[Time Skip] Cansaço.

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[Time Skip] Cansaço.
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Myrddin

Jōnin

Eu havia acabado de sair do gabinete. Eu e Zorojuro, na verdade. Eu e ele caminhos e paramos em meio ao deserto, próximo de minha casa, numa espécie de campo de treinamento improvisado para treinar. Era manhã quando começamos a treinar sob o sol quente.. Eu havia voltado há pouco da vila da chuva, e ainda estava incerta sobre meu futuro. Não sabia o que fazer, como fazer, nada. Era uma incógnita. A única coisa concisa em mim era o cansaço, mas não físico, e sim mental. Liderar a areia já estava infrutífero, e eu sabia disso. —— É, eu tô cansada, sabe? Depois daquilo tudo… eu não sei mais o que fazer. Eu só sei de uma coisa: eu não quero mais liderar a areia. —— Falei, levando a garrafa de água até os lábios, saboreando o líquido e o ingerindo no fim. E o que você pretende fazer, hein? Depois de tantos anos com você no poder… vai ser difícil me adaptar com alguém novo, viu, Altria. Disse Zorojuro, me fitando com seu único olho funcional enquanto tomava uma golada de seu saquê. Até hoje não sei como ele consegue beber tanto e nunca ficar bêbado. Sinceramente… Pensei, abrindo um largo sorriso para o homem. O intervalo de descanso já havia acabado, então, ambos retomamos a batalha. Quem perder vai buscar mais saquê e água, ouviu, loira?! Bradou. —— Então se prepara que é a sua vez! —— Respondi.

[...]

—— Eu não sabia para onde ir após os eventos de Amegakure. Sinceramente, tudo o que aconteceu foi estressante, caótico. Eu não tinha mais paciência naquela altura do campeonato. Colônias, desinteresse do líder do trovão, o sumiço de Kõga… Eu pensei que tudo ia estar bem, mas infelizmente, só piorou. —— Fiz uma pausa para dar mais uma golada no cantil antes de retomar a fala.. —— Não bastava tudo isso, o pessoal do vilarejo, quando retornei, começou a me cobrar explicações incabíveis sobre os ocorridos, eu não as tinha. Para falar a verdade, eu até as tinha, mas mesmo que os informasse de todo o ocorrido, não era o suficiente, nada era. Aparentemente eles não acreditavam na criatura, apesar de a terem visto com seus próprios olhos. As almas que saíram do corpo, todo o ocorrido. Era como se tudo aquilo não passasse de uma ilusão, quando na realidade, foi tudo muito real. Aquilo de fato era Jashin encarnado, banhado no sangue derramado de seus próprios seguidores, o próprio caos e morte. Foi tudo um pesadelo, ainda é. Eu não tenho sossego desde então, tenho visões horríveis, lembranças… —— Fiz uma pausa, lembrando dos horrores. —— Liderar a vila da areia foi algo que eu sempre quis, e me mantive durante três longos anos nisso, mas o brilho do chapéu morreu para mim. —— Falei, fitando Zorojuro. O Jounin ficou em silêncio, me observando. Não havia palavras de conforto naquela hora, na realidade, nada iria me reconfortar, a não ser minha saída do cargo, mas até isso era difícil de o fazer – não havia candidatos para liderar Sunagakure. —— Que tal ficar no meu lugar, Zoro-san? —— Falei, abrindo um sorriso. O rapaz menou a cabeça e tomou um gole de seu saquê, também sorrindo. Se eu virar líder da vila, não poderei ir pras minhas missões. Tô fora. Finalizou. Altria riu, mas sabia que as burocracias do cargo eram um saco de se lidar.

A noite sobreveio e com ela, o sono. Eu decidi encerrar a noite ali mesmo. Zorojuro tinha seus afazeres e eu não estava com vontade alguma de continuar acordada, por conta disso, me despedi do homem e fui caminhando para casa. Abri as portas da mesma e segui direto pro quarto descansar. Claro, antes, tomei uma ducha. Estava triste, decepcionada com a população e com os senhores Feudais do vento. É, a vida de líder não é fácil. Murmurei, observando o teto do quarto. Suspirei fundo, e fechei os olhos. Quero me livrar desse chapéu, é apenas mais um peso que não preciso agora. Pensei, deixando o sono me arrebatar no fim.

[...]

Os dias seguintes foram os mesmos. Treinos, conversas, lidar com o vilarejo… mas o sentimento de cansaço ficava maior a cada dia. Eu tinha muito para fazer. Lidar com a perda da metade da população era surreal. O vilarejo, apesar de estável, regrediu bastante devido à falta de civis; a mão de obra ficou complicada, os hospitais… muitos morreram, e apesar de todo o esforço que eu fazia para melhorar o vilarejo, nunca era o suficiente. Enquanto no gabinete, caminhei até o espelho, fitando meu próprio reflexo por um momento. Minha face demonstrava tudo aquilo que eu sentia, e mais: cansaço, desespero, raiva. Os horrores de Amegakure estavam em minha mente a todo tempo, e isso mexia comigo de certa forma. Merda… Murmurei, sustentando o olhar.

[...]

Os meses se passaram, mas o sentimento de impotência continuou. Zorojuro ainda continuava lá, me ajudando a todo instante, mas eu já não tinha mais cabeça para isso, para liderar. Com o passar do tempo, minha aparência também mudou. Meu cabelo estava um pouco mais longo, eu havia crescido alguns centímetros, meu busto… cresceu um pouquinho a mais do que eu imaginava. Felizmente, minhas vestes escondiam-no debaixo da armadura; pelo menos, não deixava-o tão visível, ainda sim, era visível os olhares lascivos que os civis do vilarejo me davam – nunca respeitando-me. Mas… eu estava muito cansada para repreendê-los por conta disso, então sempre dava de ombros quando estes o faziam. O ciclo, então, repetiu-se mais uma vez, a noite viera e com ela, fui para a casa descansar, para no dia seguinte, voltar ao vilarejo e continuar lidando com todas as burocracias e pedidos surreais que me faziam, além do feudo que sempre demandava absurdos e mais absurdos. Eu preciso… Não concluí o pensamento, apenas deitei e fechei os olhos, deixando o sono me arrebatar novamente.

[...]

Dois anos se passaram. Eu estava… diferente; não só as vestes, mas meu pensamento sobre liderança. Meu sentimento para com o vilarejo já não era mais o mesmo, e o chapéu de líder já não possuía o mesmo brilho, ou a leveza de outrora. Ainda possuía diversos objetivos para concluir, mas hoje tinha consciência de que não era presa atrás da cadeira que os cumpriria. Sabia que, precisaria abdicar do cargo de líder para seguir atrás de meus sonhos. Sunagakure seria grande, meu legado seria o de prosperidade, e eu teria o poder absoluto que tanto almejava. Me pergunto como está Eru e Izuku… Kõga, também. Faz muito tempo desde nosso último encontro… torço para que estes estejam bem. Pensei, por fim, retomando o trabalho no gabinete de Sunagakure no Sato.

HP: 2205/2205, CK: 2790/2790, CN: 00/400.
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