Minha vila precisava de mim e parecia se tratar de algo urgente. O clamor por socorro veio do esquadrão médico da Nuvem, mais especificamente por seu secretário. Buscavam uma flor, chamada de Flor Púrpura. Ela continha algo de especial, dada a urgência do pedido. A localização de seu plantio era ao extremo norte, no cume das montanhas, plantada por um fazendeiro conhecido como Shiro. Corri em direção ao meu destino como se não houvesse amanhã. Minhas pernas poderiam até cansar, mas eu definitivamente ajudaria aqueles que precisavam do dito remédio.

No caminho não havia nada de excepcional. A única vida que acompanhava tratavam-se de árvores e alguns pássaros desordeiros. Meus reflexos estavam apurados e minha vontade era única: completar a missão. Horas de corrida se passaram, até finalmente chegar à base da montanha. Destarte, pude observar alguns buracos feitos pelo que pareciam ser bombas. Não me intimidei com aquele fato, muito pelo contrário, me senti empolgado para saber quem estava lá em cima e quem eu encontraria.

Subi rapidamente, concentrando chakra nos pés para não deslizar. No topo, uma fragrância inconfundível surgiu. Cheirava como a vida. Um perfume fora do comum, algo que jamais havia experienciado na minha vida. O brilho vindo das flores também era sem igual, uma coisa especial. Mas, de fato, o que mais chamara era o violeta. Vivido como o sol, lancinante como a lua, olhar-lhe poderia fazer um cego voltar a enxergar. Admirado ante tamanha beleza, finalmente entendi o poder daquelas flores.

Retirei pelo caule, assim como ensinavam as instruções. Recolhi cerca de cinco, seis ramos e estava na hora de voltar a vila. Depois de um tempo, percebi que não havia fazendeiro, sequer entendia o motivo daquelas explosões por mim vistas. Enquanto pensava, rapidamente surgia ao sul uma mancha. Não pude ver seus movimentos, apenas escutei o barulho metálico e reagi correndo para o lado. Era um homem, diante de meus olhos, algum inimigo que parecia também desejar as flores.

Ereto diante de mim, olhou-me fixamente. Não conseguia ver seu rosto com ele trajando uma máscara. Seu vestuário, um sobretudo negro. Preparei-me para o pior. Contudo, antes mesmo de atacar uma segunda vez, ele retirou sua máscara.
— Ô sô… O sinhô me assustou um bocado. — falou em um sotaque caipira.
Assustei com tamanha mudança brusca.
— Sou Shiro, o fazendeiro deste lugar. Todos os ninjas de Kumo são bem vindos, desculpe ter te atacado. — mudou de sotaque rapidamente.
— Shiro-sama, me chamo Goroima. A vila de Kumo precisa da sua Flor Púrpura, fui mandado aqui pelo esquadrão médico.
— Claro, claro, Goroima. Pode levar quantas flores precisar…
Interrompi a fala, estava atrasado para a entrega.
— Obrigado, Shiro-sama.
Virei meu rosto e meu corpo, indicando que estava indo de volta à minha vila. Novamente vi uma mancha preta passando por mim.
— Tenha calma, Goroima. Todos que vêm aqui pegar minha flores têm de antes de tomar uma xícara de chá comigo.

Estava atrasado, mas se não aceitasse o pedido com certeza não conseguiria levar as flores à força. Shiro era muito forte, não conseguiria contrariá-lo. Aceitei o pedido e adentrei seu pequeno casebre. Bebemos várias xícaras de chá, até o fazendeiro finalmente me liberar. Cansado, voltei à Kumo correndo em um ritmo mais lento.

Nunca me esqueceria de uma personalidade tão esquisita e, ao mesmo tempo, cativante quanto a de Shiro. Entreguei a flor ao esquadrão médico, cumpri a missão e voltei para casa.