A residência de Samael exalava um vazio diferente do normal naquela noite. O jovem sentado em sua mesa de "trabalho" observava uma folha de papel em branco com seus olhos curiosos. Com a mão repousando sob o queixo, Samael resistia ao fato de estar passando por um bloqueio criativo. Diversas imagens passavam em sua mente inundando sua cabeça com pensamentos vazios, oque o irritava profundamente. Era possível perceber isso pela maneira como ele olhava a folha de papel. Aquilo trazia diversas lembranças de dias confusos para o jovem que procurava se expressar de alguma maneira.
Respirando fundo, ele olhou para o teto de sua casa esperando que alguma luz lhe desse a resposta, mas nada veio a tona. — É uma busca difícil... —. Disse ele para si mesmo. Manteve-se parado por mais alguns minutos, olhando pra cima, até que uma ideia veio a sua mente. Se levantou vagarosamente da cadeira, andando até a janela. Já era tarde da madrugada e o frio bateu em seu corpo coberto apenas por uma camisa de manga curta de cor branca. De súbito o rapaz subiu a janela e saltou para fora de sua casa, parando sobre um prédio em frente a sua residência. O frio mais uma vez o enrolou em seu abraço, mas o jovem simplesmente ignorou aquele fator. Ficou ali parado por alguns instantes, buscando entender oque acontecia em sua cabeça, mas não obteve resposta alguma além de sua intuição pedindo para que caminhasse. Fechou os olhos por um instante, escondendo suas mãos nos bolsos de sua calça, saltando até a rua. A partir dali o jovem começou a caminhar sem direção, desferindo seus passos lentos e curtos sem pressa alguma. Nem ele sabia pra onde estava indo, mas sabia que em algum lugar iria chegar.

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O rapaz caminhou até o Sul do vilarejo se deparando com a grande muralha que circundava a nação. Subiu sobre a muralha com um salto, parando sobre a mesma para observar o horizonte a sua frente. A madrugada nunca havia sido tão longa quanto a daquela noite. Seus sentidos pareciam incoerentes com a realidade e por um momento se viu jogado no mundo sem achar o seu lugar. Talvez fosse apenas uma aversão a sua falta de criatividade. O rapaz retirou suas mãos do bolso, agachando. Foi quando ouviu a voz de alguém gritar de longe. — Ei, você... O que faz aqui a essa hora? — Era uma voz feminina e extremamente familiar para o jovem, que lentamente olhou para trás a procura da responsável. Quando se deu conta, a pessoa já estava ao seu lado. Era Uchiha Maya. Ela por um momento se assustou ao ver que era Samael, mas não desviou sua postura.
— Ah, é você... O que faz aqui a essa hora? — Perguntou a moça estando a cerca de três metros do rapaz abaixo da linha de seus olhos. Ele voltou a olhar para frente como quem procurasse por algo.
— Estou buscando um pouco de inspiração... — Disse ele, respirando fundo logo em seguida. — E você? — Ele a olhou. Ela estava surpresa com a resposta que havia recebido, mas não esboçou reação alguma.
— Fiquei responsável pela ronda do vilarejo essa noite. — Disse ela olhando para o mesmo horizonte da qual o rapaz voltava a olhar. A jovem moça usava as vestes de uma jounin do vilarejo e seus armamentos, o que validava sua história. Não que ele tivesse desconfiado.
— Entendo. — Samael suspirou, se levantando. Por alguns instantes o silencio tomou conta do lugar e o vento bateu sobre os corpos de ambos. Maya observou as vestes do jovem que vestia apenas uma camisa branca de manga curta e uma calça preta estando com seus pés descalços, ela pensou em perguntar se ele estava com frio mas acabou desistindo. Ela olhou para o vilarejo e pensou em voltar, mas lembrou-se de algo que havia sabido.
— Soube que se formou na academia. — Disse ajeitando o seu cabelo. Samael deu um leve sorriso em seu rosto, olhando para baixo. Ele não estava de bandana. Apenas usava uma bandagem em sua testa, escondendo o selo do segundo ramo de seu clã.
— Pois é... — Disse ele levantando seu olhar novamente em direção ao horizonte a sua frente.
— Parabéns — Respondeu Maya com um sorriso em seu rosto. Ela virou seu corpo em direção ao vilarejo e completou meio sem jeito com as palavras. — Sabe... se você precisar de alguém para treinar, sabe onde me encontrar. Seria interessante conhecer as habilidades do pupilo de meu avô. — Samael por um momento levou um breve susto, olhando para a garota que observava o vilarejo.
— Obrigado. — Disse ele, concluindo logo em seguida. — Seria uma honra pra mim. — Ela o olhou com um sorriso, ajeitando seu cabelo e se despedindo logo em seguida.
— Tenho que continuar minha ronda. Se cuida. — Disse ela acenando com o braço esquerdo, sumindo como um vulto logo em seguida. Samael sorriu olhando para cima, um pouco bobo pelo acontecido. — Você também...Maya... — Disse ele para os céus. A sensação que antes sentia havia se dissipado, agora ele sentia algo que não conseguia exprimir em palavras, apenas emoções. Talvez até em imagens. Foi quando a decisão de voltar pra casa veio a sua cabeça, o dia seria longo e aquela madrugada provavelmente já havia valido pelo encontro inesperado. O rapaz saltou para trás executando um mortal, girando devagar no ar, até tocar o chão. Agachado tocou o solo, se levantando logo em seguida, voltando a andar em direção ao Norte. Sua intenção era voltar para casa.

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A tarde daquele dia estava tranquila para um dia comum. O movimento nas ruas estava menor do que o esperado, oque fez Samael conseguir seu almoço de maneira mais tranquila num restaurante próximo de sua casa. Não demorou muito para que conseguisse encher a barriga e voltasse para sua residência satisfeito com o almoço que havia ingerido. Com a barriga cheia decidiu que não seria a melhor hora para iniciar seu treinamento naquele momento, oque o fez optar por um caminho diferente de treino. Puxou a cadeira próxima a mesa e se sentou, abrindo um livro que se encontrava sobre a mesa. A Arte da Guerra era seu nome. A muito tempo o rapaz não fazia uma leitura assídua de quaisquer tipo de literatura e por isso se interessou por aquele livro em uma loja de livros no centro da cidade e decidiu adquiri-lo. Colocando o livro a sua frente o abriu na primeira pagina observando as referencias e demais, passando para a pagina posterior onde se encontrava o prefácio. Fez uma leitura rápida onde estavam os agradecimentos e resumo do que o livro se tratava e passou para as paginas posteriores do primeiro capitulo. O livro era extremamente detalhado e utilizava de fatos históricos para colocar suas teorias em prática. Com o tempo, Samael foi se envolvendo com a leitura que falava sobre as estratégias militares e estruturas politicas de um vilarejo, entendidas naquela época. L leu assiduamente aquele livro, se envolvendo com as ideias e fatos, trazendo a tona em sua mente tudo que era necessário para o entendimento daquele livro. Passou algumas poucas horas conectando e adquirindo as palavras do pergaminho para sua mente, insistindo em observar a ideia principal do livro, que era o tratamento que a guerra deveria ter pelos lideres e soldados, a partir de diferentes visões. L pode entender bem oque o autor quis colocar em pauta e achou interessante a forma como ele defendeu sua teoria. Entretanto, como um bom visionário, o rapaz entendeu que nem tudo se tratava apenas a partir do ponto de vista intrusivo, mas uma guerra pra ser ganha deve-se primeiramente ser vista a partir de um ponto de vista unitário, incitando uma visão geral do cenário em que ela ocorre. Dessa maneira, um líder ou um soldado, se coloca a um passo a frente daquele que vê apenas oque seus olhos podem enxergar. Coisa que o livro não mencionava. Ao término do livro, Samael deu-se tempo para essa reflexão, deitando-se na cama com seu olhos fechados. Ele não dormia, colocava as mãos por tras da nuca, pensando sobre oque havia sido absorvido a pouco e como aquilo poderia ser refletido e transformado, para que novas ideias fossem criadas.
— A arte da Guerra —. Sussurrou para si mesmo, dando um leve sorriso de canto.

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Samael abriu seus olhos percebendo que havia cochilado por alguns minutos. Se levantou da cama observando o relógio. Eram quatro horas da tarde ainda, hora boa para iniciar seu treinamento. Observando o seu pequeno apartamento, com cerca de 10 metros quadrados, decidiu que faria o treino ali mesmo, sem necessidade de sair para o campo de treinamento. Tinha um bom espaço no centro do único comodo da casa e seu treino teria em foco a obtenção de força física, logo não teria a necessidade de muito espaço para tal feito. Estiquei meus músculos antes de iniciar, para evitar qualquer tipo de contusão desnecessária, dando pequenos saltos a cerca de 30 cm frente a cama. Colocou suas duas mãos no chão para a realização de flexões e iniciou a contagem. Descendo e subindo lentamente para uma melhor potencialização de seus músculos. Respirava de maneira regrada, para assim não cansar tão facilmente. Contou até cinquenta e se levantou novamente. Mais uma vez esticando os músculos com movimentos de aquecimento. Por alguns segundos o rapaz se atentou a isso enquanto respirava fundo. Já conseguia sentir os músculos de seu corpo começarem a latejar. Mais uma fez faria outra sequencia de cinquenta flexões e assim o fez. Inspirando ao descer, e expirando ao subir. Repetindo tal padrão até que terminasse. Quando terminou, levantou-se mais uma vez movimentando seus músculos sacudindo os braços soltos. Respirava fundo para manter a calma. Faltava apenas mais uma repetição. Esperou alguns segundos até iniciar novamente mais uma sequencia e assim o fez. Como nas anteriores. Não demorou muito para que terminasse.
A partir dali seguiria para uma nova sequencia de exercícios para maximizar os ganhos de força. Na porta do banheiro, uma barra de aço auxiliaria o treino de Samael. Ele se aproximou lentamente da porta, tocando a barra de aço respirando fundo. Com um movimento pôs-se a subir e descer lentamente sem os pés no chão, dessa maneira incitaria o crescimento dos músculos do bíceps, costas, tríceps e peitoral; tudo de uma só vez. Fez uma quantidade de vinte e cinco repetições. Ao parar, esperou alguns segundos até fazer uma segunda vez. Mais uma vez repetindo o mesmo que anteriormente e logo depois uma terceira vez. No fim, o suor já corria em seu corpo. Respirou fundo por um momento, adentrando o banheiro e retirando suas roupas. Ligou o chuveiro e entrou sob a agua fria para lavar o suor. Ficou alguns minutos ali, lavando o pau se lavando. Ao sair, colocou as roupas que costumava a usar, pegando os equipamentos ninjas e colocando-os em seus devidos lugares em suas vestes, saindo de casa logo em seguida. O dia estava perfeito para uma caminhada pela cidade, isso levou o jovem ao seu objetivo, o campo de batalha.

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