[CAPÍTULO] Ansiedade.

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[CAPÍTULO] Ansiedade.
[CAPÍTULO] Ansiedade.

Kurt Barlow

Jōnin

[CAPÍTULO] Ansiedade. 69bf39568cd726f24eb677d4fd1cf406

Dom 24 Mar 2024 - 7:47

HP: 725/725
CH: 3.025/3.025
ST: 00/07
SI: 00/50

Um ar gélido percorria por todas as suas entranhas. O inverno tinha chegado a vila da folha, mas dentro daquelas paredes grossas do que por muito pouco ainda pode chamar de lar, não era justificativa para esse frio que enfrentava dentro do seu próprio interior. Esse ambiente sempre acuou sua existência, desde dos seus sentimentos, até suas responsabilidades. Nem quando o sol da manhã penetrava por todas as janelas sua casa parecia iluminar. Tudo parecia tão escuro, as cores vividas do mundo lá fora, pareciam tornar em tom monótonos de cinza e preto lá dentro. O incomodava, sempre o incomodou, contudo, aceitou a realidade que vive. Ainda assim, essa sensação agoniante de hipotermia do seu âmago, não tratava-se de uma sensação comum desse âmbito. Na verdade, aquela sensação era ansiedade.

Esteve em diversas missões, entrou em confrontos com adversários fortes, dançou na palma da morte diversas vezes em prol da sua vida, só que nada disso o fez ficar tão ansioso como hoje. Por que sua incumbência atual, era a sua mais difícil. Matar ninjas, ver corpos de companheiros estirados, tinha estômago para isso. Agora para enfrentar seu próprio passado, sua própria vida, seus próprios problemas, não. Se pudesse, regurgitaria seu interior para fora. Dane-se tudo, não queria fazer isso. Até que a imagem do seu amigo se esforçando para fazer esse pedido rebate com força em sua mente. Ele tinha que fazer isso.

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Última edição por Kurt Barlow em Dom 24 Mar 2024 - 13:47, editado 1 vez(es)

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Kurt Barlow

Jōnin

Dom 24 Mar 2024 - 13:34

HP: 725/725
CH: 3.025/3.025
ST: 00/07
SI: 00/50

Seu velho estava em casa, como de costume preso dentro do seu local de trabalho, enquanto trocava marteladas com o ferro, fazendo seu trabalho, independente da qualidade do seu serviço proposto. Kuroro não sabia se ele teria bebido hoje, o cheiro de álcool que normalmente asolava a casa estava quase nulo, comparado aos dias comuns. Se estivesse sóbrio, possivelmente era uma boa oportunidade de criar uma base de conversa interessante.

O garoto então levantava-se da sua cama, e uma tontura já o acompanhava desde o primeiro toque ao solo. Sabia que não era uma enfermidade, apenas nervosismo do que estava por vir. Uma ânsia também afligia sua garganta. Iniciava seu caminhar, lento, torto e cambaleante.

O caminho até sua porta, feira milhões de vezes, que mesmo repetitivo, nunca tinha se impregnado em sua mente, exatamente por ser mundano demais, pareceu se esticar indeterminadamente. Pela primeira vez pode notar seu quarto com uma visão que não tinha tido antes. Continuava um local abafado com uma energia pesada, capaz de afundar a mente do jovem em pessoas memórias. Só que agora parecia mais detalhado, cada célula desde a madeira no chão, como a cor da parede, pareciam ter mínimos detalhes. E mesmo com essa sensação grotesca de não ter fim, manteve seu passo, até sair do cômodo.

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Kurt Barlow

Jōnin

Seg 25 Mar 2024 - 21:03

HP: 725/725
CH: 3.025/3.025
ST: 00/07
SI: 00/50

Para infortunio do jovem Kuroro, a situação se repetiu. Os corredores de sua casa que pareciam tão curtos, agora pareciam uma imensidão sem fim. Seus olhos não conseguiam enxergar o final, o frio que antes parecia penetrar apenas seu interior, espalhou-se para cada ponta do seu corpo. Se não estivesse em sua própria casa, lembrando com exatidão cada passo seu até seu quarto, possivelmente chutaria que está no pior tipo de genjutsu possível. Uma ilusão tão profunda e poderosa, que foi capaz de buscar nos confins da sua memória, o que há de pior em seu próprio mundo. Só que não era. Está era sua realidade que tinha que enfrentar. O único que podia enfrentar.

Seus passos ainda cambaleantes prosseguiam pelo corredor. Sua mente começou um preparar cenários, onde buscava uma melhor alternativa para expressar o que sentia. Em suas simulações, conseguia se expressar inicialmente, mas com o tempo parecia se perder. Nem em sua própria cabeça as coisas pareciam terminar de maneira favorável, contudo, seu estado já tinha chegado ao limite para recuar agora.

O barulho causado pelo trabalho do seu pai, apenas aumentava enquanto se aproximava. Aquele som que parecia até natural de tão acostumado estava, agora estava ensurdecedor, começando a atrapalhar completamente seus pensamentos. Uma dor de cabeça aguda se enfincou na parte frontal do seu crânio. Conseguiu encerrar o caminho, finalmente colocando sua mão na maçaneta do seu destino.

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Kurt Barlow

Jōnin

Seg 25 Mar 2024 - 23:03

HP: 725/725
CH: 3.025/3.025
ST: 00/07
SI: 00/50

Sua mão então deslizava pela maçaneta em um movimento circular, empurrando então lentamente a porta que gerava um leve rangido. Seu olhar baixo buscou então pelo solo primeiramente, deslizando até encontrar os pés de seu pai, subindo por seu corpo e por um breve momento, trocando olhares com ele. Nobunaga já encarava o seu filho na porta, mas ao encontro, rapidamente ambos mudavam o foco de suas visões. Um silencio sepulcral tomava conta do lugar. O homem que antes trabalhava, soltou por um instante seu martelo, o colocando de lado, enquanto tirava suas luvas e coçava por trás de sua cabeça, como se desejasse falar algo, mas não conseguiu. Os olhos de Kuroro encaravam uma parede qualquer, almejava por falar algo, também em vão. Ambos quase estáticos em uma situação que não imaginavam até segundos atrás ser capaz de existir.

O garoto então por um instante novamente focou sua visão em seu pai. Aquele homem estava claramente descuidado, um cabelo longo e negro, com fios duros e que não paravam deitados na direção capilar correta. Seus olhos afundados, deixando clara a falta de sono excessiva, causado pela enxaqueca constante advinda da ressaca. Bochechas sugadas, pele ressecada, em uma coloração mais albina do que deveria ser. Uma pessoa completamente irreconhecível da imagem do que um dia já foi.

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Kurt Barlow

Jōnin

Ter 26 Mar 2024 - 1:15

HP: 725/725
CH: 3.025/3.025
ST: 00/07
SI: 00/50

Com a visão da aparência defasada que um dia se orgulhou de ser filho, a determinação, mesmo que tímida que possuía em buscar o inicio de um dialogo, se esvaiu. Seus olhos novamente voltaram ao chão, seu semblante se encolheu, os lábios forçaram um no outro com uma leve tremida, seguido de um leve suspiro quase imperceptível. Sem dizer uma única palavra, aos poucos se movimentava para trás e com sua mão que anteriormente abriu a maçaneta, iria empurrando a porte novamente para o seu lugar.

- Ei... – Seu pai com uma voz fraca, chamava seu filho, ao perceber o desgaste em seu olhar e sua tentativa de sair dali. – É... Não tem nada para me falar? - Questionava na tentativa, mesmo que indireta, de incentivar seu filho. Nesses anos, também sempre teve o interesse de se reaproximar de sua criança. O momento em que Kuroro passou mal foi uma oportunidade única, que por ser fraco demais, tinha jogado fora. Arrependia-se disso, Nobunaga não queria deixar essa oportunidade passar novamente.

Kuroro levou um susto pelo chamado e pergunta daquele homem. Não podia fraquejar agora, esse momento não iria retornar em sua vida. Abrindo mão de fechar a porta, projetando novamente seu corpo para dentro do local e com um semblante sério, ele se abria – Sim. Eu qu-, eu preciso falar com você.

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Kurt Barlow

Jōnin

Ter 26 Mar 2024 - 2:34

HP: 725/725
CH: 3.025/3.025
ST: 00/07
SI: 00/50

Adentrando aquela sala, um calor subiu por todo o seu corpo, a ponto de cobrir o seu frio interno. Faziam anos desde a última vez que entrou naquele lugar, assim como o seu velho, havia sinais claros de desgastes e mau cuidados. Kuroro observava atentamente cada detalhe com uma nostalgia surgindo no seu peito, apesar da condição que se encontrava. Seu pai então puxou duas cadeiras, uma para cada. Sentando-se, esperando seu filho iniciar o que desejava falar. O garoto então caminhava para o segundo assento, posicionando-se, ainda com certa distancia. Novamente seu olhar fugia daquele a sua frente, sempre buscando o chão ou algum canto vazio. Seus dedos entrelaçavam entre si, enquanto buscava palavras que já deveria ter preparado. Sabia, entretanto, que mesmo que tivesse preparado um discurso anteriormente, nesse ponto da situação já teria perdido nos confins de sua mente.

- Então. – Sua visão fitava seu pai por alguns milésimos de segundos, posteriormente sendo desviada para um canto qualquer. Essa ação era repetida diversas vezes, em uma espécie de ciclo na busca do discurso ideal. Em meio a tantas questões não queria algo trivial, não ansiava por algo simples, queria ser sincero, queria algo que trouxesse seu coração para fora.

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Jōnin

Ter 26 Mar 2024 - 4:12

HP: 725/725
CH: 3.025/3.025
ST: 00/07
SI: 00/50

– Eu realmente não sei o que exatamente quero falar, não sei se é certo falar isso ou se há alguma solução. Tanto anos, entre olhares e silencio, parecia que eu não tinha mais você na minha e nunca mais o teria. Por um tempo, senti como se você estivesse morto para mim, talvez eu... eu... – um suspiro de tristeza – Queria que você realmente estivesse morto no lugar da minha mãe. – A expressão de Nobunaga não se alterava, desde o inicio mantinha um olhar meio triste para seu filho. – Não é como se eu te odiasse, mas suas decisões com certeza sim. Sabe, agora eu tenho dezesseis, já estou ficando velho o suficiente, enfrentei muita coisa como shinobi e tudo até certo ponto na minha vida, aprendi sozinho. Não apenas isso, toda minha conquista apenas pude comemorar sozinho, principalmente meus aniversários. Eu me esforcei tanto, mais tanto. – Uma lágrima começava a escorrer dos olhos de Kuroro, enquanto suas bochechas eram tingidas de vermelho – E eu não tinha ninguém para me dizer que fiz um bom trabalho. O que me motivou a todo esse tempo foi imaginar que a mãe estava me olhando de algum canto, ainda assim era uma merda estar assim solitário, sem algo físico, sem algo real. – Seus olhos agora estavam transbordados, sua voz tremula continuava o discurso, mesmo parecendo que um momento iria falhar.

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Kurt Barlow

Jōnin

Ter 26 Mar 2024 - 6:25

HP: 725/725
CH: 3.025/3.025
ST: 00/07
SI: 00/50

Em meio as lagrimas e soluços, seu discurso continuava intenso – Eu sei, eu também tenho uma parcela de culpa. Eu podia ter me esforçado mais para unir nossos laços, sei que você também estava passando por um momento difícil. Eu só não conseguia, não sei se era orgulho, ou apenas vergonha de mostrar meus sentimentos. Não queria ter perdido tanto tempo assim... Doí pensar em tudo. – Antes que pudesse continuar com suas palavras, seu pai se levantava se aproximando e então o abraçava. Invés de um susto pela sua ação, Kuroro apenas retribuía com toda sua força. Aquele homem maltrapilho, que apesar de sua condição nunca tinha demonstrado uma lagrima sequer, incrivelmente também havia desabado em choro frente ao seu filho.

- Me perdoe, por favor. – Implorava Nobunaga. – Não sei se tenho o direito de pedir uma chance, mas quero fazer as coisas direito. Nós dois podemos fazer.

Com o passar do tempo, a choradeira cessou, as palavras e adrenalina também. Ambos agora ainda se encontravam no mesmo recinto, só que agora envergonhados por terem se aberto tanto um com outro. A primeira vez em seis anos.

Aos poucos, de maneira sucinta, as coisas começaram a se ajeitar. Havia interações quando se viam, Nobunaga parece ter largado o álcool de vez, aquela casa que antes era um fardo para Kuroro, ia se tornando mais suportável. Em uma manhã qualquer, enquanto o jovem ninja preparava-se para sair de casa, seu pai tocava em sua porta e pedia para entrar. Mesmo após o laço refeito, ainda era algo raro de acontecer.

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Kurt Barlow

Jōnin

Ter 26 Mar 2024 - 7:19

HP: 725/725
CH: 3.025/3.025
ST: 00/07
SI: 00/50

– Ei… Filho. – Dizia Nobunaga. – Estive pensando esses dias um pouco sobre o que você falou, sobre aprender as coisas sozinho. Não sou nenhum especialista nessa parte ninja de ser, mas coisas relacionadas ao nosso clã, eu posso lhe ensinar. Como anda sua visão?

O questionamento do seu pai foi certeiro, sabia que seu Byakugan ainda era cru comparado com suas capacidades, contudo, por não possuir algo sólido com que pudesse contar, acabou nunca sendo capaz de desenvolver sua habilidade ocular. Agora com alguém mais experiente as coisas poderiam ser diferentes. Normalmente em casos de não ser capaz de evoluir, pediria ajuda a Hanzo, só que os olhos albinos tratava-se de uma característica tão única, que não acreditava que seu amigo seria capaz de ajudar em algo.

Pai e filho então iniciaram uma conversa mais profunda sobre a habilidade herdade, o que apenas serviu para Kuroro perceber que realmente estava atrasado em relação a seus olhos. E caso fosse capaz de melhorar essa questão, conseguiriam suprir ainda mais lacunas como shinobi. Ambos então se dirigiram ao campo de treinamento, o objetivo agora em relação ao Byakugan era um: Desenvolver sua capacidade da visão periférica. Inicialmente, o garoto não tinha dado muito valor para essa característica, mas após a explicação de seu pai em relação ao grau de capacidade, seu pensamento mudou.

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Kurt Barlow

Jōnin

Ter 26 Mar 2024 - 14:12

HP: 725/725
CH: 2.975/3.025
ST: 00/07
SI: 00/50

Com um único selo de mão, surpreendendo seu pai, Kuroro ativava sua habilidade ocular, enquanto veias saltavam ao redor dos seus olhos – Byakugan! – Com seu poder ativo sua visão agora era outra, mas ainda incapaz de fazer o anteriormente proposto. Então, seguindo as instruções, uma série de treinamentos foi iniciada. Primeiramente alguns exercícios básicos foram passados ao garoto: Buscar expandir forçadamente a visão; Tentar forcar em regiões de sua visão que não era capaz de enxergar e por último, receber o golpe de regiões que não enxerga, até seu apito de sobrevivência ajudar sua situação.

Esse treinamento acabou indicando como deve ter sido árduo no tempo de seus pais para conseguirem aperfeiçoar essa habilidade. Também acabou descobrindo como seu pai poderia ser bruto e selvagem, quando se tratava de treinar. De qualquer jeito, apesar do sufoco inicial, ao ser acertado de diversas direções, sem ao menos ser capaz de perceber, o treinamento surtiu efeito. Como se de maneira gradual, cortinas começassem a ser retiradas do canto de sua visão, expandindo cada vez mais seu mundo, chegando ao ponto de ser capaz de ver quase tudo ao seu redor de maneira limpa.

Nobunaga estrava surpreso que seu filho alcançou essa nova habilidade em um único dia, relembrando que em sua época a dificuldade que teve para chegar ao mesmo resultado. Pensou consigo que era exatamente por isso que nunca conseguiu seguir a carreira shinobi e que seu filho realmente era talentoso para isso.

Kuroro então retornava para casa com sua visão aprimorada e com um relacionamento reatado.

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Shion

Game Master

Ter 26 Mar 2024 - 14:33

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