Em mais um dia como qualquer outro, logo pela manhã, Ethan se dirigia até o prédio do quartel general, onde costumava receber suas missões. Percorria o caminho de sempre, na maior parte do tempo, deparando-se com os mesmos rostos. E não tinha do que reclamar, afinal de contas, há muito essa era a sua rotina, sua vida se resumia a isso. Vivendo um dia de cada vez, uma missão após a outra, tentava ser como todos à sua volta. Até conseguia entender com precisão todo o peso que seu cargo tinha, mas, bem lá no fundo, agia puramente pela inércia. Entretanto, levando em conta tudo o que passou para chegar onde estava, não via muitos motivos para reclamar, já que, com sorte, chegaria o dia em que poderia deixar tudo para trás. Portanto, bastava aguentar mais alguns anos até finalmente se ver livre. No entanto, como bem sabia, esse dia não era hoje, e o ninja que o recebeu na recepção fez questão de confirmar o fato.

— Ethan, com licença. — Um homem pálido, com nariz achatado, cabelo pontudo e feições serias chamou. — Pediram para te avisar que hoje não vamos ter nada para você aqui. Então, por favor, vá até a academia ninja, na sala 2B e espere até os outros chegarem. A propósito, eles já foram instruídos a te encontrarem lá. Boa sorte. — Sem mais nada a dizer, com a mesma expressão desinteressada no rosto, virou-se e foi embora, desaparecendo pelos corredores do prédio.

Embora fosse esperto o suficiente para saber do que se tratava, Ethan relutava em acreditar na conclusão óbvia. Levou a mão até o queixo, concentrado, contorcendo os lábios, tentando encontrar alguma forma de se livrar da tarefa designada. Porém, após permanecer 5 minutos como uma estátua, inexpressivo e inerte, viu que não havia para onde correr. Afinal, era livre para fugir das obrigações, contudo, não estava inclinado a lidar com possíveis ações disciplinares. Por isso, entregue ao fardo, caminhou até a academia ninja com a cabeça baixa. Ao chegar no prédio, enquanto se livrava de cada lembrança ruim e desagradável, subiu até o segundo andar e, por fim, entrou na sala vazia. O hattori, então, sentou-se em cima da mesa de madeira utilizada pelos professores, onde deixaria o cajado sobre a mesma mesa, bem ao seu lado, e encarou fixamente a escuridão diante dos olhos.

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