RETORNO DA ORQUÍDEA VERMELHA

....tudo faz parte de um ciclo. Dia após dia, noite após noite, as incontáveis vezes que sou torturado por eles. Enquanto há a luz do sol, durante o dia, as coisas são sempre as mesmas, a monotonia me persegue. Acordo mas meu corpo continua cansado. E quando vou dormir as sessões de tortura começam. Eles... Essas sombras que me perseguem, me atormentam em constantes pesadelos que me fazem questionar se o que vivo é real, talvez os pesadelos sejam na verdade a realidade, e o que eu acho ser real não passe de um sonho, uma tentativa infame de minha consciência tentar se livrar deles. Todas as noites vejo a mesma cena... O sangue de meus pais escorrendo no chão da floresta logo após serem assassinados... Será que eles me culpam por ter fugido? Talvez por isso eu me afastei por alguns dias, na verdade eu sequer sei o motivo de minha ausência...

Acho que não faz muito sentido eu ficar aqui, deitado, refletindo enquanto olho por essa janela. Da pra ver que o sol já está nascendo, pelo visto foi mais uma noite sem descansar direito. Tento levar a mão ao rosto para massagear minhas pálpebras e tentar aliviar um pouco a pressão em meus olhos, talvez seja meu corpo gritando por um pouco de paz. Eu estou ficando cansado disso, até quando eu ficarei refém de meus próprios traumas? Acho que se eu sair um pouco para respirar ar fresco possa me trazer algum alívio.
Após comer alguma coisa e escovar os dentes decidi dar uma volta na rua. Faz alguns dias que eu não respiro um pouco de ar fresco, li em algum local que ar fresco ajuda a aliviar o estresse. Admito que essa caminhada estava sendo reconfortante, me fazia lembrar de algumas missões que participei. Também não pude deixar de notar as pessoas que passavam por mim, estavam sempre alegres, rindo, conversando e se divertindo, as vezes sinto que eu sou de outro mundo, como elas conseguem? Como eles entendem um ao outro?

- Huur .... - Tantas dúvidas me cansam, acredito que esteja na hora de eu conhecer algumas pessoas. Não deve ser difícil encontrar algum genin por aí que esteja querendo algum amigo. Enquanto fazia todas essas reflexões decidi me sentar em um banco, próximo a uma árvore para descansar, já havia caminhado bastante. Aproveito o momento para observar mais as pessoas, tentar entender elas e extrair algum aprendizado disso tudo.

Não pude deixar de notar alguns cachorros de rua interagindo. Engraçado como a comunicação deles é diferente do das pessoas. Eles se cheiram, trocam sons e pelo visto expressões corporais e ainda assim conseguem se entender. As formas de interação entre cada animal é peculiar, mas as pessoas... elas são diferentes. Enquanto eu observava, pude sentir alguém se sentando ao meu lado, tinha um cheiro agradável, de rosas e lavanda, era um perfume feminino. Hesitei em olhar de primeira, até que ela deu as primeiras palavras.

- Já fazem algumas semanas que não te vejo aqui, Yuto-kun. Estava ficando preocupada.

A voz era familiar. Sim... Era Senhorita Moko, uma das cuidadores do orfanato que morei após a morte de meus pais.

- Eu... Estava doente. -
Hesitei falar a verdade, não sabia qual seria a sua reação.

- Hihihi... Sei... Yuto-kun, você passou por algo que depositou em  seus ombros um fardo que você não queria, mas agora é de sua responsabilidade e de mais ninguém. Você não terminou seu trabalho, precisa ir a fundo e descobrir a razão da mort... Daquilo ter acontecido. Sei que você precisa de respostas, mas todos que buscam acham, a menos que eles desistam antes, e eu sei que você não vai desistir, não é?

Pude sentir sua mão tocando na minha, por algum motivo aquilo me deu uma segurança a mais, foram palavras que eu realmente precisava. A conversa não durou muito, ela teve que sair e voltar ao serviço, se despedindo com um beijo em minha testa. Eu retornei ao caminho de casa pensativo e confiante. A primeira coisa que fiz quando cheguei foi ir até meu armário, ao abrir a gaveta pude ver o símbolo da folha marcado na bandana que, por algum motivo, eu deixei bem a mostra dentro da gaveta. Enquanto pegava podia sentir que o tecido ainda estava macio. Coloquei a bandana de volta na testa, me olhando pelo espelho. Estava decidido, retornaria a força militar de Konoha, iria me tornar uma potência e desvendaria o verdadeiro motivo do assassinato de meus pais.

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