“Qual o motivo para existirem tantos conflitos?”

Esse é o pensamento que passa pela cabeça de Safira enquanto olha para o céu azul. Mesmo que o vento não estivesse forte, pequenas nuvens percorrem o espaço, alongando-se, formando possíveis figuras, uma após a outra, fugindo aos poucos do campo de visão da garota. O estado delas era incerto, o que ironicamente assemelhava-se com a forma que Safira se enxergava naquele momento. Ela ri de si mesma, frente a esse pensamento.

Seja como for, ela estava ocupada.

Há alguns dias pequenos vilarejos do País do Fogo iniciaram um conflito. Konoha como representante da força do país, foi requisitada para dar fim ao embate que estava ocorrendo. Alguns ninjas foram enviados em pequenos grupos, o problema é que mesmo após a intervenção da vila da Folha, os vilarejos continuavam a se enfrentar. E desta vez, ninjas da folha estavam no meio.

Tudo fugiu do controle quando um dos vilarejos contratou uma força shinobi para que pudessem sair vitoriosos. Dando início a um grande conflito, onde nenhum dos lados concordava em levantar a bandeira branca e os ninjas da folha concentrados em reduzir os danos criados por toda esta confusão.

Como em toda disputa, existiam indivíduos que acabam se machucando. Tomando conhecimento disto, também foi enviada uma equipe médica para cuidar dos aldeões e ninjas que chegassem a se ferir. Contudo, o tratamento era apenas direcionado a um dos vilarejos. Como o segundo vilarejo contava com força shinobi, não tinha como garantir a segurança dos ninjas médicos.

Safira era um dos membros do time médico, como uma ninja capaz de utilizar iryo-ninjutsu, julgou-se sua participação nesta missão necessária.

― Escutem! Aparentemente, eles estão divididos em três grupos. Cada um desses grupos irão utilizar um sinalizadores de cor vermelha, toda vez que for necessária a presença de um ninja médico. Estamos em trio, significa que será necessária nossa constante movimentação entre os pontos em que o confronto está ocorrendo, caso um de nós precise de reforço. - Diria a líder médica indicada para aquele trio. ― Safira, você ficará responsável pelo posto dois. Desse time, você é a que possui melhor facilidade em movimentação rápida. Então, contaremos com seu reforço! Eu e a Ram ficaremos nos postos um e três. Somos mais experientes e de acordo com os relatórios são o ponto crítico desse conflito.

― Claro que isso não significa que você irá ficar sozinha. Sempre que possível, eu e a Rem iremos conferir como anda estes postos. - Diria o outro integrante do time. ― Aliás, não preciso dizer, mas é bom lembrar. Devemos evitar a todo custo o combate, nossa prioridade é curar quem está ferido. Entendido?

Todos afirmavam que estavam a par do objetivo daquela missão, logo ao finalizarem os detalhes sobre a formação, simultaneamente partiram para os postos indicados.

― Tomem cuidado... - Sussurrava a pequena kunoichi, enquanto seguia na direção do seu posto.

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Avançando por entre o mar de árvores, Safira tomava cuidado em cada passo. Por mais que estivesse ali apenas para dar suporte, a partir do momento em que se separou do seu time para aquela missão, adentrou o território inimigo e qualquer movimento desnecessário poderia revelar sua posição.

Não demorou muito para kunoichi alcançar seu destino, era uma pequena tenda. Antes de ter seu acesso liberado, ela informou o código que permitia sua circulação por aquele “acampamento”. Adentrando o pequeno espaço, percebia a presença de apenas duas macas, que já estavam ocupadas por duas figuras. Como ambos não possuíam nenhuma bandana, Safira concluiu que eram aldeiões.  

Deixando sua mochila em cima de uma mesa improvisada com tijolos e madeiras, a pequena soltava o lenço laranja que usava em sua cabeça, dobrava e utilizava para prender melhor seu cabelo em um pequeno rabo de cavalo. Fazia isso para que não atrapalhasse durante os exames que iria realizar.

― Muito bem, pode me falar o que aconteceu? - Indagava para uma senhora que estava em uma das macas.

― V-você é uma ninja médica? Mas é só uma cri… cof, cof… criança…

― Ainda não… mas irei conseguir ajudar vocês. - Respondia, enquanto analisava o corpo da senhorinha. Percebeu que ela estava com o corpo bastante exausto, provavelmente por estar realizando alguma atividade exaustiva durante os últimos dias. Mas não era a única coisa que surpreendia a pequena. ― Seu músculo foi distendido, sinto muito… me surpreendi que esteja sendo tão resistente. Sei que deve estar doendo muito.

― Na minha idade, isso não passa de um “dodói”. - Safira não entendeu o que a senhora estava falando, mas iniciou o tratamento do músculo distendido invocando seu chakra para religar os músculos. A coxa dela estava inchada, esse era um dos sinais da distensão. Inicialmente, a pequena utilizou seu jutsu para diminuir a dor que tão bravamente ela suportava. Em seguida, mantendo a calma para não perder o controle do seu chakra, Safira reconecta os músculos que haviam sido “rasgados”.

― O que estou fazendo aqui vai apenas aliviar sua dor e evitar que o ferimento acabe agravando. Ainda será necessário que a senhora procure descansar nos próximos dias…  

A senhora agradecia, mas infelizmente estava em negação quanto a necessidade de um bom descanso. Mesmo com o aviso da pequena Uzumaki, a senhorinha saía da tenda com a pretensão de voltar a auxiliar seu vilarejo.

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Não havia nada que a garota pudesse fazer para impedi-la. Restava torcer para que nada de grave acontecesse. Suspirava por alguns segundos, e logo após esse pequeno momento de “descanso”, recuperava seu fôlego e iniciava o exame no segundo paciente.

“Ele está com umas queimaduras bem feias… acredito que sejam de segundo grau. Vai levar um tempinho, mas o recomendado seria levá-lo para o hospital da vila, ele teria um atendimento especializado. Ele está com partes do corpo inchadas e bolhas horríveis. ” - Nunca havia visto um ferimento tão feio. Pelo estado em que o rapaz encontrava-se, Safira concluiu que ele não havia recebido os primeiros socorros adequados. Suas feridas estavam expostas e devido a exposição sem qualquer proteção, corre o risco de infecção.

― M-me desculpe… vai doer um pouco. Preciso tratar este inchaço.  - Balbuciava, mas o homem não conseguia respondê-la, estava inconsciente. Provavelmente por conta do dano causado pelos ferimentos.

Inicialmente, Safira estava preocupada com a limpeza. Na bandeja ao lado da maca, havia alguns instrumentos e remédios que poderiam ser utilizados. Ela pegou a pomada antibiótica e aplicou nas partes onde o rapaz estava com queimaduras. O paciente despertou com o toque da gennin. Ele gritava de dor. Isso fez com que Safira tremesse, isso estava sendo demais, mas infelizmente não poderia deixá-lo sem tratamento. Então, a cada aplicação foi tentando mantê-lo calmo, o que não surtia efeito algum.

Terminada a aplicação da pomada, ela o dava alguns segundos de descanso e logo erguia suas mãos sobre uma das regiões queimadas. Então, invocando seu chakra tentava aliviar a dor com aquela energia curativa que estava emanando. Por mais que a dor fosse reduzida, ainda seria um processo doloroso.

Por conta da gravidade dos ferimentos, Safira acabou levando duas horas para realizar o tratamento inicial. Cobrir as regiões afetadas não era uma opção, e ele não estava em condições de ir levantar e sair andando, por mais que fosse manter uma das duas únicas macas ocupadas, naquele momento era uma solução necessária.

“O que pode estar levando eles a se ferirem neste nível?”

Naquela tenda também estavam mais dois ninjas da vila da folha. Era dever deles manter a proteção daquele “acampamento” improvisado.

Por mais que tivesse cuidado de apenas dois pacientes, foi necessária uma energia e concentração exaustivas. Mas ainda não era possível descansar. A maca vazia foi preenchida com mais um paciente, este estava aos prantos, havia perdido uma das mãos. Os olhos da pequena lacrimejaram ao ver aquela cena de dor.

― Por favor, se acalme! - Pedia para que ele se acalmasse, precisando da ajuda de um dos shinobi para mantê-lo parado. Mais uma vez utilizando seu iryo-ninjutsu na região amputada para limpar o corte e estancar o ferimento para que ele não perdesse mais sangue desnecessariamente.

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Aquele pequeno vilarejo não possuía força shinobi, o que significa que eles estão enfrentando ninjas sem o mínimo preparo para o campo de batalha. Mesmo depois dos shinobi da folha chegarem, eles continuam insistindo em lutar.

Safira ainda estava no segundo posto, até o momento não havia recebido nenhum pedido de reforço dos demais. Isso era um bom sinal. Rem e Ram eram ninjas médicos habilidosos, então não deviam estar tendo dificuldade com o tratamento dos feridos. Até aquele momento, a pequena já havia atendido o total de dez pacientes. O último estava com o braço quebrado, depois de realizar o tratamento com o ninjutsu médico, enfaixou e colocou uma tala no braço do rapaz para facilitar o período de recuperação.

― Como está a situação entre os vilarejos?

― Não há nenhum ataque por hora. Acredito que estejam se reagrupando enquanto planejam o próximo passo.

― Eles são muito habilidosos? Pelo grau dos ferimentos, sabem utilizar o chakra, mas não consigo medir a força deles.

― Bem, são mercenários. Eu diria que são do nível de um gennin. O problema é que eles não parecem ter o mínimo de compaixão, atacaram até crianças do vilarejo. Não é de se esperar que ninjas tenham empatia, mas você cria esperança para não acabar enfrentando algo assim.

― Entendo o que você quer dizer… depois de atender tantos feridos, percebi o quão injusto o mundo ninja pode ser. Sabe, essa é a primeira vez que saio da vila e ver uma situação deste nível me faz questionar o que os motiva.

― Faz pouco tempo que se formou na academia, certo? É comum pensar assim. Já sou gennin há algum tempo e também cheguei a ter dúvidas. Esse vilarejo insiste em lutar para proteger seus bens. Depois que você põe seu suor em algo, não é fácil ver alguém chegar de repente e “confiscar” todo seu trabalho.

― Pelo menos eles fizeram certo em pedir ajuda a Konoha. Contra shinobis mercenários, eles não conseguiriam atacar. Esses mercenários me dão calafrios.

― Os outros dois do meu time estão rondando o local para evitar ataques surpresas. Vou continuar aqui fazendo a proteção dessa ala, não se preocupe. - Dizia o ninja da folha, esperando tranquilizar a pequena Safira. Ela perguntava se seus colegas de time precisavam de atendimento e respondia negando a necessidade. Felizmente, não tiveram nenhum ferimento que precisasse de atenção.

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O pequeno descanso não duraria mais do que cinco minutos, logo um aldeão surgia pedindo atendimento. Estava com algumas queimaduras que teriam sido causadas por papéis bomba. Depois que o rapaz acomodou-se na maca, Safira estendeu seu braço, colocando sua mão sobre a região afetada, concentrando-se para externar seu chakra medicinal. Para tratar aquele ferimento, seria necessário dosar a quantidade certa de chakra. Para tal, manteve-se atenta desde o início do processo. Diminuindo a intensidade de seu chakra e aumentando quando necessário.  Suas mãos movimentavam-se indicando a intensidade do chakra de acordo com a posição das palmas da mão da pequena gennin.

― Tsc… - Estava impaciente. Não aguentava ver mais tantos feridos. Em parte, sua mente indicava que nessas situações o melhor a se fazer seria manter-se neutra. Mas seu coração estava cada vez mais indignado com tanta violência. O aldeão percebia que algo estava incomodando a pequena Uzumaki e expressava um grande sorriso em seu rosto, agradecendo pela contribuição da jovenzinha.

― Não se preocupe, garotinha. Isso é passageiro. - De repente, uma criança que aparentava estar entre seus quatro ou cinco anos, invadia a tenda e abraçava Safira fortemente, presenteando-a com uma rosa.  ― Está vendo? Ainda temos motivos para sorrir e o que proteger. - Safira retribuía com um sorriso tão belo quanto a rosa que recebeu. Também fazia cócegas na garota, arrancando risadas da jovenzinha.

Aquelas palavras emocionaram a pequena kunoichi. Embora ainda não entendesse totalmente o que seria aquele sentimento, desejava voltar a sentir-se daquela forma outra vez.

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Repentinamente, era possível ouvir gritos desordenados. Pertenciam aos aldeões, estavam sendo atacados por quatro ninjas. Aparentemente, eram os mercenários contratados pelo vilarejo inimigo. O ataque estava acontecendo no pior momento possível, os outros dois ninjas de Konoha não estavam presentes. Tinham saído para verificar o perímetro, já há algum tempo.

― Safira! Fique aqui com esses dois, eu irei enfrentá-los. Caso eu seja incapacitado, por favor, fuja para o próximo posto. - Disse Kido antes de confrontar os quatro ninjas que estavam instaurando o caos no vilarejo. Safira não tinha outra escolha, senão concordar com as instruções de Kido, escondendo-se na tenda. Pelo menos naquele momento.O garoto e a criança que estavam na tenda ficaram nervosos com a situação, a menina estava prestes a chorar quando o rapaz pegou-a em seus braços e pediu para que ela ficasse calma.

Embora Safira não estivesse demonstrando, estava com um certo receio de que o pior acabasse acontecendo.

Kido estava frente a frente com os inimigos, os demais aldeões que antes gritavam desordenadamente, não estavam em condições de reagirem. Seus ferimentos, embora tenham sido tratados a pouco, ainda não os capacitava para um combate. Sabendo disso, Kido tentou conversar com seus opositores. O que não teve efeito algum. Gargalhando, um dos mercenários moveu-se rápido o suficiente para aproximar-se de Kido e nocauteá-lo com um único golpe desferido em sua nuca.

― Esse também não teve nem a chance de reagir, assim como os outros dois. - Ouvindo o que eles disseram, Safira percebeu que os integrantes do time de Kido haviam sido nocauteados também. Isso a deixava ainda mais preocupada, significava que estavam sem um “reforço”. Foi quando lembrou do sinalizador que estava em sua bolsa. Entregava o sinalizador para o rapaz e o instruiu a sair da tenda quando ela desse o sinal, para que ele utilizasse o sinalizador, chamando os reforços necessários.

Enquanto a jovem explica seu plano, os demais aldeões atacavam os quatro mercenários. Foi algo difícil de se assistir, os inimigos não nivelaram sua força, derrotando todos em pouquíssimo tempo. Eles brincavam com os corpos inconscientes, desdenhando da determinação deles. Safira assistia aquela cena e percebia que não podia continuar sem fazer nada, já tinha alcançado seu limite. Ela era uma guerreira, a ideia de recusar uma luta jamais passou pela sua cabeça.

Dando o sinal para que o garoto saísse da tenda por trás com a garota, Safira avançava em direção aos seus opositores, estava servindo como distração enquanto os garotos ativavam o sinalizador, dando espaço para uma fumaça vermelha que espalhava-se pelo céu. Os bandidos perceberam a fumaça, mas mantiveram a atenção em Safira. O que permitiu os garotos se esconderem.

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― Ora, ora, ora. O que temos aqui. Uma garotinha…
― Olhem a bandana dela!

― Você quer brincar de ninja, pequena?

― Konoha deve estar sem pessoal, mandar ninjas tão fracos é hilário. - Os quatro não seguravam suas línguas debochando de Safira.

― Vocês deveriam ter vergonha! Como podem se chamar de ninja? Usando suas habilidades para atacar este povo. - Balbuciava indignada.  

― Você vai enfrentar nós quatro? Não me faça rir! Os outros três não tiveram chances, acha que você, uma garotinha irá ter? - Cuspia rudemente o chão. ― Posso acabar com você com um dedo! - Ameaçava Safira. Os outros três concordavam com o que ele estava falando, tanto que continuavam a rir ironicamente.

“É verdade… posso não ser muito forte e eles possuem mais experiência do que eu, mas não irei fugir. Tudo que tenho que fazer, é segurá-los aqui tempo suficiente para o reforço chegar.”

Erguia seu braço direito na parte superior do seu corpo e seu braço esquerdo na parte inferior, afastando suas pernas de modo que conquistasse mais firmeza em sua posição. Seus olhos estavam concentrados em seus opositores. A jovem assumia uma posição ofensiva, indicando que estava preparada para o combate.

“Eles não param de rir. Estão confiantes… talvez isso possa me ajudar. Eles não usaram nenhum jutsu especial. Portanto, desde que eu mantenha distância, posso conseguir vantagem neste embate.”

Antes que os mercenários realizassem o primeiro movimento, Safira puxou um pergaminho de sua bolsa. Abrindo ele, desenhou com um pincel duas linhas de tinta ― Ninpou: Choujuu Giga! - e então dois leões ganharam vida. - Eles foram em direção ao bandido que a havia prometido derrotá-la com apenas um dedo. Safira que estava a 10 metros de distância de seus oponentes, observava os leões diminuírem a distância entre seu alvo e saltarem em cima dele na tentativa de abocanhar seus braços.

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O mercenário não possuía um corpo musculoso, mas aparentemente era bastante ágil e forte pois conseguiu desviar do ataque dos leões, transformando-os em tinta ao desferir um golpe com seu punho.  ― Isso é tudo que você tem? - Soltou uma risada irônica.
― Criança, acho que você está bem crescidinha para brincar de desenho. Ainda mais um tão feio como esse.

A risada dos mercenários entravam em harmonia, o que seria uma cena apavorante. Eles deveriam ser do mesmo rank que a garota, ou seja, gennin. Mas a diferença de experiência aparentava ser gritante. Os bandidos exalavam confiança em suas poses, já Safira embora tentasse manter uma pose segura, estava insegura em como a situação iria se desenrolar.

“Não faço ideia de quanto tempo o reforço irá levar para chegar… parece que os garotos conseguiram se esconder. Tantos aldeões feridos… me dói vê-los nesse estado. “

Antes que a jovenzinha pudesse reagir, o mercenário avança em sua direção utilizando um jutsu de movimentação, isso permitiu que ele aumentasse sua velocidade. Em consequência, ele agarrava o rosto de Safira fortemente e a lançava a alguns metros. ― Tome isso, sua pirralha! - Diria, friamente.

― Argh… - Sentia seu o piso duro em seu rosto, estava caída de bruços no chão. Seu corpo estava sem forças para se erguer e nem ao menos conseguia ter tempo suficiente para se recuperar, seu oponente repetia o mesmo movimento ofensivo, desta vez desferindo um forte chute no abdômen da garota que gritava de dor!

“Tá quente demais, quente demais, demais…"

Ela tossiu e sentiu como se a sua fonte de vida subisse pela garganta a fora. Em sua visão enevoada, ela podia ver o chão tingido de vermelho.

“Ah, isso é meu sangue?”

De repente, alguém gritava "Safira-san". Era a garotinha de apenas 4 anos, ela devia estar assistindo a luta e não conseguiu ficar quieta, estava correndo em direção a Safira, juntamente com o garoto que tentava impedi-la. Isso não era bom, Safira ainda não havia se recuperado do chute que recebeu a pouco, não poderia protegê-los. Quando algo a surpreendeu, a criança posicionou-se na frente da kunoichi, com os braços abertos. Indicando que proteção. O rapaz também fazia o mesmo.

― Rápido! Saiam daqui!! - Tentou alertá-los, mas simultaneamente ao seu aviso um dos bandidos atacava as crianças as derrubando com um chute.

― Isso! Essa expressão!! Vamos, levante-se! Ainda irei brincar muito com você! - Fez uma pequena pausa, como se tivesse tido uma grande ideia. ― Melhor. Irei matar eles na sua frente! - Ouvir isso deixava a jovem ainda mais angustiada.

“Levanta… rápido… por favor…”

O mercenário já estava indo em direção às crianças quando Safira apoiou-se com sua mão trêmula no chão, na tentativa de levantar-se. O que conseguiu, por mais que tenha tido dificuldade. Para decepção do mercenário, Safira não estava com uma expressão desesperada, pelo contrário, seu rosto estava coberto de lágrimas com um sorriso imenso.. Mesmo machucada, não iria se render facilmente.

― Não encoste neles! - Gritou, furiosa.

Então, repetindo o mesmo movimento rápido, o ladrão tentava atingir o rosto da kunoichi com um soco, mas desta vez ela conseguiu reagir em tempo. Ao desviar do ataque, realizava um movimento circular desferindo um chute no rosto do bandido que conseguiu defender com uma das mãos.

“Não tenho como medir força com ele. Fisicamente ele é superior. “

Isso era suficiente para fazer a jovem recuar, afinal, suas habilidades destacavam-se no combate à distância.  

― Devo admitir, conseguir se mover depois de receber dois golpes meus, é impressionante. Mas não vai te aproximar da vitória.

“Acho que tive uma ideia, mas preciso encontrar um modo de atingir todos ao mesmo tempo.”

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“Muito bem… voltei a ser o foco dele. E os meninos parecem estar apenas desacordados. Não consigo determinar quanto dano eles receberam sem examiná-los, mas só desse feioso não atacá-los já me deixa aliviada. Parece que os outros três não vão se envolver, estão confiantes de que irei perder… isso é um bom sinal, tudo que preciso é pegá-los de surpresa.“

Seu opositor não permitia que Safira se afastasse, utilizava novamente seu jutsu de movimentação para aproximar-se da garota. Desferindo um soco com sua mão direita no abdômen, seguido de outro soco com sua mão esquerda, em sequência acertava um gancho de direita no queixo da Uzumaki. Forte o suficiente para lançar Safira por alguns metros.

Antes de cair no chão, Safira pega seu pergaminho e desenha uma de suas bestas, dando vida para um leão que rugiu ao partir em direção do bandido. Este era mais forte do que os outros dois criados anteriormente, conseguindo lançar o homem contra o chão.

Com diversos ferimentos pelo corpo, devido aos golpes que recebeu. Ela estava chegando ao seu limite. Seu último ataque, embora tivesse conseguido derrubar seu opositor, não o tinha deixado fora de combate.

― Isso está demorando muito. - Diria impaciente um dos mercenários que estava apenas assistindo.

― Deixa isso comigo. - Disse o homem que estava no chão, tentando se livrar do jutsu da garota.

― Já esperamos muito! Tudo que precisamos é roubar os bens desse vilarejo e partir. - Ao dizer isso, saltou em direção a garota lançando uma kunai. A jovem desviava com uma cambalhota. Agora, o segundo homem estava perto de Safira o suficiente para atacá-la, desferindo uma sequência de socos que a jovem conseguia desviar.

“ Ele não é tão rápido quanto o outro, e parece não ter tanta força também.”

Projetando um arco com a ponta dos pés, Safira deu um chute na lateral da cabeça desse segundo bandido, que por conta da sua altura seria debaixo para cima. Sabendo que seu golpe não seria o suficiente para derrotá-lo, simultaneamente ao seu chute, pegou dois papéis bomba de sua mochila e grudou ao peito do homem. Saltando para trás, distanciando-se, realizou o selo tigre ativando uma explosão que derrubava o homem no chão desacordado.

― Shannarõ! - Gritava, empolgada e sorridente por ter conseguido derrotar um dos bandidos. Infelizmente, isso a distraiu por tempo suficiente para sofrer uma rasteira do primeiro homem com quem estava lutando. Ele havia conseguido se livrar do leão.

― Não deve se distrair em combate! Não aprendeu isso na academia, garota? - Ironizou. Ele seguiu pisoteando o rosto de Safira também raspando a testa dela contra o chão fazendo-a sangrar. Logo depois, desferiu um chute na cara, que fez a garota encolher o corpo como uma bola na tentativa de se defender dos inúmeros golpes que recebia. Aquilo era uma retaliação impiedosa, primeiro por ela ter enfrentado o quarteto e em segundo por ter derrotado um dos subordinados. ― Você deu sorte com aquele idiota, só isso. - Gargalhou. ― Vou te espancar até não conseguir se mexer! - A garota gemia de dor, a sequência de golpes não permitia que ela reagisse, a única coisa que conseguia fazer era encolher seu corpo e cobrir com seus braços para reduzir o dano sofrido.

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― Isso soou meio duro. - Disse um rapaz que estava em cima de um galho da árvore. Ele olhou para Safira e ao ver as condições da kunoichi ficou irritado. ― Vocês dançaram! - O bandido estava prestes a começar a rir, quando sentiu um forte soco em seu abdômen que o lançou para longe da pequena Gennin. O ataque veio de Rem, que estava na equipe inicialmente com Safira. Ram também estava no local, furioso. Isso significava que o resgate havia finalmente chegado e simultaneamente ao ataque de Rem, outros shinobis da folha que até então estavam nos demais postos,  atacaram os três mercenários restantes, deixando-os desacordados e finalmente capturando eles.

Safira estava muito machucada para conseguir se mover sozinha naquele momento, mas graças a ajuda de Rem e Ram conseguiu levantar. Os demais feridos também receberam ajuda e tiveram seus ferimentos tratados pelos ninjas médicos que estavam presentes.

― Garota, você está em farrapos! - Disse sorrindo. ― Estou contente que esteja bem. Quando vimos o sinal, não imaginamos a gravidade. E encontrar você enfrentando eles sozinha? Isso foi muito corajoso. Não se arrisque tanto assim.

― Eu não pretendia ficar desse jeito, tudo que eu queria era mantê-los ocupados. Mas acabaram sendo fortes demais para mim. - Balbuciava, estava sendo complicado para Safira falar.

Bem, depois de todo perrengue a jovem enfrentou, foi necessário passar uns dias naquele vilarejo recuperando suas energias. Além de que a pequena queria ajudar os aldeões a se recuperarem também.  Com a captura dos ninjas inimigos, o conflito foi encerrado e a missão concluída. Seria algo que deixaria marcas na jovem Uzumaki, que com certeza irão ajudar em seu crescimento.

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