Tragar um cigarro tem sido um dos prazeres escassos que me restaram. Tê-lo entre os lábios me faz esquecer por um momento efêmero a calamidade em que o mundo ninja se encontra. Em minha canhota estava a última edição do jornal de outono, ao qual havia lido. Recostado no parapeito de uma das várias pontes que interligam as passagens de Kumogakure no Sato, eu havia tomado um tempo para refletir. O fulgor do sol jamais foi o mesmo, quase não posso vê-lo. É como estar no prefácio de ilíada, estar de frente para o que restou após uma das maiores guerras já travadas. O mundo ninja está cada vez mais sendo engolido por uma espiral mortífera, e apenas me resta aguardar por sua eventual queda. No fim disso tudo, Sarah estava certa apenas de uma coisa, o mundo ninja precisava mudar. o Líder da Hydra, King Bradle, pronunciou-se publicamente para alegar sua inocência perante o cerco de Kirigakure no Sato. Ao que aparentava, a Hydra estava ofertando-se a todos na tentativa de recrutá-los para a organização. A dualidade que se instaurou eram aqueles que aliaram-se a Hydra, e consequentemente teriam acesso a seus recursos, e aqueles contrários a causa. De pouco a pouco, restava a mim uma decisão: — Mudar o mundo. Essa eram as palavras dela, mas se pensar sobre, posso ouvir muitos dizerem o mesmo. Palavra por palavra. — Entoo: — Muitos querem mudá-lo, mas poucos conseguem, e acho que entendo o por quê. — Prossigo, levando o jornal até a ponta do cigarro e deixando-o queimar com as flâmulas: — Um homem, mulher, nem mesmo um ninja, pode mudá-lo sozinho. Se eles querem tentar, boa sorte, mas vão precisar de mais do que palavras para me convencer. Palavras são como máscaras, é fácil embelezá-las, e dif´ciil reconhecer o que tem por trás. Acho que é por isso que eu sou um musicista e não um palestrante. — Digo, lançando o jornal pelos ares enquanto ele é consumido pelas chamas: — Fuck Hydra. — Termino.

Considerações: