As papeladas ao longo dos primeiros meses de Kinji na função de Raikage começaram a se acumular, muito por conta da viagem ao País do Vento e das batalhas travadas no Templo Otsutsuki.  Dentre elas: uma lista com a relação militar de Kumo, relatórios de missões e fichas criminais dos cidadãos detidos recentemente. Escondido atrás das pilhas de papéis, o Uchiha realizava a leitura de cada um desses documentos e deixava sua assinatura quando necessária, até que sua concentração foi interrompida por gritos de jovens ao lado de fora do gabinete.

— Yondaime-sama. — Alguém bateu na porta e chamou pelo ferreiro. — Aconteceu novamente. — Informou o jovem chunin responsável pela guarda do local naquele dia, logo após sua entrada ser autorizada. O líder da vila agradeceu e o dispensou, levantando-se na sequência. Kinji caminhou até a janela próxima a mesa e saltou através dela, acessando o telhado do edifício. De onde se posicionou, teve visão privilegiada de um grupo de jovens que corriam dos demais guardas e se dispersavam por entre as vielas. Seguindo mais adiante, notou um monte de frutas podres espalhadas e a entrada do gabinete completamente coberta por essas.

O Uchiha bufou, desanimado, e voltou para dentro de sua sala para continuar o trabalho. Desde que havia assumido a função, aqueles atentados e ofensas a sua pessoa eram constantes. Não havia muito o que ser feito; afinal, entendia o motivo dos protestos.


Kinji encarava o horizonte através da janela de sua sala no gabinete quando ouviu passos se aproximando lentamente. A Sombra do Relâmpago virou-se no momento em que esses pararam e a porta se abriu sem nenhuma solicitação prévia. Diante de seus olhos, apresentou-se um homem de longeva idade. Ele era assustadoramente alto e tão musculoso que o terno que trajava mal podia conter; sobre seus ombros, um sobretudo e branco com diversas medalhas de honra exibidas na altura do peito.

— O respeito acabou, Garp-san? — Questionou, exibindo um sorriso irônico.

— Um criminoso não deveria exigir respeito de alguém como eu, Yondaime. — Respondeu, retribuindo o sorriso.

— Enfim..., a que devo sua visita?

—  Tivemos uma pequena falha no sistema de segurança de Cochlea durante a rebelião desta última semana e alguns dos detentos conseguiram fugir. Nos mobilizamos para capturá-los antes que cruzassem os portões, mas não foi o suficiente para conter todos eles.

— Quanto conseguiram fugir e de qual área eles eram?

— Eu não viria até o líder do vilarejo se fossem vagabundos quaisquer, não? Alguns deles são extremamente perigosos para estarem livres por aí. Quanto ao número, não tenho com exatidão.

— Entendo..., irei mobilizar algumas forças mais para reforçar as buscas. — Kinji se sentou. — Por hora, Garp-san..., acredito que você deva pensar em se aposentar. Qualquer incidente que venha a acontecer na vila por conta dessas fugas cairá sobre suas costas.

— Os aspirantes ao meu cargo são todos fracos, me aposentarei quando houve alguém digno. — O homem virou-se e seguiu em direção a saída. — A culpa não recairá somente sobre mim..., você é quem está com a corda no pescoço.


Os meses seguintes não seriam fáceis para a Sombra.

Considerações: