Sob o silêncio da manhã de um dia comum, pouco após minha última missão, lá estava eu, de ócio lendo um livro para passar o tempo e inibir o tédio que em mim habita. Isso até a percepção de sons na porta de minha casa, quebrando o silêncio. Me dirigiria até lá para saber do que se trata, e seria abordado por um shinobi que explicara que eu fora convocado para a execução de mais uma missão, me entregando um pergaminho e logo após se dispersando em fumaça; sem tardar, romperia o selo pra saber do que se trata o conteúdo.

— Ilusão contra ilusão, é? Nunca tive a chance de enfrentar um usuário de Genjutsu de verdade. O que esse embate me trará de conhecimento? — Balbuciaria sozinho, empolgado com a missão que me fora entregue. Sem tardar, iria me arrumar para sair de casa rumo à busca do ninja indicado. Quanto mais eu demorar mais bagunça ele irá causar na vila certamente. Simplesmente não posso permitir que isso se suceda. "Se as minhas dores de cabeça surgirem de forma inconveniente me tornarei suscetível à ilusões. Eu espero que isso não aconteça. Poderá ser mortal."

O que eu não sabia é que essa missão mudaria minha vida para sempre.

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Iniciando então meu caminho para a missão que me fora empregada, iria direto para o rapaz controlado por Suikitsu Gentsu com intuito de evitar que ele causasse mais danos. Utilizaria das fofocas de moradores locais que me aparentassem ser verdade para descobrir sua localização exata e encontrá-lo com mais facilidade. — O tanto de informações divergentes que ouço é assustador. Em terra de democracia isso seria um grande problema. — Faria um monólogo interno me referindo às pessoas falando diversas coisas diferentes uma da outra por aí.

Minutos a frente teria encontrado o homem. Ele estara a cerca de 18m de mim, destruindo tendas de comerciantes locais de forma descontrolada, forçando os civis a fugir. — Preciso tirar ele da influência desse Genjutsu... — Balbuciaria, sacando uma kunai com a mão dominante e me colocando em posição de combate com a perna direita à frente da esquerda, além da base invertida. Fitaria o indivíduo até que finalmente me veria como o centro da atenção dele, pois não havia mais ninguém ao redor.

Sem que eu pudesse mentalizar muito, ele avançaria contra mim em posse de uma kunai também. Sua baixa velocidade me dava tempo de analisar como iria me atingir, apesar de não muito necessário por ver que ele atacaria de forma bestial e não muito pensada. Assim sendo, travaria um combate corpo a corpo contra ele, trocando golpes em velocidade equalizada enquanto procurava pela oportunidade para feri-lo. Durante uma de nossas colisões de kunais seríamos levemente afastados pelo impacto; e aí vi uma excelente oportunidade para fazer o que eu queria.

Simplesmente aguardaria seu ataque na pose inicial. Ele veio com violência e atacara com um golpe na vertical. Nesse momento, eu iria dar um passo para trás com intuito de desviar do golpe e fazê-lo atingir o vento, tendo sucesso pelo fato do alcance da kunai ser minúsculo. Pela força empregada por ele no ataque, o veria com diversas aberturas pois demoraria um instante de tempo até que levantasse seus braços e ajeitasse seu corpo novamente. E foi aproveitando dessa brecha que faria um pequeno corte em seu braço, causando dor, ardência e o livrando do Genjutsu.

— Espera... voltei a ser eu mesmo? Aquele cara! Não sei quem é você nem quais são suas intenções, mas muito obrigado e te devo essa. Caso precise de ajuda, estou aqui para auxiliá-lo! — Diria o homem que eu acabara de salvar, com um semblante bastante perdido, olhando a paisagem ao seu redor e aparentemente pensando que era ele quem havia feito tudo aquilo. — Vá para casa. Sua família deve estar te esperando. Provavelmente não será responsabilizado pelos danos. — Responderia, guardando minha kunai e me preparando para buscar o "Chefão". — O-Obr-Obrigado! Voltarei a minha vila de imediato. Espero que consiga capturar aquele cara. Conto com você! — Bradaria o homem, logo se dispersando em fumaça antes mesmo de eu reagir. Ele parecia bastante feliz com minha ação de fato.

Agora, era hora de encontrar Suikitsu Gentsu.

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Após ter salvo um shinobi aliado de um Genjutsu, estaria em busca do causador dessa confusão toda, seguindo a mesma premissa de quando encontrei aquele que ele controlara: Ouvindo fofocas alheias para tentar determinar a localização do indivíduo; para conseguir manter o homem em estado de selvageria ele não deve estar muito longe, mesmo que possua um controle refinado de Chakra — ao menos é o que quero acreditar —.

No meio do caminho eu me veria paralisado pelas dores de cabeça de sempre, consequentemente não conseguindo me manter de pé, me ajoelhando no meio do nada enquanto apoiaria minha mão direita sob minha cabeça. Quando me desse conta perceberia que tinha esquecido boa parte do meu embate contra o shinobi sob influência de Genjutsu e do começo do meu dia, me lembrando apenas de quem eu estou indo atrás e de que havia lutado há poucos minutos. — Isso de novo. Não faço ideia se consegui libertar aquele shinobi da ilusão ou se fugi da batalha... — Faria uma pausa, logo prosseguindo: — Independente da resposta, só basta eu derrotar Suiktsu Gentsu. — Finalizaria, logo me recompondo, pronto para seguir novamente.

Passado pouco tempo de caminhada, chegaria em um local aberto e deserto, propício para um desordeiro se esconder. Provavelmente sofreria com algum ataque pelas costas se não prestasse atenção, só que... — O que é isso? Por que não consigo me mover? — Indagaria, totalmente inerte e com semblante assustado. Em seguida, escutaria uma presença vindo por trás. Sem muito esforço, desviaria dele, o golpeando e afastando-o levemente, fazendo ele cair sentado no chão.

— Como você consegue se mexer? Pensei ter te paralisado com meu Genjutsu! — Indagaria Suiktsu, se afastando aos poucos com medo. — Foi um blefe. Para um usuário versado de Genjutsu, você caiu direitinho na minha armadilha. Que pena, talento desperdiçado. — Responderia a pergunta dele esbanjando um pouco de arrogância. Teria fingido paralisia para que fizesse ele surgir. Na verdade, não tinha a certeza de que ele estava ali, mas no fim deu certo.

— Vamos, vou te levar pras autori... — Antes mesmo que eu pudesse finalizar minha sentença, sentiria meu corpo e mente "se perderem".

Eu havia caído em um Genjutsu.

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Após aquela sensação que acometera meu corpo, me sentiria vagando sem rumo no nada, como uma experiência fora do corpo. Isso porque eu não sabia o que estava acontecendo com o meu eu de verdade, estando sem sentir absolutamente nada do mundo lá fora. Caindo por certo tempo, finalmente pousaria sob um "Chão", vendo todo o ambiente ao meu redor se modificar, como se fosse uma situação criada na minha mente, ou algo já vivenciado porém escondido na minha memória. Veria um grupo de pessoas, com uma mulher, dois homens, uma garotinha e um bebê nas mãos de um dos homens como sendo os destaques sob o alto de uma montanha; se olhasse mais no fundo poderia notar um velho — parecia meu... "Vô?"

— Esta criança possui potencial para se tornar um demônio da destruição entre os Uchihas no futuro... Ele precisa ser executado de imediato. — Diria o homem mais velho, segurando o bebê em suas mãos. — Akira... é o nosso filho, mas nada que eu faça vai mudar sua ambição... — Balbuciaria a mulher em estado de negação. Ela estava abraçada com a garotinha, que parecia ser sua filha e parecia bastante assustada. Pelo visto ela era a esposa do homem mais velho. — Não se preocupe, mãe. É um sacrifício necessário. — Responderia o outro homem, revelando ser filho do casal e irmão da garotinha, enquanto abraçaria sua mãe numa aparente tentativa de tranquilizá-la.

Observando toda aquela situação eu simplesmente não estava entendendo nada. As outras pessoas que estavam ao redor pareciam não se importar com o fato de que um bebê seria sacrificado. E estou mais confuso ainda sem saber o motivo dessa ilusão projetar essas imagens na minha mente. Quem é esse bebê e por que ele é tão importante? E essa família a ponto de uma ilusão revelá-los dentro do meu mental? Antes mesmo que eu pudesse pensar muito, veria o homem mais velho estender o bebê na ponta da montanha com seus braços. — Se existe Céu ou Inferno e você estiver nos vendo, saiba que nós te amamos muito e estamos fazendo isso por amor. Me desculpe, Iori Uchiha. — No meio de sua frase eu começaria a correr em direção ao homem numa tentativa de salvar o bebê, apenas para simplesmente travar aonde eu estava com sua última palavra, entrando em estado de choque. O homem então soltara a criança, derrubando-a da montanha.

Certamente uma sensação que nunca havia tido antes, me veria numa mistura de confusão, surpresa e entre outros sentimentos diversos. Estava agora deduzindo que estas interpretações são fonte das minhas memórias perdidas, então provavelmente o Genjutsu aplicado em mim força um estado de hipnose onde o afetado sofre relembrando essas memórias. Não tinha motivos para acreditar que não pois é uma estratégia melhor do que implantar memórias falsas para controlar alguém. Por isso, sabia que essas imagens que acabaram de passar haviam explicado muita coisa; como minha amnésia e a cicatriz na testa, provavelmente causada pela queda aonde eu devo ter batido a cabeça; porque eu nunca conheci ninguém da minha família além do meu avô, que também parecia estar presente no sacrifício, entre outras coisas.

Era coisa demais para absorver, então ficaria apenas de joelhos em estado de pânico total enquanto o cenário ao meu redor se alterava, tornando-se apenas um Limbo escuro. Meu corpo? Trêmulo; minha visão? Ficando turva e um pouco "diferente"; minha mente? Entupida de pensamentos. De repente, todo o ambiente ao meu redor parecia transmitir várias situações rapidamente, como em um estado de quase-morte. Eram flashes da minha vida até aqui. Não podia fazer nada além de aceitar as emoções. Já não sabia se estava vivo ou morto. Por dentro certamente a segunda opção.

— Acorde, Iori, acorde... — Escutaria uma voz feminina, que prosseguia: — Você não pode morrer agora! Precisa continuar. Saori e Kenji Uchiha, lembre desses nomes... — Finalizaria a voz. Por dentro, sabia que era uma voz conhecida, mas não lembrava de quem.

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Seguindo após a voz familiar aos meus ouvidos, continuaria ali, sem saber como reagir aos fatos. Sentia minhas memórias retornarem aos poucos, provando que tudo o que eu havia visto era realmente verdade. Aquele que eu havia acabado de ver não era outra pessoa, mas sim eu mesmo, sacrificado pela própria família em prol de alguma crença maluca. A voz feminina me dera esperança para encontrar respostas, e os nomes indicados por ela não me eram estranhos, e seriam importantes para o que eu faria a seguir.

— Akira e Saori... devo encontrá-los. Preciso de respostas. — Bradaria com uma voz mais grossa do que o comum, me recompondo. Sabia que não podia mais demorar muito tempo ali, e, sabendo que estou em um Genjutsu, utilizaria o Genjutsu: Kai para reverter o meu fluxo de Chakra, anulando a ilusão aplicada sob mim e retornando ao mundo real, vendo aos poucos aquele Limbo sumir e recuperando o meu corpo completamente.

— Mas o que?! Você é difícil de dominar. Espera... os seus olhos. Não pode ser. Você é um deles, daqueles demônios! Por favor, não me mate! — Diria Suiktsu Gentsu após meu retorno ao mundo real. Aparentemente ele estava esperando minha mente colapsar completamente para então possuir meu corpo, sem sucesso. Ele estava suando bastante e com um semblante absurdamente assustado. Foi aí que notei que minha percepção de mundo estava diferente, enxergando detalhes que antes não conseguia com minha visão, como se o mundo estivesse em câmera lenta. Podia também enxergar um fluxo ao redor do corpo dele, sendo provavelmente seu Chakra.

— Hm... — Faria uma onomatopeia, sem muita emoção na voz, logo começando a andar em direção a Suiktsu Gentsu. Antes mesmo de eu chegar perto dele, o homem desmaiaria — provavelmente de medo — para minha surpresa. Apesar de confuso, tinha que entregar ele às autoridades, e assim faria. Carregaria o homem até a porta da polícia e deixaria ele lá desmaiado, com um papel escrito "Suiktsu Gentsu, capturado por Iori Uchiha. Enviem meu pagamento depois!". Não queria que me vissem para não despertar uma reação semelhante ao que teve o meu alvo, então partiria para casa.

Indo direto ao meu quarto para me olhar no espelho, veria a coloração escarlate dos meus olhos, além de uma pigmentação. Eu havia claramente despertado uma habilidade ocular, sendo provavelmente isso o que Suiktsu estava falando sobre, o Sharingan. — Vô... você estava lá. Era sobre isso que me disse que eu descobriria sozinho algum dia? Preciso de respostas. — Finalizaria, levemente irritado ao me lembrar do que haviam feito comigo; me controlaria para não desenvolver estresse excessivo, porém. Agora com minhas memórias recuperadas, teria um novo objetivo pela frente.

Mas antes mesmo que eu pensasse nos meus próximos passos, meu Dōjutsu se desativaria, me levando ao desmaio. O choque das revelações foi o suficiente para que eu despertasse o Sharingan, mas também que me causasse certo cansaço mental.

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