Finalmente voltei à consciência. Meu corpo, apesar de anteriormente ter parecido exausto, aparentemente eu teria entrado finalmente em um consenso com aqueles sete. Talvez voltassem a aparecer, talvez fosse só algo momentâneo, mas eu estava de volta. Meu corpo certamente parecia diferente, não só visualmente como as sensações. Apenas eu poderia explicar aquilo: afinal, apenas eu teria conhecimento de minhas próprias sensações, mas ainda assim era difícil buscar palavras para elucidar aquilo. Com toda certeza eu sentia-me mais móvel, mais maleável e ao mesmo tempo mais firme, mais decidido sobre minhas concepções, pecados, demônios e ideais. Era, com tamanha certeza, uma sensação das mais estranhas e bipolares que eu nunca havia sentido antes. Meu corpo apresentava fios negros que dançavam por todo meu interior, porém isso não era ruim, muito pelo contrário: aquela sensação dos fios dançantes era tão prazerosa quanto qualquer outra sensação, até mesmo a de ter Morrigan a meu lado. Teoricamente isso seria ruim para mim considerando meu amor por aquela garota, porém aquela sensação dançante também trazia de volta as lembranças e sensações dela a meu lado. Era como se todas minhas lembranças, independente de boas ou ruins, fossem convocadas à minha mente para o tribunal dos Sete, onde todos aqueles pecados também sentiriam aquela sensação e, com isso, moviam-se os fios em meu interior com base na excitabilidade da lembrança em minha mente. Isso fez eu perguntar-me: - São então as lembranças e memórias que nos fazem vivos, que nos dão essa sensação de excitação assim como os fios trazem a dançarem em meu interior, excitando-se e dançando cada vez mais a cada lembrança que se passa, seja ela boa ou ruim, transmitindo arrepios e sensações de calafrios e calores, dependendo do impacto? - estava tão pensativo que havia falado isso em voz alta, sem nem ao menos perceber que havia feito isso. Por um momento, enquanto sentia aqueles fios a dançar e refletia sobre, percebi que Furuko estaria bem à minha frente agora que voltei à meu corpo. Levantei então o olhar e fitei seus olhos. Estes por sua vez traziam satisfação, muito provável por ter passado-me aquela "coisa" que eu não sabia definir, porém eu retornava o olhar com agradecimento. De fato, Saligia aparentava que teriam uma ótima relação comigo, então eu com toda certeza não temia nada nem sentia nenhum medo, apenas retornando o olhar ao mesmo, até mesmo esquecendo-me da missão que Hideyoshi e eu teríamos de realizar.

Finalmente teria eu terminado meu treinamento. Hideyoshi aparentemente também teria terminado o seu, juntando-se a mim. Tudo caberia apenas agora a nós, em nossa missão. Eu realmente me sentia diferente de antes, porém ainda tinha sentimentos pelo meu amigo. - Você ficou forte, Hidey... - falei, colocando a mão em seu ombro. - A algum tempo não nos vemos, não é...? Estava em uma viagem para tornar-me Tokubetsu Jonnin, acabei tornando-me Jonnin com tudo isso... e você, um monge, quem diria! - esperei ter uma boa relação amigável a falar sobre o que teria acontecido em nosso tempo distante, afim de iniciar a missão com o pé direito. ”Então esse é seu amigo? Você certamente é mais forte que ele, e ainda se encontra num cargo abaixo? Que tolice a sua, de ser amigo de um cara destes” disse Invidia. ”Cale-se, ele é meu amigo deste muito tempo. Você, um simples ‘pecado’, não entenderia” pensei, respondendo-o e acabando por chamar os outros pecados. ”Ora, mas Invidia tem razão. Onde está seu orgulho, garoto? Há! Não é à toa que eu deveria ter tomado seu corpo há muito tempo...” respondeu-me Superbia. Estressei-me tanto com aquelas tolices que acabei por respondê-los em voz alta sem nem ao menos perceber: - Calem-se!. Tentei parecer o mais normal e natural possível, como se nada tivesse acontecido. Afinal, aquilo não parecia nada demais para mim, não mais, porem Hideyoshi me acharia um louco? Eu não sabia dizer, mas também não me importava com isso.

- Adeus, Hidey-san. - despedi-me de meu amigo com um leve aceno com a mão esquerda. ”Você chama ‘isso’ de amigo? Facilmente mataríamos ele... ele parece se achar demais e eu odeio isso!” - disse Ira, com seu tom arrogante de sempre. - Ira... Saligia... agora não. Isso não é hora. Estou pensativo. falei, em voz alta. Virei-me para trás, na direção contra a de Hideyoshi. - Irei rápido, pois não tenho tempo a perder... preciso estudar meus poderes e forças. falei comigo mesmo. ”Você é realmente egoísta... Ignora os outros e pensa apenas nos seus próprios poderes... gostei disso em você” disse Avaratia, pensando em minha cobiça por poderes e minha ganância, ignorando os outros ao redor. Sorri de lado e comecei a concentrar-me. Senti aquele Chakra ao redor, porém minha absorção ainda era minima. Não conseguia utilizar aquele Chakra que absorvia para nada, pois minhas habilidades ainda eram ínfimas. ”Irei à floresta... talvez lá eu consiga absorver mais chakra e energia” pensei, iniciando a correr em direção à primeira floresta à vista, quase à velocidade máxima. Esperava chegar rápido e tentando sempre pegar atalhos por mais difíceis que fosse: afinal, desejava aprimorar até mesmo minhas habilidades em velocidade.

Eu não sabia se na verdade era minha velocidade que estava me cansando, ou alguma sensação estranha de perca de energia. "Eu não acabei de lidar com energias a meu redor e absorvê-las, mesmo que com uma imensa concentração? Por que continuo me sentindo cansado?" pensei, um pouco intrigado. "Porque você é obviamente fraco, diferentemente de mim" disse Superbia, com seu tom de deboche de sempre. "Ora, cale-se. Já mostrei que quem manda em vocês sou eu, e que eu absorvi vocês. Logo, sou mais forte" respondi-o, com tom de superioridade e liderança. "Heh! Assim você está até parecendo comigo. Continue... assim apenas fico mais forte!" disse, seguido de uma longa e maligna gargalhada. Parei por algum tempo. Estava sentindo minha energia se esvair ainda, e não sabia se a velocidade que eu estava indo era o motivo real disto. "Não.. não tem como ser. Já corri a velocidades bem maiores do que a que estou. Tenho certeza que isto tem haver com a absorção errônea de energia... preciso curar-me disto" respondi-me. Como sempre, um dos pecados vinha me atormentar e interromper minhas concentrações. "Você é esperto... mas será que é realmente capaz de cumprir com este desejo, de correr atrás desta ganância de curar-te? Eu sei como és fraco, afinal, estou dentro de você e consigo ler seu interior!" disse Avaratia, sempre trazendo à tona sua ganância. "Se não interromperes minha concentração, nem tu nem os demais pecados, eu vou conseguir. Agora cale-se, por gentileza" falei com sinceridade aos mesmos, afinal, não conseguiria nada tendo uma conversa em minha mente. Olhei a meu redor e confirmei que já me encontrava sozinho. Senti os ventos baterem em meu rosto e sentei-me ao chão. "Nem mesmo a floresta estou conseguindo encontrar... Acredito que Hideyoshi tenha levado o mapa consigo..." suspirei profundamente. "Se eu sentir o chakra da floresta... Será que consigo desta distância? Talvez se eu absorver as partículas de chakra à minha volta, conseguirei saber o caminho ao menos da floresta? Mas isso irá demorar demais se todas as vezes eu tiver que meditar..." pensei comigo mesmo. Como sempre, os demônios vinham falar, mas desta vez era à meu apoio. "Faça uma vez... eu irei observar você realizando esta 'absorção', e ajudarei a engolir o chakra que você tomar para si. Assim, poderei aprender a fazer isto, e absorver chakra enquanto você se apressa em direção à floresta sem nenhum problema!" disse Gula, como sempre esfomeado, seja por poder, chakra, energia, qualquer coisa. "Irei lembrar disso, Gula. Agora, irei tentar absorver a energia daqui e me regenerar" falei, fechando meus olhos e tentando absorver a energia ao redor.

A perca de energia aparentemente não cessava, e mesmo parado e de olhos fechados, minha visão aparentemente se tornava turva aos pensamentos. Minha cabeça aparentemente doía também e a concentração para absorver mais energia do ambiente de certa forma parecia estar piorando a situação. ”Mas por que diabos... isso não passa. Eu só fico mais tonto a cada vez que tento absorver mais...” pensei. ”Você já pensou que essa sua dor e tontura é por causa de você absorver muita energia de uma vez? Muito provavelmente você já absorveu tanta energia que não consegue mais manter nada em seu corpo, e isso lhe sobrecarrega” disse Acedia, um pouco cansado em seu tom de voz, como se até mesmo eles estivessem sobrecarregados. ”Você realmente acha isso? Mas se eu estivesse de ‘estoques’ cheios e completos, eu não conseguiria mais unir chakra, não é?” perguntei-o. ”Não seja bobo! Você vai conseguir unir sim mais chakra sim, mas não vai conseguir usá-lo. Isso porque seu estoque completo é um, a única coisa que você estará fazendo é comprimindo o chakra na mesma quantidade. O volume continuará o mesmo, mas a pressão aumentará, por isso o que você está sentindo acontece!” disse Superbia com seu tom arrogante de sempre, orgulhoso de sua esperteza e inteligência. Assim que ‘retomei minha consciência’, abri os olhos com a ideia já em mente: deveria impedir a absorção e controlá-la, fazendo com que o fluxo fosse constante entre mim e o ambiente, e não apenas para mim: isso que faltava para eu dominar por completo a absorção de chakra. Entretanto, antes de eu iniciar o processo, uma sensação estranha e um arrepio temoroso subiu pela minha espinha. Meus olhos se arregalaram e senti que estava sonhando acordado por algum instante: morte. Tudo que eu via era morte em uma guerra, como se aparentemente tudo à minha frente fosse tomado por uma infinidade de corpos pela floresta. Em algum momento do ‘sonho’, escutei a voz de Morrigan e me surpreendi mais ainda. Ela me chamava em direção à uma luz, uma luz divina, no fim do ‘túnel de corpos’ que se apresentava em minha frente. Poucos segundos se passaram do sonho e pisquei meus olhos. Tudo voltou ao normal. O céu azul, as árvores verdes: não mais tudo vermelho de sangue como era no sonho. ”O que... foi isso?” perguntei-me, mais surpreso ainda com o fato de ter ouvido a voz de Morrigan a me chamar, sentindo como se fosse possível ela estar viva ainda. Entristeci-me novamente pois sabia da verdade, ela não estava mais naquele mundo. Suspirei, e comecei a correr novamente em busca da floresta, porém desta vez tentando manter um fluxo de ida e vinda do chakra que eu absorvia, com o intuito inclusive de sentir a floresta e viajar em sua direção.

Eu sentia algo diferente, estranho no ar. Não parecia algo comum, a energia que eu absorvia era de certo impura, como se fosse idêntica à minha energia recém adquirida e maligna. Eu sentia algo que fazia meu corpo pesar de repente e, aparentemente, me sentia mal com aquela sensação. ”O que é essa sensação?! De onde está vindo...?” pensei. Novamente, Saligia voltava à tona, irritando-me como sempre: ”O que sentes é um poder muito maior que o seu para te assustardes deste jeito? Há! Devo dizer então que este vem de mim” disse Superbia com seu orgulho inalterado por aquela sensação maligna. ”Cale-se! Sei que esse sentimento não vem de você, muito menos de dentro de mim, há algo diferente no ar... e eu não gosto disso” respondi-o. Não sabia de fato se parava de correr à procura da floresta ou se continuava, pois aquilo estava começando a me incomodar e a atrapalhar até mesmo meu fôlego. ”Mantenha-se firma, seu idiota! Não estou dentro de um fracote, mostre-se forte!” disse Ira, irritado com a situação e a sensação de fraqueza que eu exalava. Todavia, não era culpa minha. Aquela sensação estava adentrando meus poros enquanto minha absorção de chakra ainda era impura, e eu nada podia fazer a não ser me acostumar com as impurezas até aprender a controlar esse “filtro”. ”Essas impurezas... estas são gostosas, porém estão me deixando um pouco fracos também...” disse Gula, aparentemente cansado com toda aquela situação também. ”Estou buscando uma forma de resolver isso, acalmem-se!” respondi-os, em alto e claro som. Como sempre, calavam-se a meus pensamentos fortes e apenas esperavam uma solução vinda de mim. Infelizmente, não havia nada que eu pudesse fazer no momento a não ser continuar sentindo aquela energia. ”Uma vez, Morrigan me imbuiu com sua energia, e eu sentia-a como se eu e ela estivéssemos conectados... como sempre estivemos. Se eu absorver essa energia.. será que conseguirei saber onde está consolidada essa energia negativa?” pensei e repensei. Sabia que talvez fosse uma ideia ruim, mas não sabia mais o que fazer. Parei de correr por algum momento e ouvi em minha cabeça Luxuria a elogiar-me: ”Foi uma ótima ideia, apesar de ser um pouco tola também. Mal posso esperar os resultados...”. ”Obrigado, Luxuria... darei meu melhor” respondi-a. Concentrei-me por alguns momentos a fechar meus olhos, e esperei até sentir aquele Chakra negativo novamente. Sentindo-o, iria tentar segui-lo na mesma velocidade anterior.