Depois de dezessete anos de sua vida, portando um arco ao qual recentemente havia adquirido junto à loja do vilarejo, o arqueiro chegou a uma decisão da qual jamais se arrependeria: era hora de dar um passo para além de toda a caminha que cerceava o caminho do arco e de suas setas. Procurou uma área arborizada do vilarejo, afastado de qualquer um que pudesse lhe tirar do sério e, principalmente, evitando causar maiores problemas por culpa de seus traços de insanidade. O verdadeiro desafio de um arqueiro era bem reconhecido dentre os maiores praticantes desta arte. Por ter nascido um prodígio, o menino de cabelos ruivos valeu-se de toda experiência para reconhecê-la, acertar o centro do alvo duas vezes seguidas, fazendo uma flecha atingir outra previa e perfeitamente alinhada ao centro.

Desligou-se do mundo ao redor quando o arco ergueu-se com a extensão integral dos seus membros superiores. A destra firmava a madeira daquele instrumento com perfeição. Afastava-se do alvo com em cerca de setenta passos, sendo o provável máximo de alcance. A mão esquerda se persignou através das costas, segurando a flecha pela sua parte final. Ajustou-a à corda, quando finalmente despertou uma tranquilidade absoluta e uma felicidade contagiante. Manteve-se inexpressivo, apesar daquilo. A euforia conteve-se assim como a respiração. Demandou do músculo força o suficiente para atirar àquela distância. Exigiu da destreza o seu máximo. Finalmente disparou.

O item correu à alta velocidade cortando os ares. Somente bastou escutar o som da ponta de metal acertar a madeira. Dali, repetiu o processo desta vez mais rápido. "Vá, alcance o mundo!" pensou enquanto a seta deixou seu arco e se direcionou ao extremo. O som era distinto do anterior. Não precisava ver o resultado com seus olhos, o espírito parecia entender bem o que havia ocorrido ali. Dali, deitou-se sobre a grama. Assistiu o céu e as nuvens, divagando entre pensamentos diversos.

Vorn; 1375/1375 1525/1525 00/06

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