[Capítulo - Solo] Arte elegante e duradoura

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Entre tantas pessoas no vilarejo apenas as estrelas e a lua faziam me companhia com tanta frequência. Eu estava em meus aposentos, com os braços apoiados na janela observando o vilarejo, a noite era tranquila e o único ruído que podia ouvir com clareza era o do meu ventilador que virava para lá e para cá para esfriar o ambiente. Minha vida estava bem calma novamente e isso me dava certa ansiedade e eu odiava ter esse tipo de devaneio.

Resolvi caminhar um pouco pelo vilarejo para desopilar a mente, talvez me distrair com um bom saquê em alguma taverna. Novamente tudo que poderia encontrar no caminho eram alguns bêbados e arruaceiros, nada que me interessasse. As ruas começavam a parecer todas muito iguais para mim, eu estava realmente desanimado essa noite. Parei no meio da rua, coloquei uma das mãos na cintura e com a outra eu tirava os cabelos de cima da testa, olhando para o céu estrelado eu dei um longo suspiro.

—Eu preciso mudar essa situação... Ficar aqui me remoendo não vai mudar nada.

Enquanto eu olhava para o céu, um pouco acima da minha cabeça um papel dobrado em formato de pássaro passa vagarosamente, batendo suas asas como se fosse um animal genuíno.

—O que é isso?

O papel seguiu a rua adiante, dobrando a esquina em seguida. Devido ao comportamento estranho de parecer realmente com um ser vivo, imaginei que poderia ser algum tipo de técnica ninja ou uma arte incrível de origami, mas de qualquer forma eu fiquei interessado em descobrir do que se tratava, então eu segui o origami de pássaro rua acima.

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Logo que virei a esquina eu pude ver o pássaro lentamente voando em círculos, formando um espiral e pairando no ar antes pousar sobre a mão de uma mulher sentada sobre o teto de uma cabana, em minha visão, perfeitamente encaixada entre minha e luz da lua. A mulher tinha cabelos curtos a altura dos ombros, vestia um quimono branco com detalhes roxos e mantinha os olhos fechados. O pássaro de papel repousado sobre as costas daquela mulher batia as asas suavemente.

—Intrigante, não? A forma como esse simples pedaço de papel se assemelha a um pássaro sempre me fascina. Ela diria e de repente o pássaro de papel sumiria misturando-se a sua pele.

—É... É realmente lindo. O que... Como você fez isso? Eu perguntaria a mulher.

—Você aprecia arte, garoto? Os origamis são uma das mais belas artes do mundo. Um simples pedaço de papel pode se tornar o que você quiser e puder imaginar, não é incrível?
De repente, inúmeros outros origamis de pássaros surgem do horizonte e voam sob o céu, parecia um espetáculo lindo.

—Esses origamis, eles tem vida própria? Eu perguntaria a mulher.

—Não seja tolo, como um simples pedaço de papel poderia ter vida?

—Posso me juntar a você? Estou muito interessado na sua arte. Eu diria e antes mesmo da resposta da mulher eu simplesmente subiria no teto em que mesma se encontrava, me aproximado da mulher que não parecia reagir de forma negativa a mim.

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Ficamos em silêncio por alguns segundos observando aqueles pássaros de papel dançando sob o céu noturno, nenhum de nós parecia querer interromper o momento. Embora o silêncio fizesse parte do momento, eu resolvi quebrar o gelo.

—É... eu me chamo Tomo. Seus origamis são incríveis. Eu diria, abrindo um sorriso amigável.

Depois de um longo suspiro, a mulher iria erguer sua mão aberta, fechando-a bruscamente fazendo com que os papéis simplesmente retornassem a ela.

—Sim, meus origamis são belos, mas eles são muito mais do que isso. Ela me responderia.

—Você pode me mostrar o que mais pode fazer com eles?

—Não posso simplesmente passar meus conhecimentos a alguém que acabei de conhecer. Essa habilidade com os papéis não serve apenas para espetáculos, em mãos erradas ela pode ser muito perigosa.

Ela estava certa em ter receio de me mostrar os poderes de sua habilidade com os papéis, afinal de contas, não nos conhecíamos, ela não me devia nada e nem eu devia nada a ela. Me aproximei da mulher parando a seu lado, retirando uma kunai de minha bolsa de armas e com ela eu fiz um corte em meu pulso esquerdo, dessa forma deixando que o sangue fluísse para fora. A mulher me olhava com espanto confusa por não saber o que eu estava fazendo.

—Eu te mostro a minha habilidade e então se você quiser, pode me mostrar a sua. Eu diria antes de manipular o sangue que escorria do meu pulso em bolhas de tamanhos variados que flutuavam e giravam um pouco acima de nossas cabeças.

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A mulher olhava as bolhas de sangue que flutuavam com um olhar de surpresa que após alguns segundos se transformou em um olhar de admiração.

—Você transforma algo que simboliza dor e sofrimento em algo tão peculiarmente belo e inofensivo. A mulher diria esboçando um sorriso de canto. —Você pode me chamar de Nui, é um prazer. Siga-me, eu lhe mostrarei a arte do origami que você tanto quer ver. A mulher diria, em seguida, saltando do tento de sua casa e seguindo na direção do campo de treinamento de Iwa. Eu a segui, pois estava muito interessado nas habilidades de Nui.

O campo de treinamento estava totalmente vazio, obviamente estava tarde demais para que tivessem pessoas treinando, quer dizer, pessoas normais talvez.

—O que eu faço não são simples origamis. Essa é uma técnica ninja antiga chamada Shikigami no Mai que utiliza grande concentração de chakra vinculado a habilidades com origamis. Em resumo, essa técnica requer muita habilidade em ninjutsu e controle excepcional de chakra, além claro de habilidade e criatividade na arte de modificar o papel.

A mulher diria, em seguida criando milhares de pedaços de papel que se transformavam em grandes asas nas costas de Nui, em seguida ela simplesmente levantou voo e riscou o céu céu noturno, sendo iluminada apenas pela luz da noite. Eu estava maravilhado pela técnica de Nui, suas asas eram lindas e me faziam pensar na sensação de felicidade que seria voar pelos céus. De repente, Nui simplesmente parou, flutuando acima de mim, me observando.

—Me diga, eu serei capaz de usar essa técnica se você me ensinar? Eu diria, ansiando que Nui respondesse positivamente.

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De repente, Nui molda alguns de seus papéis em shurikens e os lança na minha direção tão rápido que eu não poderia desviar. A intenção da mulher não era me ferir, mas apenas me mostrar um outro lado de utilização dos origamis. Os papeis voaram em minha direção, mudando o curso em último instante cravando-se no solo.

—Como você pode ver, esses origamis tem mais finalidades do que apenas voarem no céu. Diga-me Tomo, por que você quer aprender essa habilidade?

Retirei minha garrafa de saquê para dar um gole e saciar minha sede, o que me deu alguns segundos para pensar em uma resposta apropriada para Nui.

—Eu não tenho interesse em usar essa habilidade para atacar pessoas se é isso que você está pensando. Eu achei essa técnica magnifica, e ver você ganhar os céus com essas asas lindas como um anjo... Eu quero aprender essa habilidade pois eu quero ganhar o céus também. Eu quero ser mais forte por mim. Eu diria a Nui.

Então, Nui desce dos céus e ao tocar o chão, desfaz suas asas de papel voltando ao seu estado normal.

—Você é um garoto peculiar, Tomo. Apesar de carregar algo que representa o mal consigo, não vejo maldade em seus olhos... Está bem, eu ire ensiná-lo sobre o Shikigami no Mai. Mas lembre-se que com grandes poderes vem grandes responsabilidades. Nui me respondeu.

—Farei o que for preciso por isso, Nui. Eu diria exibindo um sorriso estridente para a mulher ao mesmo tempo que colocava a mão sobre a marca da maldição em meu ombro.

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Aproximando-se de mim vagarosamente, Nui dava instruções do funcionamento da técnica de origamis. Eu ouvia atentamente, mesmo que os termos técnicos toda a burocracia sempre me entediasse, talvez pelo fato de que não me era comum receber esse tipo de atenção.

—Como eu disse, o Shikigami no Mai consiste na união entre habilidades com origamis, ninjutsu e controle de chakra. Você manipula facilmente o seu próprio sangue, então acredito que já tem uma noção de como funciona a manipulação de chakra, mas o Shikigami no Mai é totalmente diferente de uma manipulação comum. Nui diria, agora, dando voltas ao meu redor.

—Para esta técnica, você utilizará seu próprio chakra para criar os origamis, é dessa forma que os papéis surgem e se moldam e também é assim que eles desaparecem. Preciso que você se concentre, imagine em sua mente o papel sendo formulado, expanda o seu chakra para fora do corpo no formato de papel. Acha que consegue fazer isso?

—Acho que posso fazer isso. Me dê um minuto. Eu responderia a Nui, passando as duas mãos nos cabelos, puxando-os para trás e dando um longo suspiro.

Fechei os meus olhos e tentei desopilar a mente, o que não era algo tão difícil para mim principalmente em situações como essas. A única imagem que ocupava minha mente agora era a de uma pequena folha de papel. Eu podia sentir o cheiro de papel novo, a textura lisa do papel e, se fosse possível passar os dedos nas extremidades, certamente poderia até mesmo receber um corte daqueles comuns de papel.

Com essa imagem em minha mente, eu comecei a expandir o meu chakra para fora do corpo tentando moldá-lo no formato do papel.

*Mantenha a textura do papel, mantenha o cheiro, mantenha o corte...*

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Apesar dos meus esforços mentais para usar a habilidade, não consegui mesmo depois de inúmeras tentativas. Nui me olhava com as sobrancelhas contraídas, como se estivesse com raiva ou desapontada e mesmo assim não dizia nada.

—Me dá mais um tempo, eu juro que consigo. Eu diria para a mulher tentando me justificar.

Na verdade, apesar de não me importar muito sobre quem está ao meu redor, ser acolhido e orientado por alguém dessa forma não era costumeiro para mim, isso estava me deixando incomodado de certo modo, ou talvez eu estivesse inventando desculpas para mim mesmo.

De repente, Nui se aproximou de mim rapidamente, pegando-me pelos braços a medida que suas asas de papel novamente surgiam as suas costas. E então a mulher alçou voo me carregando junto consigo, quando me dei conta já estava tão alto que poderia ver o restante da vila lá de cima.

—Ei, ei, ei! Calma aí, o que você tá fazendo? Gritei para Nui confuso e assustado com sua reação.

—Não foi você quem disse que queria voar? Agora, ou você voa ou você morre. Voe e salve sua vida. Nui responderia.

—Calma, calma, eu juro que eu consigo fazer isso lá em baixo! Eu diria.

Então Nui largou meus braços e mãos, fazendo com que eu caísse em direção ao chão, se não fizesse nada eu ia virar um pedaço de nada no chão.

*Caralho, caralho, caralho!* Eu pensava, enquanto fechava os olhos e mentalizava novamente a folha de papel, eu podia sentir novamente suas características, mas dessa vez eu mentalmente o dobrei no formato de asas.

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Como consequência do perigo eminente de uma morte rápida e sem sentido, canalizando meu chakra eu fui capaz de moldá-lo em diversos papeis que se juntaram formando uma grande asa em minhas costas, fazendo com que bruscamente cessasse a queda e pairasse sobre o ar. Nui, quando viu isso acontecer, se aproximou de mim descendo dos céus.

—Se sua vida é o que mais importa para você, o mais sensato a se fazer era que você luta-se por ela. Abra os olhos, Tomo, veja o que você acabou de realizar.

Ao abrir os olhos eu poderia ver o solo alguns metros abaixo de mim e olhando para trás, era possível ver as asas de origami que havia feito utilizando tal habilidade.

—Eu... eu não acredito que consegui. Que foda! Eu diria, ainda cambaleante devido ao mal controle da habilidade que havia acabado de despertar.

—Venha, vamos até o chão, precisamos treinar um pouco mais para que você realmente seja capaz de usar essa habilidade com primasia.

Ao tocar os pés no chão, senti-me um tanto quanto ofegante devido ao esforço que fiz para criar aquelas asas de papel e também pelo susto da queda.

—Tomo, esses papéis fazem parte de você, eles são criados a partir do seu chakra e é por isso você pode moldá-los da maneira que bem entender de forma que só você pode usá-los. Quero que fique claro que o uso dessa habilidade, como você pode perceber, demanda esforço treino para dominar essa habilidade. Você foi capaz de usar a técnica devido ao perigo e estresse em que o coloquei, agora, você deve ser capaz de usar a habilidade por conta própria.

—Certamente farei, Nui. Eu disse, enquanto me posicionava novamente para tentar utilizar a habilidade.

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Nessa nova tentativa eu já estava muito mais confiante. As inúmeras figuras que poderia formar com essa habilidade passavam na minha mente, mas eu me focava apenas para expandir o meu corpo em papéis como Nui havia feito. Estendendo os dois braços lateralmente eu iria concentrar lentamente comecei a expandir o meu corpo em pequenos pedaços de papel, e então, o fluxo de papéis se tornou mais intenso, e assim como Nui havia feito, eu os moldei como pássaros que voaram circulando por todo o lugar. Nui me olhava com um sorriso tímido no rosto.

—Que lindo! A muito tempo eu não me emocionava desse jeito, Tomo. Isso realmente é uma arte elegante e duradoura.

Recolhi os origamis até mim, dei um longo suspiro e limpando o suor abaixo de meu queixo eu a respondi.

—Realmente, é lindo... Eu estou sem palavras, Nui. Lágrimas escorriam dos meus olhos, apesar de que não era costumeiro esse tipo de reação.

Tentava limpar o fluxo de lágrimas do meu rosto, embora quanto mais eu os enxugava mais e mais escorriam.

—Me desculpe por essa reação, eu não sei o que está acontecendo.

Algo estava aquecendo meu peito, sentia como se pela primeira vez alguém tivesse cuidado de mim, se importado com o que penso ou que tivesse simplesmente esboçado um sorriso por mim. Obviamente éramos estranhos e até pouco tempo atrás alheios um ao outro, mas eu obtive uma certa conexão com aquela mulher pela sua ajuda esta noite, algo que nunca havia tido com ninguém.

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Ao fim de tudo, Nui se aproximou de mim com uma aura acolhedora, apontou o punho em minha direção e abriu a mão revelando dentro dela um belo origami de uma flor, dessa vez, um origami real de papel.

—Esse é o seu "presente de formatura", Tomo. O que eu te mostrei aqui hoje é uma habilidade muito especial para mim, o fato de tê-la passado a você significa alguma coisa. Nui diria, colocando a flor de origami em minha camiseta como um espécie de broche.

—Não acho que nos veremos novamente, mas eu adorei esse momento que tivemos aqui. Eu tenho que ir agora, mas aproveite sua nova habilidade.

—Eu não sei como te agradecer, bem, obrigado. Eu espero, sei lá, que você fique bem. Eu diria esboçando um sorriso genuíno como eu não fazia a muito tempo.

Então, a mulher simplesmente deu as costas e começou a caminhar para longe. Saber que não ia vê-la novamente não era incomum para mim, afinal de contas estava acostumado a pessoas indo e vindo enquanto eu permanecia aqui, mas aquele momento que tive com Nui ficaria marcando em mim não apenas pela obtenção de uma nova habilidade, mas pelo fato de Nui ter me ajudado sem esperar nada em troca, então pela primeira vez em minha vida eu fui genuinamente grato a alguém. Após minha despedida de Nui, eu pegaria minha garrafa de saquê para dar um novo gole saciando minha sede e então seguiria para os meus aposentos com a certeza de que não conseguiria dormir tão cedo.

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Situação: Aprovado
Consideração: Não se esqueça de solicitar sua vaga na ORG, se já fez, ótimo. Bom RP!
Bonificações: HU Shikigami no Mai

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