— Me pergunto se ando fazendo a coisa certa, pai. Sinto que uma parte de mim morre junto com cada vítima que faço. Sei que a morte é algo comum no mundo dos ninjas, mas eu estou certo em não me segurar?

Naquela tarde, Sarkies conversava com seu pai em frente ao seu túmulo. Era uma conversa que não tinha nem com sua mãe – ainda viva – porém, naquele local, ele se sentia mais à vontade de falar sobre esses assuntos. Em suas últimas missões, o genin havia causado a morte de algumas pessoas e andava se questionando se havia feito a coisa certa. Desse modo, permaneceu por mais um tempo ali: hora falando algo diretamente à seu pai, hora calado.

Ao sair do cemitério, antes de voltar para casa, o Uzumaki passou em uma loja de conveniências para comprar algumas coisas para comer. Contudo, no meio do caminho à residência, em um  beco estreito e vazio, teve a passagem interrompida por uma briga de cachorros. Eram exatamente cinco, rosnado e se mordendo. “Tsc”, Sarkies estalou a língua e, mesmo impaciente, esperou que parassem.

Distraído, não foi capaz de ouvir a aproximação de algumas pessoas pelas suas costas e só sentiu a dor de um golpe violento em sua cabeça, perdendo a consciência logo na sequência.

considerações:

Em uma viagem que durou dois dias e uma noite, o corpo do Uzumaki foi carregado pelos desertos nos arredores de Suna, por um grupo de três sujeitos. O primeiro deles, era um garoto de cabelos brancos, vestido com uma bermuda acinzentada e uma camisa preta – ambas sujas e rasgadas – e em seus punhos e calcanhares haviam correntes arrebentadas. O segundo, com exatamente as mesmas vestes, tinha olhos dourados e cabelo loiro espetado. E o terceiro, também com o mesmo traje, na verdade, era uma garota de cabelos azulados cuja franja caía sobre um dos olhos.  

O grupo chegou à uma enorme mansão com muros de pedra medindo 5 metros de altura e portão de metal, totalmente lacrado. O quintal mais parecia uma continuação do deserto, com uma casa de três andares ao fundo. Eles entraram pela porta da frente e caminharam por um corredor, enfeitado com esculturas de bronze, até a sala de estar, onde deixaram o corpo de Sarkies jogado sobre um carpete e se ajoelharam perante um homem, muito bem vestido, que estava sentado em uma poltrona com detalhes em ouro.

— Eu sabia que vocês conseguiriam. Agora sumam da minha frente. — Disse, ríspido.

O trio foi levado pelo rapaz que estava ao lado desse homem para algum outro lugar da casa.

considerações:

— Me deixe sozinho com ele. — O homem bem vestido que parecia ser o dono daquela mansão pediu ao seu companheiro para que o deixasse sozinho com o corpo de Sarkies.  — Tenho que observado de perto desde que você foi ganhando os holofotes em Suna, Uzumaki. Não tenho dúvidas de que você se tornaria um grande shinobi e que faria coisas grandiosas. Não poderia deixar um talento como o seu com Suna, certamente me causaria problemas. Por isso você está aqui. — Ele se levantou da poltrona. —  Você será um servo leal e espero que chegue a superar Kenma.

Após uma longa série de selos de mãos, o pescoço do homem se estendeu. — Vou te dar um presente, Uzumaki. Uma marca. Uma marca que irá nos ligar para sempre. — Então, ele avançou e abocanhou o pescoço do genin da Areia. Segundos depois, ele o largou, voltando ao normal e sentando-se novamente à poltrona. — KENMA! — Gritou.

O outro rapaz retornou, pegando Sarkies nos braços e o colocando em seu ombro.

— Pode deixá-lo com os outros, mas não esqueça de amarrá-lo. Vai levar um tempo até ele entender e aceitar o que se tornou, então é melhor evitar que ele cause problemas.

— Como o senhor quiser. — Respondeu, virando as costas para o homem e seguindo pelo mesmo caminho que levou o trio à minutos atrás.

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2 horas depois.

Lentamente, Sarkies foi recuperando a consciência. Sentia fortes dores de cabeça e seu corpo parecia exausto, como se tivesse corrido uma maratona. Sua barriga roncava ferozmente por conta da fome e a vista um pouco embaçada. Com dificuldades, sentou-se e encostou na parede. Nesse movimento, ouviu o som de correntes e, ao olhar para seus pulsos, percebeu que estava preso. Entretanto, antes que pudesse tomar qualquer atitude, alguém estendeu um copo de argila à ele.

— Vamos, tome Sarkies. — Uma voz conhecida apareceu, era o garoto de cabelos platinados com quem ele havia lutado à dias atrás. Ao seu lado, uma garota de cabelos azulados o entregava um copo de água. O Uzumaki não pode deixar de reparar nas mãos da jovem, as quais estavam totalmente arranhadas e com marcas de sangue. O genin encarou o platinado e depois fixou seus olhos na garota. — Você precisa disso, não se faça de durão agora. — Disse mais uma vez. — Só assim, Sarkies pegou o copo das mãos dela e bebeu rapidamente.

— Que merda está acontecendo?

— Me desculpe, eu não queria fazer isso. Mas tem horas que perdemos o controle sobre quem nós somos.

— Onde estamos?

— Esse lugar é conhecido como Cochlea. É a mansão do nosso senhor. Bem, parece que agora você é um de nós.

— Como assim?

— Essa marca no seu pescoço, é um sinal que você está submisso à ele.

O Uzumaki tentou olhar para a tal marca, mas não estava no alcance de seus olhos. Então, a garota de cabelos azulados retirou um pequeno espelho redondo de suas vestes e apontou para ele. Em seu pescoço, haviam três marcas negras que se assemelhavam à tomoes.

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— Esta marca, o que é ela?

— Você nunca viu? Entendo, ainda é apenas um genin. Vejamos… — Ele passou a mão no cabelo, espalhando-o. — Esta marca é uma maldição que, apesar de “sugar” nossa vitalidade, amplifica nossas habilidades. Seu nome é Juinjutsu. Nosso senhor lhe concedeu esse poder em troca da sua submissão à ele.

— Eu não serei submisso à filho da puta nenhum. — Respondeu.

 — Você não tem mais escolha. A partir do momento que você recebe a marca, se você se virar contra ele, a maldição vai te dominar e você nunca mais será Sarkies Uzumaki. Na melhor da hipóteses, você vai virar uma criatura maligna sem racionalidade e sem coração. — O garoto se levantou e virou as costas ao genin. — Só resta você aceitar seu destino e aproveitar dessa habilidade para servir ao nosso mestre. Quando ele iniciar o seu treinamento, você notará as diferença. Força, velocidade e ninjutsus colossais. Não é tão ruim quanto parece. — E ele desapareceu em meio as sombras daquele local.

— Não dê ouvidos à ele. Ele não está satisfeito com isso. Se pudesse, Ayako já teria nos tirado daqui. — A garota respondeu.

O estômago de Sakies e da jovem roncaram ao mesmo tempo. Envergonhada, ela tentou esconder o rosto e saiu correndo na mesma direção de Ayako.

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