—— Falso deus.

Era uma manhã como qualquer outra. O sol em sua ínfima timidez ante as nuvens gélidas da aldeia da nevoa, a brisa suave e abastecida de um doce tom de frio e o cheiro de chá que se espalhava pelas redondezas do local onde Miyazaki residia. Como habitualmente fazia, àquela hora do dia, o jovem Yotsuki servia-se de seu chá de ervas matinal antes de dar inicio aos seus afazeres diários. O seu plano era simples, terminar o desjejum e partir rumo ao campo de treinamentos, onde dedicaria suas horas em árduos exercícios que o capacitassem ainda mais para de fato se tornar um ninja honorável. Entretanto, seus planos mudariam drasticamente. O som quase inaudível de algo passando pela fresta de sua posta o alertou. Abruptamente saltou na direção do que pareceu um bilhete e antes de lê-lo, abriu a porta a fim de encontrar quem o teria deixado, sem êxito nesta parte. Seus olhos arregalados rolaram pela folha de papel e assentiu com a cabeça ao entender qual sua missão.

Aparentemente esses tais jashinistas eram um problema enorme para a aldeia e quiçá pro mundo ninja, visto o estado de alerta que Baldur foi deixado ao receber a noticia de que um tal Pastor havia passado pela aldeia. Àquela altura, não apenas a curiosidade do genin estava tensionada como também uma misera parcela de preocupação. Naquela manhã recebera a missão de encontrar um grupo de jashinistas que estava efetuando roubos pela aldeia, aparentemente com finalidade de acumular certa parcela de dinheiro para conseguir tomar como rumo a vila da chuva, como o Pastor fez. Miyazaki considerou pensar nas considerações e a respeito da situação em um momento posterior. Vestiu roupas mais adequadas, recolheu seus equipamentos e partiu na direção do centro da aldeia, onde visitaria um dos estabelecimentos atacados e iniciaria sua investigação.


Miyazaki; 875/875; 1125/1125; 0/7;

Considerações:

Plot da Missão:

Usados:

—— Falso deus.

Segundo a descrição da missão, passada por debaixo da fresta de sua porta em um bilhete endereçado ao pequeno genin, o último local afligido pelo golpe dos jashinistas havia sido uma loja de roupas da aldeia no centro do vilarejo. Não custou muito para que chegasse em seu destino, todavia não sem antes encontrar mais e mais gravuras e pichações acerca do que parecia ser uma seita caótica e religiosa, o jashinismo, por muitos dos muros pelo qual passou. Em um destes inclusive parou analiticamente e procurou fixar em sua mente o símbolo que via. Nada muito além de duas figuras geométricas juntas, um triangulo invertido dentro de um círculo, quase sempre acompanhado por alguma frase extremista com ligação a alguma divindade claramente maligna, visto que não faria sentido a benignidade acompanhada de tanto desejo de sangue.

—— Com licença! Eu fui designado para ajudar no caso dos ladrões que vem roubando diversos estabelecimentos da aldeia —— O garoto Yotsuki se apresentou a quem parecia ser a responsável pelo lugar —— Gostaria de saber o que exatamente foi levado, roupas, apenas dinheiro, se feriram alguém —— A questão levantada era simples, mas de muita importância, pelo que julgou. A moça parecia aflita, dizia estar de serviço no momento que foi cometido o ato. Aparentemente levaram muitas roupas de grande valor e toda a quantia contida no caixa. Miyazaki questionou se havia conseguido identificar algum shinobi ou se pareciam apenas ladrões. A mulher, por sua vez, respondeu que não pareciam ninjas, mas que com certeza eram perigosos. A cresça deles os levava a agir sem pensar nas consequências, quase como se não tivessem medo de morrer —— Entendido. Vamos continuar nossa busca e assim que tivermos mais informações, retornaremos. Por favor, caso haja um catalogo com as peças de roupa roubadas, gostaria de toma-las para fins de apoio durante a investigação —— Ao passo que solicitou, a atendente lhe cedeu uma folha arrancada de uma de suas revistas, contendo, segundo ela, o vestido mais caro e bonito de toda a região.

O jovem Miyazaki sabia por onde começar a procurar. Se a intenção era vender aquele vestido, o lugar mais lógico para faze-lo era a feira da aldeia, onde coisas roubadas e maltrapilhos se abarrotavam aos montes.


Miyazaki; 875/875; 1125/1125; 0/7;

Considerações:

Plot da Missão:

Usados:

—— Falso deus.

O lugar era mais afastado do centro e de conhecimento de poucos, quase como se fosse a própria vergonha dos líderes e dos membros mais respeitosos da autarquia da vila. Não era sem motivo, tendo em vista o forte cheiro de urina e a aparência desleixada do lugar. Barracas improvisadas com cores distribuídas aleatoriamente pelas tendas que cobriam as mesas repletas de especiarias e artigos roubados. Os itens iam do mais luxuoso ao mais artesanal e podre possível. Alguns dos vendedores não possuíam mais qualquer escrúpulo e dispunham em suas vendas até mesmo de animais doentes e alimentos estragados. Assistindo a todo o alvoroço, no alto de uma bifurcação acima de um casebre, estava Miyazaki, analisando cuidadosamente os movimentos e itens sendo comprados e vendidos naquele grande chiqueiro. O tom de roxo claro estampado em um tecido fino e curiosamente limpo destacando-se no meio de porcos e da ralé chamaram rapidamente a atenção do rapaz, que desceu abruptamente ao reconhecer aquele como sendo o que havia sido roubado da loja onde estivera algum tempo atrás.

—— Olá! Pode me dar um minuto? —— O puxão sem qualquer simpatia efetuado pelo Yotsuki não deixava espaço para uma resposta por parte da moça com cabelos sujos e dentes podres que usava o material roubado. Tomou-a debaixo de sua destra, como um saco pesado de grãos, e saltou na direção do terraço do maior prédio circundante à feira —— Onde conseguiu o vestido? —— A questão foi solta por seus lábios ao mesmo passo que deixou que a moça caísse sem delicadeza alguma ante o solo. A mesma estava assustada com toda a situação e parecia não entender nada —— Vou perguntar só mais uma vez —— Miyazaki passou a canhota por sobre o cabo de sua espada, apenas como ameaça —— Onde... conseguiu... o vestido? —— A pergunta saiu em tom de horror e causou o mais genuíno calafrio na garota, que respondeu sem pestanejar. Aquele havia sido o presente de um admirador que tentava corteja-la há tempos, mesmo sem obter resultado. O pretexto para o presente caro e inusitado era o de que aquele vestido seria como uma promessa de retorno. Aparentemente o pretendente era um dos seguidores do Pastor e estava de partida para a aldeia da chuva, onde se reuniria com seu mestre —— Onde eu posso encontrar o seu namoradinho? —— A moça ouviu e sem titubear afirmou que não tinha nada com o tal sujeito, que inclusive ajudaria a encontra-lo, insinuando que o mesmo a informara que ele mesmo e sua trupe partiriam do porto ao meio dia. Miyazaki se viu com o tempo curtíssimo, faltavam dez minutos para o meio dia. Ao menos sabia onde encontrar seu alvo e sem perder mais um segundo, partiu com destino traçado.



Miyazaki; 875/875; 1125/1125; 0/7;

Considerações:

Plot da Missão:

Usados:

—— Falso deus.

O percurso até o cais da névoa tomou quase cinco minutos, por mais rápido que o garoto tivesse que ir. Um aglomerado de embarcações de tamanhos e modelos diferentes, de modo que atendesse a grande demanda de serviços marítimos que o país da água recebia diariamente. Aos olhos de um genin sem muita capacidade mental, nenhum daqueles barcos era claramente o estorvo que teria de interceptar para capturar os malfeitores da aldeia que vinham por dias acumulando espólios para que conseguissem tomar a vila da chuva como rumo. Entre sua gama escassa de ideias, procurar em um por um, vinha parecendo infelizmente a melhor. Por sorte, acaso ou mesmo por intervenção divina, um grupo de quatro encapuzados se mostrou absurdamente suspeito —— Estão facilitando pra mim —— O garoto assumiu que aqueles poderiam ser os seus alvos e de todo modo, iria averiguar com sua sutileza magistral.

Entre saltos acrobáticos e bem malevolentes, Miyazaki se prostrou abruptamente diante do quarteto, enquanto ainda estavam sobre o píer, indo em direção a embarcação que usariam para deixar a aldeia —— Eu sinto muito por isso, mas creio que vocês iram perder a carona hoje! —— Frases de efeito estavam se tornando um hábito que relutantemente vinha cultivando, aquilo o estressava em seu íntimo, mas era incontrolável —— Eu tenho algumas perguntas muito simples e um pedido mais simples ainda —— Disse enquanto se levantava e sacava sua espada, mantendo-a em sua destra, mas abaixada —— Foram vocês os responsáveis pelos roubos recentes na aldeia? E se sim, por favor, queiram me acompanhar até a divisão militar. Preciso que se entreguem e paguem pelo que fizeram —— Um dos sujeitos deu um passo a frente e falou. Mais precisamente, levantou um questionamento que Miyazaki sinceramente não levava a sério, algo sobre o garoto estar se opondo a uma vontade maior, de um deus que o sujeito chamou de Jashin —— Olha, eu não tenho a menor ideia de que tipo de entorpecente vocês vem usando. Também não tomo conhecimento de nenhuma espécie de divindade, ainda mais uma que cultivaria seguidores lunáticos que acreditam ser pintores e não passam de vândalos e ladrões de quinta —— A frase do genin desencadeou uma risada por parte de seu alvo.

O sujeito começou a falar sobre como o jashinismo iria dominar todo o mundo, como aquela religião iria instaurar a paz mesmo que por meio do caos, como eles não mais poderiam ser parados —— Você me parece, nesse momento, muito parável —— Miyazaki já estava perdendo sua paciência e enquanto retrucou, posicionou sua espada rente ao pescoço do inimigo —— Mas eu estou curioso. Que tipo de mentiras é preciso contar para convencer um idiota a seguir um deus que se afaga na morte? —— O sujeito se sentiu ameaçado e uma gota de suor poderia ser vista escorrer por sua testa. Ainda assim, reafirmou suas palavras dizendo que a verdade pregada pelo tal Pastor era libertadora. Tentou convencer até mesmo Miyazaki a acompanha-los para que ouvisse do próprio líder a famigerada verdade. Indagou sobre como as colônias estavam se tornando cada vez mais predominantemente jashinistas e como procuravam meios de se rebelar contra suas aldeias por meio de insubordinação. Alegou também que Jyu havia renunciado seu posto como líder do vilarejo por conta de aquela ser a vontade maior de Jashin e finalizou com uma frase que perfurou até mesmo a postura blindada de Miyazaki. As palavras que saíram da boca do sujeito foram claras. Você não pode se opor a Jashin, você está sozinho. Junto com a frase, dezenas de pescadores se reuniram envolta do jovem genin e do grupo de quatro que ainda insistia com a ideia de deixar a névoa para se reunir com o tal Pastor —— Então isso é um complô? —— Indagou, respirando fundo ao fechar os olhos e recuperar sua calma, soltando um leve sorriso de canto. Deu-se conta de que de fato estava sozinho ali, cercado por adoradores do deus Jashin, mas estava mais do que confiante. Não passavam de um punhado de pescadores e um quarteto de patetas facilmente influenciáveis. Sabia que tinha mais por trás daquilo tudo e agora mais do que nunca estava decidido sobre se aprofundar no assunto e ajudar os que detinham o desejo de encerrar aquela loucura fanática.

Miyazaki abaixou sua espada, como se estivesse hesitando. O sujeito a sua frente riu, vangloriando-se de ter conseguido o que queria, porém, antes mesmo que pudesse falar qualquer coisa, o jovem genin usou de toda a sua velocidade para se posicionar entre os quatro malfeitores. Fora tão rápido, que para os olhos de meros aldeões sem treinamento ninja, mais pareceu uma técnica de movimentação instantânea —— Avise ao seu deus, quando se encontrar com ele, que foi Yotsuki Miyazaki quem os enviou! —— Ao passo que finalizou sua frase, em um movimento rápido com sua espada, emitiu ondas de choque cortante em várias direções, cortando fatalmente os quatro. Agora não passavam de corpos estirados e ensanguentados naquele píer. Os olhos dos pescadores se arregalaram na direção do menino que agora teria de lidar com eles.


Miyazaki; 875/875; 1075/1125; 1/7;

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Plot da Missão:

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—— Falso deus.

Por mais que fossem adeptos do jashinismo, os muitos pescadores que cercavam toda a cena entre Miyazaki e o quarteto de ladrões recuaram. Claramente o nível genin do garoto era demais para simples aldeões se oporem. O jovem por outro lado, estava enfurecido e por pouco não optou por cortar todos aqueles pescadores que claramente haviam se deixado enganar pelas palavras doces de quem quer que fosse aquele que chamavam de Pastor. Ainda assim, tomou uma decisão mais sensata e após a dispersão daquela pequena multidão, o menino realocou sua espada em sua bainha e evadiu do lugar, indo de encontro com um grupo de superiores que encontrou nas proximidades. Miyazaki informou o ocorrido e solicitou que fossem até o píer indicado recolher os quatro corpos. Ao fim, dirigiu-se aos responsáveis por aplicar e designar missões, onde reportaria o ocorrido detalhadamente e receberia sua gratificação.

O lugar não ficava realmente distante, mas demandou certo tempo para que enfim chegasse. Miyazaki apresentou os fatos como era devido e por fim solicitou que continuassem lhe enviando em trabalhos como aquele para que pudesse continuar investigando os jashinistas e essa religião que considerava a partir de então como pífia. Lamentou que a situação tivesse o levado a matar seus alvos, mas deixou claro que sempre que precisasse faze-lo, o faria. Ao que estivesse com sua situação devidamente regularizada no que concernia a missão, deixaria o lugar e buscaria retornar aos seus afazeres diários, tais como treinamentos e missões de menor importância.


Miyazaki; 875/875; 1075/1125; 1/7;

Considerações:

Plot da Missão:

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