O último treino realizado por Ethan, apesar de bem-sucedido, havia deixado diversas marcas pelo seu corpo e um lembrete muito importante, o de que ele não era invencível; se exagerasse, teria que arcar com as consequências, de um jeito ou de outro. A lição não era novidade para ele, com todos os anos de treino, vez ou outra, algo semelhante sempre acontecia, deixando sempre a mesma impressão nele. Quando isso acontecia, Ethan insistia em fazer a mesma promessa de pegar leve nos treinos, mas, quase como se não conseguisse parar de arriscar a própria vida, não demorava muito para ignorar a jura.

Naquela noite estrelada, enquanto via o calor da fogueira envolver todo o seu corpo dolorido, lhe dando um pouco de conforto, Ethan voltaria a pensar sobre os limites que os treinos precisavam ter. Não só isso, mas pensava também sobre a impressão que o avô teria dele se o visse neste estado. Assim que o velho saiu em missão, não tendo tempo nem para se despedir, havia deixado o menor em um estado deplorável, cheio de hematomas e com faixas nos braços para conter os sangramentos, mas aquilo não era nada se comparado a atual situação de Ethan. Sentindo na pele um desconforto monstruoso, não tendo liberdade alguma para se mover, ele já não conseguia nem respirar sem vivenciar um aperto sufocante no peito. E na escala das dores que sentia em diversas partes do corpo, essa era a mais branda.

Mantendo o olhar fixo na lua que pairava acima da sua cabeça, Ethan não tinha nada para fazer senão aquilo. Tudo que podia fazer sozinho, no escuro, era contemplar a lua enquanto refletia sobre questões que o incomodavam há muito. A situação não era cômoda, e se Ethan pudesse fazer algo para fugir dela, não hesitaria. Ele tinha começado a pensar em maneiras de passar o tempo, mas todas envolviam atividades impossível para o mesmo naquele momento. Ou pensava em caminhar, ou em treinar um pouco até o sono vir. No entanto, depois de meia hora pensando sobre o assunto, veria uma luz no fim do túnel.

“Quem sabe já não é hora de finalizar os meus estudos sobre os selos de mão.”, um pouco relutante em prosseguir com a ideia, pensou.

Não conseguindo encontrar outra forma de passar o tempo, Ethan, então, foi até a sua barraca e buscou um pergaminho que havia trago na mochila. Lá encontraria algumas anotações que tinha feito meses atrás na biblioteca do vilarejo, quando estudava sobre os selos de mão. No pergaminho poderia encontrar um punhado de informações úteis, e outras nem tanto, bastava saber filtrar bem o que lia.

Quando Ethan se deu conta, já estava movendo a destra com toda a agilidade enquanto segurava o papiro com a outra mão. Mesmo não estando muito engajado com a atividade, o Jonin se dedicava de corpo e alma, buscando concluir o estudo de uma vez por todas. Por isso, se apoiando em tudo que sabia até então e se orientando pelas dicas que encontrava nos escritos, passaria a madrugada inteira movendo uma das mãos. Por fim, quando o sol timidamente começava a se levantar nos céus, Ethan podia finalmente dar a tarefa por encerrada, pois, depois de tanto esforço, tinha corrigido as suas falhas e já era capaz de tecer selos com apenas uma das mãos.

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