Guren estava em seu quarto quando a porta fora batida algumas vezes durante a noite. Incomum e perigoso, todos na casa se assustaram com a chamada de alguém naquele horário, a família era bem mais reclusa para si e tinha poucos amigos na vizinhança de Konohagakure. A sua mãe Peni fora a que atendera ao chamado por batidas, observou um homem totalmente estranho e fechou rapidamente no susto. — Guren, acho melhor você atender, tem um senhor muito macabro lá fora. — com um pouco de medo ela pedia a sua filha ajuda. A menina foi até a porta um tanto quanto desconfiada do que seria a pessoa ali. Um ladrão? Não, porque já deveria ter entrado assim que sua mãe abria a porta.

Ela foi até a porta da sala e então se deparou com o velho. Não demorava muito para falar assim que via Guren, que era a pessoa que queria ver ali. Suas palavras eram aceitas pela Shizuka pouco a pouco, entendendo o que ele queria dizer. Uma habilidade que poderia ser útil a ela. Sua expressão facial demonstrou curiosidade, mas era claro, não poderia falar e nem fazer sinais com as mãos. Ela pegou o envelope e lia ali na mesma hora, passando o olho nas palavras: Hospital de Konoha e o horário, 15 horas. Quando voltava o rosto para ele, já havia sumido. A sua cara de estranheza ficou por alguns segundos, e assim a kunoichi fechou a porta.

[...]

Estava próximo da hora do encontro no hospital, Guren já estava pronta para partir. Terminara de almoçar, dava os últimos ajustes e então saía de casa. Chegaria no hospital com a carta na mão. Na recepção apresentaria a carta para o primeiro atendente que visse, e depois tentaria explicar o que havia acontecido, fazendo mimicas do homem velho barbudo batendo na casa dela.

A mimica da pequena kunoichi ajudava a recepcionista a entender do que se tratava a carta e também da pessoa que ia em sua casa na noite anterior. Era simples, a sala dele era perto dali, a moça apontava para onde ela deveria seguir. A Shizuka abria um sorriso em forma de agradecimento e abaixou sua cabeça um pouco, também um jeito de dizer obrigado.

A menina não sabia o porquê dela ser chamada ali, a curiosidade aumentava cada vez mais para saber do que se tratava, principalmente pelo velho barbudo dizer que algo sobre uma "habilidade". Seus passos eram calmos, não tinha motivos de correr. Aproximou-se da porta e bateu uma única vez. A resposta vinha rapidamente e rouca, um pouco familiar para ela. Ela passava a mão rapidamente na maçaneta da porta e adentrava na sala. Observava o local na qual entrava, duas camas brancas, uma janela com uma vista boa, e outras coisinhas simples. O homem, idoso,  então virou-se para Guren, pedindo para se sentir confortável. Ela foi na cama mais próxima da janela, aonde havia sol batendo. Depois que se sentou, começou a encarar o velho, esperando algo.

A luz solar batia no corpo da pequena Shizuka enquanto observava o velho médico ali em sua frente, aquilo a aquecia e deixava mais... viva. Os gestos estranhos dele eram reagidos com alguma certa desconfiança, mas a menina ainda mantinha aberta a ele, esperando que ele falasse algo. Não demorou muito para abrir a boca com palavras poéticas sobre os sentidos que todo humano tem, mas que em Guren fazia falta um, a fala. A menina ouvia, concordava um pouco, não gostava de ouvir muito aquilo, apesar de sempre ouvir que era especial, principalmente por seu mentor e amigo mais próximo. Seguia com seu discurso, dessa vez a elogiando pela forma que, mesmo sem poder dizer uma palavra, seguiu em frente em busca de ajudar sua vila, Konoha, e se tornar uma kunoichi, dessa vez a menina abria um leve sorriso para ele, mostrando que gostou das palavras. Veio a ela uma curiosidade, o médico citava um "ele", não sabia quem era, por isso ficou um tanto curiosa quanto a isso.

O velho veio até ela com um copo d'água oferecendo-a para beber, educada que era, aceitou. Em meios aos goles continuava a ouvir o que ele dizia, e a verdade do chamado dela veio a tona: habilidade sensorial. O que seria aquilo? A menina pouco sabia que existia algo do tipo. Dizia o homem que era uma outra forma de se comunicar, pelo chakra, uma maneira inusitada de mostrar o que pensa, aquilo atiçou-a de uma forma que transpareceu uma certa empolgação de aprender, visível para ele após terminar de beber.