Uma noite fria, e o céu estava estrelado. A névoa ainda era visível quando basicamente se fez presente um corpo flutuante em alto mar. Os fios negros sedosos e volumosos eram então esparsos sobre as águas, o rosto pálido, delicado como porcelana, e olhos fechados como se adormecesse, lá estava uma jovem cuja bandana estava despedaça sobre a testa delicada. Seu corpo era delineado como o de uma bela mulher, mesmo que ainda estivesse envolto por trajes, era notório tamanha beleza da moça. Ela parecia estar num sono profundo, mas na verdade estava inconsciente, e, sua roupa de Jonin da vila Névoa estava em trapos. E ela estava lá, solene e calma, inerte como uma boneca ali.

Mas que se olhasse mais de perto veria que ela estava então machucada. Ela tinha uma série de cortes em todo o corpo, e sangue estava grudado sobre sua pele macilenta e alva. E ela continuava flutuante, como uma leve brisa marítima com calmaria sobre o mar. Na testa, na boca, nos braços, nas bochechas e queixos, a moça estava mutilada, e era como se tivesse saído de um grande massacre de nível local. E de fato havia. Então, também poderia se notar que ela protegia algo nos braços, e era a única coisa que ela envolvia, pondo acima de si mesmo por mais que pudesse dar um fim a sua vida, mas mesmo assim, ainda segurava lhe entre os braços fortemente como se o vedasse de todo o mal.

Então, quando o sol e a lua estavam transitando no céu estelar, a jovem lentamente abriu os olhos. Mesclas coloridas do amanhã estavam diante dos belos olhos púrpuras que tinha, destacando o iluminar sobre ela e o pequeno  corpo, no auge de sua juventude que carregava. O azul mesclava-se com o violeta e o alaranjado, se desborrando como uma linha entrelaçadas, formando no infinito noturno um espetáculo natural. Se os artistas vissem aquilo, seria muito provavelmente descrito como um show do divino deus, que se apoderou daquele mundo sob sua piedade, e iluminou para ele, devastado pelos danos a guerra, o ar da esperança, do amor, da juventude, da felicidade, e da fraternidade, um mísero iluminar de que as virtudes humanas poderiam ainda existir naquele prelúdio de guerra.

A jovem moça contemplou aquele momento, enquanto apertava a pequena bolinha em seus braços. “É lindo...” pensaria ela. “Mesmo após toda a degradação humana, todo o caos, e as agulhas da guerra, quando a ira dos deuses recaiu sobre os homens, em que, todo o pecado da carne humana, teve seu ajuizado final, em que a punição, a sanção suprema do divino ser recaiu sobre todos os ninjas, shinobis, que poderiam ter e carregar os mais hediondos pecados e suas imperfeições... Ainda tem o ar da esperança e das virtudes.” Após mais um tempo, ela se sentaria com cuidado e delicadeza, segurando com toda gentileza possível, a pessoa no seu colo.

Ela passou o dedo sobre ele, estava parecendo mais como se o acariciasse, mesmo que não dispusesse de um ligeiro sorriso alegre, ou amistoso. Os olhos fixavam-se com uma simpatia, um amor indescritível, tão presente somente nas mulheres que dispunham de ter uma cria. De ter uma criança. De engendrar uma vida, passar nove meses, onde basicamente o fenômeno de um ser vivo novo a ser criado acontecia, sob a proteção da mãe, sobre a proteção da mágica de seu nascimento, o mais perfeito presente que poderia então dispor, a criação da vida e de vê-la crescer. Entre os braços da jovem, encontrava-se um garoto jovem, não mais que seus treze anos de idade, e estava desacordado, sua testa, acima da sobrancelha estava sanguinolenta, mas parecia que ele não se importava, estava adormecido em seu sono protetivo de um ser sobrevivente a um atentado.

A mão, delicada, e fina, leve como uma brisa frívola porém confortante, afagou o cabelo negro, entranhando os dedos azuis claros entre aqueles fios que tão escuros que pareciam azular. Ali, havia uma delicadeza, um carinho, e era somente dois sobreviventes que tiveram sua vida arruinada pelos deuses. Após mais um tempo no meio do mar, a jovem subiu-se com um pouco de dificuldade, com o filho no colo, o segurando nos braços. No fim, chuviscos começaram a ocorrer, molhando tudo de uma vez, senão em alguns segundos, não se restou tempo para que pudessem cair grandes poças de água, e chuviscos que pareciam balas, mesmo que não causassem dor. E, ela sentiu formigamento pelo corpo, suas feridas até então indolores começaram a surtir efeitos.

Ela então pôde comtemplar há alguns metros dali, um pequeno rastro de sangue, onde jazia o corpo de um homem. A boca pontuda com um entrechados de dentes mortíferos parecia saltar para fora, exalando toda a sua natureza anfíbia. Seus olhos estavam revirados, enquanto sua boca estava molhada de liquido rubro. O corpo jazia esticado como um boneco ao cair de qualquer jeito, mole. No meio de seu tórax cinza, tinha-se um enorme tronco de madeira rígida, diretamente imposta sobre o meio de seus pulmões e de sua coluna, atravessando-lhe como uma agulha crescente. Ele estava morto, e ele não havia pedido por aquilo, havia então sido morto por deuses. Haviam o tirado da vida da moça, haviam tirado o homem que ela amou e que ele o amara de volta.

Mais ao fundo, ela pode observar então, há mais de alguns quilômetros dali, em que basicamente era sua vila natal, praticamente já não se existia o mínimo traço de que ali naquele lugar, se teve uma vila. A vila da Névoa, a vila dos ninjas que viviam no meio das neblinas e que elas eram como uns seres acompanhantes deste ninja por toda a vida agora já não existiam mais, junto como toda uma cidade, em que se tinham pessoas que viviam nela, ninjas, toda uma sociedade ali. Agora mais nada, senão um monte de águas como qualquer outra. Kirigakure no Sato agora fora varrida do mapa por um deus, cujas habilidades eram extraterrenas ao nível de que pudesse acabar com uma vila sozinha. Ela poderia muito bem se recordar de que pessoas sem a mínima ideia serem mortas em sua frente, ou suplicarem por perdão antes de serem mortas.

No fim, agarrou o filho com mais força e saiu andando sobre as aguas, com todas as forças que podia, para longe daquela tragédia. Escapara por um  ato de sorte, um ato milagroso de sobrevivência, onde, a garota, jovem mãe, guerreira, uma moça que com esforço próprio havia conquistado por mérito seu título de Jonin, de um ser da elite, agora rumava como uma andarilha perdida, no meio dos mares, sem ter para onde ir, somente se agarrando ao mínimo fio de esperança que se pudesse encontrar umas terras para viver. E foi assim então ,somente por alguns dias, semanas, em que aquela mãe passeou pelos mares do mundo com seu filho, carregando o seu legado, um ninja que carregaria o sangue de Udachi, que fizesse jus á vila da Névoa, que carregasse tudo o que foi perdido.

Ela estava disposta a acreditar que a reminiscência dos Hoshigaki e de Kiri estava naquele garoto, e ele passaria adiante a medida que crescesse. A disposição para se agarrar á esperança era grande em Kirisame, e ela seguiria frente. Em pouco tempo depois, passado muitos dias, ela finalmente pôde descansar seus pés. Encontrara terra. E agora, ela poderia finalmente relaxar seu corpo. E após isso, apenas se caiu ao solo, embrenhando-se na areia com sua cria e fechando os olhos para que pudesse difundir-se em um sonho. Após muito tempo, ela se levantou e finalmente rumou-se para dentro das árvores, sumindo por ele, quando o seu filho acordou, iluminado pelo raiar do sol, aquele clima era diferente.

Ela lhe deu um beijo sobre a testa para que pudesse dizer que estava seguro e continuou andando por entre aquelas terras novas, cheia de arvoredos, de frutas, de animais, de vida, do verde, do dourado, do sol, de tudo, iluminado, o clima ameno, tudo diferente de Kiri. E ela olhou, seu filho ficava lindo, iluminado pela luz daquele lugar... A luz da esperança banhava seu legado... “Sadachi... Você que conheceu os prelúdios da guerra divina, passou pelas mortes, pela chuva e pelo sol, pelo sangue, pela madeira, e pelo chakra, atentado a própria vida pela mão do supremo... Você será o Prince of Hope... Sadachi Hoshigaki, aquele que leva a luz, como chuviscos luminosos a tudo que é entrado em trevas.” E ela encontrou aqueles portões gigantes depois de algum tempo... Seu novo lar. Parecia ser os de uma grande vila, como uma metrópole potencial.

Conhecimentos acadêmicos, de Vila, e de seu Clã.

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