Nezuko chegou ao hospital em menos de quinze minutos. Seus passos eram rápidos e determinados, uma expressão de urgência estampada em seu rosto. Assim que ela cruzou as portas do hospital, uma onda de silêncio se espalhou pelo local. As pessoas que estavam lá dentro, pacientes e funcionários, viraram-se para olhar em sua direção, a curiosidade brilhando em seus olhos.

– Mizukage-sama – uma das médicas se aproximou dela – o que aconteceu?

– Essa é minha mãe, ela chegou no portão tem menos de uma hora – a Hyuuga começou a explicar – está fraca, tem um ferimento grave na barriga e alguns outros pelo corpo – ela falava rápido – precisa de ajuda – completou.

Outra médica rapidamente trouxe uma maca, onde Fumiko foi cuidadosamente colocada. Com a ajuda de Nezuko e Shinobu, eles conseguiram transferir Fumiko para a maca sem causar mais dor. Uma das médicas a levou rapidamente para a sala de emergência. Nezuko e Shinobu observaram enquanto Fumiko era levada, a preocupação evidente em seus rostos.

– Mizukage-sama – a outra médica falou – vou pedir para que fique na sala de espera enquanto analisamos a situação da sua mãe – completou.

– Tudo bem – o tom de voz de Nezuko demonstrava sua preocupação. Ao lado de Shinobu, ela caminhou em direção à sala de espera.

Nezuko e Shinobu se acomodaram na sala de espera, um silêncio pesado pairando no ar. A sala estava iluminada por luzes suaves, criando um ambiente calmo, mas a tensão era palpável. Nezuko sentou-se em uma das cadeiras, seus olhos fixos na porta pela qual Fumiko havia desaparecido. O tempo parecia ter parado. Cada segundo que passava parecia uma eternidade.

Nezuko podia ouvir o tique-taque do relógio na parede, cada tique aumentando sua ansiedade. Ela entrelaçou as mãos, seus dedos apertando com força enquanto ela esperava. Shinobu estava sentada ao lado dela, seu rosto sério. Ela não disse nada, mas sua presença era um conforto. Elas estavam juntas nisso. A mais nova perdeu a noção do tempo. Ela não sabia quanto tempo havia passado - poderiam ter sido minutos, poderiam ter sido horas.

Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, a porta se abriu. Nezuko levantou-se imediatamente, seu coração batendo forte no peito. Ela estava pronta para ouvir as notícias, seja lá o que fossem. Ao ver a médica sair pela porta, a expressão de tranquilidade e alívio em seu rosto fez com que Nezuko se acalmasse um pouco.

– Ela está estável – a mulher anunciou – como está muito fraca, ela entrou em um sono profundo. Já a estamos nutrindo – a médica abriu um sorriso – talvez demore um pouco para acordar. Ela vai ser levada para um quarto separado aqui mesmo na emergência até termos certeza de que está melhorando. Assim que a colocarem lá, poderá fazer companhia a ela – completou.

– Certo, obrigada – Nezuko sentiu uma onda de alívio lavar sobre ela ao ouvir as palavras da médica. Sua mãe estava estável, e embora estivesse em um sono profundo, estava sendo cuidada. Voltou a sentar ao lado de Shinobu.

– Ela vai ficar bem, sua mãe é forte – Shinobu falou enquanto segurava a mão da mais nova que apenas sorriu.

Nezuko permaneceu sentada na sala de espera, observando enquanto a médica e alguns enfermeiros cuidadosamente transferiam Fumiko para um novo quarto. Ela podia ver o profissionalismo e a gentileza com que manuseavam Fumiko, garantindo que ela estivesse confortável durante a transferência. Pouco menos de uma hora depois, a médica voltou à sala de espera. Ela tinha um sorriso gentil no rosto quando se aproximou de Nezuko.

– Mizukage-sama – ela começou, sua voz suave – Fumiko está agora em um quarto separado. Você já pode ir vê-la.

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Nezuko passou as primeiras horas da noite imersa em seus próprios pensamentos, sentada de maneira quase estática no sofá ao lado da cama de Fumiko. Seus cotovelos descansavam sobre suas pernas dobradas, criando um suporte para sua cabeça que estava cravada em suas mãos. Seus olhos estavam fixos em sua mãe, mas sua mente estava longe, perdida em um turbilhão de perguntas sem respostas. Cada pensamento parecia gerar mais dúvidas, criando um emaranhado de incertezas que a deixava cada vez mais confusa. A quietude da sala contrastava com o caos interno de Nezuko, criando uma atmosfera quase surreal.

“Você está bem?”, a voz de Saiken ecoou na cabeça da Hyuuga que levou um pequeno susto, a besta tinha ficado quieta por tempo demais e por um momento a mulher chegou a esquecer que dividia o corpo com a criatura. “Na medida do possível… Ainda não caiu a ficha que minha mãe está viva…”, ela respondeu para besta enquanto finalmente mudava de posição, encostando as costas no encosto do sofá, descansando a coluna, e tudo voltou a ficar silencioso.

Fumiko estava imersa em um sono profundo há horas, seu corpo imóvel na cama, sem o menor sinal de agitação. A quietude era tão profunda que parecia quase palpável, preenchendo o quarto com uma sensação de calma e tranquilidade. No entanto, para Nezuko, essa quietude não era reconfortante, mas sim perturbadora. Ela ansiava por algum movimento, algum sinal de vida de sua mãe. A imobilidade de Fumiko, a ausência de qualquer som além de sua respiração suave e regular, tudo isso criava uma atmosfera de tensão para Nezuko. Ela se sentia inquieta, sua mente cheia de pensamentos e preocupações, enquanto o silêncio ao seu redor parecia amplificar suas inseguranças.

Depois de mais uma hora, Nezuko encontrou-se rendida ao cansaço. Sua cabeça repousava para trás no sofá, os olhos fechados em um sono leve que a tinha tomado sem aviso. O esgotamento do dia inteiro havia se acumulado, pesando sobre ela como uma manta pesada. Ela não tinha mais forças para lutar contra o sono, e assim, deixou-se levar pela corrente de sonhos que a aguardava.

Depois de um período indefinido de tempo, a porta do quarto se abriu silenciosamente e Shinobu entrou. Ela caminhou suavemente pelo quarto, seus passos quase inaudíveis no chão macio. Ao chegar ao sofá, ela estendeu a mão e tocou levemente o braço de Nezuko. O contato inesperado fez Nezuko acordar com um sobressalto, seus olhos se abrindo rapidamente enquanto ela se ajustava à presença de Shinobu. A surpresa inicial logo deu lugar a uma expressão de alívio ao reconhecer a recém-chegada. Shinobu, por sua vez, ofereceu um sorriso tranquilizador, sua mão ainda descansando no braço de Nezuko.

– Vai descansar… – a voz de Shinobu era baixa.

– Não… Tá tudo bem, pode ir pra casa – Nezuko respondeu enquanto esfregava os olhos – o Kazuki deve estar sentindo sua falta… Amanhã você vem depois do almoço pra eu poder ir pro gabinete – completou e logo em seguida bocejou.

– Mas você precisa descansar, Nezuko… – a mais velha a repreendeu, estava preocupada do cansaço sobrecarregar a mais nova.

– Eu durmo aqui, não tem problema – respondeu relutante, ela queria estar ao lado da mãe.

– Então tudo bem – Shinobu falou após suspirar – mas se precisar, não hesite em mandar em chamar… – ao terminar de falar, a mais velha se abaixou e deu um beijo na testa da Nezuko e logo em seguida deixou o quarto.

Os dias se transformaram em uma sequência monótona e angustiante. Fumiko permanecia imóvel, seu corpo inerte na cama do hospital, apesar dos esforços incansáveis dos médicos. Eles vinham todos os dias, suas expressões sérias enquanto administravam tratamentos e monitoravam seus sinais vitais. Mas, apesar de todos os seus esforços, Fumiko continuava desacordada.

Sete dias de espera angustiante finalmente chegaram ao fim. Nezuko estava sentada ao lado da cama de Fumiko, segurando a mão da mais velha com delicadeza. Seus dedos acariciavam a pele fria de Fumiko, um gesto de conforto e conexão em meio à incerteza. Em sua outra mão, ela segurava uma pilha de relatórios que haviam se acumulado ao longo da semana.

E então, aconteceu. Fumiko apertou a mão de Nezuko. Foi um movimento fraco, quase imperceptível, mas Nezuko sentiu. Ela olhou para Fumiko, surpresa e esperançosa. Será que Fumiko estava finalmente acordando? Em poucos segundos a mais velha abriu os olhos lentamente, piscando repetidas vezes para que eles se acostumassem com a luz.

– Mãe… você acordou – Nezuko largou os relatórios na mesa ao lado do sofá e logo olhou para a mãe enquanto sorria – eu estava tão preocupada… – Fumiko sorriu para a filha enquanto segurava sua mão.

– Desculpa se eu te assustei… –  a voz da mulher ainda estava fraca.

– Espera só um pouco, vou avisar aos médicos – a Mizukage se levantou, abriu a porta do quarto e colocou a cabeça para fora – ei! – chamou um dos médicos que passava pelo corredor – minha mãe acordou – informou.

O médico agiu rapidamente, andando em um ritmo acelerado, indo buscar as médicas responsáveis pelo caso de Fumiko. Poucos minutos se passaram antes que as médicas chegassem ao quarto, seus rostos sérios e concentrados enquanto se preparavam para avaliar a situação. Nezuko se afastou da cama, dando espaço para que elas trabalhassem.

Após uma série de perguntas e exames minuciosos, as médicas finalmente concluíram a avaliação do estado de saúde de Fumiko. O quarto estava silencioso, a tensão palpável enquanto todos aguardavam ansiosamente pelas notícias.

– Ela teve um avanço notável, daqui a pouco iremos mudá-la de quarto, vai ficar em observação – a médica respondeu enquanto sorria e logo deixou o quarto.

– Minha filha… – Fumiko voltou a falar – como você cresceu – ela falava emocionada, afinal a última vez que tinha visto Nezuko foi quando ela ainda era um bebê – você é a minha cara – ela sorriu enquanto levava a mão até o rosto da filha.

– Pior que sou mesmo – Nezuko riu, seus olhos cheios de lágrimas – você está se sentindo melhor?

– Estou sim… minha barriga não dói mais… – ela falou sorrindo enquanto levava a mão até a barriga enfaixada.

– Cuidaram muito bem de você – Nezuko voltou a sentar no sofá, mas sua mão continuava segurando a de Fumiko – daqui a pouco vão te transferir para um quarto pra ficar apenas em observação.

– Mizukage-sama – uma voz feminina pôde ser ouvida – sou Mizuki Otsutsuki, estarei assumindo o caso da sua mãe de agora em diante – a médica se apresentou enquanto Nezuko se virava para ela.

– Prazer em conhecê-la, Mizuki – a Mizukage sorriu – já veio mudar ela de quarto?

– Sim, pode esperar na sala de espera? – perguntou educadamente.

– Claro – Nezuko levantou e deu um beijo na testa de Fumiko – até daqui a pouco – concluiu e logo saiu do quarto.

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