Naquela tarde, o Mizukage havia recebido uma solicitação em seu gabinete, um pedido de alguém que ele conhecia muito bem; seu tutor. Mas diferente do que acontecia normalmente, o pedido não era para que ele comparecesse no laboratório pessoal do homem que lhe chamou, mas sim para que comparecesse ao laboratório que ficava próximo ao hospital de Kirigakure. Era claro que o imortal havia estranhado aquilo, mas apenas aceitou a convocação e se dirigiu para o local onde fora chamado. Cubellios, sua leal companheira, estava enrolada ao seu redor e se mostrou apreensiva antes mesmo de entrar no lugar em questão.

Noboru já havia atuado no laboratório da vila por um tempo, pouco antes de ter o seu próprio espaço pessoal, então ele se lembrava perfeitamente do local ser bem movimentado, com diversas figuras indo e vindo em meio aos seus estudos e pesquisas. Mas naquele dia não. Assim que pisou no laboratório, notou a ausência quase total de pessoas ali, como se o lugar tivesse sido fechado naquele dia. Talvez tivesse mesmo sido. A única pessoa que ele viu ali parecia um garoto bem mais novo, provavelmente estagiando no laboratório ainda. O garoto de fios esverdeados se aproximou do Mizukage e acenou respeitosamente.

— Olá, senhor. — cumprimentou com uma reverência sutil. — O senhor Koujaku o aguarda. Por favor, me acompanhe. — disse.

Noboru inevitavelmente franziu o cenho, mas assentiu para o mais novo e seguiu até onde o homem de orbes carmesim estava. Ele vestia o costumeiro kimono negro que Noboru estava acostumado a ver, mas usava um jaleco branco por cima deste. Na sala em que ele aguardava havia um corpo sobre uma cama de hospital, corpo este que estava coberto dos pés a cabeça; a identidade dele era indiferente, de qualquer modo. Ao seu lado, uma pequena mesa com utensílios médicos e um recipiente coberto. Tudo era estranho demais, até para os padrões excêntricos daquele homem que o imortal conhecia tão bem.

— Posso saber o motivo de ter me chamado aqui? — indagou.

— Eu pensei que seria estranho alguém ver o atual Mizukage indo até minhas dependências suspeitas. — disse, abrindo um largo sorriso. O rapaz que havia levado Noboru até ali já havia os deixado a sós. — Eu encontrei uma coisa curiosa recentemente… dentre aqueles que eu uso como cobaia, eu achei alguém de uma linhagem rara… que infelizmente veio a óbito. — murmurou, observando o Mizukage começar a rondar a mesa e observar o corpo coberto. Os olhos cinzentos fitavam tudo com clara desconfiança. — Eu acho que você não vai se surpreender com o que eu tenho a mostrar, já que tem dois da mesma linhagem em seu time. — e dito isso, Koujaku puxou o tecido que cobria o recipiente, revelando ali dois globos oculares que estavam bem conservados.

O Kage imediatamente franziu o cenho. Aquelas esferas possuíam o mesmo tom rubro dos olhos de Yohma, provenientes da Kekkei Genkai de seu clã.

— E está os oferecendo pra mim? Eu já vi um par destes em ação e sei o poder que possuem. — murmurou.

— De fato são poderosos… mas eu não os cobiço como a maioria. — sibilou, fazendo Noboru arquear uma sobrancelha, em um misto de surpresa e dúvida se acreditava nele ou não. — Agora que você é o Mizukage, acredito que eu deva te entregar isso. Tenho certeza que pode encontrar uma utilidade pra eles, são um tesouro que deve guardar com sabedoria. São preciosos demais para se perderem assim. — constatou. — E vai ser um segredo nosso, é claro.

Era evidente que o Conquistador saberia como conservar e manter aquele par de olhos seguros, assim como algumas outras armas que guardava no gabinete. Sendo assim, ele tomou a iniciativa de voltar a cobrir o recipiente para sair dali com ele, mas não sem antes agradecer ao homem que vinha lhe ajudando a tanto tempo. Uma vez que o motivo de sua visita tivesse sido concluído, ele sairia dali rapidamente para ir aos seus aposentos no principal edifício de Kiri para guardar a mais nova aquisição da aldeia.

INFOS: