes as folhas que havia detalhadamente descrito a estrutura, funcionamento e outros detalhes de importância sobre Nnoitra, separando-os cuidadosamente em diversas categorias e tópicos os quais também adicionaria comentários e outras observações adicionais em páginas especiais, para que eu pudesse seguir uma linha fixa de como forjá-la corretamente sem que haja chances de erro. Seria o meu maior projeto até então, algo que se equipararia até mesmo a dupla de espadas lendárias do vento que se encontram em minha posse. Com conhecimentos avançados sobre geografia e a grande maioria dos materiais por ser um ferreiro, pensei em coletar uma grande quantidade de minérios semelhantes ao ferro em composição e resistência, apesar de mais leves no resultado final. Por ser uma arma com um formato incomum e também possuir um tamanho absurdo, sua força seria incomparável, bem como sua verdadeira forma. O nome de sua liberação não havia sido descrito por mim na primeira vez em que propus o modelo, mas o formato, habilidade e outros já haviam sido formulados e completamente descritos até nos mínimos detalhes, a fim de alcançar a perfeição. Então, por mais de uma semana, gastando cerca de um milhão de ryos no total para a coleta de todos os materiais, ferramentas e outros aparatos necessários para a criação de Nnoitra, decidi iniciar sua criação, apesar de estar com um pouco de dúvida. Havia gasto uma fortuna considerável para a criação de uma única ferramenta de combate que nem mesmo sabia se seria útil a mim ou não, mas isso já não mais importava. Tomei a decisão de fazê-la por conta própria e assumi os riscos da criação, e não tinha nenhuma intenção de arrepender-me ou voltar atrás, sabendo que as consequências disso estariam totalmente em minhas mãos. Ao menos, isso me reconfortava: Caso fosse uma arma inigualável em campo de batalha, eu com certeza seria reconhecido não só pelo meu próprio vilarejo, como também pelo mundo. Seria uma lenda da forjaria, um homem com um talento inalcançável - Mas meu objetivo era ser reconhecido em todos os aspectos, tanto como homem, tanto como um shinobi. Eu estaria no topo do mundo, acima de tudo e todos, até mesmo acima do que Shion Hattori. Estes objetivos concediam-me mais força para seguir em frente, e motivado a alcançá-los, iniciei a forja de Nnoitra. O martelo batia sobre os metais fundidos após serem derramados no gigantesco molde sobre uma mesa especial que também havia comprado especialmente para a construção desta arma, e durante várias horas permaneceria focado no único e singular objetivo de finalizar aquilo, não importasse o quão exausto ou desanimado eu estivesse, eu deveria pagar o preço para forjar Nnoitra, que seria um aspecto de meus próprios pecados. Aquilo seria muito mais do que uma simples arma, e sim seria também um reflexo parcial de meu próprio ser, um espelho da minha alma. Continuei o processo da construção de seu cabo e lâmina, realizando inscrições com chakra por alguns pontos em específico e também criando as correntes a partir dos metais fundidos, que tinham o propósito de ao mesmo tempo que oferecer uma resistência e força absurdas, também tinha o propósito de ser uma arma leve, para que pudesse ser manuseada das mais diversas maneiras sem prejudicar o seu usuário, o que a tornaria muito mais útil do que qualquer machado, martelo ou lanças. Seria uma verdadeira ameaça de guerra, detentora do pecado da fúria do dragão.

— "Já se passaram trinta minutos, e ainda nem comecei a forjá-la de verdade. Esta será uma arma única e incrível, estou depositando parte de minha alma em sua construção e espero que tenha resultados, afinal de contas, isso aqui reflete o meu ódio. Será uma Pecadora Solitária, submersa e oculta em um ódio oculto. Nnoitra...O meu aspecto da morte, é isso que ela representará para mim, a partir de agora. Sem mais hesitação, empatia ou qualquer outro sentimento que faça-me perder a linha. Eu escolhi seguir este caminho por conta própria, e as lâminas desta arma possuem o único propósito de ceifar vidas e devastar sonhos e esperanças - E assim farei, jamais traindo o propósito de sua criação. Mas...Será que essa é a escolha certa, ou estaria eu apenas dividindo o meu fardo com objetos inanimados na tentativa de livrar-me da culpa? Hm...Não tenho certeza." — Pensei, enquanto continuava a forja.

Olhei para os lados durante algumas vezes e logo depois voltei a fitar a criação de Nnoitra, que continuou em sua forma fundida durante vários minutos. No período em que o aço deveria resfriar um pouco mais para que eu pudesse dar continuidade a sua completude, reli o processo de inferir os mecanismos que ali deveriam ser criados - O crescimento da arma, junto a fusão de sua corrente com o corpo principal e a criação espontânea de uma lâmina inferior. O conceito de esconder a verdadeira forma de alguma coisa era algo bastante interessante e que poderia mudar totalmente o rumo de uma batalha, e para que isso pudesse ser colocado em prática, aguardei cerca de uma hora desde que parei a forja para que a estrutura da arma estivesse em condições de ser modificada. Quando assim aconteceu, aproximei-me mais uma vez e coloquei todos os meus conhecimentos em prática, realizando diversas "incisões" no metal e aplicando não só chakra como diversos outros materiais e diversos para que a estrutura pudesse suportar o poder de sua liberação, seguida pelo comando principal "Reze, Santa Tereza". Essa liberação não seria somente uma revelação de sua forma, como também seria sua Ressurreción, ou seja, estaria ressurgindo em seu mais puro estado, como a pecadora original consumida pelo ódio e sede de sangue. As horas passaram-se e tudo parecia ficar cada vez mais lento e chato, mas mesmo assim eu continuei seguindo em frente, forjando-a até os últimos detalhes e constantemente aplicando correções por toda a parte até que sua estrutura estivesse em perfeitas condições, bem como testando parcialmente o comando de ressurreição da arma, que por algumas vezes brilhava em chakra e parecia estar instável, o que indicava que tudo estava como planejado, mesmo estando em um estado inicial. O primeiro dia havia sido bastante produtivo, então decidi terminá-lo e passar para outros momentos a continuação da forja de Nnoitra, uma vez que aquilo exigiria um certo tempo para que finalmente fosse finalizada. Cerca de cinco dias foram completamente dedicados a sua forja, aperfeiçoamento de materiais, estrutura e completude/revisão de seus mecanismos de Ressurreción, para que eu pudesse enfim julgá-la como perfeita e pronta. Retirando-a completa do molde pela primeir avez, senti que apesar de verdadeiramente leve, aquela arma não poderia ser empunhada por uma pessoa mais fraca, e devido as minhas qualidades físicas naturais, eu não sentia dificuldades em balançá-la de um lado para o outro e causar até mesmo pequenas ventanias por conta da força e velocidade impostas nestes testes iniciais. Aquilo fez-me sorrir abertamente, pois sabia que finalmente havia alcançando o ápice não só da minha própria profissão, como também havia dado um passo a mais para alcançar a perfeição como um ser vivo. Aquilo era somente o promeiro passo para alcançar o topo, mas era um passo necessário e que mudaria tudo.

— "Está pronta...É assustador, sinto como se ela estivesse viva. Seu peso é agradável e sua força é titânica, sinto como se estivesse balançando um prédio de um lado para o outro com um potencial destrutivo incalculável. Não vou arriscar liberar sua Ressurreción, a quantidade de chakra que seria liberada poderia destruir minha própria causa e talvez causar danos a propriedades próximas e chamar a atenção de todo o vilarejo. Heh, quem diria...Eu temendo o meu próprio poder. Mas isso é óbvio, eu deveria temer a mim mesmo, acima de tudo....O homem que empunha a espada e não teme o seu próprio poder não é digno de empunhá-la, afinal de contas. O medo é um sentimento obrigatório, a coragem excessiva leva a imperfeição e fraqueza, por isso eu não ousaria realizar uma ação dessas por aqui..." — Disse a mim mesmo, antes de fincar as lâminas de Nnoitra no chão.

Suspirando e vendo que a simples fincada fora o suficiente para causar danos significativos no subsolo, finalmente dei as costas para retornar ao interior da casa e descansar. Aquilo havia exigido demais de minha pessoa, mas ao menos valeu a pena. Com Nnoitra em mãos, eu finalmente havia alcançado meu primeiro objetivo. Poucos nesta vila teriam a coragem de me desafiar, e mesmo que surgissem milhares de inimigos, eu seria vitorioso. Contra um, dois, mil...Um exército inteiro, haviam muito mais coisas a serem valorizadas...Mais do que a própria força.

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