Maeda

Caminhando pela neve que cobria o vilarejo sob o manto da noite, deixei que o frio beijasse minha face e brincasse com meus cabelos em um toque gélido, mas estranhamente acolhedor. Meus passos, guiados por um ímpeto de reflexão, me levaram de volta ao coração do complexo do clã Senju. Ao cruzar o limiar que separava o mundo lá fora da minha herança ancestral, entreguei o jornal nas mãos de minha mãe. Sem me deter para explicações, movido por uma necessidade interna de isolamento e foco, dirigi-me ao dojo que se erguia solene nos fundos do complexo. Lá, o ritual de reverência me acolheu; me ajoelhei sobre o tatame, depositando minha espada ao lado, como se ela pudesse testemunhar o compromisso silencioso que estava prestes a assumir. Os quadros antigos que adornavam as paredes, retratando figuras veneradas de nosso clã, observavam-me em um silêncio que transcendia gerações. Cada um deles evocava a essência do respeito e da continuidade, pilares de qualquer dojo que se preze. Em meu íntimo, uma agitação crescia, um anseio por superação e evolução. Não se tratava apenas de uma busca pessoal por excelência, mas de um desejo ardente de estar à altura das expectativas depositadas em mim, de ser um bastião para aqueles que amo e para o legado do meu clã. A determinação de me tornar mais forte, mais capaz, ressoava com cada batida do meu coração, impulsionando-me a transcender meus limites atuais. Iniciei, então, meu treinamento solitário, com movimentos carregados de intenção e foco. A prática do estilo de luta peculiar no meu arsenal, o fluir do chakra formando um exoesqueleto de madeira ao redor do meu corpo, era uma manifestação física da minha conexão com o Mokuton.

Aquele momento não era apenas sobre aprimorar habilidades; era uma meditação em movimento, uma comunhão com os ensinamentos ancestrais que me foram confiados. Conforme me entregava ao treinamento, sentia a energia do dojo me envolver, um lembrete silencioso de que não estava sozinho em minha jornada. Os olhares dos Senju do passado, imortalizados nos quadros, pareciam aprovar minha dedicação, reforçando a sensação de que cada gota de suor e cada momento de superação eram degraus na construção de um futuro digno da herança que carrego. Naquele espaço sagrado, entre a madeira, o tatame e o eco de cada movimento meu, reafirmei meu compromisso não apenas com a arte marcial, mas com a essência do que significa ser um Senju. Era um compromisso de honrar as lutas e sacrifícios daqueles que vieram antes de mim, de proteger com vigor não só os meus, mas todos os que dependerem da minha força.  Após um período intenso de prática, permiti que o exoesqueleto de madeira, uma extensão do meu domínio sobre o Mokuton, se dissipasse, retornando ao estado natural do meu ser. Com um respeito renovado pelas lições e pelo legado capturado nos quadros que adornavam as paredes do dojo, ofereci mais uma vez minha reverência. Era um gesto que selava o fim do treinamento, mas também reafirmava o vínculo inquebrável com aqueles que, embora não mais presentes fisicamente, continuavam a orientar e inspirar minha jornada. Em seguida, movi-me em direção ao banheiro, consciente de que aquele era apenas o começo de uma série de preparações e ações que precisavam ser tomadas.