Algum tempo após fixar seu pacto com os corvos, o Uzumaki convocava-os vez ou outra para ajudar em suas atividades diárias, mas eles levavam as memórias do rapaz a sua mãe, que desapareceu no dia em que lhe ensinou aquele pacto. Felizmente, esse desaparecimento da senhora estava prestes a chegar ao fim.

Enquanto lavava suas calças na varanda de casa, o ninja de Kumo vê sua mãe chegando a passos lentos em sua direção. Seu primeiro pensamento é abraçá-la e dizer como sentiu sua falta - em todos esses mais de vinte anos - mas ele se mantém firme, afinal, o quão humilhante seria se jogar assim para uma mulher que mal se importava com ele? Conteve sua euforia, enquanto acompanhava somente com os olhos a sua chegada.

— Sei que ficou magoado com minha partida, meu filho. Foi necessária, mas não espero que entenda isso agora. Só espero que me acompanhe, pois esse treinamento ainda não terminou. Ao longo do caminho eu prometo que poderemos conversar sobre todos esses anos.

Com o fim da frase a velha grisalha conseguiu chamar a atenção do chunnin, que começa a acompanhá-la. Eles caminham juntos por muitas horas, aproximadamente seis, até um local isolado, quase como uma floresta no meio da montanha. Ali, em meio a uma pedra, sua mãe se senta e indica com as mãos para ele fazer o mesmo.

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— A energia não está somente no chakra que você conhece.  Ao nosso redor, em todos os lugares, tudo está repleto de energia da natureza. Sim, uma energia exterior, que com algum treinamento você pode absorver para si mesmo. Depois disso, com mais algum treino, você poderá ter efeitos incríveis com ela. Mas não adianta falar muito, te trouxe aqui para que você possa ter a oportunidade de senti-la por si mesmo. Concentre-se.

Shiso realmente não sabia como reagir. Pôs-se em posição de meditação, com os joelhos dobrados e uma perna por cima da outra, se equilibrando para não cair da escorregadia rocha que o apoiava. Com os olhos fechados, tentou concentrar-se na tal energia exterior que a mulher falava, mas sem sucesso. Tudo o que ele conseguia sentir eram as picadas de mosquito e o barulho irritante dos grilos presentes. Após poucos minutos, fez uma careta, notada pela anciã que o acompanhava.

— Você não está conseguindo sentir, né?

— Só os insetos, e acho que eles não tão exatamente me dando energia. — Retrucava, sem esconder a incomodação.

— Jovem tolo! A natureza não está aqui para te servir, mas para ser sentida. Pare de acreditar que algo deve se dobrar perante sua vontade, e sinta a grande mãe seguindo seu curso.

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Após a bronca da mulher, que Shiso começava a aceitar vagarosamente como realmente sendo sua mãe, ele decide ficar menos emburrado e tentar novamente sentir a tal natureza, com seriedade.

Na mesma posição de antes, o garoto tenta dessa vez tirar o foco dos insetos que o picam e fazem barulho, essa distração provavelmente o estava impedindo de entrar em contato com a natureza. Pouco tempo, apenas alguns minutos, depois do reinício da tentativa, ele sentia os sons desaparecerem gradualmente de sua volta, quase como se estivesse num estado de transe. Ele não sabia nem sequer se sua mãe continuava ali, mas também não queria abrir os olhos e correr o risco de se perder nesse estado. Sente, porém, alguns segundos depois, alguém lhe cutucando e chamando, perdendo assim o foco do estado em que estava entrando.

— Conseguiu, meu amor? Perguntou de maneira preocupada sua mãe, que logo percebeu que tinha feito besteira, dada a péssima expressão facial do chunnin.

— Quase, mas me cutucaram e interromperam — Responde de maneira ríspida e mal-educada, não fazendo questão de tirar do rosto sua expressão de irritação extrema.

— Só fiquei preocupada, você estava fazendo uma cara estranha de idiota, achei que pudesse estar tendo algum problema — Diz envergonhada a progenitora.

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Após muito tempo concentrado, a noção de tempo do jovem já tinha se perdido em meio aos olhos fechados e já não podia mais sentir seus pés. Efeito da meditação? Talvez. Mas muito provavelmente da má circulação causada pela posição horrível em que suas pernas se encontravam. Mas ele já conseguia sentir o fluxo da natureza, conseguia ouvir com mais proximidade o som dos pássaros e dos insetos, sem incômodo. Conseguia sentir toda a energia que emanava dali. Abriu, então, seus olhos.

— Eu não atrapalhei dessa vez. Conseguiu? — Questionou animada a anciã.

— Acho que sim. — A expressão de falta de confiança estava estampada no rosto do chunnin — Mas não é como se tivesse um manual dizendo o que devíamos sentir, não é mesmo? Acho que esse sentimento é individual, e eu acho que eu senti sim. — Completou.

— O sentimento é, sim, individual. Mas quando você tiver alcançado, não terá dúvida alguma de que alcançou. É algo único e especial, você pode sentir a natureza conversando com você. Continue tentando, valerá a pena.

Ele, ouvindo as palavras, mesmo se sentindo contrariado, continuou o treinamento e meditando. Ela o passava uma confiança esquisita, como se soubesse muito o que estava fazendo.

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Seguiu então até um ponto mais alto. As estrelas iluminavam o céu de uma maneira espetacular, e a brisa que soprava naquela noite deixava muito mais fácil a conexão com a natureza naquele lugar. Com os joelhos levemente flexionados, o gennin entrava na posição de meditação no topo daquele penhasco. Dobrava os cotovelos e posicionava os dedos na posição certa, almejando o transe profundo.

Nessa medida do treinamento, num instante ele deixava os seus sentidos e entrava em contato, sentindo as vibrações naturais ao seu redor, mas de acordo com a matriarca não era o suficiente. O chunnin repara então que tem usado de seu chakra, energia física e espiritual, para acessar esse chakra natural, e exatamente isso o impedia de alcançar o objetivo.

Deixando um pouco de lado sua própria energia, o garoto focava de vez em sentir as forças do ambiente, e pela primeira vez conseguia sentir a incrível sensação que lhe fora relatada. Ele havia finalmente conseguido sentir a energia da natureza, definitivamente. Desce então até o local que se encontra sua mãe, o esperando.

— Eu consegui! Eu consegui! Eu senti! É incrível! — Comemorava eufórico o Uzumaki

Depois, novamente tomava um rumo diferente daquele da sua mãe. Seguiu rumo a sua moradia em Kumo, enquanto a velha senhora desapareceu em meio às folhas.

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