Diferente dos outros dias, aquele havia amanhecido um pouco diferente e menos monótono para o ninja, estava mais animado do que o normal por um único motivo, havia recebido uma missão mais próxima daquela que queria, o sol ainda não tinha despertado junto com todo o resto da cidade,  caminhando por aquelas ruas desertas ele via então o ponto combinado aproximar-se pela primeira vez naquele dia. Apresentou-se ao seu superior e escutou as informações necessárias para a conclusão da missão - Pelos deuses, virei garoto de rastreamento. - vociferou quando as instruções acabaram, não tinha outra coisa a fazer ou não seguir o rumo ordenado.  Com seus preparativos feitos apenas tinha uma coisa a fazer, cumprir a missão dada.

Pegou então o rumo ordenado, acendendo um cigarro para mantê-lo em ordem durante todo o caminho. As coordenadas seguidas o levavam por um caminho que parecia mais uma cena de terror, quando finalmente encontrou o ponto sinalizado manteve sua concentração e procurou nos arredores a caverna que seu superior havia falado. Precisou de alguns minutos procurando '' Escondida aos olhos comuns'' repetia em sua mente enquanto tentava encontrá-la em meio aquelas nuvens que inundavam o local quando finalmente, encontrou.


Ao adentrar a estrutura natural percebeu algo que era uma novidade, pelo menos para Ryujin, uma natureza totalmente adaptada àquela situação,  continuou investigando a construção, lentamente e também procurando entender todo o local em que se encontrava naquele momento, aliado a isso os minutos que se passavam de maneira arrastada pareciam durar muito mais tempo do que durariam, talvez fosse porque era um possível terreno hostil? Quando já não tinha mais esperanças de chegar no local demarcado foi o momento em que o destino lhe presenteou com uma bela visão.

Após superar um breve declive deparou-se com uma agradável visão, um campo de flores que possuía uma em questão que era mais bela que todas as outras, sem hesitar, interrompido então pela voz misteriosa...

- Um enigma? - questionou-se, olhando nos arredores - ''Eu falo, sim, mas não tenho boca. Eu ouço, sim, mas não tenho ouvidos. Não tenho corpo, não, mas vivo com o vento.'' - murmurou, a mão imediatamente encaminhou-se para as madeixas loiras do jovem. Era um questionamento complexo, existiam vários fatores, principalmente a abstração daquele enigma, com certeza era algo imaterial, mas o que seria?

'' Fala mas não tem boca, ouve mas não tem ouvidos, não tem corpo mas vive com o vento.  É o tempo? Não... O tempo é uma grandeza que independe do vento, mesmo que nos fale sobre o passado presente e futuro, que nos ouça ao redor das eras é impossível ser a resposta... '''

Os pensamentos de Ryujin viajavam, aquela questão filosófica e ao mesmo tempo científica, que não era sua principal arma poderia torrar seus neurônios a qualquer momento, mas não poderia esquecer-se de algo. Se ele não fosse capaz de solucionar um enigma daqueles, o que faria com o restante de sua vida? Viveria como um inútil... Aquele fator determinante que existia naquela frase, o vento,  Mas o que dependia do vento para viver? Sim, claro! O som!

Foi naquele instante que Ryujin teve uma meia certeza, arriscaria tudo para tentar, uma breve epifania que possivelmente serviria como resposta, ou será que não?

- O Eco, você é o Eco, não é mesmo? - questionou ao mesmo tempo que respondia, era a única solução possível que ele encontrara naquele instante.

Considerações:

- Fazer o que, as vezes a gente tem que adivinhar algo que preste. - proferiu em tom irônico, ouvindo a próxima questão, aquela talvez fosse a mais difícil até aquele momento. Os pensamentos de Ryu novamente se elevaram, sua mente girava em torno de tudo que havia vivido e presenciado até aquele instante, como poderia responder de maneira correta aquela questão? Apenas de uma maneira, fazendo uma breve análise de quais fatores envolviam-na, de maneira que tudo se tornasse cristalino novamente.

''Apenas uma cor, tamanho variável e surge quando tem Sol. Na chuva jamais? Podemos excluir a água, a terra e o vento. Finge que sente dor? Poxa vida, cada vez pior.''

Porém quando estava pressionado assim não tinha outra alternativa a não ser compensar esforçando-se em dobro, foi então que olhou para a sua própria jaqueta, o tom negro lhe deu mais uma dica... O que no mundo tinha apenas uma cor e forma mutável? A resposta estava tão na sua frente que sequer acreditava ser possível, porém... Como seria ela? A escuridão? A sombra?  as duas dependiam da luz para existirem, porém outros fatores que decidiam o fato eram mais relevantes... Na chuva existe escuridão mas não sombras, elas divergem entre si de maneira que não deixa outra resposta a não ser aquela única, a charada estava quebrada ali mesmo.

- Você é a sombra, né amiguinha?

Considerações:

Ryujin conhecia os próprios limites do seu conhecimento, não tinha nunca passado por aquele tipo de situação, cada enigma se tornava cada vez mais difícil de maneira exponencial, aquelas perguntas complicadas que se tornavam ainda mais traiçoeiras visavam acabar com suas esperanças, cruzou os braços em frente ao corpo, pensativo e indignado... Mas que merda de situação era aquela? Com aquelas frases ditas pela mulher seus pensamentos ficaram embaralhados, confusos e até mesmo inconformados, não tinha uma resposta, não tinha sequer uma ideia do que poderia ser?

Jamais havia passado por uma situação daquelas, porém tudo era aprendizado na vida, poderia chutar, tentar enganar ou qualquer outra coisa, mas sentia que a derrota havia chegado para si - Complicado, nunca havia passado por uma situação dessas, sequer imaginava que não teria uma resposta para alguma questão... - proferiu em tom ácido, aquela reflexão era dolorosa para ele, uma falha logo no início da sua vida era notavelmente uma chance de nunca mais repetir um erro, ou preparar-se para conseguir alcançar êxito no futuro em coisas que realmente fossem fazer a diferença na situação macro.

- Para falar a verdade, eu não faço a mínima ideia de quem você seja, senhorita. No entanto posso arriscar? Você é a matéria?

Uma resposta ridícula, mas era a única coisa que ele conseguia pensar naquele momento, não tinha saída, apenas chutar e aguardar.

Considerações: