Noite Mais EscuraPreparativos  
Quais são as motivações do Pastor? Por que ele faz o que faz e por que ele odeia tanto o mundo shinobi? Ainda que ninguém saiba os seus verdadeiros motivos, a resposta se encontra em seu passado.



PreparativosQuando não estava viajando pelo mundo, Kenshin estava no templo em Fujisawa, vendo todas aquelas crianças e jovens, todas órfãs de guerra e abandonadas pelos seus pais, sendo bem cuidadas pelos seus sacerdotes. Ele fazia longas caminhadas por aquele local com as mãos para trás, respirando aquele ar puro e comparando mentalmente com a sua antiga casa, onde o deserto ao redor condenava as plantações e tornava a vida de todos ainda mais difícil.

Olhando para um grupo de crianças jogando futebol alegremente, sendo monitorados por um grupo de adultos, sendo dois homens e duas mulheres, o Pastor sentou-se em um banco, lembrando-se de um passado distante, onde as crianças tinham que ajudar os pais no trabalho, não tendo sequer o direito de brincarem ou até mesmo de estudarem. Naqueles tempos, tudo era mais difícil para eles.

Flashback ON...

- Desculpem, mas eu não tenho como tratar essa menina. Ela precisa ser assistida por um médico imediatamente, ou então... - o velho curandeiro do vilarejo dizia, olhando para a menina acamada, com a pele pálida e o corpo franzino.
- Um médico da cidade grande é caro demais, Soichiro-sama! Ele nunca viria aqui para nos ajudar. - Kenshin dizia, enquanto a sua esposa, Lyanna, ficava com as mãos na cabeça, sentada na mesa. O curandeiro se retirou para ver outra criança adoecida, deixando o casal sozinho. - Deve ter alguma forma, algo que possamos fazer com os nossos recursos. - pensou, virando o rosto para a esposa, que o encarava com um certo rancor.
- Que recursos? Se dependermos de você, morreríamos de fome. - ela retrucou.
- Não precisa jogar isso na minha cara. Eu trabalho duro para nos manter, ainda que nessa crise que nos assola. - ele se defendeu.
- Talvez devamos pedir dinheiro para o seu irmão. Pelo menos ele tem um trabalho de verdade. Ele pode nos ajudar com isso. - sugeriu Lyanna.
- Ryoichi está longe, e nós estamos brigados há muito tempo. Duvido que ele vá me atender, e eu não quero ter que me humilhar diante dele. - Kenshin caminhava até a filha, colocando a mão em sua cabeça.
- QUE SE DANE O SEU ORGULHO IDIOTA! - Lyanna pegou o copo na mesa e tacou na parede. - SUA FILHA ESTÁ MORRENDO, E TUDO O QUE VOCÊ CONSEGUE PENSAR É NO SEU ORGULHO BESTA! E DAÍ QUE ELE SE TORNOU UM SHINOBI? E DAÍ QUE ELE NÃO CONTINUOU COM OS NEGÓCIOS DA FAMÍLIA? VOCÊ NÃO CONSEGUE CONVIVER COM O FATO DE QUE ELE NÃO FEZ AQUILO QUE VOCÊ QUERIA! VOCÊ QUER CONTROLAR TUDO E A TODOS, MAS NÃO PODE CONTROLAR A VIDA E A MORTE! - ela bradava, cheia de ira. - A única coisa que você pode fazer é pedir ajuda ao seu irmão. Ele pode conhecer algum ninja ou algum médico que possa resolver isso. Eu não me importo se você não gosta de shinobis, essa é a hora de você agir como um homem de verdade e pedir ajuda ao seu irmão. - ela dizia com as mãos na cintura.

Kenshin se levantou, caminhando até a filha, dando um beijo demorado em sua testa, fazendo carinho em seu rosto.

- Papai vai resolver o seu problema, minha filha. Eu prometo. - sussurrou no seu ouvido.
- Papai, fica aqui comigo, por favor. - pediu a pequena Rukia, segurando a mão do pai.
- Eu volto, minha esquilinha. Eu volto para cuidar de você. - ele se levantou, pegando o seu sobretudo e o vestido. - Irei cuidar disso, da minha maneira. - avisou, e então saiu sem dizer mais nada.


Flashback OFF...

A bola de futebol foi seguindo até parar no pé de Kenshin, o tirando daquele transe. Uma menina veio correndo para pegar a bola, ficando de frente para o Pastor, que voltou os seus olhos para a mocinha. Ela tinha um sorriso tão alegre, a inocência conservada em seus olhos. Não tinha como não amar todas aquelas crianças, e desejar que elas vivessem em um mundo perfeito, sem as mazelas que, segundo Kenshin, foram criadas pelas Grandes Nações.

- Joga pra mim! - ela pediu sorridente. Ao olhar para a menina, Kenshin viu o rosto de sua pequena esquilinha nela, ficando com os olhos marejados. Logo ele chutou a bola de leve para ela, a assistindo pegar a bola com a mão. - Obrigada, Kenshin-sama! - ela agredeceu, correndo para o grupo de amigos.

Ele ficou olhando para a menina indo até as outras crianças para reiniciar o jogo com um sorriso no rosto, sorriso que se desfez quando Phantom parou na sua frente.

- Está tudo preparado para a minha chegada? - perguntou Kenshin, olhando para Phantom, que respondeu que sim com a cabeça. - Tudo bem, me leve até lá. - sussurrou, e assim, Kenshin e Phantom caminharam até um espelho que fora colocado lá especialmente para isso.

O Pastor ficou um passo atrás de Phantom, colocando a mão em seu ombro e assim, os dois atravessaram aquele espelho, indo para outro local longe dali.