A partir daquele momento, na mesa de jantar, todas as suas memórias começaram a voltar como um foguete explodindo na sua mente. Seu pai, que ele sempre acreditou ter sido um calango desertor, foi, na verdade, uma pessoa extremamente importante na história da vila, sendo um Jounnin respeitado e parte do esquadrão de elite e de proteção pessoal do Raikage. Enquanto sempre acreditou ter tido uma infância difícil num lar adotivo, lembrou-se que na verdade foi criado por ambos os pais biológicos e teve uma vida consideravelmente confortável. Ao lado de seu pai, saía frequentemente para praticar esportes, caçar animais silvestres ou treinar coisas da academia. Enquanto sempre acreditou ter vindo de outro vilarejo, descobriu que é sim natural de Kumogakure e sempre foi um prodígio em potencial, tendo as maiores notas da academia. Em suma, tudo o que acreditava ser verdade hoje era uma grande mentira. Sua mãe, sempre amorosa, esteve ao lado do menino enquanto criança em praticamente todos os momentos. Graças a sua profissão poder ser exercida na casa da família, a mulher esteve lá nas primeiras palavras, nos primeiros passos, nos primeiros brinquedos e nas primeiras kunais.

Suas lembranças da guerra continuavam ruins, mas bem menos piores do que outrora. Se lembrava perfeitamente, sem os lapsos antigos de outrora, que ocultavam todas as partes positivas e engrandecedoras do momento e focavam nas ruins, de dor e desespero. Kazuha se tornou um líder, um herói, naquele conflito enquanto protegia a vida de inocentes. Conforme as lembranças voltavam, o traço de heroísmo crescia na mente do rapaz. Todas as vezes que precisou arriscar sua própria vida para salvar uma velhinha, um deficiente ou uma mulher, ou qualquer cidadão necessitado, o fez sem hesitar. Apesar de ter desenvolvido o traço de matar vez ou outra em troca de um bem maior, nunca deixou de ser procurando fazer o bem para a população geral e não apenas para si mesmo.

Lembrou-se também de época de sua grande depressão, mas de uma maneira diferente da habitual, era como se antes ele tivesse sido treinado para ser individualista e cruel, pois foram apagadas todas as memórias boas de diversos eventos da sua vida, como uma nuvem negra que ofusca o que não lhe é conveniente. Durante essa época, agora suas memórias focaram principalmente no amor de seu pai e sua mãe, sempre incondicionais, que superavam qualquer problema e sempre o apoiaram, mesmo em tempos de dificuldade financeira. Sua mãe, amorosa como sempre, tentava auxiliar seu filho a retomar o caminho do sucesso, mas compreendendo que o trauma podia deixá-lo afastado dos campos de batalha para sempre. Apesar de fora de combate, sempre tentou manter seu corpo saudável, praticando exercícios e uma alimentação saudável na medida do possível, imaginando que uma vez que o trauma se afastasse, poderia retomar suas atividades como ninja. Essas coisas que aquecem o coração, e demonstram força, catalisaram mais ainda o desejo do Uzumaki de salvar pessoas, proteger Kumo e ser um grande herói.

A última parte de suas memórias já eram como as originais, então afetaram a troca de personalidade, mas todos os fatos fizeram o jovem ter uma virada de chave na mente. Agora se identificava como um defensor da justiça e protetor dos indefesos, não como o jovem recatado que foi um dia, até pouco tempo atrás. Mesmo com sua personalidade introspectiva, ainda teve flashes como um herói, pois esse é seu destino e é impossível mudá-lo, mas ter a mente aberta facilitaria muito as coisas e traria mais prazer ao Jounnin em fazer o que faz: ajudar o próximo, os familiares, a esposa, o filho e qualquer outro que precisasse. Era um momento muito importante na vida e história de Kazuha, e tudo ocorreu ali, em frente à mesa de café da manhã.

Aproveitando sua atual família, o branco foi até a barriga de sua esposa, meio do nada. Lhe deu ali um beijo e acariciou, enquanto ela partia um pedaço de pão e não compreendia bem o que estava ocorrendo. Sinceramente, Kazuha também não sabia de nada, apenas que novos tempos haveriam de chegar. Para os novos tempos, os velhos hábitos podem ser importantes, pois nos lembram de quem nós somos e onde nós queremos chegar. Lembrar que é um herói, que ama a sua família, e não só ama como sempre amou, e que tem vontade de dar a vida por um futuro melhor pelos seus próximos trouxe o espírito que o Uzumaki precisava para os novos tempos. Ele estava pronto, seja lá para o que viesse.

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