Meus olhos se incomodavam com a luz do sol que invadia meu quarto através da pequena abertura da janela, que deixei no intuito de gerar uma corrente de ar. Minhas mãos cobriram meu rosto tentando criar uma pequena sombra, apenas para poder dormir um pouco mais, mas não tive hesito. "Droga, vou ter que levantar." Me suspendi no colchão sentando em sua superfície esfregando as mãos nos olhos afim de acostumar - me com a luminosidade. Toquei o chão com os pés sentindo o gélido do piso de madeira, me erguendo e andando até meu banheiro.

O banho gelado foi o suficiente para me despertar, e agora com minhas vestis segui até a cozinha. Desci as escadas alcançando o térreo, chegando a frente da geladeira aonde peguei algumas coisas para satisfazer meu estômago. "Acho que isto está bom." Uma pera, um suco de laranja e um pequeno pedaço de queijo branco, tudo o que precisava por ora. Me encostei na parede por alguns minutos, tendo comido tudo em pouco tempo de forma lenta.

Me dirigi até a sala, seguindo até a mesinha de centro aonde se encontrava minha bag de armas. Junto a ele estava minha espada, desativada a espera das minhas mãos. A prendi em minha cintura, assim como fazia com a bolsa de armamentos voltando-me para a porta. A chave estava em minhas mãos e, logo encontrava a fechadura da porta a abrindo em seguida. O vento beija-me o rosto refrescando-me enquanto eu saia de casa. "Mas que dia lindo." Sorria, apesar de tudo o que havia ocorrido ao longo dos dias que se passaram.

Afastei-me de casa me aproximando de uma outra mais a frente. Com um impulso forte alcancei o telhado da residencia de forma rápida e suave, evitando quebrar o objeto. Olhei para o longe levando minha destra acima da testa fazendo uma pequena sombra. "Para onde é mesmo?" Questionava-me sobre a localização exata do hospital da vila, pois não lembrava de onde seria. "Ahh, é para lá." Lembrava um pouco depois de vasculhar minha memória que andava um pouco ruim.

Meus pés avançaram rapidamente, usando as casas pelo caminho como vias. Ao longo da corrida observava a movimentação no centro da vila logo naquela manhã, vendo a grande quantidade de pessoas em suas andanças pela vila como sempre. Estava em um dia lindo de primavera, bom o bastante para ser admirado. Ao longo do caminho acabava me perdendo em meio aos meus pensamentos, quase que me chocando contra uma parede qualquer. "Quase." Pensava aliviado.

Chegava próximo ao hospital após alguns poucos segundos correndo, sem exigir demais do meu corpo para não me cansar. "Aqui estamos." Sorria ao ver a construção, pois antes não fazia ideia de como chegar e agora lá estava eu, prestes a fazer um pequeno serviço que tinha me pedido.

Me deixar despencar de cima do telhado, indo de encontro ao chão de forma rápida, aterrissando suavemente para não me machucar. Lá estava, a porta de entrada do local. "Vamos lá." Caminhei até ela observando algumas pessoas entrando e saindo, fazendo a porta abrir e fechar algumas vezes até ser minha vez. Fui direto até o balcão localizado bem na entrada, falando direto com a recepcionista. -Ola, sou o Yahiro. Vim aqui para ajudar na organização de uma das salas de enfermagem, aonde fica a sala duzentos e três. Com poucas palavras a mulher explicava como chegar até ela.

-Suba as escadas até o segunda andar, depois vire a esquerda e siga o corredor. A sala fica bem no meio dele. Educada, detalhava o caminho para mim. Anui para ela, voltando a caminhar até as escadas que ficavam próximas dali. Após subir os degraus virei para a esquerda como a mulher tinha falado e segui calmamente até o centro do corredor, observando enquanto isso a pouca movimentação de médicos de um lado para o outro. Assim que cheguei até a sala dei duas pequenas batidas, aguardando pela permissão de entrar.

-Pode entrar. Dizia uma voz feminina saída de dentro da sala. Levei a destra até a maçaneta abrindo a porta devagar até poder ver a moça. Com um pequeno sorriso em meu rosto adentrei no recinto, me posicionei bem no centro afrente da mesa e a reverenciei. -Ola, sou Tatsuya Yahiro, vim ajudar na organização desta sala. Logo me coloquei de forma normal olhando diretamente nos olhos da mulher a minha frente.

Olhando para mim com um sorriso em seu rosto a moça me cumprimentou. -Ola Yahiro, prazer. Você chegou bem na hora. Sou Amiko, uma das médicas do hospital. Bem, obrigada por aceitar o pedido, muitos não veem esse trabalho com bons olhos, mas você foi diferente. Procurei me manter tranquilo, mesmo que estivesse meio nervoso no momento.

Um pouco mais tranquilo, a médica me mostrou o que eu tinha que fazer, saindo pouco depois da sala e me deixando ali para organizar os itens usados pelos enfermeiros. Olhei durante alguns segundos para todos os itens, decidindo o que fazer de início. ”Humm, acho melhor começar com as agulhas.” Peguei todas as agulhas, mantendo-as no interior da bandeja, e as levei diretamente até a pia para lavá-las. A bancada do lavatório era bem amplo, e facilitava o meu serviço. Peguei uma agulha de cada vez e a lavei completamente, esfregando com esponja, detergente e sabão. Depois coloquei uma a uma dentro de outro recipiente com álcool, deixando-o por ali.

Retornei até onde os outros utensílios estavam, pegando todos os bisturis, os levando até a bancada para lavá-los. Também os esfreguei um a um, usando esponja, detergente e sabão, e colocando tudo dentro do pote de álcool logo em seguida. Mais uma vez voltei até onde estavam os restos dos itens, pegando as tesouras e os outros tipos de objetos metálicos, os levando até a pia. Esfreguei tudo, de um em um até que ficasse tudo bem limpo, depois joguei todos dentro do recipiente com álcool e deixei ali dentro por alguns minutos.

Passado-se o tempo estipulado vesti minhas mãos com luvas esterilizadas, para que não infectasse tudo o que tinha lavado. Retirei tudo de dentro do pote e coloquei dentro do tal forno, que era grande o bastante para caber tudo, depois de ter secado tudo para retirar os vestígios de álcool. Liguei o aparelho e me afastei, ficando alguns minutos parado esperando a finalização da esterilização.

Os minutos se passaram e logo o forno deu sinal de que aquela etapa tinha sido finalizada. Juntei tudo dentro de uma bandeja, e levei até a mesa que ficava perto da parede. Passei um pano com álcool em cada objeto, vendo tudo brilhando e muito bem limpo. Coloquei tudo dentro de outra bandeja que tinha limpado bastante e levei até as gavetas ditas por Amiko, abrindo cada uma e guardando os utensílios em seu interior. Tudo era posto em seu respectivo lugar, sinalizado por tamanho, utilidade e tipo de objeto, assim como o a médica havia dito. Logo depois me retirei do local, vendo o que mais eu podia fazer.

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