Nimura não estava em seu melhor dia naquele final de tarde. Ou será que ele apenas estava vestindo uma máscara mais fechada? Era difícil compreendê-lo. A sua face estava séria demais ao menos. Quase como se alguém muito importante houvesse morrido recentemente, apesar de que, provavelmente, ele não ficaria assim tão emburrado diante da morte. De qualquer modo, além de seu rosto sombrio, os seus passos estavam para lá de desanimados. Arrastavam-se deixando rastros largos pela areia da vila e quem olhava, podia muito bem confundir com um corpo sendo carregado para a desova - um pensamento que o permitiu sorrir sutilmente. Para falar a verdade, tudo que envolvesse sofrimento o fazia sorrir. Isso porque ele dizia que queria a paz mundial em seus dias acadêmicos. Afinal, segundo ele, o conceito de paz e justiça era muito relativo.

Depois de várias horas de caminhada, as pernas do rapaz começaram a doer. Seus músculos pareceram prestes a estourarem. Talvez fossem se romper de verdade, mas tudo o que ele conseguiu expressar foi um sorriso de prazer. Era como um orgasmo completo. Toda a sensação de dor, fazia-lhe sorrir. Revirar os olhos de vez em quando, em níveis extremos. Sentir aquilo era revigorador para Nimura, um homem de prazeres muito, muito simples. Assim, seguiu o trajeto enquanto a noite começava a surgir no horizonte e a temperatura começava a cair. Ele não odiava temperaturas frias ainda que não fosse também um grande fã. Para falar a verdade, temperaturas eram coisas que ele dificilmente dava importância. Assim como humanos. Nimura não acreditava que eram coisas realmente importantes como diziam; as suas pernas doeram ao ponto de derrubá-lo.

A queda, porém, não o fez desistir de seu objetivo principal: tornar-se mais forte. Muitos usavam a expressão para se referir a uma força espiritual ou qualquer coisa besta como isso, mas ele pensava na forma literal. Precisava de mais músculos, mais intensidade em seus golpes e ainda mais resistência contra ataques alheios. Havia inscrito-se no exame de admissão chunin e sentia que atualmente, a sua Kagune não era forte o suficiente. Assim, ele começou uma série de flexões. O suor escorria e seus cabelos começaram a sujar de areia, mas ele continuou. A estética nunca fora uma grande coisa para ele. Pensando bem, quase nada era realmente importante para ele.

Em uma dor extrema e latente, os seus braços falharam e ele caiu com o peito contra o chão, sentindo mais uma dor infinitamente menor. Muitos começariam a reclamar ou começariam a choramingar, ele não. A risada veio tão espontânea quanto a chuva chega no mundo. O prazer que ele sentia apenas o fazia gargalhar como uma pessoa imersa em felicidade, apesar de mal conseguiu mover os braços e as pernas naquele momento. Rolando pela areia, ele continuou rindo sabendo que estaria mais forte quando a dor passasse.

Mas ele não queria que a dor acabasse.

Nimura: 200/200 375/375

Considerações.::

Itens:

Jutsus Usados:

Diante de toda a dor e prazer sentida após o treinamento físico, restou-lhe apenas um sono tão profundo que nem mesmo a friagem noturna de inverno o tirou do local onde havia adormecido. Nimura apenas voltou ao mundo dos homens quando o sol brilhou sobre a sua cabeça, formando diversos moldes de sombras a partir de sua silhueta; e ao despertar, o seu bocejo foi longo e seu espreguiço, completamente doloroso.

O rapaz ainda estava buscando mais força física. Agora, porém, era mais do que apenas em seus músculos comuns. Afinal de contas, ele sabia da incrível habilidade genética que continha em seus genes. Em instantes, ele ergueu-se jogando os braços para o alto e sentindo a dor muscular tornando-se cada vez mais intensa. O tipo de dor que fica após esforçar-se demais. Saciava a sua necessidade masoquista apesar de dificultar um pouco os movimentos dos braços e pernas exaustos. A seguir, uma leve brisa invadiu o local, balançando sutilmente as copas das árvores que existiam por ali.

O treinamento ia começar.

Ahhh, ele jogou a cabeça para trás, sentindo a tensão muscular em sua lombar tornando-se indescritível para humanos normais. Geralmente, ter uma coisa saindo de seu corpo não é agradável como a habilidade que ele carregava. Sutilmente os tentáculos começaram a sair, um após o outro, até formarem-se em dois pares. Balançaram-se assim que foram projetados, batendo contra a areia e formando uma leve nuvem de poeira que dissipou-se rapidamente, deixando apenas o jovem Nimura no meio. Aos poucos, os tentáculos foram se tornando maiores e mais grosseiros, assemelhando-se a formas de vida feitas em carne, sangue e dor.

Com um sacudir de braços para frente, os quatro tentáculos se alongaram ao máximo, alcançando uma das árvores. — Oh, bem, ninguém vai ligar mesmo, não é? — zombou, sorrindo como um verdadeiro sádico. Afinal, ele era. Os tentáculos agiram como serpentes enroscando-se cada vez mais pelo enorme tronco de árvore, cada vez mais firmes, causando rupturas no casco de madeira. Nimura manteve um sorriso estranho, mas depois, fechou os olhos colocando a cabeça para trás outra vez e começou a fazer um esforço absurdo com os produtos de sua kekkei genkai.

Rinkaku não era apenas uma habilidade qualquer, mas sim uma extensão dos músculos de Nimura. A força exercida por ela, era inteiramente dele. Por isso era um treinamento perfeito para os seus objetivos. Pois, na tentativa de arrancar a árvore com os tentáculos, ele estava forçando ao máximo os seus músculos. Subitamente, a árvore soltou um enorme estouro de madeira se partindo ao meio. O olhar que ele concedeu para a árvore foi sombrio, ao mesmo tempo que indiferente. — Desgraçada, desgraçada, desgraçada — repetiu-se mais uma porção de vezes exigindo ainda mais de seu corpo. Sentia os tentáculos estremecendo pela força aplicada, mas não parou.

Não parou até conseguir remover a árvore do local e jogá-la para longe. — Isso! — exclamou trazendo os tentáculos para perto, acariciando-os como se fossem animaizinhos de estimação. — Vocês foram bem, vocês foram muito bem — complementou, desativando o poder que foi se dissipando feito sangue em forma de gás.

Tudo o que restou-lhe foi ir embora.

Nimura: 175/200 350/375

Considerações.:

Itens:

Jutsus Usados: