A brisa quente do verão balançava levemente as folhas baixas das árvores enquanto os raios de sol invadiam as frestas das copas e desenhavam em meio a sombras no chão.

Junko havia acordado muito cedo por conta da ansiedade, mas só levantou após sentir o delicioso cheiro do café da manhã que emanava da cozinha. Pela cantoria a jovem se quer precisava fazer esforço para saber quem cozinhava.

Logo que chegou a porta viu seu tio dançando de um lado para outro com a penela em mãos como se esta fosse suas parceira em um baile. A menina rindo passou a imitar os gestos de forma debochada, sendo notada pelo tio que não parecia minimamente constrangido pelo fraga.

- Bom dia Junko, lhe convidaria para dançar, mas como vê, eu já tenho companhia. Dizia o homem olhando para a panela que colocava sobre a mesa já servida.

A jovem Höki sorriu se servindo, mesmo num momento tranquilo como aquele seu nervosismo lhe era tão presente quanto os batimentos cardíacos.

- Hoje começa seu novo treinamento certo? Eu deveria lhe dizer algo encorajador, mas acho que estou mais ansioso que você. Apenas dê o seu melhor e se divirta certo? E volte inteira de preferencia.

Uma mecha do cabelo da menina caia sobre os seus olhos enquanto ela baixava a cabeça para rir de leve, um pouco da situação, um pouco de nervosa.

- É hoje sim, acho que é a primeira vez que me sinto assim. Mas irei dar meu melhor e voltar inteira ou pelo menos a maior parte, se tudo der certo. Dizia fazendo uma careta para acompanhar o senso de humor do tio.

Enquanto caminhava pela rua, a menina foi encorajada por outros membros do Clã, as vezes parecia que ela nunca estivera em outro lugar se não ali. Muitas pessoas lhe aceitaram indiscriminadamente, seus tios, seu clã, seu time e amigos, para uma órfã que não possuía qualquer relacionamento aquele havia sido um avanço muito grande.

Agora a menina tinha tantas pessoas a sua volta e se esforça tanto para dar seu melhor por todos, que muitas vezes esquecia de si mesma, cada vez mais se sentia fraca e deixada para trás ao não ver sua própria evolução em relação aos que a cercavam. A chegada daquele pergaminho havia mudado isso e lhe feito expandir os horizontes, ainda havia muito potencial a ser explorado.

Eu jurei a mim mesma que iria mudar, iria melhorar e confiar mais em mim mesma. Essa é a hora para começar tudo isso, não irei voltar atrás e nem me acovardar. Prometi a muitas pessoas coisas que só posso cumprir depois de passar por tudo isso, então fracassar não é uma opção!

Junko se sentia verdadeiramente sozinha em muito tempo, e isto, não era algo ruim. A Höki fitava o céu de frente para o portão da vila sabendo no seu íntimo que a partir daquele momento só podia contar consigo mesma e acreditar no seu potencial.

Um pequeno grupo se formava na entrada da Vila, jovens que como a Höki pareciam genins convocados para a mesma tarefa.

A menina ia cumprimentar os demais e se apresentar quando uma repentina nuvem de poeira levantava por trás dela se dissipando sobre seus pés, enquanto observava a areia entrando em seu sapato pela abertura dos dedos, a jovem aguardava quem havia chegado se manifestar enquanto olhava para baixo. De certa forma a presença repentina de alguém lhe deixava desconfortável por não perceber a tempo, mas a atmosfera fria que costumava emanar de grandes ninjas lhe era rapidamente identificável mesmo no mais quente dia de verão. Para a jovem, ainda que impreciso, era melhor acreditar nas intenções de alguém a partir do que ela sentia.

Logo que Balakou se apresentou e introduziu o treinamento sensorial Junko levantou o rosto a tempo de ver seu olhar, quase sempre a energia de uma pessoa e o tom de voz lhe apresentavam de forma suficiente para uma interação inicial, na ocasião, o olhar do ninja confirmava a seriedade e o desafio que infligia o momento.

- Sim, Senhor. Sou Höki Junko e como os demais membros do meus clã, pretendo ser uma ótima ninja médica. Tenho conhecimentos anatômicos e sou realmente boa em controlar meu chakra. Conheço alguns ninjutsus medicinais também e domino algumas outras técnicas. Atualmente faço parte de um time, mas ainda não saímos em nenhuma missão, provavelmente porque os outros membros temem pela minha segurança.

O tom sério da jovem se tornou um pouco frustrado, mas uma profunda inspiração a fez se recompor.

- Quero desenvolver a habilidade de sensor para ser mais forte, por mim mesma, pelo meu time, mas principalmente porque meu sonho é poder ser uma ninja médica incrível e essa habilidade pode me tornar ainda melhor nisso. A habilidade de sensor exige um grande controle do chakra, mas me permitirá poder atender pessoas sem ser pega de surpresa e também encontrar feridos mais rápido, além de ser muito útil em batalha.

O sons dos pássaro grasnando enquanto voavam acima do grupo tornava a paisagem e o momento ainda mais intenso para a jovem Höki. Ela nunca havia percebido quantas coisas ocorriam ao seu redor ao mesmo tempo e o tempo todo, desenvolver uma habilidade como sensoriamento exigiria também foco para não se distrair a tantos estímulos simultâneos.

Enquanto se apresentava ao ninja sensor, Junko podia perceber uma velha conhecida atmosfera no ar, seu jeito idealista de ver as coisas era a mais pura vontade do fogo que se manifestava para muito além dos pensamentos da jovem. Em seus momentos de racionalidade extrema, sentia no âmago a autocensura pelo sonho utópico de que nenhum paciente morresse em suas mãos.

Mas confiar em si mesma e em seus mais irreais sonhos era uma tarefa que só ela podia fazer. Enquanto ouvia os colegas se apresentarem e demonstrarem seu objetivos, a excitação pelo treinamento aumentava. Ogata então explicou como seria feito o teste e ficou responsável por fazer dupla com a jovem Höki.

Finalmente, vai começar!! Junko respirava fundo para manter a calma e concentração.

A menina olhava para Ogata com todo o foco que possuía, fechava os olhos para tentar sentir algo, abria novamente para ver se visualizava algo, mas não parecia haver uma diferença significativa dele antes e depois de anunciar que oscilaria seu chakra. Havia uma leve sensação diferente, mas a garota não sabia dizer se estava captando algo ou apenas era sua grande vontade de ver que lhe iludia.

Os sons da natureza invadiam mente da jovem que tentava se concentrar enquanto se sentia sufocada pelo desejo de alcançar o objetivo da tarefa que se mostrava frustrado até então. Provavelmente pela vasta experiência, o ninja sensor parecia compreender as dificuldades da menina e logo interrompeu a turbulência na mente da genin para lhe orientar melhor.

- Meditação? Buscava pela mente os conectivos com o que o ninja falava, a mudança brusca de atmosfera adentro em outro tema lhe causou uma breve confusão que se dissolveu ao entender onde o homem queria chegar.

Esse deve ser mesmo o problema, são coisas demais me ocupando a atenção. Baixar a guarda seria fatal em uma batalha, mas antes de pensar nestas consequências eu preciso desenvolver a habilidade e depois pensar em como usar em um duelo.

Junko então fechou seus olhos e respirou profundamente até limpar os pensamentos, este era um antigo hábito que ela havia deixado de praticar por desleixo, afinal desde muito jovem a meditação transcendental fazia parte da rotina de toda a sua família. Conforme os pensamentos saiam e os sons ao redor se tornavam distantes, os estímulos que antes pareciam vir de vários locais começaram a se concentrar numa área menor, se assemelhando a sensação de calor superficial que emite um breve raio de sol.

A sensação se focava cada vez mais e ainda que não pudessem distinguir muitas coisas, mesmo de olhos fechados sabia que era uma pessoa, ou melhor a assinatura de chakra de alguém. Mesmo sendo a primeira vez que aquilo acontecia com a menina, o leve calor que marcava aquele chakra imediatamente lhe trazia a mente Ogata, ainda que ela se quer soubesse como era o chakra dele. De olhos fechados ela apontou para o local de onde vinha a sensação.

- Eu sinto algo aí.. Não sei dizer s é chakra, mas parece ser. É quente e não é ao mesmo tempo, mas me lembra Ogata-sama.

A voz de Ogata se expandia na mente de Junko como um eco vindo da mesma direção de onde sentia o calor. A jovem Höki começou então a se apegar aquela sensação com mais intensidade e concentrar sua atenção nela. Quanto mais se focava na origem do chakra de Ogata, melhor podia ver a densidade daquela massa ainda sem forma que era a única coisa a ser vista na mais completa escuridão de sua mente, como se fosse uma luz no fim do túnel atraindo a menina.

É como tentar focar a imagem pelas lentes de uma câmera..

Enquanto expandia sua mente e determinava melhor o ponto de calor, a massa de chakra começou a ganhar cor e ao poucos se revelando roxa, enquanto a sensação de claro aumentava naquele ponto. O chakra era mais denso e visível a cada segundo até ser nítido como ver um objeto. A concentração da esfera maciça de chakra emitia uma energia que influênciava até mesmo Junko.

Que intenso, é possível intimidar alguém só com isso...

- Ogata-sama, vejo uma espécie de bola, uma esfera densa de cor roxa que emite bastante energia. É um pouco intimidador sentir isso como uma sensação natural do próprio corpo sem nem ao menos entrar em batalha.

A menina falava ainda com os olhos fechados e com a voz um pouco mais alta, para que ela própria pudesse se ouvir em meio a imersão.

Conforme se passava o tempo de treinamento, maior se tornava a percepção de energia e chakras no local, ainda que de forma desordenada.

Desde que tentara seguir as instruções de gata-sama, a jovem sentia os estímulos partindo de várias direções, mas a complexidades era delimitar a área de cada um para diferenciá-los e reconhecer como assinatura de chakra de uma pessoa específica. Sem muito controle, as frequências pareciam uma completa bagunça como tentar diferenciar aromas em uma ventania.

Preciso ampliar o campo para detectar outro chakra sem perder o que já captei, mas fazer é mais complicado que falar...

Após abrir levemente os olhos para relaxar o rosto e voltar a fechá-los, Junko pôs em pratica o que Ogata havia lhe instruído no começo, limpar a mente e expandi-la para captar as peculiaridades do chakra mais próximo, para assim delimitar a área dele e visualizá-lo.

Havia outros jovens próximos, mas a menina se focou no rapaz que estava mais perto dela. Desta vez parecia mais fácil do que foi para detectar Ogata-sama. A assinatura e oscilação de chakra do rapaz era muito menor que a do instrutor, mas o tipo de padrão para concentrar e visualizar o chakra era o mesmo o que facilitou muito.

O processo para sentir o chakra ocorria de uma forma quase instintiva, mas reconhecer e individualizar eles era realmente complicado. Como se houvesse uma formula que pudesse ser seguida pela jovem, ela fez os mesmo passos para determinar a posição do rapaz ainda de olhos fechados, esperando que a estratégia fosse efetiva para alívio de seu jeito metódico.

- Consigo ver Ogata-sama aqui e outra esfera de chakra ali.. Apontava para a posição de Ogata e do rapaz em seguida.

Após o exercício, Ogata liberou o grupo para um pequeno descanso que era mais do que esperado pelo jovem Höki. Desenvolver a habilidade de sensor se mostrava mais complexo e difícil do que parecia, exigindo muita concentração continua da menina.

Ahh minha cabeça está parecendo um balão agora... Mas preciso relaxar, ainda não acabou.

A garota deixou a cabeça cair um pouco para frente enquanto massageava os próprios ombros e têmporas, a tensão do exercício lhe deixou enrijecida e com dores de cabeça. Logo que se sentia um pouco melhor e estava quase de bom humor novamente, Ogata reuniu novamente  o grupo lhe passando as instruções para o novo exercício. Pegando de surpresa a jovem ao dar início imediato.

Junko não pensou muito e correu para a esquerda tentando se afastar do rapaz que deveria procurá-los.

Diminuir o chakra, apagar a assinatura? Eu não faço ideia de como fazer isso!

Enquanto corria por sobre os galhos, a jovem percebeu que os outros havia se dispersado bem, pareciam estar pensando a mesma coisa, que seria difícil apagar a assinatura se estivessem muito próximos um do outro.

Não vai demorar para que ele venha, mesmo me concentrando para diminuir o chakra agora, não conseguirei apagar a assinatura se perder muito tempo correndo. Não vejo ninguém por perto.. Vai ser aqui mesmo.

Junko olhava ao redor para confirmar que não havia ninguém por perto para lhe atrapalhar ou acumular assinatura de chakra suficiente para tornar o local, que estava acerca de 86 metros  da posição inicial do grupo, um alvo fácil.

A jovem considerou usar um jutsu básico para lhe ajudar na camuflagem, mas temia que qualquer movimentação em seu chakra pudesse ser captada caso o rapaz já estivesse por perto. Seu longos cabelos prateados podiam ser um problema se ela optasse por se esconder no alto, visto que eles facilmente se destacavam na vegetação e luz do sol.

Como Junko já conhecia seu pequeno problema logo que parou a menina mergulhos em um banhado coberto pela sombra para ficar coberta pela lama que além de deixá-la mais de acordo com a vegetação, lhe ocultava também o cheiro. Logo que subiu a superfície adentrou na mata ciliar alta e se deitou, ocultando o corpo. Já de olhos fechados ela suprimiu o chakra até onde suportava, até mesmo sua respiração ficou mais lenta, mais baixa, o corpo molhado e falta de luz solar ali tornavam o lugar gélido e sombrio.  

Em sua mente, Junko via a si mesma deitava ali, se imaginando como parte da vegetação, seu corpo já não era tão somente seu, era parte do lugar e como tal não poderia possuir uma assinatura de chakra independente. A jovem não fazia ideia de que cor seu chakra tinha, nunca havia se atido a tal detalhe, mas o via naquela momento com um tom lilás que se mesclava a sombra da floresta até não ser visível, uma sensação de quase inexistência própria.

Em meio a vegetação Junko ouvia ao longe movimentações, mas sua concentração estava totalmente voltada a tentar suprimir o chakra. O ar gélido daquela região onde o sol não tocava lhe arrepiava os pelos e causava breves calafrios intensificados pelo corpo úmido.

Completamente imóvel e absorta na atmosfera, a menina se quer percebia os insetos que pousavam em seu corpo, eles próprios pareciam crer que ela fazia parte do cenário. 

Parece que estão perto, não sei quanto mais posso suportar de qualquer forma...

Mesmo de olhos fechados, Junko ouviu e sentiu a aproximação de uma pessoa que parecia ter lhe encontrado, seguindo para a sua direção. A jovem Höki então abriu os olhos e esperou até a outra garota chegar perto para passar a tarefa a diante.

- Achou... Disse se levantando e alongando um pouco o pescoço tenso.

- Bem isso deve ser meu agora né? Junko se virou de costas e se abaixou um pouco para ajudar a menina a vendá-la.

O mais perfeito escuro podia ser uma desvantagem em qualquer outra situação, exceto naquela. Sem a necessidade de ter que fechar os olhos e esvaziar a mente, a venda servia quase como um escudo para estímulos desnecessários, criando até mesmo um efeito placebo para a jovem.

Junko então passou a caminhar rápido a diante onde julgava ser a direção oeste, esperava em algum momento ser atingida e aquecida por raios solares. Com as mãos a frente do corpo para evitar trombar com algo. Quase que instintivamente colocou o teste em segundo plano apenas esperando afastar o frio, andando por muitos metros, tropeçando e caindo algumas vezes no caminho até encontrar um feixe de luz que lhe aqueceu imediatamente, mas aquela não era a única sensação de calor no local.

Muito perto havia uma assinatura diferente de Ogata, ou dos outros dois genins com quem a menina já havia tido contato.

Parece uma pessoa, acho que encontrei alguém, mas onde exatamente?

Junko se lembrava das instruções de Ogata e passou a procurar peculiaridades na assinatura que parecia se mover um pouco, dificultando a tarefa. A jovem seguiu o chakra até ele estar condensado e definido em um esfera que se escondia atrás de algo como uma pedra ou árvore.

- Peek-a-boo!! Te achei, não pode continuar se escondendo aí.. Disse ao se aproximar cerca de um metro e meio da assinatura de chakra e esperar uma resposta.

Ao levantar a venda de um só lado para conferir que se tratava de uma menina escondida atrás uma grande pedra, para então retirar a venda e esticá-la para a colega.

O exercício continuou por um longo período até que Ogata passou a nova tarefa para os genins, expandir a capacidade de alcance. Todos sentaram-se em um círculo ouvindo o que o ninja dizia.

Deixar a energia espiritual flutuar? Parece um conceito fácil, mas na verdade é bem complicado de por em prática, há muitas implicações...

Junko observava como os colegas tentavam pôr em pratica o que foi pedido por Ogata, mas não parecia que alguém tivesse plena certeza do que fazia. A jovem então fechou seus olhos e permitiu deixar a mente vagar, junto com energia espiritual.

Controlar a velocidade da expansão e sua intensidade era realmente um exercício de concentração, mas diferente do que havia sido feito até aquele momento, também era necessária leveza ao deixar a energia sair do corpo, sempre que a genin agia com um pouco mais de agressividade, o chakra parecia regredir um pouco.

O equilíbrio perfeito tinha que ser alcançado antes de levar o chakra mais longe, a viagem extra corpórea de energia se mostrava cada vez mais compreendida, como se o corpo e até suas células captassem a expansão como uma extensão do próprio ser. Quanto mais Junko emergia de si mesma em chakra, maior era a distância que sua mente alcançava, 100, 200, 300, mais de 600 metros ela pode ir.

A vegetação, os animais, e até algumas outras pessoas dentro do alcance lhe pareciam tão vívidas, como se estivessem a sua frente.

Uau! Isso.. Isso é realmente incrível!

Seu corpo já parecia ligado a sua percepção por um fio que lhe puxava de volta quando se sentia ansiosa ou parecia ter ido longe demais, a jovem ainda não conhecia sua limitações e isso lhe assustava como a qualquer um se auto descobrindo.

O exercício havia aberto horizontes realmente grandes para a genin em vários sentidos, era entusiasmante e animador perceber cada detalhe em uma área tão vasta. No entanto, o cansaço de igual forma fazia o corpo pesar, afinal, já fazia algum tempo que  treinamento para desenvolver a habilidade de sensor havia começado. Logo que Ogata liberou a turma para um breve descanso, Junko sentiu sua mente tão cansada quanto o corpo, deitando o chão imediatamente.

Cansativo... AAAhh me sinto tão pesada e com sono.. O estômago da jovem roncava enquanto seus olhos fechavam.

E com fome. Agora cairia tão bem aquele Kare rica que tio fez semana passada... Eu devia ter repetido o prato.

Enquanto se lamentava de olhos fechados a genin ouviu Ogata explicar o próximo exercício.

Encontrar alguém específico? Agora o tio deve estar saindo do plantão no hospital.. Talvez indo pra casa fazer algo para comer, seria realmente legal se ele fizesse Kare rice, eu poderia comer depois também.

Com a imagem do tio cozinhando na cabeça, Junko levantou-se para concluir o exercício junto dos demais. Em sua mente ela percorria o caminho até sua casa, mas não percebia o tio lá, seguindo o trajeto da casa em direção ao hospital, sentia aquela breve energia familiar, seu tio estava na esquina da sua rua.

- Oh, achei. Meu tio está na esquina da minha rua, indo pra casa provavelmente. Antes mesmo de terminar de falar, a menina percebeu que o tio não estava sozinha, sua esposa o acompanhava.

- Correção, meus tios estão juntos, agora já chegaram no portão da minha casa. Espero que estejam indo fazer comida e deixem sobras para mim. Disse ela sem perceber que falava em voz alta.

A jovem Höki já até imaginava o cheiro da comida ao perceber que o exercício havia acabado. Todos tinham um semblante cansado, muitos estavam felizes por concluírem com sucesso o exercício, mas para aqueles que haviam falhado parecia haver uma nova oportunidade a caminho. Junko se sentia aliviada por ter conseguido desenvolver a habilidade e ansiosa por contar aos seus tios sobre.

Ogata então parabenizou a todos e deu as novas instruções aos que não haviam passado enquanto liberava quem havia conseguido. A menina se agitava enquanto se preparava para ir para casa quando o ninja lhe deu instruções de ir ao Gabinete do Hokage, mas não sem antes comer e descansar um pouco.

- oh, sim Senhor.

Gabinete do Hokage? Porque? Hum... Bem a curiosidade pode esperar, eu quero Kare Rice antes de mais nada!

Junko então se despediu e correu a plenos pulmões para casa adentrando pelo porta de forma abrupta.

- Tio! Eu tô com fome!! Me diz que você fez.. Antes mesmo de concluir a frase, a genin viu a mesa posta com o tão sonhado prato lhe aguardando.

Após comer bem, a jovem tomou um banho para tirar toda a lama e ainda com os cabelos molhados se deitou no quarto, tendo um cochilo que quase lhe atrasou. Logo que acordou, quase num salto trocou de roupa e as pressas escovou os dentes e correu para o gabinete do Hokage.

- Com licença, sou Höki Junko. Ogata-sama me instruiu a vir aqui. Disse após bater na porta e entrar.

A aproximação do crepúsculo tornavam a paisagem por entre as vidraças do prédio ainda mais encantadora e misteriosa, como se algo lá fora esperasse pelo jovem. Junko ainda estava absorta pela atmosfera quando ouviu a resposta que lhe chegou antes de poder vislumbrar quem falava, uma mulher que de fato era tão deslumbrante quanto a própria paisagem. Os longos cabelos vermelhos dela lhe lembraram um conhecida que outrora aconselhara a genin a confiar mais em si mesma e se arriscar, tais palavras pareciam se encaixar como uma luva na situação.

Enquanto ouvia a mulher e ponderava sobre a missão, seu corpo automaticamente respondia com um nervosismo fora do controle da jovem, a sudorese e os batimentos cardíacos acelerados lhe davam a certeza de que precisava enfrentar o medo, do contrário jamais seria uma boa ninja. Aquela situação definitivamente não poderia ser evitada e quanto mais convicta ficava disto, mais adrenalina percorria seu corpo transformando e o medo em excitação.

Uma missão de investigação significa antes de mais nada ficar calma e não ser detectada, não posso me distrair. Pensava ao controlar a respiração para desacelerar o coração e recompor a postura.

- Ó sim, acabei de sair do treinamento.

Junko então ouviu os detalhes da missão refletindo cuidadosamente sobre as informações. Estar sozinha em uma missão deste tipo era essencial, um grupo poderia chamar atenção demais e isto acabava incumbindo responsabilidade total sobre o sucesso ou fracasso da missão a ela tão somente.

- Entendo, farei o melhor. Irei partir imediatamente, já trouxe o necessário comigo. Mas, há mais alguma coisa que preciso saber ou já posso ir? Perguntou ajeitando sua bolsa e agradecendo mentalmente por ter sido precavida, trazendo o necessário para até mesmo sair da vila, afinal era a primeira vez que havia sido chamada ao gabinete da Hokage, precisava ir preparada para qualquer coisa.