Perambulava sem qualquer direção, apenas buscava encontrar alguma fonte de inspiração capaz de lhe provocar o heroísmo. "Droga! Estava melhor caçando caranguejos..." resmungava, ingrato, à própria mente, fitando o horizonte. Era verão e o calor imperava sobre o estéril terreno rochoso. As terras inférteis pouco podiam produzir. Resolveu retirar os sapatos, sentir o solo com os pés descalçados. Assumiu ser libertadora a sensação de andar àquela maneira. Era humano, no fim das contas. Todos os adereços e apetrechos ninjas não se aproximavam do real interesse de trazer uma tranquilidade ao mundo. A cobiça deste desejo, talvez, fosse capaz de levá-lo longe, talvez não.

Desfrutando dos mais variados pensamentos, enquanto ainda contemplava a linha longínqua, experimentou pisar em algo distinto do habitual. Virou o rosto ao pé de imediato, enxergando tratar-se de um corvo já morto. Suas asas negruras e o bico pontudo de nada adiantaram diante do terror da morte. Agachou-se e o segurou com a destra. — Parece que este é o destino de todos... — brincou com um sorriso ao fim. Não havia nada de errado em ironizar a morte do pequeno bichano, imaginava. Antes de erguer-se, entretanto, apareceu-lhe uma existência hostil. Posicionou-se à poucos metros de distância, encarando-o. A intenção assassina obrigou o jovem Sousuke a posicionar sua mão à pele de tubarão, cerrando-a firme. — Apresente-se! — ordenou contra o encapuzado. Era impossível distinguir o seu rosto.

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Sousuke; HP: 980, CK: 1567, ST: 2/6
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A lâmina de pele de tubarão não se conteve de empolgação. Trepidou às costas de seu usuário, debateu-se em seguida como se não houvesse um amanhã. "Esta pessoa, ele é forte." imaginou consigo. "Sim, é muito poderoso para fazer com que Samehada se mova assim." completou o pensamento. O completo estranho se livrou do capuz que o cobria dos pés à cabeça, somente permitindo que fosse visto o seu rosto. — São belos, certo? — questionou com uma voz falha. Seu rosto revelou algo inesperado: era um velho. Sua face guardava inúmeros sulcos, rugas e cicatrizes. Não lhe haviam mais cabelos senão poucos pentelhos espalhados na lateral dos polos. Havia também uma pouca barba rala que parecia estar por fazer há dias. O restante do corpo, no entanto, aparentava rigidez, ou até mesmo potência. A questão foi incompreendida. — Belos? — interrogou curioso. — Sim, este que repousa ao chão. O aéreo e majestoso corvo. É belo, não é? — insistiu, desta vez esclarecendo os agentes de sua pergunta. O jovem permanecia assustado, jamais encontraria alguém com uma intenção assassina tão forte quanto aquela. — Não o vejo dessa forma. Que tipo de animal estupendo comeria restos mortais?! — realizou um pouco de retórica, aguardando que não se iniciasse um combate. De um modo ou de outro, estava preparado.

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Sousuke; HP: 980, CK: 1567, ST: 1/6
Samehada: 500

— Gyahahaha! — gargalhou o velho inesperadamente. "Que tipo de homens é esse? Será que ele me atacará agora?" perguntava-se o Uzumaki enquanto ainda aflito. — Não se preocupe, Tsuchikage-san. Eu não sou um inimigo. — buscou tranquilizá-lo. Sousuke manteve-se atento, remanescia, no coração, as dúvidas do homem tratar da realidade. — Então desfaça esta intenção assassina. — exigiu antes de dar continuidade à conversa. O desconhecido disparou em surpresa. — Oh! Eu nem mesmo percebi que a emanava. Perdão. — desculpou-se. — Depois de um templo, não podemos mais perceber que a utilizamos. — explicou de maneira breve. — O mundo ninja é repleto de grandes dificuldades. Não as bastassem, os humanos sempre conseguem acentuá-las. — disse com um semblante tranquilo.

Sousuke finalmente encontrou a brecha afim de tornar de pé novamente. Ereto sobre os frangalhos dos membros inferiores, encarou-o e percebeu tratar-se de alguém alto, quase um gigante. — Diga-me, no fim das contas, o porquê de estar aqui. — demandou o jovem. — Oh! Veja só. Novamente a mente velha me impediu de ser cortês. Que grosseria a minha. Eu vou treiná-lo, oras. — falou. — Treinar... A mim? — caçoou o jovem. — E o que você tem a me oferecer, então? — questionou em tom jocoso. — O que? Ele está aí, em seus pés. Os corvos.

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Treinar, este era um verbo que, há um bom tempo, era inutilizado pelo jovem. Não se tratava, no entanto, de uma soberba descabida. Apenas não encontrava novo sentido em se dar à prática depois de um dia ter sido o chefe de uma grande vila ninja. E sequer entendeu acerca do que queria dizer o idoso. — Corvos? — interrogou ambicionando suprimir a dúvida. — E o que diabos eu vou fazer com eles? Matar pessoas? — reforçou. — És exatamente quem eu buscava, Sousuke-san. Haha! — disse com um riso brando ao final da frase. — Serás meu herdeiro. Você tem as qualidades de um herói, meus filhos não terão tão boas mãos quanto as suas. — esclareceu-lhe.

— Se fala de herdeiro, então fala em invocá-los? — perguntou. — Certamente. — anuiu. "Invocação de corvos, não me recordo de vê-la em lugar algum..." refletiu brevemente. Descontraiu os ombros e bufou em seguida. — Está bem. Não há motivos para desconfiança. Não bastasse isso, eu também não tenho nenhuma invocação em meu arsenal. Será de muito bom grado possuí-la. — revelou-lhe com um sorriso. — Oh! Muito bem. Se não se incomoda, permita-me mostrar-lhe uma vez. — solicitou. A mão destra desceu ao chão, carregava um pouco de sangue do polegar. A fórmula deu-se ao chão e lá batiam incontáveis asas negras.

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Sousuke; HP: 980, CK: 1567, ST: 0/6
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As aves negruras se amontoaram, criavam um efeito claustrofóbico. Por sorte os lugares mais apertados não derivavam terror ao jovem coração do Uzumaki. De um modo ou de outro, simplesmente manteve-se de olhos arregalados enquanto fitava a multidão de corvos negros ganharem altura. — Im... — puxou o ar. — I-Impressionante! — disse após um gaguejar. — Hahaha! Não pensavas que fosse ser tão incrível, certo? — questionou. Incrédulo, o garoto acenou positivando com a cabeça. — Diga-me, senhor, qual o seu nome? — perguntou desta vez curioso. — Sou Kurogami, um antigo ninja. Hoje estou aposentado e viajo sem qualquer rumo em mente. — explicou brevemente. — E então, o que fazemos agora, Kurogami-sensei? — interrogou-lhe alterando o tom de voz, passando a um amigável.

O idoso riu. — Kurogami-sensei... Gyahahaha! Há quanto não escuto me chamarem assim. — recordou em nostalgia. Independente disso, reduziu-se ao ensinar enquanto ao mesmo tempo era contemplado pelo rapaz. — Antes de tudo, devemos fazer um contrato de sangue. Esses bichanos são ciumentos, portanto uma vez assinado jamais poderá desistir. — esclareceu. — Está ciente de que jamais poderá invocar qualquer outra espécie daqui em diante? — buscou confirmar. — Por mim tudo bem. — respondeu prontamente. — Aqui está, então. — disse apresentando um grande pergaminho em campo. Acordadas as partes, podiam finalmente partir em direção à invocação.

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Do contrato selado entre as duas partes, era hora de dar-se como iniciada a prática de condução dentre os dois mundo: o habitado por corvos e o mundo humano. — Estes são os selos. — orientou com os braços as posições de mãos seriadas em prol de se realizar a invocação. — Entendo... — disse, guardando mentalmente as imagens. — Vamos, tente por você mesmo. — instruiu. Obedeceu piamente a orientação. Replicou, precisa e lentamente, todos os selos apresentados há pouco. Com uma gota de sangue escorrendo através do dedo polegar, pôs a mão sobre o solo rochoso e recriou a fórmula utilizada anteriormente. As inscrições se espalharam e deram espaço a uma quantidade considerável de fumaça. Esperava poder convocar uma série infindável de animais, imaginando cobrir uma área enorme com eles. Destoando das expectativas geradas, evocou nada senão um pequeno filhote. Gritava de fome, fazendo com que soasse o som por vários metros. — Desculpe-me, corvinho-san. Não tinha a intenção de retirar-lhe do acalento de sua mãe. — escusou-se Sousuke. Demonstrava uma natureza gentil aos animais, apresentando algumas novas características aos traços de personalidade. O homem parecia ter escolhido certo seu sucessor, ninguém havia concebido palavras tão gentis aos seus corvos anteriormente. Sorriu. Num bater do pé contra o chão, enviou o pequenino de volta à ascendente.

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Sousuke; HP: 980, CK: 1567, ST: 0/6
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Parecia não acreditar em sua falta de habilidade com a invocação das majestosas aves. A criatura trazida era apenas um pequeno e depenado corvo, incapaz de oferecer risco a quem quer que fosse. — Intrigante. — reconheceu o homem. — Mesmo um grande Tsuchikage não consegue fazer isso de primeira. — caçoou com um riso jocoso à face. Sousuke se estressou com os dizeres de seu tutor, ainda sim soube manter a calma. — É. Ao menos sou reconhecido como alguém. — brincou da situação, reforçando a ironia presente nas características psicológicas. — Quanta acidez e ousadia. Haha! — aceitou de bom grado a brincadeira. Depois de boas risadas, agarrou as mãos do garoto com as suas.

— Concentre-se, Sousuke. — tutorou. — Não é necessário gastar muito de seu chakra, despreocupe-se. Os corvos são animais econômicos, porém guardam consigo um poder imensurável. Basta agir de acordo com as experiências. Você, como Tsuchikage, deve conhecer um bocado do mundo. Continue demonstrando essa determinação de há pouco e certamente conseguirá. Vá. — explicou lentamente. Não entendeu nada do que quis dizer o velho, ainda sim resolveu tentar uma nova vez. Repetiu todo o processo uma segunda vez, desta vez progredindo com suas habilidades. Evocou dois animais, eram jovens e quase não conseguiam voar, todavia demonstravam pompa.

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O progresso, apesar de notável, distanciava-se da total capacidade de invocação talvez por alguns quilômetros de distância. — Droga! — resmungou. — Não se preocupe, Tsuchikage-san. De todos os que treinei hoje, és, de longe, o mais aplicado e talentoso até agora. — disse Kurogami, tentando trazer inspiração ao estudante. — Eu não preciso de um consolo, sensei. — rebateu estressado. O velho riu, algo bem comum até então. — Vá. Não desista. Mostre o ímpeto que tem com as palavras se aplicando à prática. — aconselhou tocando-lhe o ombro. Agachado, o Rokudaime Tuschikage deu continuidade ao treinamento estafante. Da terceira vez afincou-se em utilizar uma quantidade elevada e potente de energia espiritual, o chakra. Elevou-o ao limite, o inflando ao máximo.

— Hyaaah! — urrou exprimindo do peito a força. Retirou-lhe todo o poder. Expressando-o com posições de mãos e uma batida precisa contra o solo duro de pedra. A fórmula de inscrições negras espalhou-se e correu por um diâmetro próximo da mão. A fumaça fora gerada uma vez mais, porém o volume do gás havia sido incrementado aos bocados. — É agora! — disse o jovem Uzumaki animado com a sua performance. Cinco corvos haviam sido evocados. Dois adultos e três mais jovens. Voaram ao redor de seu senhor, gritando enquanto batiam suas asas. Faltava-lhe pouco.

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Os dois observavam atônitos a invocação. Não havia sido o esperado, levando em consideração a quantidade de chakra aplicada ao processo. Por outro lado, rodou-se um filme na cabeça do mais idoso. Viu-se anos atrás, praticando ao lado de outro sensei misterioso que havia surgido aparentemente do nada. Repetia-se a história, porém desta vez esperava que ganhasse novos rumos com o passar do tempo e a mudança de seus protagonistas. "Quem sabe o mundo não tem jeito desta vez..." imaginou com um semblante tranquilizado, fitando o menino dos pés à cabeça. — Não se preocupe, Sousuke-san. Você está bem mais próximo do que imagina. Mantenha-se aplicado, creio que conseguirá com uma nova tentativa. — avaliou o senhor.

O Rokudaime permaneceu concentrado, mesmo após não acreditar no que seus olhos viam. — Entendo, Kurogami-sensei. Tentarei uma quarta vez. Nada é esforço demais a um herói. — disse confiante de suas habilidades. E, de novo, processou uma quantidade abissal de chakra. Enviou-o através do corpo, controlando-o precisamente por selos de mãos executados à perfeição. Atribuiu novo significado aos fracassos de pouco atrás: tratando-os como aprendizagem. Disso, acertou o chão e levantou uma fumaça suspeita ao redor de si. O negrume ganhou o lugar com o dissipar do gás. Um amontoado colossal de aves batiam suas asas e gritavam constantemente: "aho".

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Sousuke; HP: 980, CK: 1567, ST: 0/6
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Não poderia conter a felicidade de tê-los invocados ao redor de si. Saltou de uma vez, levantando um dos braços devido ao sucesso. — Yeeey! — gritou de contentamento. — São mesmo belos, Kuragami-sensei. — reconheceu. — Entretanto, eu sou bem melhor utilizando eles do que você. — brincou, um traço único de ser irônico em momentos como aqueles. — Haha! — riu o homem, aceitando a brincadeira. — Nem quando estiver em minha idade serás tão bom quanto sou. Há tanto a aprender, Sousuke-san. Sequer podes imaginar. — dialogou abertamente. — Vamos, desfaça-os, não há necessidade de mantê-los por tão longo, por mais belos que os sejam. — exigiu solicitamente. Obedeceu-lhe, muito embora já estivesse com essa intenção em mente.

— É isso, Sousuke. Estes são os conhecimentos que um velho como eu poderia lhe passar. De agora em diante, deverás trilhar seu próprio caminho, garoto. No entanto, jamais perca esta alma gentil. Irei observá-lo, decerto. — disse-lhe, emanando novamente aquela aura assassina de maneira a provocá-lo. Dos dizeres, desfez-se em uma quantidade gigantesca de corvos. As penas recaíram e uma posou sobre a mão destra. O menino riu, refletia acerca de seu pronunciamento. — Eu não desistirei deste caminho, sensei. Prometo-lhe. — garantiu cerrando a pena em um entrelaçar dos dedos. Simbolicamente, representava o selar de um outro contrato.

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Sousuke; HP: 980, CK: 1567, ST: 0/6
Samehada: 500