O párvulo abriu os olhos e já ficou ofegante. Suas pálpebras pesavam tanto que pensou que não conseguiria vislumbrar o mundo diante de si, fazia quanto tempo que estava naquele quarto? Um dia, dois meses, um ano? Sorriu, mas o cheiro do mau hálito o deixou tonto ao ponto de fechar os olhos outra vez, e levar as costas da mão destra contra o fronte. Não queria sair de casa. Para quê faria isso? Iwagakure soava tão chata para ele, e sair para executar missões mais tediosas não lhe apetecia. No entanto, manter-se isolado do mundo e apenas ficar indo do quarto para cozinha, da cozinha para o banheiro e do banheiro para o quarto não o mais satisfazia. Com um grande esforço, trocou de roupa, porém, antes escovou os dentes com força, e um pouco de fúria, eliminando toda a placa e germes causadores daquele odor fétido e após se livrar do pijama encardido, jogou as vestes direto no lixo.

A casa estava silenciosa e bastante iluminada, um hábito que sua mãe adotou após o filho não mais sair para lugar nenhum. Queria mostrar a prole que o mundo é muito vasto e belo, e isolar-se sem motivo não é benéfico. Ao chegar na sala, percebeu todas as janelas abertas, os raios solares invadiam a residência trazendo consigo os sons ambientes, e os cantos dos pássaros eram o mais chamativos. Os passos letárgicos levaram o corpo do infante até o quintal, onde sua mãe colocava as roupas no varal, o sol no ápice e falta de vento tornava o cenário perfeito para sua progenitora. A voz dela ressoava com os pássaros, criando uma melodia tão gostosa de ouvir que o tokubetsu pensou estar sonhando, ainda.

Os olhos alvos vislumbrava a sombra da mulher projetada no lençol branco, sua silhueta guiava o ninja para cada vez mais próximo. Uma brisa solitária passou pelo quintal e moveu o lençol, revelando a mulher e permitindo-a ver seu filho, arrumado e fora do quarto. Seus olhos umedeceram imediatamente e ela avançou, dando um abraço apertado no párvulo. Sentiu as lágrimas molharem a gola de sua camiseta e seus ombros. — Eu ouvi o trovão. Um sorriso sem graça tomou seus lábios, quando afastou a mulher, e passou a enxugar suas lágrimas. — Não precisa mais se preocupar mãe, tem muitas coisas que preciso fazer. O iwa-nin passou a ajudar a mulher a estender as roupas no varal, recolhendo o cesto vazio para dentro da casa.

Soujirō precisava correr atrás do tempo perdido, obter informações de como o mundo e a Pedra estão, além do nível militar. Seus companheiros de time pereceram pelo caminho, apenas seu antigo sensei estava vivo, e o Hyūga precisa encontrar seu caminho. Sem depender de ninguém, e sem afiliação alguma, lealdade somente à vila e não à uma pessoa. — Eles também ouvirão os trovões. Vestiu o uniforme ninja, e precisava organizar seu status com o quartel militar e perante a Iwagakure. Pela primeira vez em muito tempo, estava deixando as dependências de sua casa. A mãe espiava pela janela da sala, orgulhosa, e preocupada. Odiava ver o filho tão descompensado.