Férias de Verão

As crianças da academia ninja comemoravam a entrada da estação de ano mais aguardada do ano, o verão. Todos tinham planos com a família, treinamentos especiais e viagens de lazer. Esse é o tipo de entretenimento que só é possível nessa época do ano, até mesmo em Iwakagure, uma país simples e de muito trabalho. Brakios tinha motivos extras para comemorar a entrada dessa data, afinal, estava completando 15 anos, idade que finalmente terminaria seus aprendizados sobre a Vontade da Pedra.

A família Sarutobi possuía uma tradição bem rígida, seus membros, principalmente os homens, deviam ter uma excelente base. Entrar na academia sem entender a verdadeira essência da Vontade da Pedra seria uma falha, assim como falharam no passado. Seu avô, um homem muito sábio dizia: “Uma espada de diamantes sem corte, não passa de um cabo de vassoura elegante”. Brakios demorou entender isso, mas aos poucos começou a aceitar. Levou a sério seus ensinamentos, aprendendo muita coisa sobre política, jogos, história e Ninjutsu.

A casa estava cheia, e os Sarutobis animavam a celebração com muito incenso, cigarros acessos e mais fumaça. Era um milagre aquela casa não pegar fogo, principalmente no verão, uma época quente e seca. No centro da sala de jantar estava o rapaz aniversariante, filho único de Barutos e Yelena. O rapaz mais jovem, com um cigarro na boca, sorriu. Estava contente, pois finalmente era considerado um homem.

Brakios passou as férias de verão treinando com seu pai, havia muito o que devia aprender antes de se apresentar a academia. Entraria um pouco mais velho que os demais, e isso lhe daria uma vantagem falsa, ensinou a tomar cuidado com esse detalhe e jamais menosprezar seus oponentes. Essa última lição foi de fato muito difícil para Brakios. O jovem era um pouco arrogante, sabia que sua família havia lhe fornecido privilégios que outros não tiveram, uma base mais estruturada, e claro. Poder!

Sua mãe era a mais inteligente da família, então ficou encarregada de passar os conhecimentos teóricos ao rapaz. Revisou todas as matérias mais importantes e as menos importantes. No fim do verão, Brakios já estava tão bem lecionado quanto os alunos da academia ou mais. Yelena tinha o dom da palavra, sabia ensinar, mesmo escolhendo não seguir esse caminho.

Primeiro dia na Academia

Era o último dia de verão, e a academia voltou a encher os corredores de pirralhos aspirantes a ninjas. Brakios estava ansioso e chegou mais cedo do que todos. Escolheu uma roupa social, usada por comerciantes e aristocratas, o terno azul marinho era um pouco grande para ele, embora fosse um rapaz alto e razoavelmente forte. A gravata verde estava alinhada com um nó simples de um lado, no seu rosto, um óculos de sol, com lentes redondas. Brakios aguardava no portão leste dos veteranos. Sua prova de admissão seu acesso a uma turma mais avançada, um grupo de crianças e adolescentes encararam o estranho fumando no portão. Seguiam em fila pelos corredores da academia. O jovem Sarutobi os acompanhou.

A sala de aula comportava pouco mais de 30 alunos, embora houvessem cerca de 10 cadeiras disponíveis. Brakios pegou uma na janela, sentou-se preguiçosamente e aguardou o início da aula. A turma mantinha a sala animada com muita conversa, os alunos compartilhavam suas experiências durante as férias de verão ou sussurravam a respeito do aluno novo: “Será que ele é o pai de algum aluno?”. Assim permaneceu até que um homem mais velho, com jaqueta vermelha e um colete marrom entrou na sala de aula. Em sua testa havia uma bandana brilhante com o desenho da pedra no centro.

— Bem vindos de volta! — disse o professor, parado em frente a um quadro negro. Segurava um giz branco, que utilizou para escrever seu nome na lousa. — Me chamo Kagano Novazu, o professor da turma 03. Temos dois alunos novos, poderiam se apresentar?

Um jovem de cabelos dourados e pele branca se levantou, parecia um forasteiro, roupas coloridas e pele branca demais para um clima tão quente.

— Muito prazer, me chamo Kurapika, tenho 15 anos e nasci no país do arroz. Me mudei recentemente para começar meus estudos na academia. — apresentou-se o rapaz.

O garoto chamou atenção de Brakios, embora fosse um pouco menor, era como ele. Mais velho e deslocado das panelinhas da sala de aula. Ergueu-se da sua cadeira e apresentou-se.

— Sou Brakios Sarutobi, filho de Barutos Sarutobi e Yelena Sarutobi. Tenho 15 anos e sigo a tradição da Vontade da Pedra desde os 6 anos. — disse Brakios em bom tom. Sentou-se novamente e deixou o professor prosseguir.

— Muito bem! Para voltarmos com pé direito, preparei uma dinâmica em dupla! — disse o professor.

Um burburinho irritante começou logo em seguida, era baixo, mas foi aumentando aos poucos. Era uma mistura de alunos contentes e outros lamentando o azar. Kagano começou a formar as duplas, e a barulheira só aumentou. Por último, juntou Brakios e Kurapika.

— Vocês terão vinte quatro horas para descobrir o máximo de segredos da sua dupla. Essa é uma missão de espionagem, e seu alvo já sabe quem estará lhe observando. — explicou o professor. — Encontrem maneiras de obter informações enquanto revelam o menos possível sobre vocês.

— Dispensados!

A sala esvaziou em questão de segundos, o professor guiou o movimento dos corredores, ficando apenas os dois rapazes recém-admitidos na turma. Brakios estava um tanto desconfortável com a missão, nunca guardou segredos sobre si, fazia parte de uma família nobre comum e as informações sobre a Vontade da Pedra não era algo incomum. Mas Kurapika era um completo mistério, vivia em outro país e mudou-se recentemente. Sua família era desconhecida e suas roupas diferentes.

— Conto tudo o que precisar saber em troca de uma coisa... — disse Kurapika, quebrando o silêncio da sala.

Brakios ficou animado, aquilo indicava uma maneira rápida e fácil de realizar a tarefa. Então concordou, prestando atenção ao pedido do rapaz.

— Me ensine a fazer aquilo... — disse o rapaz, com dificuldade em explicar o que realmente queria. — Digo... A fumaça com a boca.

Brakios não conseguiu levar o pedido do rapaz a sério. Então caiu na gargalhada. Como alguém nunca tinha visto um cigarro? De que mundo era essa criatura?

O longo dia passou. Kurapika descobriu que fumar não era para ele. Tentou duas vez, mas não conseguiu armazenar a fumaça no seu pulmão camponês. Esse foi o primeiro e único amigo que Brakios fez na academia, os anos se passaram e a amizade se tornou uma rivalidade sadia, onde ambos se esforçavam para superar o outro.

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