Algo mudou em Nagini, ele anda mais decidido e começou a elaborar seus planos previamente. Antes, deixava tudo ao acaso. Agora pensa bem antes de dar o próximo passo. Pode ser considerada uma evolução da personalidade do garoto de apenas quatorze anos. Começar a entender como o mundo ao seu redor funciona pode ser algo incrivelmente assustador, mas esse não parece ser o caso.

Caminhando pelas ruas de Konoha, o genin observava crianças que aparentavam estar entre os seis ou oito anos de idade brincando de ninjas. Isso o lembrou da sua infância no orfanato flor. As irmãs que cuidavam de todos, nunca souberam dizer se seria uma profissão adequada para se sonhar ou para se manter afastado. Após se tornar um, Nagini compreendeu que não existe uma resposta correta. Bem, pelo menos ainda não conseguiu encontrar.

Continuando sua caminhada, Nagini se afastava do centro cada vez mais. Era uma tarde ensolarada e após o dia anterior de chuva, o clima estava perfeitamente agradável. O garoto de cabelos platinados vestia sua roupa de costume, camisa e calça de cor azul escuro. E ainda mantinha seu capuz cobrindo sua boca, ele adorava causar esse ar de mistério.

O bairro que estava adentrando já foi frequentado por ele durante toda sua infância, o conhecia muito bem. Mais a frente, avistou o orfanato no qual foi deixado quando recém nascido. Não fazia muito tempo que ele havia deixado o lugar para viver sua vida, mas desde que saiu, aconteceram tantas coisas que está com a sensação de que já se passaram anos.

— N-nagini?! - indagou uma freira. Ela era uma velha conhecida do garoto e sempre o aconselhou e o repreendeu quando necessário. — Quanto tempo, meu filho. - chamar de filho era uma mania carinhosa das irmãs. Nagini sempre encarou isso com bons olhos.

— Olá, irmã Mayuri. Como está? - indagou gentilmente.

— Bem! Que bom lhe ver por aqui. Está precisando de algo? - perguntou preocupada, aproximando-se e encostando sua mão no ombro do rapaz.

— Não, não. É justamente o contrário. Vim entregar isto. - retirou de sua bolsa um pequeno envelope e o entregou para irmã, que recebeu com uma expressão curiosa. — Pode abrir. - e assim a irmã o fez.

— M-mas isso é… não posso aceitar. - foi surpreendida com o conteúdo daquele envelope. Nagini havia entregue uma pequena quantia de ryõs, uma doação para ajudar nas despesas do orfanato.

— Peço que aceite. Sei que estão precisando de ajuda e para falar a verdade é algo que me prometi há um tempo. Então, se puder aceitar, ficarei contente. - o jovem estava falando com um tom tímido, algo que fugia completamente da sua personalidade. São poucas pessoas capazes de presenciar este seu lado. — Ainda é pouco, mas em breve irei trazer mais. Afinal, se não sou capaz de ajudar quem tanto me ajudou sendo um ninja, então qual o motivo para isso tudo? - sorriu. A irmã Mayuri acabou aceitando, pois percebeu que o jovem estava fazendo a doação por livre e espontânea vontade. Ele realmente estava querendo ajudar. Após isso, Nagini continuou conversando com a irmã por mais alguns minutos e logo depois se despediu, com a desculpa de que ainda existiam muitas tarefas para ele cumprir. Mas se despediu com a promessa de retornar em breve.

— Agora é que minha jornada como um ninja realmente começa… primeiro, irei alugar um apartamento. Não dá para continuar no muquifo que sou obrigado a chamar de casa. Preciso aprender a organizar minhas finanças e utilizá-la de acordo com minhas necessidades. - falava para si mesmo, enquanto caminhava pelas ruas de Konoha. Como costumava passar muito tempo sozinho, adquiriu essa mania de pensar em voz alta. Acredita que dessa forma, está fugindo da sensação de solidão.

Então, começou a andar pelo centro procurando algum pequeno apartamento que tivesse o essencial e fosse confortável. A busca seria longa, mas estava disposto. Já havia colocado em sua mente que precisava colocar os pontos nos i 's, para finalmente focar no que importa.

Passou o restante da tarde visitando apartamentos, mas até o momento não obteve sorte em sua busca. E por mais engraçado que seja, ele não estava sendo muito minucioso. Mas não teve a sensação de lar em nenhum dos que visitou. Mas ainda havia mais alguns para visitar.

Para descansar, sentou-se em um banco de madeira na rua e começou a degustar uma barrinha nutritiva enquanto sentia a brisa refrescar seu corpo. — Isso está muito gostoso! - referia-se a barra que estava comendo, como se fosse sua última refeição. Inesperadamente, a barrinha nutritiva que estava na mão direita do Nagini foi surrupiada. O que mais surpreendeu, foi o culpado pelo furto. Tratava-se de um pequeno esquilo, que aparentemente estava adorando comer o restante da barra. Isso arrancou boas risadas do genin, que não estava acreditando no que tinha acontecido. — E então, gostou? - perguntou para o pequeno roedor. Este acabou de comer e encarou Nagini com os olhos arregalados e o garoto poderia jurar que viu um bico se formar em seus lábios. — Quer mais? - e com esta pergunta, o roedor balançou a cabeça positivamente, estendendo seu bracinho para receber outro lanche. — Este tem um sabor diferente, mas acho que você irá gostar. É de morango. - informou, após abrir a barra e entregá-lo para o pequenino. Sem demora, o roedor devorou a barrinha inteira que lhe foi entregue. Caindo no chão, permitindo que Nagini notasse a barriguinha saliente após estar bem alimentado. — Que bom que gostou!

O esquilo voltou a olhar para Nagini e com uma agilidade surpreendente, o esquilo voador, de pelagem macia e olhos brilhantes, lançou-se no ar com um salto gracioso. Suas pequenas asas membranosas se estenderam como um paraquedas, permitindo-lhe planar com destreza pelo pequeno espaço e aterrissar suavemente no colo do garoto de cabelos platinados, suas garras afiadas se agarraram levemente ao tecido da roupa. E seu olhar travesso encontrou os olhos do Nagini, e um esboço de um sorriso parecia iluminar seu rosto peludo.

— Parece que você já se acomodou. - sorriu, tentando fazer um leve carinho na cabeça do pequeno esquilo.

Considerações gerais: