Finalmente recuperado do enjoo, decido explorar um pouco a ilha, meu objetivo inicial era apenas procurar a maldita pedra especial que o inspetor me pediu para vir comprar, mas ao despertar a curiosidade, após escutar as pessoas proferindo sobre as características locais - enquanto estava sentado me recuperando - pensei comigo ― Ta na chuva? É pra se queimar! - creio que era algo assim, que se dane, apenas segui caminhando para ilha adentro.

Confesso que me sinto perdido, peraí?! Eu realmente estou perdido naquele lugar ― Puta que pariu, onde é que eu estou?! - olho ao meu redor e não vejo mais o porto, entretanto, ainda estava em meio a civilização, só não sabia se isso era bom ou ruim, pois os nativos se demonstram bem… digamos que, esquisitos. Fujisawa a meu ver, era nada mais ou nada menos, do que uma típica feira do rolo lá da quebrada, só que com maiores proporções; não avistei nada de grandes florestas, complexos subterrâneos de mineração ou faixa litorânea onde é possível encontrar recursos naturais em abundância, pelo menos não ainda.

Caminhando sem rumo - literalmente - aproveitei para fazer o que havia decidido, explorar e tentar conhecer o lugar. Há poucos metros, noto uma roda com muitas pessoas rindo e comemorando, ao redor de um sujeito com vestes que lembra um tipo de mágico? Não, pera…tá mais para um bobo da corte, então decidi me aproximar para tentar entender o que estava rolando. O centro das atenções, é um cara alto de pele clara, ele tem pintado em seu rosto, abaixo do olho direito, uma estrela rosa e abaixo do seu outro olho, uma lágrima verde e duas outras lágrimas de outras cores em suas bochechas. Ele tem cabelos vermelhos e olhos bem amarelados.

― Maluco esquisito. Na minha quebrada, essa lágrima significa outra coisa e, boa não é! - disse em voz alta, sem querer, creio que estava pensando alto enquanto via o espetáculo do estranho.


― Esquisito? - disse o cara com uma voz aguda e um pouco arranhada, em seguida, ele desce do palco e se aproxima de mim ― O que é, o que é? Quando dizemos o seu nome, ele deixa de existir. - ele me perguntou.

― Sei lá mano, faz tua onda aí, eu só tô de bobeira! - respondo com pouca paciência, não estava gostando daquele sujeito na minha frente, me encarando e com aquela cara de panguão.

― O silêncio. - ele respondeu em um tom ríspido, mudando nitidamente sua feição, para algo mais raivoso e retornou para o palco.

Eu fiquei encarando ele, mesmo estando um pouco distante, ainda que tenha ficado irritado com o estranho, ele estava fazendo umas coisas bacanas com o chiclete. Primeiro ele fazia algumas bolhas de chiclete, das demais variadas cores e tamanhos, em seguida estouraram, fazendo diversos estalos, como se fossem bexigas sendo estouradas. Depois, ele fez uma maior abaixo de si e começou a levitar sobre ela. Eu fiquei até o final da sua apresentação e quando as pessoas começaram a se dispersar, eu fiz questão de perguntar ao artista.

― Eae Palhaço da quebrada, como é que tu fez aquelas paradinhas com o chiclete? Parece ser bem legal …

― Pirralho, cai fora! Horário de autógrafo é em cinto min… - ele me esta de costas e me interrompe, mas ao se virar e se depara comigo, ele para brevemente e contínua ― Quem diria, a matraca humana ficou até o final do show e está interessado nas minhas técnicas? - ela mudava a sua voz para um tom debochado e me encarava com um olhar sarcástico, com um sorrisinho de canto.

― Que isso cara, só queria saber como tu fez essa paradinha ai… eu eim… olha, quer saber? Quero saber mais não, deixa eu ir lá comprar essa pedra e vazar daqui… - ai que tava um problema, como faz para sair?

― Ta irritadinho?! Pelo visto, perdidinho também! - ele descobre minha situação, se bem que minha atitude de caminhar e ficar procurando pelos arredores, deve ter me entregado de certa forma ― Mas assim, posso lhe ensinar essa técnica sim e dizer onde retornar ao porto - ele disse.

― Porque eu deveria confiar em você? O palhaço tá com palhacito no bumbum? - gargalhava e logo percebi que o outro também gargalhava.

Ambos paramos de rir por um breve momento, nos encaramos e… retornamos a rir novamente. O cara se apresenta como Isoka Morrow, apesar de seu temperamento um tanto caótico, ao menos tinha senso de humor. Assim que ele guardou seus pertences, caminhamos de volta até o porto, no caminho, encontrei a tal da maldita pedra especial do inspetor, por sorte, a última peça daquela barraquinha, o vendedor disse que era a última daquele distrito e iria me fazer um desconto, mas eu não acreditei, claro, esses vendedores só metem o louco. Paguei o mercador e ele me entregou o minério embrulhado dentro de uma sacolinha.

Caminhamos mais um pouco até chegar na praia, um pouco afastado do porto, sendo possível vê-lo ainda.

― Esta técnica com o chiclete, na verdade, é um estilo de luta denominada Gamu Fūsen. Esta técnica consiste em usar o chakra como catalisador, assim sendo possível manipular seu chiclete para obter uma variedade de efeitos. Esta técnica é bastante versátil, podendo usar as esferas para pairar, prender um alvo dentro dela ou criar várias explosões.

― Igual tu fez nas apresentações?

― Exatamente! É que as bolas estavam distantes no céu, mas o impacto daquelas explosões é capaz de derrubar uma pessoa inconsciente. Além de que o chiclete tem uma propriedade adesiva, adequada para enraizar alvos. - ele me respondeu e continuou a explicação.

Finalizada a explicação teoria, aparentemente, Isoka me entregou dois pacotinhos de chiclete, ambos uma delícia, um com sabor de hortelã e outro de tutti frutti. Mascar os chicletes e fazer bolinhas, não era um grande problema, mas fazer bolas em grandes proporções? Isso sim, eu tive muita dificuldade. Isoka dizia que estava concentrando chakra de mais na boca, mas eu replicava dizendo que não, assim toda vez estourando bem no começo.

― Que droga! Meu maxilar chega ta doendo, daqui a pouco vou ficar com o rosto quadrado! - convenhamos, que eu ficaria ainda mais belo

― Você tem alguma afinidade elemental? - ele me pergunta, porém, parecendo impaciente.

― Sim, futon!

― Ótimo! Tenta concentrar o seu chakra na boca e depois assoprá-lo para criar a bola com o chiclete, porém, ao invés de apenas assoprar, tente controlar seu chakra para criar uma especie de redemoinho… como posso te explicar… assim, faz uma corrente que vai pra frente, mas não muito, logo retornando para sua boca, mas não muito perto, como se fosse uma esfera com o seu chakra, sacou?

― Acho que sim, vou tentar de novo!

Jjoguei fora aqueles dois chicletes, que já até tinha perdido o gosto e comecei a mascar outros dois, depois que amoleceu, comecei a preparar o chiclete para fazer a bola, quando estava pronto, comecei o processo de concentração do chakra, confesso que foi meio difícil no começo, mas já começava a ver um pequeno resultado. A bola começava a crescer a um tamanho de uns 30cm, era pouca coisa, mas a trajetória de como concentrava o meu chakra, estava dando certo. Tentei mais algumas vezes, pois elas estouraram, mas sempre chegando a proporções maiores que as anteriores, até que:

― Consegui! - Fiz uma bola de chiclete de aproximadamente 2m de altura, ela ficou a 1m a minha frente, balançando por causa do vento e quicando levemente na areia, quando de repente estourou, me deixando todo sujo de chiclete.

― Ahahahahahaha! Parabéns, pirralho, parece que conseguiu, MESMO! - o palhaço gargalhava da minha situação, mas confesso que nem eu aguentei e entrei na gargalhada.