The long slumber...

Tinham-se passado horas, dias, meses, anos... desde aquele confronto que tentara esquecer. Yagura tinha sido derrotado pela própria Kaguya Otsutsuki na derradeira batalha da humanidade. Apesar do mundo shinobi ter não só prevalecido, como derrotado a maléfica, o chuunin nunca recuperou totalmente daquela fatalidade. Ele tinha estado lá e dado o seu melhor para esse desfecho positivo. Tentava sentir-se bem com isso, mas não conseguia. Todos os dias pensava no quão fraco tinha sido, que não merecia estar vivo após o seu fracasso, que não era um shinobi merecedor. O seu excesso de confiança, tão alto, fez a sua queda para o abismo ser uma interminável agonia. Martirizou-se, dia após dias, durante os 6 anos que se seguiram, tentando preencher esse vazio como fosse possível.

Ao início, tentava ignorar, tentava mentalizar-se que era um estado temporário. Que o medo, o desespero e a impotência que sentia iam dissipar-se caso se distraísse o suficiente com a vida normal do dia a dia. E assim se passaram horas, dias, meses, anos… à espera que esse dia chegasse.

No interlúdio, Yagura interrompeu as suas atividades shinobi e tentou esconder o seu amargor de diversas maneiras. Viajou por todo o País da Terra, tentando conhecer diferentes realidades das que estava habituado. Foram quatro anos a passear de aldeia em aldeia. Nas que o acolhiam, ele ficava até os 6 meses, tentando ajudar como pudesse.

Normalmente escolhia uma profissão que fosse necessária, mas nada que envolvesse as artes ninja. Madeireiro, cozinheiro descascador de batatas ou limpador de arroz. Animador de ruas, polidor de sapatos. Cuidador de velhotes ou algumas vezes um simples faz-nada. Durante as noites, entre copos de sakke, absorvia o conhecimento dos locais e ficava a par de novas tradições e costumes. Em dias de exagero, acabava por se esquecer de alguns dos aprendizados. Em outros, tinha a sorte de, por entre danças e festividades, ter as suas primeiras experiências amorosas com jovens camponesas.

E assim vivia, despreocupado, tentando preencher algo dentro de si com a novidade de conhecer uma nova aldeia, novas pessoas, novos costumes e tradições – daí a necessidade de estar sempre a saltar de aldeia em aldeia. Tentando tapar um buraco com tábuas de madeira por cima. Mas ele continuava lá…

Após os quatro anos de deambulação decidiu voltar para Iwagakure, para perto da família. Os seus avós maternos já tinham uma idade avançada, e era altura para estar perto deles nos anos que lhes restassem. Considerou retomar as suas atividades shinobi, mentalizando-se que estava recuperado do seu trauma com todas as novas experiências. Mas ao voltar, aquela sensação de novidade rapidamente desaparecera, e novamente o vazio que sentia tornou-se avassalador. Questionava-se se algum dia estaria pronto para retornar à vida ninja.

No ano e meio seguinte deixou a sua barba e cabelo crescer, desleixando-se na aparência. Ao passar mais tempo com o seu avô, ganhou um gosto por uma nova arte: esculturas de pedra. A terra era algumas vezes originada da sua boca, outras manipulada através da já existente no solo. Com a sua perícia, manipulava a criação a seu gosto, com algumas dicas dadas pelo seu ancião sobre os acabamentos. Yagura e o seu avô faziam diversas criações de pedra, umas pequenas outras maiores, e nos mais variados formatos que mais tarde iam a vender no Centro Comercial de Iwagakure. Animais, figuras humanas, por vezes uma mistura de ambos e algumas ainda mais fantasiosas ou mesmo abstratas.

Mas um dia tudo mudou quando, numa caminhada pela aldeia, o seu avô foi brutalmente espancado por membros da Resistência. Ao saber da notícia, o corpo do chuunin encheu-se de raiva, o sangue a fluir pelas suas veias e músculos como que a dar-lhe uma nova força, uma nova vida. Uma sensação que ele tinha esquecido à muito tempo. Questionando-se, será que ele esteve sem motivação durante os últimos 6 anos porque a vila estava em paz…? …porque não havia nenhum inimigo que merecesse a sua atenção? Agora que era um assunto pessoal, o sentimento de punir estes criminosos era maior que nunca. Uma chama reavivava-se no seu coração, a chama da justiça, de defender os indefesos!

Infelizmente, o avô Kenpachi ficou paraplégico, confinado a uma cadeira de rodas os restantes dos seus dias. Quanto a Yagura, prometeu vingar-se não só de quem tinha feito tal brutalidade, mas também de toda aquela organização. Nessa mesma noite, cortou o seu cabelo e barba e apresentou-se ao serviço!

HP 1350/1350
CH 2200/2200
STA 00/06

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