Uma madrugada chuvosa, um alvoroço ensurdecedor e uma preocupação incessante. Muitas pessoas corriam pelos corredores do gabinete, tão eufóricas que poderiam ser ouvidas por aqueles nos arredores. Desde ninjas de elite das forças militares aos conselheiros do vilarejo. Uma manhã que, de uma forma injustificável, poderia representar um infortúnio para a vila como nenhum outro fora. Conforme alvorecia, mais sua falta era sentida. Um alvorar que, em sua resplandecência, extingui a sombra da vila. Uma manhã em que o Raikage foi dado como desaparecido.

Ninguém o via a horas, uma ausência que jamais ocorreu desde que assumiu seu posto como a Sombra do Relâmpago. Esquadrões de jōnins circundavam cada canto da vila a sua procura, até muito além das fronteiras da vila. Nem mesmo do alto das montanhas que cercam o coração de Kumo era possível vê-lo. Falcões sobrevoavam os céus, rasgavam-nos tamanha a velocidade, mas não traziam consigo notícias de seu paradeiro. Todos os ninjas que se encontravam pelos arredores do país foram ordenados a saírem em sua procura, mas ninguém o encontrava. É como se ele houvesse sido apagado do mundo ninja, sem deixar rastros para trás, um feito inacreditável, mas possível para um Kage, mesmo que não do feitio de Kinji. Mesmo assim, não importasse a discrição que suas responsabilidades poderiam exigir, seu desaparecimento deveria ter uma justificativa, ao menos um único ninja deveria saber onde encontrá-lo, mas não parecia ser o caso. Uchiha Kinji não poderia ser encontrado.

O manto da Sombra do Relâmpago a tempos foi colocado sobre os ombros de muitos, mas mesmo mortos ou desobrigado, essa sucessão trazia esperança a muitos. Não havia quem pudesse sucedê-lo, não tão cedo, não tão repentinamente. Ninguém estava em condição de tomar o manto para si e guiar Kumo para um novo amanhã. Talvez aquela fosse a última vez que o sol nasceria no horizonte montanhoso de Kumogakure no Sato.

Em todos os lugares, nada era dito além daquele desaparecimento. É fácil uma notícia de tamanha relevância alcançar a população mundana. Todos os veículos de comunicação, cada página de jornal, tudo era sobre Kinji. As pessoas murmuravam entre si, temendo pela vila. A comoção lentamente se tornou enfurecida. Como em uma passeata rumo ao gabinete, elas bradavam incrédulas, clamando por um pronunciamento por parte dos governantes de Kumo. Ninguém entendia como alguém como o Raikage desaparecia da noite para o dia, sem nenhum motivo aparente. A verdade é que ninguém conseguia respondê-los, mas assim foi feito, independentemente. Um grupo de ninjas apareceu para silenciar a voz de todos, acalmá-los da ira que se instaurou. Foi dito que, apesar dos esforços por parte das forças regulares, o Raikage não foi encontrado. Mesmo assim, seria feito de tudo para que Kumo se mantivesse de pé, até que alguém pudesse sucedê-lo.

A verdade não trás confiança, mas é cômoda àqueles que a têm. Um a um, o aglomerado se desfez, até que ali só restassem os ninjas, ainda que vitoriosos em manter a paz, e derrotados pelo sentimento de abandono. Ninguém está aqui para protegê-los, para assegurar suas casas e famílias. Ninguém, além das nuvens, restava nesse grande vilarejo. Mas não importa o fulgor, nada pode extinguir a Sombra do Relâmpago e seus feitos enquanto lutou pela vila. Mesmo o mais voraz dos zéfiros não faz a montanha se curvar, e assim como, Kumogakure não tombará. Um novo dia, um novo amanhã, e assim se manterá.

Kumo está acima de tudo que há, e viverá enquanto houver vidas dispostas a por ela lutar.

Considerações: