— Uma explosão... estavam no lugar errado na hora errada. — Balbuciaria enquanto estaria lendo o Jornal de Outono de pernas cruzadas dentro da minha casa. Uma manhã silenciosa e pacata, de fato; totalmente oposto à manhã de um tempo atrás, onde eu lembrara de detalhes antes apagados da minha cabeça, além do despertar do Sharingan. Por falar no olho, havia treinado por alguns dias para me acostumar com o novo poder ocular sem que desmaie durante o uso, descobrindo suas funcionalidades pouco a pouco.

Fato é que passei a maior parte do meu tempo procurando o paradeiro de uma certa pessoa: Saori Uchiha. Possivelmente ela seja a minha irmã. Caso essa hipótese seja verdadeira, ela estava lá, no dia em que me jogaram daquela montanha para morrer. A melhor pista que encontrei foi a respeito de uma Saori que trabalha na Academia Ninja. Talvez a Saori que procuro, talvez não. Mas, não tenho nada a perder, então... Por que não ir lá averiguar? Se desse errado, trataria de procurar novamente depois.

Com essa premissa, fecharia o jornal e me ajeitaria. Após, partiria rumo à Academia Ninja, e, talvez, novas revelações. No caminho pensaria sobre a nomeação do novo Hokage, bastante curioso com o motivo que fizera Takeshi renunciar seu cargo em definitivo. — Hm... — Faria uma onomatopeia sem muita emoção enquanto imaginava. Ao mesmo tempo pensaria na reação de Yukio e Jie sobre isso.

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Caminhando à passos largos e com indagações na mente logo me veria frente à Academia Ninja, local cujo qual eu frequentara quando mais novo — podendo me recordar bem disso — e agora teria de retornar. — Será que ela me treinou durante meu período acadêmico? Não, não é possível... Ela teria que ser muito velha pra isso. Improvável. Ou não? — Indagaria a cerca da possibilidade, bastante curiosa por sinal.

De frente já podia ver algumas crianças correndo por aí, outras conversando, treinando e afins. Uma teria jogado um aviãozinho de papel, que sem querer colidira contra a parte de trás da minha cabeça, forçando uma reação minha pois estava focado em analisar o local em si. Pegando o aviãozinho, notaria a criança que o jogara assustada. Eu caminharia até ele com o aviãozinho em mãos, logo me agachando para ficar na altura dela, entregando de volta e fazendo um rápido cafuné nela. — Cuidado para não destruir nada. A professora vai ficar brava. — Alertaria a criança, que com felicidade acenou com a cabeça e saiu correndo sorridente com seu aviãozinho em mãos. Certamente uma atitude atípica da minha parte.

Quando chegasse dentro da Academia Ninja, não podia negar a sensação de nostalgia. Mas sem me deixar levar pelos pensamentos alheios ao meu objetivo, começaria a procurar por Saori pelas salas. Com alguns minutos de procura, avistaria uma mulher que estava mexendo numa papelada e me deixaria travado. Não por sua beleza ou algo do tipo, mas pela sensação que eu já havia visto ela antes.

— Saori... é você, irmã? — Indagaria à figura, aguardando uma resposta positiva. O que virá a seguir?

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— Sim, eu sou a Saori. E desculpe, mas... deve estar me confundindo com outra pessoa. O meu irm... — Responderia a mulher, assumindo que ela era sim, Saori. Tanto pela sua confissão pela sua voz ser a mesma que eu ouvira no plano mental. Antes mesmo que ela terminasse de falar, eu interromperia: — Eu sou Iori. Iori Uchiha. — Anunciaria para ela, que levantaria surpresa de seu assento, me encarando com uma cara que indicava que iria chorar. Como um flash, ela me abraçaria bem forte, aparentando estar bastante emocionada com nosso reencontro.

— Você... você está vivo? Eu te vi sendo jogado daquela montanha Iori... tentei evitar, mas eles não me ouviram! — Diria ela em prantos, efetivamente molhando boa parte da minha camisa na parte do peito, que era aonde a cabeça dela estava encostada. — Hm... eu vim aqui saber o motivo de nossa própria família ter feito isso. Você deve saber de algo. Eu era muito pequeno para me lembrar. Tenho apenas alguns flashes disso tudo... — Balbuciaria, me afastando levemente dela, esbanjando um semblante sério, indicando que eu realmente queria respostas e não sairia dali até conseguir.

Fazendo sinal para que eu me aproximasse, ela se assentaria novamente na cadeira dela, pedindo para que eu me sentasse na que estava de frente pra dela, nos deixando mais confortáveis para termos uma conversa. — Eu ainda não consigo acreditar que você sobreviveu, Iori... Bom, respondendo sua pergunta, nossa família em geral eram pessoas bem religiosas. Logo quando você nasceu o líder da seita em que faziam parte disse que caso você crescesse poderia trazer caos e desgraça para o mundo. Ele falou algo sobre olhos especiais despertados apenas por "abençoados" no mundo. Eu acredito que ele estava falando sobre o Sharingan, mas praticamente todo Uchiha possui. — Ela faria uma pausa, posicionando seu indicador direito no queixo, pensativa. — Talvez seja sobre o Sharingan, mas uma versão mais rara e especial? Você pode ir no Santuário Naka depois. A pedra deve responder algumas dúvidas suas. Isso é... se já tiver despertado o Sharingan. Você já despertou, certo? — Indagaria Saori, curiosa.

— Fala do olho vermelho com pigmentação? Sim, já despertei, ao mesmo tempo em que recuperei minhas memórias. — Responderia o questionamento da minha irmã, que parecia feliz com o meu feito. — Incrível! Você conseguiu despertá-lo tão jovem... — Bradaria Saori. E assim seguimos, conversando sobre assuntos de reencontro como "O que fez durante todo esse tempo" e etc. Teria falado sobre a criação de meu avô, a cicatriz na testa e entre outras coisas durante muito tempo com ela, mantendo um ritmo interessante. Hora ou outra apareciam crianças pedindo ajuda para ela, e eu as ajudaria também, para diminuir o trabalho de Saori.

Passando-se um tempo, eu sentiria cheiro de fumaça...

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— E então eu... Iori? O que houve? Parece que viu um fantasma. — Indagaria Saori após eu tomar uma expressão mais séria por sentir cheiro de pólvora. — Estou sentindo um cheiro estranho. Espere aqui. — Bradaria a ela, saindo da sala e olhando para os lados em busca de indícios que me mostrassem a origem do cheiro. Mas antes que eu pudesse completar minha busca, uma explosão dentro da sala em que eu tinha acabado de sair. Com o impacto da explosão fui arremessado por alguns metros de distância, felizmente colidindo em uma estrutura sem muitos danos.

— Tenho que tirar ela de lá... — Balbuciaria, ainda surpreso pela explosão repentina. Podia escutar gritos e muita correria, provavelmente de crianças e professores em pânico. Pois bem, sem medo adentraria a sala novamente, enxergando Saori machucada e desmaiada no meio dos escombros e rodeada por fogo. Com muito cuidado e rapidez ao mesmo tempo para não ser queimado pelas chamas, buscaria carregar ela em meus braços e retirá-la dali de dentro, pulando para a parte de fora. "O que eu faço agora? Devo procurar pelos culpados ou levá-la até o hospital mais próximo? Aliás, por que estou me importando tanto com alguém que não tenho nenhum vínculo afetivo e sequer impediu que me jogassem daquele lugar? Estou... confuso."

Conseguindo sair com sucesso, me depararia com duas figuras singulares que estavam conversando entre si até me notarem com Saori nos braços. — Ué, não consegui matar a vadia Uchiha? O chefe vai nos matar. Aí garoto, faz a boa pra nós e solta ela aí na humildade? A gente não te machuca e ainda compartilha um pouco do dinheiro, pegou a visão? — Faria uma indagação um dos homens com uma linguagem bastante informal. Pude perceber com sua fala que ele e o outro eram as causas da explosão. — Não. Acho que vou ganhar muito pouco. Não vale a pena. — Responderia. Vendo um adulto sair correndo de dentro da academia, iria barrá-lo e confiar Saori a ele, que reconhecera que era uma de suas colegas de trabalho. Pedi que a levasse até o hospital, e assim ele aceitou. Com isso, eu permaneceria no local para combater os dois inimigos.

— Resposta errada, pendejo. — Me responderia o outro bandido. Pela ótima oportunidade de finalmente testar em um combate real, ativaria meu Sharingan 1 Tomoe e me colocaria em posição de combate enquanto veria os dois inimigos segurarem correntes em mãos opostas. Sem que eu pudesse pensar antes em como agir, eles viriam em minha direção ao mesmo tempo, e, graças ao meu Sharingan, consigo enxergar com perfeição seus movimentos como se estivessem em câmera lenta. Por conta disso consegui desviar de todas as sequências de golpes deles, seja na diagonal, vertical, horizontal e afins, tudo através de movimentos fluídos utilizando primariamente da previsão de movimentos do Dojutsu e minha velocidade máxima, superior a de ambos.

— Você é difícil de pegar, moleque. — Bradaria o primeiro bandido. — Seus olhos são que nem os do chefe. Quando matarmos você iremos arrancá-lo pra colocar à venda. Deve valer uma grana bacana. — Diria o outro. Ambos mostravam claros sinais de cansaço, mas não pareciam que iriam parar agora. — Tenho uma ideia. — Siciaria, enquanto permaneceria parado e aguardando o próximo movimento deles com uma estratégia na mente.

Não tardaria até que eles retornassem aos movimentos de ataque. Mas dessa vez, eles atacariam de lados opostos, provavelmente para fechar meus ângulos. Porém, eu me aproveitaria da estratégia burra deles e, com um desvio lateral eu sairia da reta do golpe dos dois, somente para vê-los enrolando as correntes um no outro, ficando presos juntos. — O que você fez, imbecil? Tira a gente daqui! — Gritaria o segundo bandido, claramente irritado com a situação. — Calma, calma. Vou tentar! — Diria o outro como tentativa de tranquilização. Me aproveitando disso e agindo rápido para que não se desprendessem, faria os selos necessários para o Katon: Zukokku, amassando o Chakra de fogo no estômago e o cuspindo, tomando cuidado para não atingir a academia ou inocentes, além de não matar os dois patetas.

Meu plano teria falhado quando vi uma figura desconhecida entrar na frente do jutsu e rebatê-lo com outra técnica de fogo. Após a dispersão das chamas no ambiente, eu podia vê-lo, e seu olho possuía três pigmentações, além da cor vermelha. Ele cortara as correntes dos dois, consequentemente os libertando. Após, começaria a me encarar, com um semblante sério. Igualmente, o encarei de volta, esperando o que viria a seguir.

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— Saiam daqui, patetas. — Eram as palavras proferidas pelo homem com semblante de superioridade, servindo para confirmar a mim que era sim o chefe daqueles dois bandidos, que então saíram do local de imediato após a ordem deste. Quando eu me prepararia para ir atrás deles, o homem pisaria no chão, demonstrando presença e me fazendo recuar. Seus olhos escarlates com três vírgulas me fitavam com bastante intensidade, e ele parecia estar fazendo uma análise de mim de baixo para cima.

— Não sei quem ou o que você é, mas tem a assinatura de Chakra parecida com a minha. — Bradaria ele, em seguida olhando nos meus olhos e aplicando força nos próprios, ativando o Genjutsu Sharingan em mim. Com isso, podia sentir como se algo estivesse invadindo minha mente, porém não conseguindo me mexer e nem reagir quanto a isso. No entanto, uma das memórias invadidas causaria um colapso mental em ambos eu e o chefe dos bandidos, forçando a desativação do Genjutsu e a reação dupla. Sendo assim, eu me veria com dor de cabeça enquanto o chefe parecia bastante chocado com algo.

— Você não pode ser... Não, isso não é possível. Deveria estar morto. — Faria uma pausa. — Nosso próximo encontro será em campo de batalha, irmão. — Finalizaria ele, revelando então ser Kneji Uchiha e aparentemente bastante irritado desta vez, se dispersando no ambiente. Podia notar alguns shinobis chegando para resolverem a situação da parte destruída da academia e checarem o resto dos feridos, então provavelmente não teria maiores danos no lugar. Eu apenas desmaiaria no chão pelo choque mental, sem notar que o colapso teria desenvolvido uma nova vírgula na minha visão, e dessa vez eram duas.

Acordaria no hospital, sendo avisado que não tinha nada grave e poderia sair quando quisesse. Também me fora dito que Saori estara no quarto ao lado. Sendo assim, após os cuidados médicos os agradeceria e iria de encontro à minha irmã. Veria ela ainda bastante machucada e inconsciente. Pensando no que ela havia dito sobre eu ser um "Demônio", eu me olharia no espelho, ativando meu Sharingan por mais uma vez e percebendo a evolução do Dojutsu. — Será que eu sou mesmo um demônio que só causa caos e desgraça para aqueles ao meu redor? A pedra que Saori falou talvez me renda revelações. — Teria um conflito interno com essa indagação, questionando a mim mesmo o motivo da minha existência enquanto pensaria na pedra citada por Saori e que se localiza aqui em Konoha. Também pensaria no meu fatídico próximo encontro com Kenji, que aparecera por acaso.

Passado um tempo pensando e pensando, iria dormir ali mesmo no quarto onde Saori está sendo cuidada, numa cadeira próxima.

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